Villa Cornaro de Andre Palladio

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E URBANISMO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Andrea Palladio e a Villa Cornaro – Vicenza, Itália / por Emeriana Classere

Teoria da Arquitetura e Urbanismo II Orientadora: Mirandulina Maria M. Azevedo

Santa Bárbara D’Oeste Junho – 2018

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Sumário 1 Biografia..........................................................................................................3 2 A Época...........................................................................................................5 2.1 Itália..............................................................................................................6 3 O Estilo de Palladio.........................................................................................8 3.1 O Estilo da Época.......................................................................................12 4 Objeto de Estudo...........................................................................................14 4.1 O Interior da Obra.......................................................................................20 4.2 Comentários................................................................................................24 4.3 Análise do Aluno.........................................................................................24 5 Referências Bibliográficas..............................................................................25 6 Anexo.............................................................................................................27

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1 Biografia Andrea di Pietro della Gondola, conhecido como Palladio, nasceu em Pádua – Itália no dia 8 de Novembro de 1508, sendo filho de um moleiro, e faleceu em Vicenza no ano de 1580.

Aos treze anos de idade, seu pai lhe arranjou um contrato de aprendiz, por seis anos, na oficina do arquiteto e canteiro Bartolomeo Cavazza da Sossano, em Pádua.

Em 1523 Palladio foge da oficina de Sossano e vai para Vinceza, porém é obrigado a voltar por quebra de contrato.

Mais tarde consegue entrar para a corporação dos pedreiros e canteiros de Vicenza, e é admitido na conceituada oficina de Giovani di Giacomo da Porlezza, em Pedemuro. De inicio nada indica que terá uma carreira como canteiro, e em 1530 fracassa na tentativa de ter sua própria oficina.

Em 1534, se casa com a filha de um de seus carpinteiros, Allegradonna, com quem têm quatro filhos – Leonida, Marcantonio, Orazio e Silla – e uma filha, Zenobia. Sendo afetado pela morte de dois filhos, Leonida e Orazio, num curto espaço de tempo no ano de 1572.

Seu encontro com Trissino, humanista e aristocrata de Vicenza, acontece em 1538, além de ter sido influenciado pelo mesmo, foi ele quem concedeu a Andrea o nome pelo qual ele se tornaria famoso, Palladio – tendo como significado: a deusa protetora das artes –, que recebe o título profissional de arquiteto em 1540.

Sua primeira viagem a Roma foi durante o verão de 1541, juntamente a Trissino, sendo realizada uma segunda no final de 1545. Entre 1546 e 1547, Palladio se dedica a estudos em pequenas províncias de Roma.

Como resultado de suas primeiras viagens a Roma, é publicado em 1554 o livro L’Antichitàdi Roma, uma espécie de inventário dos monumentos importantes que se haviam conservados em Roma, ou redescobertos de novo, em meados do século XVI e também confessa, na introdução dos seus Quattro Libri Dell’Architettura, publicados em 1570, que escolhera para seu guia e mestre, Vitrúvio. O primeiro livro trata dos princípios gerais segundo Vitrúvio, o segundo da casa e em particular da villa, o terceiro da cidade e o último do

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templo. La Rotonda é a villa mais famosa de Palladio, considerada exemplo de uma arquitetura ideal, e é também a única obra que corresponde exatamente a ilustração dos Quattro Libri Dell’Architettura.

O primeiro ápice da carreira de Palladio é ser considerado como o arquiteto mais importante do Norte da Itália. Isso se deve as suas as majestosas villas – que são base da sua influência sobre toda a arquitetura ocidental e eram sempre encomendadas pela nobreza –, a importante encomenda do Palazzo Thiene, as loggias para o Palazzo della Ragione tendo como mecena Giovanni da Pedemuro, sendo todas essas obras em Vicenza, além de sua nomeação a arquiteto principal da basílica – que Palladio diz ser, segundo construções antigas, local coberto onde juízes pronunciavam sentenças.

