Revista Energia 68

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Algum caso marcou mais sua carreira? Eu estava acabando de entrar no Hospital São Judas, subindo com a mala, tinha acabado de chegar de Ribeirão Preto, quando chegou uma criança que tinha levado um choque e teve uma parada cardíaca muito grave. Ficamos mais de meia hora reanimando essa criança quando muitos falavam que já não adiantava mais. E essa criança, graças a Deus, vive aqui em Jaú até hoje. Atuei junto com o Dr Paladini, que era o médico da criança. Como eu estava no hospital e ele ainda não, dei os primeiros socorros até ele chegar, depois trabalhamos juntos em cima dessa criança e isso marcou minha vida. Foi o primeiro caso que eu tive em Jaú. Como vê as novas crianças tecnológicas? Tem um aspecto positivo e outro muito negativo. A criança realmente aprende a desenvolver as conexões neurológicas; uma criança não nasce pronta, nasce com potencial. Na medida em que ela é estimulada, responde formando conexões nervosas, e quanto mais conexões ela formar na infância, mais vai ter ganhos na fase adulta. Agora, deixar muito tempo uma criança não ser criança, ficar só na parte tecnológica é péssimo, porque ela perde a fase onde pode brincar, pular, correr, coisas que hoje as crianças não estão tendo. A cidade não comporta mais uma criança na rua e as famílias têm que procurar outras crianças para elas brincarem. Ou vão para a escolinha ainda muito pequenas, e perdem o contato familiar muito cedo. É a terceirização das crianças, delegar o pequeno para outros cuidarem porque os pais são obrigados a trabalhar para sustentar os filhos. E muitas vezes, para a criança ficar quietinha, dão os brinquedos eletrônicos com os quais ela fica o tempo todo e esquece o relacionamento humano, que é muito mais importante. Crianças que brincam nas ruas possuem uma resistência maior às doenças? A criança que vive fora de casa, toma sol, toma vento, realmente tem boa resistência. Ela vai ter uma resistência imunológica por volta dos sete anos, então, os três primeiros anos são aqueles onde ela vai começar a adquirir essa resistência. Hoje isso é feito também através das vacinas, o que melhorou consideravelmente a saúde. Morrem menos crianças hoje, em decorrência das vacinas, então, na realidade a imunidade até aumentou. Agora, as crianças que não são criadas fora, mesmo com as vacinas, pegam muitas doenças, assim, mesmo com uma quantidade muito maior de vacinas, os pais precisam deixar a criança ter contato com a natureza.

Como avalia a saúde em nossa cidade? Quando saí da faculdade tínhamos poucos equipamentos, mas estávamos crescendo. Na década de 80 houve progressos, a criação de mais centros de saúde. Em 1988, quando foi feita a Constituinte, um grupo sério de médicos criou uma estrutura muito boa da saúde, que é o SUS, e foi feita para funcionar bem, com normas básicas e tudo. O problema é o desvio do dinheiro para a finalidade do SUS, a corrupção que tirou o dinheiro da saúde. E esta área que estava crescendo, hoje está regredindo. Há muito tempo não se atualiza mais a tabela do SUS e com isso os hospitais passam uma necessidade muito grande, e até fecham por falta de recursos. Para Jaú especificamente, o ideal seria um segundo hospital, pois a Santa Casa está sobrecarregada. A perda do Lucy Montoro foi lamentável, íamos ganhar o Hospital Lucy Montoro também, além do ambulatório, e perdemos esse hospital que tinha sido dado para Jaú. Uma pena. Jaú tem uma estrutura médica muito boa, a própria Santa Casa, o Amaral Carvalho, o Hospital Psiquiátrico muito bom, que poucas cidades têm. Sua mensagem final aos leitores Agradeço a Jaú por me receber tão bem como recebeu. Sempre procurei honrar a cidade e ganhei até título de cidadão jauense, eu e minha esposa, nós nos sentimos jauenses de coração e de fato, e tudo aquilo que podemos fazer pela cidade procuramos fazer. Desejo, principalmente, que todo jauense pense em Deus, porque se tivermos nossa visão voltada para Deus, toda nossa vida e de nosso semelhante vai melhorar. Penso assim, procurar viver para Deus e em função do próximo. 

“Quando você coloca a sua criança em minhas mãos ela também é minha, tenho que tratar como se fosse meu filho”

Tem algum hobby? A leitura, principalmente a da Bíblia, é primordial. O relacionamento com Deus é a base da minha vida. Acho que desde o ventre da minha mãe aprendi o relacionamento com Deus. Gosto também de um bom filme e gosto muito de esportes, principalmente futebol. Faço academia também, para manter o corpo em ordem. O que eu não fazia antes por conta da educação dos filhos, e que tenho feito agora, é viajar.

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