do Presidente do CAVR Clube Automóvel de Vila Real
Organizadora
Dourogás, uma empresa
Magalhães & CA, uma empresa 24
Ricardo Fortuna: da reta de Mateus para a gestão do pódio e dos troféus
Entrevista Fátima Costa trabalha todo o ano para
Mapa CIVR
Barry Collerson
Vila Real, ímpar!
Ediçao, impressao e publicidade: Mensagem Presidente Município
Mensagem do Presidente do Município
Circuito Internacional de
Vila Real: Paixão com História, Orgulho com Futuro
Há lugares que respiram história, há tradições que se tornam identidade e há paixões que atravessam gerações. Em Vila Real, as corridas de automóveis não são apenas um evento: são parte da nossa alma coletiva. Desde 1931, quando pela primeira vez o roncar dos motores ecoou pelas ruas da cidade, que esta paixão se enraizou profundamente em nós. O Circuito Internacional de Vila Real é, há quase cem anos, um dos mais emblemáticos símbolos do nosso concelho. É memória viva, emoção renovada, e um orgulho que se sente no coração de todos os vila-realenses.
As corridas são, sem margem para dúvida, o nosso maior evento. Uma manifestação vibrante da nossa cultura, da nossa energia e da nossa capacidade de acolher o mundo. Em 2025, voltamos a viver esta emoção com intensidade máxima, com o regresso das grandes competições nacionais e internacionais, que prometem momentos inesquecíveis para todos os que nos visitam — e para todos os que aqui vivem, com paixão, este fim de semana tão especial.
A principal prova deste ano será o KUMHO TCR World Tour, com a chancela da FIA – Federação Internacional do Automóvel, um campeonato que traz à nossa cidade os melhores pilotos do mundo do turismo, com máquinas impressionantes e corridas de cortar a respiração. A este
grande momento internacional juntam-se duas importantes provas do panorama nacional: o Campeonato de Portugal de Velocidade, onde brilham os principais nomes do desporto motorizado português, e o Campeonato Nacional de Clássicos, que faz desfilar elegância, potência e nostalgia pelas ruas do nosso circuito.
Mas o Circuito de Vila Real é muito mais do que velocidade. É um evento total. Uma celebração da cidade e das suas gentes. Um fim de semana em que tudo pulsa com mais força: os motores, os corações, a vida. É a gastronomia que se mostra ao país, com sabores autênticos e tradições que nos orgulham. É a cultura que ganha palco, com concertos de grandes nomes que fazem vibrar milhares. Por isso, em 2025, teremos o prazer de receber os Xutos & Pontapés, na sexta-feira, com a sua força contagiante, e os James, no sábado, numa atuação que promete marcar para sempre a memória desta edição, que assinala também os 100 anos da Cidade de Vila Real.
Este é um momento determinante para a hotelaria, a restauração e o turismo de toda a região. O impacto económico do Circuito sente-se em todo o tecido local, mas o seu verdadeiro valor mede-se também no entusiasmo das crianças, nos sorrisos dos comerciantes, na dedicação dos voluntários, no brilho nos olhos de quem, ano após ano, vive este momento como um ritual. Porque, para os vila-realenses, as corridas não são apenas um espetáculo — são um sentimento. Uma herança. Um orgulho que passa de pai para filho.
Foi por tudo isto que em 2014 lutámos pelo regresso do Circuito às ruas da cidade. Porque sabíamos o que ele representava. Porque sentimos que Vila Real sem corridas não era a mesma Vila Real. Desde esse momento, nunca desistimos, nunca baixámos os braços. Continuamos, ano após ano, a trabalhar para fazer mais e melhor, com provas mais atrativas, com melhores condições para o público, com uma organização de excelência e com uma programação paralela cada vez mais rica.
O nosso compromisso é claro: continuar a afirmar Vila Real como a capital nacional do desporto automóvel e continuar a oferecer à nossa cidade e à nossa região um evento que é, ao mesmo tempo economia, tradição, inovação e emoção. Um evento que nos une, que nos projeta e que nos orgulha.
Viva esta paixão sem travões!
Alexandre Favaios
Mensagem do Presidente da APCIVR
Sejam muito bem-vindos ao Circuito Internacional de Vila Real!
