Ministério da Saúde e Educação - Arquiteto Lúcio Costa

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E URBANISMO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Lucio Costa e o Ministério da Educação e Saúde – Rio de Janeiro, Brasil

Emeriana Classere

Arquitetura Brasileira II Mirandulina Maria M. Azevedo

Santa Bárbara D’Oeste Dezembro – 2018

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Sumário 1 Biografia...........................................................................................................3 1.1 Lucio Costa e Oscar Niemeyer.....................................................................5 2 Obras e Evoluções..........................................................................................7 3 Objeto de Estudo...........................................................................................11 3.1 Análise Formal............................................................................................19 3.2 Influência Recebida.....................................................................................21 3.3 A Escola Carioca.........................................................................................21 4 Referências Bibliográficas..............................................................................22 5 Anexo..............................................................................................................22

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1 Biografia – vida e arquitetura

Figura 1 - Lucio Costa.

Lucio Manoel Ferreira Ribeiro Lima Costa, mais conhecido como Lucio Costa (figura 1), é filho do engenheiro naval Joaquim Ribeiro da Costa e da Alina Ferreira da Costa. Nasceu no ano de 1902 na Villa Dorothée Louise em Toulon, na França, pois seu pai era almirante da Marinha do Brasil e se deslocava constantemente.

Frequentou o Royal Grammar School na Inglaterra. Em 1914, na Inglaterra, seu pai se indispôs com o ministro Alexandrino e pediu reforma. Foi com toda sua família de oito pessoas para Paris, onde moraram 3 meses. Seguindo dali para Suíça, e se fixaram em Montreaux, onde continuou estudando no College National.

Apesar da educação europeia, que desde novo recebera, Lucio Costa voltou, de inicio, para o estudo do patrimônio arquitetônico brasileiro, aderindo logicamente ao movimento neocolonial. Seu pai, que estranhamente sempre desejou ter um filho artista, matriculou-o na Escola Nacional de Belas Artes, onde se formou em 1924 com 24 anos.

Ainda aluno do terceiro ano, teve seu primeiro emprego como desenhista na firma Rebecchi, onde ganhava 300 mil réis mensais, passando depois para o “Escriptorio Tecchino Heitor de Mello”.

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Sua personalidade marcou o movimento neocolonial, isso antes de se tornar um discípulo de Le Corbusier. O fato de ele ter tido rápida ascendência e ter se tornado um líder dentre seus colegas é explicado pela sua vasta cultura, a formação parcialmente europeia, a segurança de seu gosto, a grande modéstia e o apoio de José Mariano.

Associado a Fernando Valentim, projetou e construiu uma série de casas de estilo neocolonial de interesse considerável, pois já continham o germe da evolução que alguns anos mais tarde o levou até a nova arquitetura.

Em 1926, quando o Ministério da Agricultura instituiu num concurso para a escolha do anteprojeto do pavilhão do Brasil na Exposição da Filadélfia, a primeira condição do programa era a adoção do estilo neocolonial. E apenas o projeto do jovem vencedor Lúcio Costa, resolvia perfeitamente os problemas de distribuição interna e de circulação, conservando ao mesmo tempo um grande parentesco formal com a arquitetura da época colonial (figura 2).

Figura 2 – Pavilhão do Brasil na Exposição da Filadélfia.

Enquanto muitos de seus colegas incorriam no erro de querer imitar fielmente os detalhes da arquitetura da época colonial, continuando assim escravos de um ecletismo de caráter histórico e de um decorativismo superficial, Lúcio Costa tinha compreendido que era preciso não se ater à interpretação literal,

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mas procurar também encontrar o espírito que presidira ao nascimento dessa arquitetura colonial.

Até 1930 a arquitetura moderna não tinha transpassado confiança aos jovens arquitetos da Escola de Belas Artes, até mesmo Lúcio Costa reconheceu publicamente ter dúvidas a respeito desse movimento.

Espirito aberto e reflexivo, durante uma viagem à Europa, as realizações dos “estilos francamente modernos” e, feito o levantamento de obras importantes, não deixando de achá-las arriscadas, mesmo “quando as ideias de Le Corbusier eram adaptadas com moderação”; pois podia ser uma moda passageira, capaz de parecer mais tarde “tão ridícula, extravagante e, intolerável como o art noveau de 1900”. Assim, o ambiente parecia desfavorável, surpreendendo assim a brusca mudança ocorrida em 1930, pela qual foi responsável Lucio Costa, tão cheio de reservas dois anos antes.