A fama de Palladio aumenta. Em 1552, viaja para Trento e a estende para Innsbruck, a convite do bispo-príncipe, Cardeal Christoforo Madruzzi. Em 1556 está entre sócios fundadores da Academia Olimpica de Vicenza. Em 1566 vai a Turim, a convite do Duque Emanuele Filiberto de Sabóia, saindo para visitar Provença.

No mesmo ano de sua ida a Turim, a Accademia Del Disegno de Florença o convida para ser sócio. Até que em 1568 se vê obrigado a recusar um convite da corte imperial de Viena, devido ao excesso de trabalho. E em 1570, sucede a Sansovino, como arquiteto-consultor em Veneza.

No inicio dos seus 50 anos, Palladio tem seu auge na carreira, tanto interior quanto exteriormente, com uma profunda instrução técnica, vastos conhecimentos sobre arquitetura e um interesse humanístico. Tem sempre em consideração as condições prévias da situação geográfica ou urbanística, principalmente quanto à visibilidade de uma obra e á sua função. Naturalmente que o prestígio lhe permite uma invulgar margem de manobra junto dos seus comitentes.

No último ano de sua vida (1580), Palladio consegue concretizar dois desejos que há muito tempo ocupavam o seu pensamento: a Sociedade Olímpica de Vicenza o incumbe de projetar um teatro, o Teatro Olímpico (figura 1) e seu velho amigo, Marcanton Barbaro, o encarrega de edificar uma capela de família, em forma de construção centralizada, junto da Villa Barbaro, em Maser.

Palladio morreu no decorrer dessas obras, durante a inspeção dos trabalhos no Tempietto.

Palladio é considerado o primeiro classicista da arquitetura moderna, sendo o mestre que na sua análise da arquitetura antiga – dada sempre como modelo ou chave da linguagem harmônica, com as formas mais belas e imponentes já inventadas – tenta não só fazê-lá reviver para sua época, como também, imitála e conceder-lhe um valor intemporal. Ele possui repercussão espontânea e

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simultaneamente tão constante, através dos séculos, além de ultrapassar todas as fronteiras artístico-geográficas.

Figura 1 - Teatro Olímpico.

Em suas villas e fachadas de palácios, consegue transformar regras gerais sobre a forma, numa ideia. É um mestre que, apesar do seu classicismo, foi um típico representante do chamado maneirismo – transição do renascimento para o barroco. E tem sua força no equilíbrio exato entre a cultura e o gosto.

E como é impossível não se encantar com as villas por ele construídas, o objeto de estudo será a Villa Cornaro (1553-1553), localizada na vila de Piombino Dese (Treviso), cerca de 30 km de Veneza, é considerada uma obraprima do período médio de Palladio.

2 A Época O século XVI foi um século de descobertas e inovações, portanto grandes mudanças. O ano de 1500 marca significativamentea descoberta e o desenvolvimento do Brasil; e a invenção do primeiro relógio de bolso, as pessoas não se movimentavam mais pelo sol, e sim pelo tique-taquecontínuo e regular dos relógios.

A burguesia, grande beneficiaria dessas mudanças, estava eufórica. A nobreza e o clero, perdendo o espaço tradicional dos feudos, procuram conquistar um novo lugar de destaque junto às cortes monárquicas recém-criadas.As transformações históricas foram tão drásticas nesse período, que praticamente dissolveram as condições de existência do feudalismo.

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Os humanistas consideravam como a mais perfeita e mais expressiva, a cultura que havia surgido no paganismo, isso não significa que eles fossem ateus.

Eram todos cristãos e apenas desejavam reinterpretar a mensagem do Evangelho à luz da experiência e dos valores da antiguidade. Valores esses que exaltavam o indivíduo, os feitos históricos, a vontade e a capacidade de ação do homem, sua liberdade de atuação e de participação na vida das cidades. A coincidência desses ideais com os propósitos da camada burguesa é mais do que evidente.

2.1 Itália A maior parte das cidades italianas passou por uma evolução de “comando”.

Uma ordem de conflitos levou as cidades a nomear um chefe militar, o podestà, encarregado de controlar tropas mercenárias para as lutas. Os podestà assumem o poder nas cidades, porém o perde para os condottieri1. Situação essa que interessava a burguesia, já que assim poderia submeter a cidade a um poder forte.