É com profundo orgulho e enorme entusiasmo que damos as boas-vindas a todos — pilotos, equipas, apaixonados do desporto motorizado, visitantes e residentes — àquele que é, sem dúvida, o evento mais emblemático e aguardado do calendário desportivo automóvel nacional.
O Circuito Internacional de Vila Real não é apenas uma pista. É uma lenda viva. Um traçado urbano com mais de 90 anos de história, que desafia pilotos e apaixona multidões. Desde a sua primeira edição em 1931, este circuito tem sido sinónimo de velocidade, coragem e emoção, tornando-se um marco incontornável do automobilismo nacional. Com curvas técnicas, subidas exigentes e retas que testam os limites, cada volta é um verdadeiro espetáculo — tanto para quem conduz como para quem assiste.
Mas a magia de Vila Real vai muito além da competição em pista. Este é um fim de semana que transforma por completo a cidade, enchendo as ruas de vida, música, cor e entusiasmo. O som dos motores mistura-se com o burburinho alegre das multidões, o cheiro a borracha queimada encontra o aroma da gastronomia local, e cada canto da cidade vibra com energia contagiante.
Durante todo o evento, Vila Real veste-se a rigor para acolher visitantes de todas as idades com uma programação diversificada que vai muito além das corridas. Os concertos ao vivo, que iluminam as noites com artistas de renome nacional e internacional, oferecem momentos inesquecíveis de festa e convívio. As feiras de produtos regionais celebram o melhor da nossa gastronomia, artesanato e tradições, enquanto as zonas de animação e atividades para famílias e crianças garantem que este é um evento para todos, dos mais pequenos aos mais entusiastas do automobilismo.
Este não é apenas um fim de semana de corridas. É um festival de cultura, de celebração, de paixão partilhada. É a demonstração viva de uma cidade que sabe acolher, sabe emocionar e sabe celebrar em grande.
A todos vós, que aqui estão pela primeira vez ou que regressam ano após ano, deixamos uma saudação calorosa: obrigado por fazerem parte desta festa. Que estes dias em Vila Real fiquem na vossa memória como uma experiência vibrante, segura e verdadeiramente especial. O motor já aqueceu, a emoção está no ar e Vila Real está pronta para mais um capítulo na sua história centenária. Sejam parte do Circuito Internacional de Vila Real.
José Miranda Silva Presidente APCIVR – Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real
Mensagem do Presidente do CAVR
Clube Automóvel de
Vila Real
Entre, não preguntamos quem é, pois conhecemos a gente boa que nos visita e gostamos da vossa companhia “TCR World Tour”
Mais uma vez Vila Real se veste de gala para receber o 54º Circuito Internacional de Vila Real. O Clube Automóvel de Vila Real, dá as boas-vindas a todos que nos dão o prazer de estar connosco este fim de semana. Aos pilotos e suas equipas, bem como a todos os aficionados deste nosso, vosso, Circuito, um muito obrigado pela vossa visita.
O CAVR tudo fará para que se sinta bem acolhido neste nosso cantinho. A nossa, vossa, responsabilidade neste evento é enorme, por isso pedimos apenas que respeitem todas as indicações que lhe forem dadas pela organização. Assim todos poderemos ter um fim de semana fabuloso.
Aos colaboradores do nosso CAVR um muito obrigado pelo esforço e dedicação que colocam em todas as competições. O sucesso alcança-se através de talento, determinação e trabalho duro.
Aos Vila-realenses, cuja paixão pelo nosso circuito é imensurável, divirtam -se e continuem a fazer deste o melhor Circuito citadino do Mundo.
A paixão é, como as formas da natureza, eterna.
Sejam bem-vindos.
Jorge Almeida, Presidente do CAVR - Clube Automóvel de Vila Real
Mensagem do Presidente da FPAK
Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting
É com grande entusiasmo e sentido de responsabilidade que a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting dá as boas-vindas a todos os participantes, equipas, oficiais de prova e o público apaixonado que marca presença em mais uma edição do emblemático Circuito Internacional de Vila Real
Vila Real, com a sua vasta história no desporto motorizado, volta a abrir as suas portas para mais um capítulo emocionante do automobilismo nacional e internacional. Este circuito, que ecoa os sucessos dos mais variados pilotos vibra com a energia contagiante dos seus adeptos e é um palco ímpar onde a perícia, a competição e a paixão se encontram.
