Acontece que esses Espaços e Bibliotecas são implantados em áreas de
Já a escuta se dá prioritariamente no território do sonho, da capacidade
grandes carências, onde a descrença é o traço marcante da subjetivida-
humana de projetar e projetar-se, de ressignificar o que parece estabe-
de coletiva. O que fazer?
lecido por inércia ou omissão, de declarar o que se quer, pensar alto, em
Ora, primeiro é preciso enxergar o que sobra, não o que falta. Porque se
grupo e para o grupo e de escolher o que é melhor para si e para muitos.
num bairro falta infraestrutura, não falta gente com sonhos, capacidade
Temos 20 comunidades mobilizadas por intermédio dessa parceria. Mi-
e criatividade. O Canteiro Mais Cultura vem justamente para tocar no
lhões de reais foram investidos nesse empreendimento. O retorno é esse
ponto que ative essa comunidade, que desperte seus melhores valores,
que todos podemos ler aqui. E o desafio é multiplicar esse esforço na
talentos e lideranças.
mesma medida da escala que é necessária dar aos Espaços e Bibliotecas
Por esse método, o Estado não diz o que fazer. Apenas convida e dá os
Mais Cultura e à política de infraestrutura cultural do Estado brasileiro.
meios básicos. Dialoga. Permeabiliza-se. E promove encontros.
A meta: constituir um cenário que estimule as cidades a se organizarem
São muitas as etapas do Canteiro. A primeira é justamente esse toque,
como um grande tecido educativo e cultural, no qual meninos e meni-
esse start. E aqui é que entra a parceria entre o Ministério da Cultura e
nas, moças e moços, senhores e senhoras possam acionar as engrena-
o Instituto Elos, que resultou nesse trabalho que você, leitor, testemu-
gens de um país socialmente justo e culturalmente democrático.
nhará aqui. O Instituto veio para agregar ao Canteiro Mais Cultura sua expertise em mobilização social e ajudar no aprofundamento e melhoria do método colaborativo escolhido pelo Programa Mais Cultura para implantação e gestão dos Espaços e Bibliotecas. Ele nos oferece uma poderosa ferramenta de escuta e de envolvimento comunitário. Prazer é a palavra que pauta o envolvimento: o prazer de ver o que antes era oculto, apesar de evidente; o prazer de ouvir e reconhecer-se no outro; o prazer de prospectar o possível; o prazer de fazer e transformar e, assim, entender e reconhecer a própria força; o prazer de conquistar e celebrar o realizado; o prazer, por fim, de apropriar-se do que é seu porque de todos.
Silvana Meireles Secretária de Articulação Institucional do Ministério da Cultura Coordenadora-Executiva do Programa Mais Cultura