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puros de mensagens de um modo social organizado por seus produtores, negligenciando a existência e o funcionamento das indústrias culturais (apud. Mattelart e Neveu, 2004: 87). Por outro lado, os estudos culturais e o neofuncionalismo às vezes se aliam... em oposição aos que persistem em pensar a interpenetração das culturas, das economias e das sociedades a partir do reconhecimento da troca desigual entre essas culturas, das lógicas de exclusão inerentes ao processo de integração mundial dos sistemas técnicos e econômicos (Mattelart e Neveu, Idem., p. 125-6)

Outro risco que se corre, segundo Frank (2004) é o de cair no populismo de mercado. Esse tema é abordado pelo autor no ensaio intitulado “Um consenso pelo outro: estudos culturais da esquerda à direita”. De acordo com Frank, o gesto acadêmico característico da década dos 90 não foi o esteticismo requentado, mas uma celebração política do poder e da “agência” de públicos de escapar ao controle dos produtores da cultura de massa, e assim, de transformar cada detrito cultural em rebelião. Embora o populismo cultural estivesse em toda parte na academia, seus defensores mais conhecidos foram as várias celebridades dos “estudos culturais”. Esses pesquisadores encontravam germes de rebelião e resistência em praticamente todos os produtos culturais que antes eram tidos como “incultos”, e assim desviaram a atenção do estreito cânone dos textos “cultos” para o vasto campo da cultura popular (p. 339-40). A comunidade dos estudos culturais não perde uma oportunidade de se maravilhar diante da grande quantidade de focos de “resistência” encontrados nos programas da tevê, nos filmes de ficção científica, nos vídeos de rock, nas revistas de moda, nos shopping centers, nas histórias em quadrinhos e congêneres, descrevendo essas formas de entretenimento de aparência inocente como campos de batalha social, disputados ardorosamente (Idem, p. 340-1). Os anos 90 foi uma época de populismo na cultura americana em geral. Ao mesmo tempo em que a direita do populismo reacionário defendia os valores da família e da cultura tradicional, a direita corporativa desenvolvia um populismo de mercado, que concordava com os estudos culturais em relação ao poder revolucionário da cultura popular e as maravilhas de objetos que respondiam. Os estudos culturais se deliciavam 28


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