Veneza, que contava com líderes proeminentes que eram os comitentes de Palladio, permaneceria como uma república com alguma estabilidade, porque ali as poucas famílias que dominavam economicamente a cidade se revezavam no cargo de doge2, controlando ciclicamente o poder.

A descoberta da América significou a morte do comércio veneziano ultramar. A partir disso a República passou a se interessar pelo desenvolvimento agrícola de suas terras, assim os pântanos dos vales dos rios foram sistematicamente reaproveitados e as propriedades rurais tornaram-se fonte atraente de recursos para a nobreza, dando inicio então as villas.

E é por trás desse panorama tempestuoso que se desenvolve a cultura renascentista, voltada para os princípios do equilíbrio, da harmonia, do naturalismo, da economia do espaço, da forma e da luz. Nesse período de caos e opressão, seu compromisso era com a ordem e a liberdade do espírito humano. Tendo coerência com o movimento profundo e não superficial da sociedade, com a expansão das relações mercantis, com o aperfeiçoamento das técnicas produtivas, contabilistas e gerenciais, com a ampliação, homogeneização e conquista do espaço territorial, transformado em espaço econômico.

As cidades italianas começam a enfrentar terríveis dificuldades econômicas e já não tinham como reger seus destinos, eram os peões no jogo das grandes potencias. Só o papado –ambiente mais fértil e propicio para a criação artística 1 2

Misto de empresários militares e chefes de tropas.

Magistrado que exercia um poder quase absoluto.

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– em Roma, conseguia, em sua estrutura imperial, reunir recursos, senão para vencer os estrangeiros que haviam invadido as cidades, pelo menos para mantê-los calmos, satisfeitos e distantes. Mas tal situação não poderia estender-se por muito tempo e tem um desfecho dramático em 1520, com a irrupção da Reforma Luteranae, em 1527, com a invasão de Roma e o saque da cidade e do palácio pontifical pelas tropas hispano-alemãs de Carlos V. Nos primeiros tempos do renascimento se tinha clareza e simplicidade, ordem e medida, na mente e no corpo humano. Os edifícios eram projetados com base na medida do homem e as pinturas refletiam seu mundo.A Reforma Luterana chegou para mudar toda essa certeza, já que o homem deixa de ser a principal medida do universo.

O poder da Igreja já não representava os anseios, principalmente, da nobreza e da emergente burguesia. Membros da própria igreja, como o frade e professor Martinho Lutero, propuseram uma ampla reforma religiosa, que deu origem às religiões protestantes.

A Reforma Luterana foi um movimento de caráter religioso, liderado por Martinho Lutero. Este movimento criticava várias ações da Igreja Católica, e propôs novos caminhos para o cristianismo que resultou na criação da Igreja Luterana. Este movimento teve forte apoio da nobreza da Alemanha, que desaprovava o capitalismo e a utilização do dinheiro.

Lutero criticava a venda de indulgências, a negociação de cargos eclesiásticos feitas pela Santa Igreja, a centralização do poder nas mãos do papa, assim como a concentração de terras.Além disso, Lutero estipulava uma nova forma de relação religiosa onde, entre outras coisas, afirmava-se que o indivíduo obtinha a salvação pela fé, e não pelos seus atos.

Logo o maneirismo é uma consequência de um renascimento clássico que entra em decadência causada pela Reforma Luterana, que não só a igreja, mas toda a Europa estava dividida. Reinam a desolação e a incerteza, e os grandes impérios começam a se formar. O maneirismo foi um protesto contra o que era sentido como racionalismo estéril e propriedade conservadora do classicismo.

Os rebeldes maneiristas dobraram, racharam e quase romperam com a mentalidade dirigida por regras.

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3 O Estilo de Palladio Como podemos notar nos interiores de suas obras, Palladio trabalha com materiais mais claros (figura 2), com a possibilidade das coisas e suas obras possuem particularidades; ela é curiosamente abstrata, e pode ser visualizada independentemente de seu meio, possui tendência corrente a superfícies planas, ângulos retos e formas cúbicas simples.