A FPAK orgulha-se de, em conjunto com todos os envolvidos na organização, especialmente o Município de Vila Real, proporcionar mais um evento de excelência, pautado pelos mais elevados padrões de segurança e desportivismo. Acreditamos que a edição de 2025 será memorável, repleta de momentos de intensa competição e celebração do espírito que une a grande família do automobilismo nacional e internacional, mas também de intensa animação com uma série de eventos paralelos de complemento.
Desejamos a todos os pilotos uma prova desafiante e bem-sucedida, às equipas um trabalho profícuo e ao público presente um fim de semana inesquecível, vibrando com cada aceleração e ultrapassagem.
Bem-vindos ao Circuito Internacional de Vila Real! Que a emoção da competição nos envolva a todos.
Saudações Desportivas.
Fernando Machado “Ni” Amorim,
Presidente
Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK)
Comissão Organizadora:
Município de Vila Real
Representado por
Alexandre Favaios Presidente
APCIVR – Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real Representada por
José Miranda da Silva Presidente
Filipe Fernandes
António China
Adriano Tavares
Nuno Augusto
Eduardo Passos (Presidente Assembleia Geral)
Rui Taboada (Presidente Conselho Fiscal)
CAVR – Clube Automóvel de Vila Real Representado por
Jorge Almeida Presidente
Pedro Polido
Daniel Almeida
Jorge Oliveira
Tiago Fernandes
Oficiais de Prova:
Diretor da prova: Eduardo Ferreira
Responsável pela segurança: Pedro Polido
Comissário técnico chefe: Pedro Couto
Médico chefe da prova: André Santos Luís
“Press-Officer”: Rodrigo Sá
by WSC Group
The KUMHO TCR World Tour was launched in 2023 to become the pinnacle of the category that puts together professional drivers with international experience and the competitors os TCR regional and national series.
This plan to establish such an innovative platform was conceived by WSC while keeping in mind the fundamental principles of the TCR concept: the very same race car that can be used in all the TCR sanctioned series around the world.
WSC President Marcello Lotti: “Since the inception of the TCR concept, WSC has built a large community of competitors. With the KUMHO TCR World Tour, teams and drivers can take the opportunity to compete at a global level. At the same time, this also strengthens the cooperation we have establishe with the promoters of the regional and national series”.
From the 2024 season the KUMHO TCR Tour has been elevated to the status of an FIA competition, becoming the KUMHO FIA TCR World Tour
FPAK Campeonato Portugal Velocidade
by
Race Ready
Informações, Inscritos:
ANPAC Informações, Inscritos:
ENTREVISTA
Dourogás, uma empresa comprometida com o interior do país
por Carlos Pereira Cardoso
Armando de Sousa Magalhães é um dos fundadores do Grupo Dourogás, organização com mais de três décadas que marcou e marca o interior do país e a cidade de Vila Real.
Falámos com ele sobre o papel do grupo e sobre os projetos que têm em carteira.
- Eng. Armando Magalhães, a Dourogás nasceu em 1994, em Vila Real, com o objetivo de trazer o gás canalizado para o interior. Como vê o tempo decorrido até hoje?
- A Dourogás nasceu de um projeto meu e de meu irmão que visava desenvolver o interior norte do país. Primeiro seria através do gás propano e, mais tarde se o Governo assim viesse a decidir, através do gás natural.
- Essa chegada do gás natural não foi fácil, mas hoje todo o interior norte tem essa energia nas habitações e nas empresas. Que papel teve a Dourogás?
- Em boa verdade, nós fomos os pioneiros na chegada do gás natural através da localização de unidades autónomas não abastecidas por gasoduto. Foi um processo inovador que hoje é muito usado em quase toda a Europa.
Tivemos a sorte de todo o processo ser acompanhado por políticos que entenderam que o que propúnhamos era muito vantajoso na perspetiva económica para os territórios mais frágeis do país. As primeiras licenças vieram logo no início deste século e, depois, através da Sonorgás, uma empresa do grupo que já vendemos, foi-se concretizando todo o investimento nos distritos de Vila Real, Bragança, Braga e Viana do Castelo.
