REVISTA 100% CAIPIRA 2ª ED FORMATO TABLET

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Por Adriana Reis Com as legislações ambientais mais rígidas, começamos a nos perguntar: como preservar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, produzir? Além da interferência do homem no meio ambiente, temos a utilização de agroquímicos agrícolas, que poluem o solo e as águas. As utilizações destes agrotóxicos para aumentar a produtividade e controlar doenças tornaram o Brasil o maior consumidor destes produtos. O uso irracional de agrotóxicos pode causar erosões e desertificação nos solos, poluir os rios através das águas das chuvas e também a fauna e a flora aquática, contaminar os alimentos, extinguir animais e, além de tudo, podem também intoxicar e até levar a morte os agricultores que manuseiam esses produtos, esses são apenas alguns exemplos dos malefícios do uso dos agrotóxicos. Contudo, as pragas ficam cada vez mais resistentes aos produtos utilizados, causando assim um aumento destas pragas e não o combate, pois na medida em que se usam insumos químicos as pragas tornam-se mais resistentes, necessitando de agrotóxico cada vez mais forte, sendo assim tornando um ciclo vicioso e causando cada vez mais impacto no meio ambiente e prejudicando assim a saúde humana. Algumas medidas podem ser tomadas para minimizar esses riscos como, por exemplo, a substituição de adubo químico por adubo orgânico (composto, esterco, adubo verde), adaptação das máquinas agrícolas para as condições de solo regional (má-

quinas mais leves com o objetivo de não compactar o solo, permitindo que os micro-organismos não sejam sufocados), preservação das áreas silvestres, utilização de plantas repelentes e plantas companheiras e controle biológico natural. Devemos também levar em consideração a rotação de culturas, que além de evitar o desgaste do solo, ajuda no controle de pragas e promove um equilíbrio no meio ambiente. Obviamente, essas medidas não evitarão que insetos e pragas inexistam neste ambiente, porém permitem um equilíbrio entre pragas e predadores, sendo necessário um controle biológico destes seres, como drenagem de águas paradas nas proximidades das lavouras, manutenção de parte de ecossistema natural (o plantio não ocupa toda a área disponível), introdução nas áreas de cultura de insetos que são preda-

dores das pragas, não dos vegetais que estão sendo cultivados. Ambientalistas estudam medidas mais drásticas como o uso de gotejamento de água ao invés de irrigação, que também economiza água. Todas essas medidas são possíveis também para o pequeno produtor, pois são medidas simples e de fácil implantação, não exigindo mudanças bruscas no meio de produção, ajudando, assim, o meio ambiente e a saúde do homem. Na agricultura sustentável, já estão sendo implantadas diversas modificações ambientais, como a fixação biológica de nitrogênio (FBN), processo natural realizado por bactérias contidas no solo ou adicionadas via inoculantes, que se associam às plantas, captam e transformam o nitrogênio do ar, permitindo a troca de nutrientes e reduzindo a necessidade de adubação química. Em relação ao meio ambiente, este processo ajuda na recuperação de áreas degradadas, melhora a fertilidade do solo, a qualidade da matéria orgânica, causa também menor poluição de lagos, rios e lençol freático por nitrato, sem esquecer que reduz a emissão de gases na atmosfera. No Brasil pesquisas apontam dezena dessas bactérias capazes de fornecer nitrogênio a plantas, cada qual para uma planta específica. Desta forma, podemos concluir que uma planta equilibrada, além de se má hospedeira para pragas, são bons alimentos para nós e podemos produzir mais e preservar mais o meio ambiente basta querer. Adriana Reis é engenheira civil com especialização em engenharia ambiental

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