Figura 2 - II Redentore (1577-1592).

Palladio modelou Vicenza por meio de fachadas de palácio de uma inspiração cada vez mais animada e ficou grandemente reconhecido por suas villas. Para isso acontecer, primeiro ele antecipou a mudança no conceito de residências, para o conforto, função e interação com o meio envolvente – sempre que falamos das villas do arquiteto Palladio, estamos falando do meio ambiente.

As construções deixaram de ser simples casas no campo, para serem construções monumentais e, se as villas não fossem construídas com detalhes clássicos não seriam monumentais, destacando sempre a simetria e a extensão da residência central.

O efeito delicado e calculado, que é um certo sentido do requinte maneirista, está ligado a duas preocupações mais vastas: a preocupação com a harmonia interna das partes, queconstitui verdadeiramente o edifício como um objeto belo, conscientemente elaborado, e por outro lado, liga-se à relação dessa forma geométrica harmoniosa com o meio, a atmosfera, a natureza, conforme a

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tradição veneziana e que virou característica das villas que erguem-se sobre um pedestal que as insere no cenário natural onde as colunatas criam um claro-escuro (figura 3) comparável ao dos palácios da laguna.

Figura 3

As villas eram circundadas por campos e vinhedos pertencentes ao proprietário da villa e seus interiores requintados, a área de vida do núcleo central forma um quadrado dentro do qual estão dispostas seis repetições de um módulo padrão elegante.

As estátuas preenchem nichos (figura 4) que faziam parte do projeto original de Palladio, representam uma inovação na escultura renascentista: uma galeria de retratos de família privada com faixa, estátuas, figura de membros proeminentes em vez de simples bustos.

Figura 4 - Cenas da vida de Hércules, no Teatro Olimpico.

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É quase certo que o pensamento diretor do arquiteto foi o de reagir contra o abuso decorativo, restringindo os termos do problema, definindo, de acordo com a utilização correta antiga, o valor dos elementos – frontões, colunetas, arcos, cornijas. E que teve influência da arquitetura imperial romana na estratégia de composição axial e na escala e concatenação dos espaços internos de Palladio.

O pórtico duplo (loggia) era impressionante, flexível e objeto de elaboração por permutação infinita e as subseqüentes gerações de arquitetos. Entre aqueles que utilizam o dispositivo está Thomas Jefferson, que selecionou Villa Cornaro como seu modelo inicial de Monticello.

As villas se tornaram um grande sucesso de Palladio com uma elegância incomparável percebida até hoje, já que elas se adaptam ao cenário, onde elas reinam sobre os elementos; essas residências herdaram a fachada dos templos antigos, que não encontrava seu emprego integral na arquitetura das igrejas.

A casa do proprietário em geral possui dois andares, mas ocasionalmente pode ter só um; compõe-se de cinco a sete vãos e situa-se em uma pequena elevação do terreno. Distingui-se geralmente por um frontão sobre um hall colunado ou articulado com pilares. Nas laterais havia alas com aberturas baixar que conduziam aos edifícios anexos. Como explica Palladio, nesse arranjo deveria ter-se cuidado para evitar que o proprietário fosse perturbado pelos trabalhos externos.

No posicionamento das logge e dos frontões, cada villa palladiana apresenta alguma nova variação. Os frontões podem se elevar acima do teto ou localizarse à sua frente. Há logge de dois andares ou ordens monumentais na frente dos dois pisos da villa. As alas de serviço podem ser paralelas ou perpendiculares ao eixo da casa; no centro há um salão. O comprimento, a largura e a altura dos cômodos individuais, bem como sua geometria, são determinados por um sistema racional de proporções que é característico da arquitetura de Palladio e se expressa mais claramente na villa.