- Essa transição levou ao abandono do gás propano?
- Não, continuamos a fornecer, mas o nosso grande objetivo neste momento é passarmos para o biometano e o hidrogénio, gases renováveis que são o futuro. O biometano já está a ser produzido e distribuído por nós e tem muito potencial de produção em Portugal através do biogás dos aterros sanitários e das estações de tratamento de águas residuais.
- Isso quer dizer que foram caminhando no sentido de usarem gases cada vez menos danosos para o ambiente…
- Sim. Não só menos danosos, mas também mais baratos porque são produzidos nos nossos territórios. Quando se produz biometano, que é muito semelhante ao gás natural que é fóssil, estamos a substituir importações e estamos a promover a economia circular.
- O Grupo Dourogás não tem só atividade na produção e distribuição de gases, também é um importante player na comercialização aparecendo quase sempre com o melhor preço no mercado livre de GN. O que faz com que consigam ter essa capacidade competitiva?
- Nós temos uma presença única no país. Por sermos relativamente pequenos, e não implicarmos nos grandes que
querem ter colossais quotas de mercado, vamos conseguindo fazer parcerias com grupos internacionais. Logo no início fizemos com a Gás de Bordéus, também com a BP que ainda mantemos e pensamos ampliar e, mais recentemente, com a ASPO a quem vendemos a Goldenergy que é hoje o operador mais dinâmico do mercado doméstico. Nós somos os mais fiáveis e mais próximos, porque sabemos do negócio e como dar bons preços.
- O sucesso é uma constante na Dourogás com três décadas. Como vê o Grupo para o futuro?
- A Dourogás tem um lastro imenso. Para esse percurso muito contribuíram os dirigentes e colaboradores. O capital social continua distribuído da mesma forma, a orientação estratégica é determinada pelos três acionistas principais e a administração executiva é assumida hoje pelo Prof. Nuno Moreira. Vejo a Dourogás a continuar por muito tempo, sempre a inovar no universo da energia.
Nosso Shopping
por Administração Nosso Shopping
As corridas Automóveis realizadas na cidade, no emblemático Circuito internacional de Vila Real, representam, mais do que um momento de celebração do desporto motorizado - são uma verdadeira montra da identidade local e uma oportunidade única de dinamização económica, social e cultural da região. Para o Nosso Shopping, estar associado a um evento desta dimensão é, acima de tudo, uma forma de afirmar o seu papel ativo na vida da cidade e da região.
O Nosso Shopping é o único centro comercial de Vila Real, assumindo-se como um ponto de referência incontornável na região, tanto para os residentes como para os visitantes. Com uma oferta comercial diversificada e atrativa, reúne insígnias de renome, como a Zara, a Lefties, a FNAC e o Cinema NOS, proporcionando uma experiência completa que combina moda, cultura, lazer e entretenimento num só espaço.
Ao associar-se ao Circuito de Vila Real, o Nosso Shopping reforça o seu posicionamento enquanto espaço que vai muito além das compras: um local de vivências, experiências e envolvimento com a comunidade local.
As corridas trazem consigo uma energia única. São momentos que mobilizam milhares de pessoas, criam memórias e impulsionam a economia da cidade, projetando Vila Real tanto a nível nacional como internacional. Para o Nosso Shopping, estes eventos representam uma oportunidade única para estreitar laços com os visitantes e residentes, potenciar o comércio local e reforçar a atratividade da cidade como destino turístico e comercial. Estar presente como parceiro de um evento desta envergadura é uma demonstração clara do compromisso contínuo do Centro com o desenvolvimento territorial.
Esta associação vai muito além da visibilidade. O Nosso Shopping acredita no poder da colaboração e na importância de retribuir à comunidade tudo aquilo que ela tem proporcionado ao longo de mais de duas décadas. Tal como tem feito com diversas iniciativas - desde ações ambientais e sociais até projetos inclusivos - apoiar o 54º Circuito internacional de Vila Real é mais uma forma do Nosso Shopping demostrar que está atento às necessidades, interesses e valores de quem visita diariamente o Centro Comercial e contribui para o seu sucesso.