Não é possível explicar a transformação ocorrida com Lucio Costa sem levarmos em conta seu caráter e seu profundo senso de reflexão. Tímido e modesto por natureza, com uma inteligência e cultura de primeiríssima ordem, não

rejeitava

nada

a

priori,

nem

se

pronunciava

com

leviandade;

profundamente honesto, estava pronto a reconsiderar suas opiniões, desde que houvesse razão para tal, e a lutar até o fim por seu novo ideal – a arquitetura moderna – uma vez persuadido de seu valor intrínseco.

1.1 Lucio Costa e Oscar Niemeyer Durante 1939, no delicado panorama politico que acabou ocasionando a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos fez um grande esforço para promover um encontro entre nações.

Organizaram duas grandes feiras – uma em Nova York e outra em São Francisco, das quais o Brasil participou com pavilhões individuais. Lucio Costa havia vencido o concurso de anteprojetos para o pavilhão de Nova York em 1938. Mesmo premiado, o arquiteto surpreendentemente renunciou à sua ideia para propor um projeto em associação com um de seus concorrentes, Oscar

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Niemeyer, e também parceiro na equipe de arquitetos que projetaram o Ministério da Educação e Saúde em 1936.

Efetivamente, Niemeyer acompanhou Lucio como assistente para Nova York para desenvolverem o projeto num escritório perto do parque da Feira Mundial.

A versão definitiva do pavilhão juntava alguns aspectos da proposta inicial de Costa – os pilotis, a rampa de acesso e os elementos vazados de fachada, a título de brise-soleil – com a de Niemeyer – a curvatura da parede acompanhando o terreno, o jardim na parte posterior. Nenhuma das propostas individuais era tão bem-sucedida quanto o resultado final, desenvolvido por Niemeyer com a orientação de Lucio Costa.

O pavilhão brasileiro da Feira Mundial de Nova York (figuras 3 e 4) foi considerado um dos pontos altos de toda a exposição, tanto na sua arquitetura quanto em seus interiores projetados pelo norte-americano Paul Lester Wiener.

Figura 3 - Pavilhão brasileiro da Feira Mundial de Nova York.

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Figura 4 - Interior do pavilhão, em Nova York.

O sucesso na mídia internacional gerou uma positiva repercussão no Brasil, além de dizerem que “Lucio Costa e Oscar Niemeyer são provas da maturidade intelectual do Brasil”.

2 Obras e Evoluções Após sua entrada na Escola de Belas Artes, Lúcio Costa logo se encaixou no estilo neocolonial onde obteve um incrível reconhecimento, e apesar do receio sentido foi um dos pioneiros da arquitetura nova e moderna no Brasil, tendo uma transição marcante do neocolonialismo para o modernismo.

Com características marcantes, como por exemplo, o uso de pilotis e fachadas vazadas, Lucio Costa teve um esplendorosa carreira arquitetônica.

Além das obras já citadas, Lucio Costa foi autor do único castelo no estilo renascentista da América Latina, o Castelo de Itaipava (figura 5) de 1920.

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Figura 5 - Castelo de Itaipava.

O Parque Guinle (figuras 6 e 7), no Rio de Janeiro, foi concebido em 1920 como parte do jardim de Eduardo Guinle. Mais tarde em 1944, o parque foi objeto de um plano de urbanização de Lucio Costa então diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), que propôs um conjunto de seis edifícios residenciais.

Figura 6 - Parque Guinle.

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Figura 7 - Parque Guinle.

O marcante Plano Piloto de Brasília (figura 8) de 1957. Em seu livro Registro de uma Vivência, Lucio Costa escreveu um capítulo “Brasília, cidade que inventei”. Brasília foi inaugurada em 1960, e possui eixos e perspectivas que lembram Paris, imensos gramados verdes ingleses, e muitas outras características incríveis.

Costa projetou também a Torre de TV de Brasília (figura 9), em 1967. Com 230 metros de altura, o atrativo está estrategicamente localizado no centro da cidade. Uma das maiores diversões dos turistas de Brasília é subir até o mirante do local, a 75 metros do solo, de onde se tem uma visão privilegiada da Esplanada dos Ministérios, Setores Hoteleiros Norte e Sul, Estádio nacional de Brasília, Autódromo Nelson Piquet, Lago Paranoá, da cidade de Brasília e outras Regiões Administrativas.

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Figura 8 - Plano Piloto de BrasĂ­lia.

Figura 9 - Torre de TV de BrasĂ­lia.

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E além do projeto piloto de Brasília, Lucio Costa também fez um plano piloto para a Barra da Tijuca (figura 10), no Rio de Janeiro.

Figura 10 - Plano Piloto da Tijuca.