No caso de suas villas, nota-se a constante repetição de um esquema organizativo de planta, que em geral divide a casa em três faixas longitudinais e três transversais. Longitudinalmente, a faixa central contém o salão principal, ligado a pórticos ou portais de entrada. Nas duas laterais encontram-se salões menores, compondo dependências privadas. No entanto, esse esquema organizativo inicial é logo manipulado de diferentes formas, gerando ambiências muito distintas em cada villa. Palladio joga com a altura dos salões e compartimentos (simples, dupla), com seus forros (planos, abobadados, compostos), com suas aberturas e com seus acessos (pórticos em projeção, varandas escavadas, escadarias retas ou laterais, rampas, janelas termais, serlianas) obtendo grande diversidade de resultados. O tema das entradas é

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rico em alternativas: ora surgem pórticos colunares simples (Emo, Barbaro, Badoer), em projeção (Chiericati, Capra), sobre pódio alto (Foscari), com ordens superpostas (Cornaro), com semicolunas (Pisani em Montagnana), com pilastras lisas (Gazzotti, Thiene) e rusticadas (Pisani em Bagnolo), com pilares lisos (Saraceno) e rusticados (Caldogno), além de pórticos especiais (como a serliana da Villa Poiana).

Já quando a villa é sede de fazenda, surgem as alas de serviço, que introduzem novas variantes (alas retas, curvas, em "L", formando pátios fechados, etc.). Nota-se que a diversidade é obtida a partir de um sistema ordenado de base, caracterizado pela simetria bilateral, pelas disposições axiais, pela noção de hierarquia e pelo cuidado com as proporções no dimensionamento.

Palladio tinha problemas em conciliar o templo antigo com a igreja, como mencionado anteriormente, e indo em direção contrária a Alberti, ele adaptou uma verdadeira fachada de templo para as igrejas, exemplo disso é a San Giorgio Maggiore (1566-1580) (figura 5), que conta com duas fachadas distintas e um frontão triangular. Portanto há duas ideias de fachadas clássicas que atuam uma sobre a outra – aspecto maneirista.

Figura 5 – San Giorgio Maggiore.

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Desenvolveu pela primeira vez o motivo da tripla abertura, que consiste em fazer recair a arcada sobre duas colunas lateralmente envolvidas de um pequeno entablamento.

3.1 O Estilo da Época O século XVI é marcado pela transição do renascimento para o barroco, fazendo com que surgisse um novo estilo, o maneirismo que é justamente essa transição, já mencionado anteriormente no trabalho. Essa transição acontece em um momento de crise na Europa com a Reforma Luterana.

A arquitetura renascentista tem como uma de suas marcas principais, a distribuição espacial matemática das edificações. Os arquitetos são fortemente influenciados pela arquitetura classicista, considerada o padrão mais primoroso de todas as produções artísticas e até mesmo da existência humana. E possui como concepção a busca da beleza mais perfeita, a disposição ordenada dos elementos de um prédio, a tradução da esfera das idéias nas linhas dos edifícios, os arcos de volta-perfeita, a influência da composição formal da natureza, vista como modelo de perfeição, a singeleza das obras, a forte presença dos aspectos humanistas, a utilização sistemática da perspectiva, formas equilibradas e harmoniosas, busca da simetria e da ordem, estilo formal e individual, temas religiosos, mitológicos e da natureza uso dos arcos, abóbodas, cúpulas e colunas e predomínio das linhas horizontais.

As principais edificações deste período são igrejas, residências construídas no perímetro externo da cidade, fortalezas que assumiam um papel bélico, entre outras.

As manifestações artísticas do maneirismo começam a aparecer no ano de 1520 (data da Reforma Luterana), e possui características variadas sendo difícil reuni-las em um só conceito. Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que lhes permitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o renascimento.

No Livro IV do tratado de Palladio, ele escreve que as igrejas longitudinais tinham suas vantagens soando assim como um adeus à planta central, típicas do renascimento clássico. A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto. No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na Europa nesse momento. Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos

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diferentes (figura 6), coros com escadas em espiral, que na maior parte das vezes não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara singularidade. Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas são a decoração mais característica desse estilo. Caracóis, conchas e volutas cobrem muros e altares, lembrando uma exuberante selva de pedra que confunde a vista.