Além disso, o Centro vê no desporto e no entretenimento motores fundamentais para a construção de uma sociedade mais ativa, coesa e participativa. Por isso, investe
continuamente na modernização dos seus espaços físicos, tornando-os mais acessíveis, acolhedores e funcionais, e em iniciativas que promovem bem-estar e valorizam o tempo de qualidade.
Nos últimos anos, o Nosso Shopping tem vindo a assumir um papel relevante enquanto agente de mudança. Prova disso são as várias ações ligadas à responsabilidade ambiental, à acessibilidade e à inclusão como a “Hora Tranquila” ou o selo dog friendly, bem como o reconhecimento internacional através da certificação BREEAM, que comprova o seu empenho na construção de um espaço mais sustentável. Mais recentemente, a criação da Praça Box veio reforçar esse compromisso, contribuindo ativamente para a redução do desperdício alimentar.
Apoiar o 54º Circuito Internacional de Vila Real é mais um passo natural do caminho que tem vindo a ser trilhado com propósito, visão e dedicação. Um caminho onde o foco está sempre nas pessoas - nas suas necessidades, experiências e bem-estar. O Nosso Shopping quer ser mais do que um espaço de compras: pretende ser um local onde se criam laços, partilham momentos e onde todos se sentem parte de algo maior.
O Circuito de Vila Real tem raízes profundas na história da cidade, com a sua primeira edição a remontar a 1931, o que o torna num dos mais antigos e emblemáticos circuitos urbanos da Europa. Apesar do traçado atual, conhecido como o novo circuito, existir há mais de uma década, a tradição das corridas em Vila Real atravessa gerações, unindo às memórias do passado à inovação e segurança do presente.
Esta ligação reflete o percurso que o Nosso Shopping tem trilhado: um espaço que, mesmo apostando continuamente na modernidade e inovação, valoriza a herança local e procura manter viva a ligação emocional com a cidade, os seus símbolos e tradições. Ao integrar-se num evento com tamanha carga histórica, o Centro reafirma o seu compromisso como parte integrante da narrativa coletiva da cidade.
É esta a missão que continuará a nortear todas as ações do Nosso Shopping: ser um espaço de todos e para todos, fiel às suas raízes, atento ao presente e com os olhos postos no futuro. É com orgulho que se junta a um evento tão marcante como o 54º Circuito Internacional de Vila Real, mostrando, uma vez mais, que está verdadeiramente comprometido com o que é Nosso.
ENTREVISTA
Magalhães & CA, uma empresa 24 horas ao serviço do Circuito Internacional de Vila Real
por Carlos Pereira Cardoso
Octávio Magalhães é o proprietário da Magalhães & CA, uma empresa bem conhecida dos vila-realenses e que é parceira do Circuito Internacional de Vila Real (CIVR) desde o seu regresso.
Em 1996 é fundada a empresa enquanto projeto familiar com quatro sócios, algo que durou até 2013 quando cada um dos irmãos assumiu uma empresa de ramos diferentes e Octávio seguiu com esta que se dedica à venda de material elétrico.
Com sede em Vila Real, a empresa dá cobertura a toda a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, contando já com colaborações de âmbito nacional e internacional. A localização da sede, dada a boa oferta de vias de comunicação permite-lhes rapidamente se deslocarem a todo o território sem grande dificuldade, dado que o lema da empresa é “o cliente é servido na hora”.
O proprietário contou que muitas das grandes empresas que vieram executar obras na região como a barragem em Ribeira de Pena ou o Túnel do Marão, em Vila Real, passaram a trabalhar com eles quando assumiram outras obras como é o caso do Metro do Porto.
Para além da sede junto ao Terminal Rodoviário, possuem ainda um armazém na Zona Industrial de Constantim para armazenar os materiais de maiores dimensões e está previsto que em breve possuam um novo espaço.
Um crescimento que é aleado à gestão da empresa que se mantém no âmbito familiar.
A ligação do proprietário às corridas vem, como acontece com a maioria da população vila-realense “dos tempos de jovem quando acompanhávamos como espectadores”.
Na altura, Octávio participava “muitas vezes às escondidas porque não era como nos dias de hoje”
É, por isso, natural que a colaboração com o CIVR seja duradoura e que envolve serem “não só patrocinadores, mas estando também 24 horas de serviço para as corridas”, dado que dão apoio em material elétrico necessário para a montagem ao longo das semanas que antecedem as provas e alguma manutenção que seja necessária no decorrer do fim de semana das corridas.