3 Objeto de Estudo A criação do Ministério da Educação e Saúde surgiu de um desejo de propagar o progresso e a modernização do país. Neste sentido, o modernismo de uma forma geral e arquitetura moderna em especifico viriam a se tornar sinônimos, do ponto de vista ideológico, de um Estado moderno, centralizado e eventualmente autoritário e eficiente.

Não apenas marco de uma época mas de um excepcional momento de idealismo e de lucidez, no confuso quadro dessa época.

Costa, 1997, p. 122.

Foi realizado um concurso de projetos arquitetônicos para a escolha de quem ia desenhar o edifício do MES, porém o júri formado por conservadores e academicistas, escolheu um arquiteto ecletista. O ministro Capanema mesmo pagando o vencedor, chamou Lucio Costa para desenvolver, junto de sua equipe, um projeto com caráter modernista. O projeto procurou seguir as recomendações de Le Corbusier para o que ele considerava uma “nova arquitetura”.

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Le Corbusier veio até o Brasil por um pedido de Lucio Costa e seus colegas do grupo do MES. Os arquitetos se apropriaram dos ensinamentos dele, mas estavam inseguros com o projeto final e por isso pediram um parecer pessoal do próprio mestre.

Corbusier elogiou muito os arquitetos, mas preferiu começar ele mesmo um novo projeto sugerindo um novo local para construção do MES, da área da esplanada do Castelo para um aterro junto ao mar (onde hoje se encontra o Museu de Arte Moderna, de Reidy) (figura 11).

Figura 11 - Risco inicial de Le Corbusier para o MES no aterro, e que serviu de base para o projeto final.

Apesar da aceitação do ministro Capanema, as contingências legais do terreno impediram a construção no aterro, e antes de sua partida Corbusier esboçou um projeto para o terreno original. E a partir de estudos do esboço deixado a eles, a equipe brasileira desenvolveu um projeto definitivo (1936).

No final, o projeto dos arquitetos brasileiros evoluiu para uma solução com personalidade própria, embora com evidentes citações corbusierianas, incluindo os cinco pontos da nova arquitetura, que segundo Le Corbusier são: brise-soleil (quebrassol), pan de verre (pano de vidro), teto-jardim, térreo com pilotis e planta livre.

O volume lamelar sobre pilotis e os dois blocos baixos (um dos quais também sobre pilotis) liberam uma esplanada aberta que dissolve o sentido tradicional da quadra fechada por edificações e constitui uma praça/jardim público. Esse entorno livre caracteriza uma moldura ao edifício, atribuindo ao conjunto uma monumentalidade não derivada das formulações tradicionais, mas resultante

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do contrasta da imponência da escala da obra e dos vazios criados no distanciamento entre o volume prismático do MES com os edifícios adjacentes, muros contínuos compulsoriamente estabelecidos pelo padrão Agache, que obrigava a construção dos volumes alinhados no perímetro externo do lote.

Do ponto de vista estrutural, a sede do MES constitui um desafio de cálculo brilhantemente enfrentado pelo engenheiro Emílio Baumgart. O emprego de pilotis (figura 12) não era propriamente uma novidade, mas jamais se havia adotado a solução na escala de um prédio como o MES – criando dificuldades para o contravento da estrutura. Contrariando as normas então vigentes, Baumgart atribuiu às lajes planas a função de vigas dispostas horizontalmente, apoiadas nas paredes cegas laterais (que são interrompidas na laje de encontro com os pilotis; se elas seguissem até o chão, o problema de contraventamento estaria resolvido).

A busca de uma solução estrutural “arquitetônica” ensejou a definição de uma estrutura que evitou vigas, ao mesmo tempo em que se conseguiram lajes de pouca espessura para os pavimentos. Pela primeira vez se especificou no Brasil a laje-cogumelo, e de forma inovadora. A estrutura em cogumelo desvirtua a concepção de tetos lisos; a solução projetada previu a inversão do capitel para a face superior da laje, deixando liso o acabamento pelo lado do forro. O nivelamento do piso seria feito com material leve, aproveitando-se esse espaço de enchimento para a passagem das instalações elétricas.

A implantação numa esplanada aberta e o desafogo assegurado pelos pilotis no nível térreo são ideias corbusierianas que vão de encontro do MES. As fachadas norte e sul são idênticas, inteiramente em vidro. A fachada norte do edifício (figura 12) (permanentemente castigada pelo sol) é protegida com brise-soleis horizontais; a fachada sul (figura 13) (que em nenhum momento do ano recebe sol direto) é um pan de verre

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integral – a primeira aplicação de

uma fachada de vidro em escala monumental (anterior às aplicações das torres de vidro norte-americanas, do inicio dos anos 1950).