Figura 6 - "Galeria de Francisco I - Palácio de Fontainebleau - França".

Seus projetos eram excêntricos, complexos, cheios de surpresas e contradições. Para os classicistas, o ritmo regular era Deus. Para um maneirista, divino era o não convencional.

Na arquitetura profana ocorre exatamente o mesmo fenômeno. Nos ricos palácios e casas de campo, as formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra prevalecem sobre o quadrado disciplinado do renascimento.

A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas coroam esse caprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição entre duas épocas, expressa a necessidade de renovação. E de fato, todos os artistas desse período que procuraram deliberadamente criar algo novo e inesperado, mesmo à custa da beleza “natural” estabelecida pelos grandes mestres, talvez tenham sido os primeiros artistas “modernos”. Talvez aquilo que é hoje designado por arte “moderna” pode ter tido suas raízes num impulso semelhante para evitar o óbvio e conseguir efeitos que diferem da convencional beleza natural.

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4 Objeto de Estudo A Villa Cornaro (figura 7) localiza-se em Piombino Dese, que é uma comuna italiana da região do Vêneto, província de Pádua. Foi Giorgio Cornaro, descendente de Alvise Cornaro, um dos protagonistas da vilegiatura3, quem a mandou construir.

Figura 7 - Villa Cornaro.

O corpo central da obra já devia estar terminado em 1553. E no ano de 1554, foram interrompidas as obras na Villa Cornaro. Mas pouco estava construído nas alas laterais da villa, assim como nas colunatas da loggia superior de ordem coríntia.

Em 1569, as obras continuaram e em 1582 teve-se o registro da propriedade.

Marco e Girolamo Cornaro, filhos do Giorgio Cornaro, que falecerá, salientam que a casa que haviam herdado se encontrava ainda inacabada. Contudo, em 1596, a loggia superior já estava concluída. Não se pode determinar com segurança se as alas laterais também ficaram prontas nessa altura.

De qualquer modo, no seu testamento, redigido em 1655, Girolamo Cornaro destinou uma soma considerável para a continuação das obras da villa. A disposição testamentária não se referia só às obras de construção, incluía também a continuação da decoração dos interiores.

A história da villa é tão complexa, como interessante é sua posição entre as obras de Palladio.

3Temporada

de recreio, repouso, férias que se passa fora dos centros urbanos, no campo, praia ou balneário.

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Para a impressão da estruturação das salas – revelada pelo exterior da villa – o que significa uma nítida separação entre a área de habitação e a de representação condigna – merecida, justa e adequada. As áreas de habitação situavam-se aos lados de um compartimento central, cuja função de representação condigna era correspondentemente indicada por uma diferente decoração da fachada, ou por uma arcada. Se bem que também se submetessem os compartimentos centrais a um tratamento separado, os que lhe eram contíguos apresentavam quase a mesma importância, tanto mais que o vocabulário formal aplicado – arcadas, corpos avançados ou silhares rústicos – estava relacionado com os restantes compartimentos da fachada, mas não se encontrava ligado organicamente com estes, num todo indivisível. É na Villa Poiana que se revela, pela primeira vez, a vontade de Palladio de efetuar uma fusão harmônica da área de habitação e da representação condigna da villa. A Villa Cornaro representa uma nítida continuação deste esforço.

As suas anteriores construções de villas caracterizavam-se por uma planta orientada no sentido da largura. E ao contrário disso, a casa senhorial ergue-se sobre uma planta quase quadrada. O salão constitui o elemento dominante da estruturação das salas. A sua posição acentuada dentro da estruturação das salas deve-se, naturalmente, também às suas dimensões; mas também é importante o fato de o desenvolvimento da sequência das salas lhe estar subordinado.

O salão caracteriza-se por uma planta quadrada (figura 8), em conformidade com o corpo do edifício. Pela suas dimensões, constitui a ligação entre o vestíbulo de entrada e a loggia do jardim (figura 9) que está flanqueada por dois lances de escada, integrada no corpo do edifício.

Figura 8 - Reproduzida dos Quattro Libri.