À parte disso, no fim de semana do CIVR recebem na cidade parceiros que são apaixonados pelo automobilismo para lhes proporcionar uma experiência diferente no visionamento das provas e interação com o circuito.
Octávio Machado recordou ainda uma iniciativa da qual fez parte na edição de 2024, onde o grupo em que ele participa, os escuteiros, desfilaram pela linha da meta envergando uma lona com o logótipo do circuito, uma vivência que “incutimos aos mais novos esta esta paixão pelas corridas em Vila Real, porque é diferente de todas as outras e também para que no futuro esteja garantida a continuidade, exatamente porque se não tiver apaixonados e se não tiver público, morre na essência”.
Além disso, lembrou a diferença que este circuito tem para os demais onde muitos tiram férias dos seus trabalhos para darem tudo pelo sucesso das provas de forma voluntária, e mesmo a vivência deste fim de semana pelo público, que “muitas vezes não vê nenhum carro a passar, um bocado como no ciclismo ir ver a subida à Senhora da Graça [Monte Farinha] e não ver nenhum ciclista, é o convívio”.
“Uma das missões que eu acho que todos nós, enquanto participantes ativos nesta iniciativa, é incutir nos mais jovens também esta paixão para que não morra e para que tenhamos aqui um circuito cada vez melhor, com mais qualidade e garantir o futuro”, finalizou o empresário.
António Figueiredo: um adepto das corridas que passou a integrar a organização
por Carlos Pereira Cardoso
António Figueiredo é gestor operacional de uma operadora de telecomunicações e integra a equipa da Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real (APCIVR). Contou que a sua ligação começou em 2015 aquando da vinda, pela primeira vez, do WTCC.
Apesar de a ligação à organização começar apenas há 10 anos, o gosto pelas corridas vem da sua ligação a Vila Real e o facto de desde pequeno sempre ter sido “habituado a ver corridas”, criando o gosto pela modalidade enquanto adepto.
Convidado por Paulo Costa para integrar a equipa de cronometragem, confessou que foi “um ano complicado” dado que era a primeira vez que se realizava um campeonato do mundo no novo traçado e mesmo quem já estava na organização não tinha tido ainda contacto com essa realidade.
Apesar das dificuldades, António revelou que acabou por correr bem e depois surgiu o convite para continuar na APCIVR. Tendo aceitado o desafio, foram lhe dando novas responsabilidades sobretudo na área da comunicação, com a qual lida no dia a dia profissional.
Habituado a ser espectador de corridas a partir das bancadas, confessou que não sabia nada da parte de organização e que tendo agora essa experiência é diferente dado que “estamos preocupados com uma série de coisas que muitas vezes, eu principalmente, quero que as corridas terminem quando estão em provas e saber que não aconteceu nada com a cronometragem”.
Assume como lema trabalhar antes das corridas, pois “prefiro que não seja durante as corridas e que tenha a oportunidade de ver corridas, porque se tenho que trabalhar na altura das corridas é porque alguma coisa correu mal”.
Nos dias anteriores, o gestor operacional inicia pelas 05h30 o trabalho na pista, permitindo que depois possa executar o seu horário laboral sem interferir na colaboração que presta ao CIVR.
Até perto do dia das corridas, são passados cabos de fibra ótica a toda a volta do traçado, permitindo depois ligar cronometragem, transmissões televisivas e painéis de transmissão.
António Figueiredo contou que na edição do ano passado foram passados dois anéis de fibra ótica e feitas 1360 fusões a toda a volta do circuito. Apesar de tirar férias dois a três dias antes do arranque do CIVR, referiu que “naqueles dias somos quase o amparo uns dos outros”.
Sobre a década ao serviço da APCIVR, o gestor operacional fez um balanço positivo, tendo começado “praticamente do zero a não perceber nada por estar completamente fora da organização” e a natural evolução que foi tendo ao longo dos anos até chegar ao nível que hoje apresenta.