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Pano de vidro, em francês.

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Figura 12 – Fachada norte do MES.

Figura 13 - Fachada Sul do MES.

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Tal solução ensejou um sistema natural de ventilação cruzada: a diferença de temperaturas entre duas faces do edifício é capaz de criar um deslocamento de ar no interior de prédio que, em não havendo obstáculos, atravessa transversalmente o prédio criando uma corrente natural de vento atenuadora do calor típico do Rio de Janeiro. Daí os ambientes internos originais dos andares terem sido desenhados sempre com divisórias a meia-altura – já que a planta é independente de muros estruturais.

Le Corbusier deixou uma séria de recomendações valorizando aspectos tipicamente regionais: o uso de granitos disponíveis no Rio de Janeiro, em detrimento de materiais importados; a recuperação dos azulejos (figuras 14 e 15), tradicional revestimento colonial de origem portuguesa, suporte de painéis artísticos; a valorização da palmeira imperial (recuperada da tradição paisagística do Rio de Janeiro do século 19).

Figura 14 - Parede com azulejos no MES.

Figura 15 – Azulejos – desenho de Cândido Portinari.

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A sede do MES foi complementada com obras de arte de notáveis artistas: Cândido Portinari (murais no gabinete do ministro (figura 16) e desenho de todos os azulejos (figura 15)), esculturas de Celso Antônio (figura 17), Bruno Giorgi (figura 18) e Jacques Lipchitz (figura 19) e jardins de Roberto Burle Marx (figura 20) – dentro do princípio da integração das artes na arquitetura.

Figura 16 - Murais de Cândico Portinari.

Figura 17 - Escultura de Celso Antonio, Moça Reclinada.

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Figura 18 - Escultura de Bruno Giorgi, Juventude.

Figura 19 - Escultura de Jacques Lipchitz.

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Figura 20 - Jardins de Roberto Burle Marx.

A sede do Ministério da Educação e Saúde é considerada o ponto inicial de uma arquitetura moderna de feitio brasileiro. A avaliação é controversa, mas os desdobramentos posteriores caminharam no sentido de confirmar a afirmação, sobretudo no plano internacional. A construção do edifício (iniciada em 1937) arrastou-se ao longo dos anos com dificuldades, sobretudo com o advento da Guerra em 1939. Por volta de 1942, o edifício estava virtualmente completo em seus exteriores e assim foi fotografado pelos norte-americanos para exposição Brazil Builds. A inauguração oficial por Getúlio Vargas somente se daria em 1945 – também o ano da queda do Estado Novo.

Figura 21 - Desenho feito por Lucio Costa do MES efetivamente construído.

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3.1 Análise Formal Dois edifícios interceptam-se perpendicularmente: uma barra horizontal de cento e cinco metros de comprimento por vinte e seis metros de largura e doze metros de altura, e uma lâmina vertical de setenta e oito metros de altura, setenta e três metros e cinquenta centímetros de comprimento, e vinte um metros de largura. Ambos edifícios apresentam áreas abertas em pilotis que separam as áreas fechadas do pavimento térreo. Configura-se um T formado por volumes fechados nas três pontas e no ponto de cruzamento separado pelas áreas abertas e fluidas dos pilotis.

A lâmina vertical pousa visualmente sobre a barra horizontal. A altura do seu pilotis é dez metros, o dobro da altura dos pilotis da barra horizontal. Cada edifício apresenta uma modulação diferente de pilares. Os pilares da lâmina vertical medem um metro de diâmetro e estão dispostos em três eixos longitudinais distanciados nove metros entre eles, e em eixos transversais distanciados seis metros e quarenta. Os pilares da barra horizontal medem setenta centímetros de diâmetro e estão dispostos em quatro eixos longitudinais de tal modo que o distanciamento central seja onze metros, e os laterais, seis metros e oitenta centímetros.

No ponto em que se cruzam ambos os edifícios as modulações mudam.

Apesar da prevalência da continuidade retilínea visual da barra horizontal passando por baixo da lâmina vertical, a prevalência vertical é dada pelos pilares de um metro de diâmetro que se elevam por todos os dezesseis pavimentos da lâmina vertical. As modulações transversais adequam-se às modulações longitudinais do edifício perpendicular. Os dois pilares do eixo longitudinal central que ocupariam esta área de interseção são eliminados. Em contrapartida, surgem dois pilares distanciados um metro e sessenta centímetros dos pilares localizados nas esquinas desse lado da lâmina vertical configurando dois pares de pilares.