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Figura 9

Neste contexto, é notável o fato de que as alas laterais estejam incorporadas harmonicamente na estruturação das salas. A sua largura é idêntica à de ambas as salas que ladeiam o vestíbulo de entrada. Esta fusão orgânica da área de habitação com a de serviço constitui uma novidade; novidade é igualmente a posição central do salão. Também a fachada (figura 10 e 11) da Villa Cornaro revela as inovações estilísticas, no seu interior e se realiza nela uma fusão orgânica da área de serviço com a de habitação.

Todavia, há um fato a considerar. Ao examinar-se a Villa Cornaro e a sua fachada quanto ao ponto de vista estético, não deve ser necessariamente considerada como um tipo de villa rústica, afinal uma villa rústica possui apenas um piso. É evidente que Palladio, ao traçar o projeto da villa, se guiou principalmente por critérios estéticos, subordinando a concepção de edifício funcional ao caráter de representação condigna.

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Figura 10 - Reproduzida dos Quattro Libri.

Figura 11 – Fachada da Villa Cornaro.

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Esta afinidade tipológica exprime-se também de outro modo: embora, ao seu lado corra um pequeno rio, a fachada principal está voltada para a rua, que se estende ao longo da villa. Além disso, as construções vizinhas estão relativamente próximas da Villa Cornaro, por isso, esta não pôde dominar uma vasta área.

O duplo piano nobile4 corresponde a duas loggias sobrepostas, que possuem suas larguras correspondentes ao comprimento dos lados do salão. Tanto a do jardim, como a da fachada principal estão apoiadas sobre colunas independentes. Na fachada sobre o jardim, as loggias, integradas no corpo do edifício, permitem que as colunas se ergam livremente; na fachada principal, pelo contrário, estão colocadas à frente do corpo do edifício, como um pórtico.

Os Cornaro pertenciam às antigas famílias nobres de Veneza. A chamada sala das quatro colunas da Villa Cornaro (figura 12) apresenta um sinal bem visível da sua imagem: os seis nichos na parede contêm esculturas representando membros proeminentes da família Cornaro, sendo o escultor Camillo Mariani.

Figura 12 - Sala das Quatro Colunas.

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O piano nobile é o piso principal de uma casa grande, e é muitas vezes o primeiro ou às vezes o segundo andar, localizado acima de um piso térreo contendo salas menores e salas de serviço.

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O entablamento jônico da disposição do piso inferior estende-se, como um cinto, tanto em redor das alas laterais, como da casa senhorial da Villa Cornaro. O frontão (figura 11) apresenta quase obrigatoriamente, caráter de representação condigna.

Embora a Villa Cornaro tenha ficado pronta, por volta de 1655, os trabalhos de decoração dos interiores (figuras 13) ainda prosseguiam. Em 1716 Bartolomeo Cabianca estava ainda a realizar diversos trabalhos de estuque5.

Figura 13 - Decoração do interior da Villa Cornaro.

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Qualquer ornamento em que se utiliza argamassa.

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4.1 O Interior da Obra

Figura 14 - Vista da sala de recepção do piso térreo, que revela o layout elegante da villa.

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Figura 15 - A sala de jantar, como quase todos os principais espaços da casa, é decorada com painéis de afresco de tema bíblico de Mattia Bortoloni, encomendados em 1717.

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Figura 16 - Salão central tem quatro colunas iônicas que suportam um teto de madeira de 6 metros de altura.

Figura 17 - Um quarto é decorado com peças antigas e modernas, incluindo tapetes chineses Art Déco.

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Figura 18 - O estúdio do andar superior tem pisos de terrazzo originais e paredes estampadas de lavanda pálidas que se pensa serem datadas do início da villa. A suíte de escritório é do marceneiro milanês Carlo Zen, do início do século XX.

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A villa está classificada, desde 1996, como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, juntamente com as outras villas palladianas do Véneto.

4.2 Comentários - Sir Nikolaus Pevsner (1902 – 1983) afirmou sobre Palladio: “pela primeira vez na arquitetura ocidental, paisagem e arquitetura foram concebidas como pertencendo uma à outra. Aqui pela primeira vez os principais eixos das casas se prolongam para dentro da natureza, ou, alternativamente, o espectador contempla a casa como o coroamento da vista paisagística”.