ENTREVISTA
Ricardo Fortuna: da reta de Mateus para a gestão do pódio e dos troféus
por Carlos Pereira Cardoso
Ricardo Fortuna é arquiteto de profissão e lembra-se das corridas em Vila Real desde pequeno, dado que cresceu a poucos metros da reta de Mateus, uma das zonas mais emblemáticas do Circuito Internacional de Vila Real (CIVR) tanto no anterior traçado como no atual.
Por aquela zona ser onde as motas faziam as gincanas entre os fardos de palha, acabou por ficar mais presente na sua memória, ao contrário dos carros que “só os via passar” por ser uma reta.
O facto de habitar junto do traçado fez com que fosse sempre espectador, não saindo do conforto de sua casa, até que há cerca de 10 anos surgiu o convite para colaborar com a Associação Promotora do Circuito de Vila Real (APCIVR).
Inicialmente começou por dar apoio nas áreas onde era necessário, tendo ficado a apoiar sobretudo o Pedro Matos na logística do WTCC e em 2016 assume, juntamente com outros colegas, a parte do pódio e dos troféus, estando envolvido também na sua produção, sobretudo na questão do desenho do pódio, acompanhamento da produção dos troféus, transporte e organização, bem como dar apoio aos promotores na distribuição.
Ricardo Fortuna contou que alguns dos trabalhos de montagem são efetuados pelos colaboradores da APCIVR, exceto os que requerem logística que obrigue à intervenção de empresas especializadas. Um desses exemplos foi o desenho e montagem da zona VIP, função que lhe foi atribuída poucos anos após o início da sua colaboração.
Na altura, trouxeram uma roupagem mais antiga àquela zona, simulando os andaimes que se visualizavam ao longo do traçado que servem de bancadas improvisadas. Ano após ano foram procurando melhorar e trazer alguma novidade para o telhado do edifício da MCoutinho, espaço que recebe os convidados e entidades ao longo dos três dias de provas.
Para esta edição, Ricardo Fortuna prevê algumas mudanças no pódio, tentando “inovar um bocadinho”, mas articulando com os promotores das provas.
Com todas as tarefas que lhe estão inerentes, acaba por admitir, em tom de brincadeira, que “gostamos mais de corridas do que de nós próprios”, quando questionado como é que se gere a vida pessoal com a colaboração voluntária no CIVR.
Por outro lado, confessou já não acompanhar tanto o lado do espectador, nomeadamente os nomes dos pilotos e os carros, mas continua a “gostar de corridas porque nasci no meio do circuito e a ligação é muito mais afetiva”.
O trabalho para a preparação de cada edição do CIVR arranca após o fim da edição anterior, com um momento de balanço, que permite perceber o que “podemos corrigir, como é que vamos fazer, o que é que podemos fazer no próximo ano e se queremos mudar alguma coisa ou não”.
Alguns meses antes começam a dedicar mais tempo e um mês antes intensifica-se, estando quase “de manhã à noite”, admitindo que teve anos em que dedicava a noite a trabalhar para o circuito
Apesar de toda a azáfama, consegue, ainda assim, assistir, ainda que às vezes só em pequenos momentos, a algumas provas que passam pelo CIVR, ao contrário de outros colegas que se encontram em funções que não conseguem ter contacto visual com a pista. O arquiteto admitiu que também o consegue fazer pois o seu trabalho é maioritariamente realizado antes do arranque das provas.
Fátima Costa trabalha todo o ano para o sucesso do Circuito Internacional de Vila Real
por Carlos Pereira Cardoso
Fátima Costa nutre o gosto pela organização do Circuito Internacional de Vila Real (CIVR). Apesar de não ter nascido em Vila Real, o facto de se ter mantido pela cidade, com uma ligeira interrupção para prosseguir estudos académicos no Porto, faz com que se sinta também parte das corridas.
Em 2014 ingressa no Município de Vila Real para trabalhar na área do turismo e eventos e no ano seguinte começa a sua colaboração na Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real (APCIVR).
Quem visita a sede da APCIVR rapidamente reconhece a Fátima, a única colaboradora da associação promotora que está a tempo inteiro a trabalhar nas questões ligadas ao circuito. Facto curioso é que se assume como “a única mulher a trabalhar no meio de vinte e tal homens”.
