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Dedo de Prosa

Em agosto, o senhor completou um ano à frente do Sistema Famasul. Quais as principais realizações do seu mandato até agora?

Marcelo Bertoni - Foram muitas novas realizações, além de dar sequência às ações que a Famasul e o Senar/MS já realizavam.

Com foco na qualificação da mão de obra e na melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem e trabalham no campo, realizamos 4.463 cursos de Formação Profissional Rural e Promoção Social, totalizando 34 mil pessoas capacitadas. Lançamos o Programa Despertando, que leva alfabetização a jovens e adultos e já apresenta resultados extremamente positivos, com homens e mulheres que há pouco tempo não sabiam ler nem escrever, e hoje vivem com mais autonomia.

Na Educação Formal inovamos oferecendo os Cursos Técnicos em Zootecnia, Florestas Plantadas e Fruticultura, e a Especialização em Sistemas de Produção de Animais Ruminantes.

Na Promoção Social retomamos o Programa Agrinho, destacando a importância das práticas agropecuárias nas escolas e ampliando o atendimento à rede de ensino particular. No Programa Saúde do Homem e da Mulher Rural, que é uma ação pela qual tenho muito carinho, ampliamos o número de atendimentos médicos gratuitos com as especialidades de urologia, ginecologia, dermatologia e oftalmologia, promovendo mais acesso à saúde para a população rural com prevenção e diagnósticos precoces.

Falando ainda das ações de promoção social, entregamos mais de 118 toneladas de alimentos para cerca de 8 mil famílias em 67 municípios do estado, por meio do programa Agro Fraterno. As entregas foram feitas ainda durante a pandemia, quando muitos não tinham o que comer. É muito gratificante saber que contribuímos, pelo menos um pouco, em um momento tão difícil.

Para esclarecer e orientar a comunidade do meio rural sobre a prevenção e o combate à violência doméstica e familiar em Mato Grosso do Sul, capacitamos 40 técnicos no Projeto Acolhe no Campo, uma parceria entre a Famasul, o Senar/ MS e o Ministério Público Estadual.

Quando se olha para a representatividade, que é um grande pilar da Famasul, tivemos avanços importantes, como o anúncio de que o estado será área livre de febre aftosa sem vacinação, conquistado após muitos anos de dedicação de produtores rurais e do trabalho conjunto entre instituições públicas e privadas, que reforça nosso compromisso com a segurança alimentar da população.

Temos também o Representantes do Agro, iniciativa que orienta e acompanha os Sindicatos Rurais, incentivando-os a se envolverem nos colegiados municipais, pautando assuntos relevantes para o desenvolvimento de suas regiões.

Em 12 meses, foram mais de 200 eventos com a participação institucional, exercendo a representatividade e debatendo importantes pautas. Foram diálogos que trouxeram avanços para nosso setor, a exemplo da implementação da Deleagro (Delegacia de Combate a Crimes Rurais e Abigeatos), da Polícia Civil, e da Patrulha Rural, da Polícia Militar.

No âmbito técnico, estruturamos sete boletins, publicações periódicas com conteúdo sobre diversas cadeias produtivas, que auxiliam o produtor rural nas tomadas de decisão.

E ainda vem muita novidade pela frente! Cada uma delas é minuciosamente planejada por nossa equipe, pensando sempre em auxiliar nosso produtor rural para trazer os melhores resultados ao agro sul-mato-grossense.

O senhor assumiu a gestão tendo a ampliação da representatividade institucional como uma de suas metas. Assumir a presidência da Comissão de Assuntos Fundiários da CNA é mais um passo nesse sentido?

Marcelo Bertoni - Com certeza! Presidir a Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da CNA é uma grande responsabilidade, pois ela trata do assunto no âmbito nacional e cada região tem sua particularidade e sua necessidade. Ampliar a segurança jurídica no campo, garantindo o direito de propriedade, regularização de imóveis rurais e articulação junto aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, é uma necessidade comum a todos.

Mato Grosso do Sul cresce alicerçado no agro. Diversifica sua produção, mas mantém sua vocação. Assim ocorre com as florestas plantadas que alimentam a indústria da celulose. A cana que abastece o setor sucroenergético e piscicultura que atende os frigoríficos de pescado. Como a entidade tem trabalhado para estimular esse processo, mas sem perder o foco em atividades tradicionais, como a agricultura e a pecuária?

Marcelo Bertoni - A diversificação da produção agropecuária do estado acompanha o seu desenvolvimento. E isso só foi possível devido à ciência e à tecnologia. A Famasul caminha muito próxima às instituições de ensino e pesquisa apoiando o avanço de técnicas de produção e inovações tecnológicas para transferi-las aos produtores rurais, estimulando o uso das melhores práticas agropecuárias. A integração de produções é muito atual e estratégica. Exemplo disso é a posição de Mato Grosso do Sul com maior área de sistemas integrados de produção na agropecuária. São mais de 3,1 milhões de hectares com Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) em diferentes configurações, mesclando dois ou três componentes de cultura no sistema produtivo. Porém, para inovar é preciso conhecer. Por isso temos trabalhado fortemente na capacitação de produtores e na formação e qualificação de técnicos, além do acompanhamento contínuo por meio da Assistência Técnica e Gerencial que, em 2022, alcançará 8 mil produtores rurais.

O agro sul de MS é reconhecido mundialmente pela inovação e tecnologia de sua produção. Quais ações foram desenvolvidas para capacitar a mão de obra e, também, os próprios produtores para essa versão 4.0 do setor?

Marcelo Bertoni - Vivemos o “Agro 4.0”, que utiliza tecnologias cada vez mais modernas para auxiliar na precisão do campo e no trabalho diário. A capacitação, novamente, é essencial para que se possa utilizar essas inovações, que exigem um novo perfil do trabalhador rural. Nesse sentido, o Senar/MS oferece cerca de 270 cursos para levar conhecimento aos interessados, seja presencial ou a distância (ead.senarms.org.br/).

Para quem tem dificuldade de acesso à internet, o Senar/MS estruturou, em parceria com os Sindicatos Rurais, 60 polos digitais em 40 municípios, por meio do Projeto Senar On. Nestes locais, a população tem acesso a equipamentos e internet de qualidade para se informar e se capacitar.