- Cláudio Pereira diz que a sutileza das variantes palladianas pode ser ilustrada pela Villa Cornaro, que tem o mesmo pórtico de dois níveis com ordens superpostas nas fachadas, anterior (em projeção desde o volume da casa) e posterior (onde as colunas estão no mesmo plano do volume da casa e a varanda é interiorizada).

- Segundo os autores Wundram e Pape, a Villa Cornaro distingui-se do tipo de villa rústica, que se pode caracterizar por uma construção de um só piso, pelo seu duplo piano nobile, aproximando-se, assim, da villa suburbana, ou seja, uma residência de campo situada às portas da cidade.

4.3 Análise do Aluno No decorrer desta pesquisa, pude ver como um acontecimento pode mudar toda sociedade. O renascimento foi um marco na história, os homens buscavam inspiração no clássico e consideravam a arquitetura antiga, a mais bela arquitetura já feita pelo homem. Porém como o clero dominava as cidades com suas doutrinas, o que era certeza de repente passou a não ser mais e as pessoas passaram a querer uma reforma no modo de pensar, agir e até mesmo no de construir, surgindo assim o maneirismo – período de transição do renascimento para o barroco.

Andrea Palladio foi um arquiteto que acompanhou de perto essa transição, além de ser considerado um arquiteto clássico e maneirista ao mesmo tempo.

Palladio buscou em suas obras, reagir contra o abuso decorativo e definir o valor dos elementos clássicos. Como dito no trabalho, e a meu ver, Palladio mudou o modo de construir e o modo de como as pessoas iam observar as construções. É incrível o modo como ele adaptou as fachadas clássicas em suas obras, tanto nas villas e palácios quanto nas igrejas, que apesar de ele sentir certa dificuldade em fazê-lo se transformou em algo belo aos olhos do

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mundo todo, e o fato dele utilizar cores claras, faz com que as obras sejam ainda mais belas.

De acordo com as pesquisas realizadas, vi diversos escritores (em sites, blogs, etc) afirmando que Palladio possui uma repercussão espontânea, que além de ser reconhecido no mundo todo, é, se não o único, um dos arquitetos mais pesquisados e comentados até hoje desde sua existência. Além de ter deixado grandes ensinamentos para suas próximas gerações.

Vi também em sites de viagens internacionais, que as obras de Palladio, desde os palácios até suas famosas e grandiosas villas, são um dos pontos turísticos mais visitados e procurados pelas pessoas, para contemplarem suas belezas e a forma como as obras se relaciona com o meio ambiente.

A Villa Cornaro é completamente apaixonante, o modo como ela se compõe na natureza e o fato de ter sido projetada com planta quadrada e suas alas laterais – o que foi uma novidade entre as villas de Palladio, a torna ainda mais bela e exuberante.

5 Referências Bibliográficas 

Blog, EuHistória!. Andrea Palladio: um marco na história da arquitetura.

Disponível

em:

<https://blogeuhistoria.wordpress.com/2017/11/24/andrea-palladio-ummarco-na-historia-da-arquitetura/>. Acesso em: 09 jun. 2018. 

CANOVAS,

Raul.

Andrea

Palladio.

Disponível

em:

<http://www.jardimcor.com/cronica/andrea-palladio/>. Acesso em: 09 jun.

2018. 

CHASTEL, André. A Arte Italiana. Tr. Antônio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 1991.



HISTORIANET.

Maneirismo.

Disponível

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6 Anexo Martinho Lutero era um professor de teologia pertencente à ordem agostiniana que viveu na cidade de Wittenberg, na região do Sacro Império Germânico.

Durante os seus estudos, ele foi fortemente influenciado pelas obras de Jan Huss, São Paulo e Santo Agostinho. Nessa trajetória de estudos teológicos, Lutero acabou formulando um conjunto de idéias que iam contra muitos dos princípios estabelecidos pela igreja romana.