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Figura 22 - Plantas do MES.

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3.2 Influência Recebida Como já dito anteriormente, tanto Costa quanto Ministério da Educação e Saúde receberam grande influência do arquiteto Le Corbusier. Embora Lucio Costa e sua equipe tenham feito um projeto final com grande personalidade própria após a vinda de Corbusier ao Brasil, as características corbusierianas estão explicitas no prédio do MES. Tanto é que Lucio Costa fez o livro Registro de uma Viência, onde deixa claro que o projeto do Ministério da Educação e Saúde, é de sua autoria e não de Le Corbusier.

3.3 A Escola Carioca A formação da Escola Carioca é um processo, tem seu inicio quando a Escola Nacional de Belas Artes passa por uma reforma de ensino decidindo deixar o estilo neocolonial de lado para implantar o estilo moderno na arquitetura brasileira. Composta pelo grupo de arquitetos do MES, eles são identificados pela mesma origem ou experiências e cujas obras guardam entre si determinadas características comuns, do ponto de vista da técnica, dos aspectos formais e ideológicos.

A ideia do termo Escola Carioca de arquitetura é esboçada pela primeira vez por ocasião da publicação do catálogo da exposição Brazil Builds, no Museum of Modern Art {Museu de Arte Moderna] (MoMA), de Nova York, em 1943, em texto escrito, em 1944, pelo crítico Mário de Andrade (1893-1945) sobre a importância dessa realização. Andrade afirma que "a primeira escola, o que se pode chamar legitimamente de 'escola' de arquitetura moderna no Brasil, foi a do Rio, com Lucio Costa à frente, e ainda inigualada até hoje". No mesmo ano, essa produção nomeada internamente de Escola Carioca começa a ser conhecida como brazilian style. A simultaneidade dos termos faz com que durante muito tempo se tome a produção arquitetônica "carioca" pela totalidade da produção nacional, algo que vem sendo revisto pela historiografia da arquitetura desde os anos 1980.7 De fato, a partir da década de 1940 é

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possível verificar em várias cidades do Brasil uma produção que pode ser identificada com a rubrica Escola Carioca.

4 Referências Bibliográficas 

BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. 3ed. São Paulo: Perspectiva, 1997.



COSTA, Lucio. Registro de Uma Vivência. 2ed. São Paulo: Empresa das Artes, 1997.



ESCOLA Carioca. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.

São

Paulo:

Itaú

Cultural,

2018.

Disponível

em:

<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo8816/escola-carioca>.

Acesso em: 04 de Dez. 2018. 

FRAGALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Ministério da Educação e Saúde

/

Lúcio

Costa

e

equipe.

Disponível

em:

<https://www.archdaily.com.br/br/01-134992/classicos-da-arquiteturaministerio-de-educacao-e-saude-slash-lucio-costa-e-equipe>.

Acesso

em: 03 dez. 2018. 

SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. 2ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.



VivaDecoraPRO. Lúcio Costa, o arquiteto com um propósito: ordenar o espaço.

Disponível

em:

<https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetos/lucio-costa/>. Acesso em: 03 dez. 2018.

5 Anexo O estilo neocolonial foi a primeira manifestação de uma tomada de consciência, por parte dos brasileiros, das possibilidades do seu país e da sua originalidade, e tem grande importância pois sem ele a arquitetura brasileira não seria o que é hoje.

Bastou que a elite intelectual tomasse consciência do valor da arte lusobrasileira, para que um movimento neocolonial de caráter erudito encontrasse

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de imediato um clima propicio a seu desenvolvimento; ora, as condições eram favoráveis: em certos meios, começava-se a abandonar o ecletismo, e a sentir a necessidade de coisas novas e de uma independência que não fosse unicamente política. A volta às fontes da arquitetura “nacional” oferecia um meio de afirmar em publico a personalidade brasileira e a maturidade do país.

Assim, bastou que surgisse no Rio um defensor resoluto da arte neocolonial, dotado de vigorosa paixão aliada a um dinamismo sem precedentes e cuja fortuna pessoal lhe dava grandes meios de ação, para que o movimento neocolonial se espalhasse como rastilho de pólvora. Esse notável defensor chamava-se José Mariano Filho.

A reforma na Escola Nacional de Belas Artes queria tirar o neocolonialismo do Brasil e implantar o modernismo, porém isso só foi feito anos depois, já que José Mariano estava decidido a proteger o estilo neocolonial, estilo esse que chegou ao Brasil no século 19 com a chegada de Dom João IV, além de ter afastado Lucio Costa da Escola de Belas Artes, para que o estilo neocolonial não fosse colocado em risco.