Ao longo do ano, é ela que começa a preparar “toda a parte desde orçamentos, contactos com empresas, toda
a logística em si que envolve a organização de cada edição”, considerando-se uma apaixonada pela organização de eventos e sua respetiva logística.
Dentro do CIVR já esteve afeta à zona VIP, que se situa no telhado do edifício da MCoutinho, a realizar a receção aos convidados, mas atualmente encontra-se na zona do padoque, dando apoio onde for necessário.
Fátima Costa lembrou que são todos voluntários e, na sua maioria amadores, “vamos dando sempre o nosso melhor ano após ano para que realmente o circuito seja o espetáculo que é a nível nacional, e não só as pessoas gostem
e se sintam bem e desde que começa a anunciar as datas, as pessoas comecem a ter entusiasmo em vir e em querer participar”.
Para além da logística, também é ela quem tira dúvidas aos moradores que residem no interior do circuito, além de vender bilhetes a quem os procura presencialmente. A alimentação também é da sua responsabilidade, uma tarefa que exige algum cuidado, dado que todos os detalhes têm de ser acautelados atendendo às características da prova e da conservação dos alimentos antes e depois da confeção.
Este ano regressa uma prova internacional de renome, algo que acarreta algumas necessidades logísticas mais complexas. Fátima Costa contou que quando recebem este tipo de provas há, desde logo a questão do espaço do padoque, dada a dimensão dos camiões que as equipas trazem e o número de carros presentes.
Todos os anos, às corridas junta-se uma programação cultural por parte do Município de Vila Real com concertos à noite na Avenida Carvalho Araújo “muito interessan-
tes e que as pessoas enchem aqui a nossa avenida e este ano vamos ter o concerto dos Xutos e Pontapés que já cá estiveram e encheram a avenida até o tribunal. Este ano temos mais uma atração, os James, que eu acho que vai juntar pessoas a nível nacional porque é um concerto livre, aberto a quem queira assistir, não há bilhetes, não estão esgotados, portanto, quem quiser vir pode vir”.
Para acomodar toda a enchente de público que se desloca até Vila Real, para além da capacidade hoteleira na capital de distrito, a responsável confessou que já se vai estendendo aos concelhos limítrofes e de todo o distrito como Amarante, Peso da Régua, Vila Pouca de Aguiar e Chaves.
Há 10 anos ao serviço da APCIVR, Fátima Costa faz um balanço “muito positivo” onde todos os anos “tentamos que realmente haja atrações, novas coisas que atraiam o público, os amantes do automobilismo para que tenham um espetáculo bom e bonito”, até porque daquilo que as pessoas “nos vão transmitindo e daquilo que vamos lendo na imprensa é extremamente positivo”.
ENTREVISTA
Ana Soares: 10 anos de entrega ao Circuito Internacional de Vila Real
por Carlos Pereira Cardoso
Ana Soares é natural de Vila Real e trabalha como bióloga. Como qualquer vila-realense, cresceu a ouvir histórias das corridas, embora tenha nascido num tempo em que já não se lembra do antigo circuito. O certo é que cresceu a “a ouvir as histórias do meu pai e dos meus tios sobre as corridas, sobre as fugas à polícia de choque, dos mais aventureiros que faziam as chicanas antigas de noite”.
Há cerca de 10 anos surgiu a oportunidade de colaborar com o Clube Automóvel de Vila Real (CAVR), na altura para prestar apoio no contacto com a imprensa dada a facilidade que apresentava em falar inglês e francês, línguas essenciais para a comunicação no Campeonato do Mundo em Montalegre.
Após essa colaboração, “o bichinho ficou” tornando-se difícil para Ana Soares deixar de colaborar com o clube. Durante alguns anos manteve-se responsável pela área da imprensa, tendo depois acumulado as funções de ligação entre a direção de prova e os pilotos, bem como o Colégio de Comissários desportivos.
No fundo é “quem transporta as notícias ou as notificações que eles têm, nomeadamente penalizações, momentos em que tem que ser ouvidos por questões desportivas ou pela direção de prova e o colégio”.
Há dois anos assumiu a função de diretora de prova adjunta do Circuito Internacional de Vila Real (CIVR), que acarreta mais responsabilidades, dado que gere a totalidade do evento.
Contudo, Ana Soares explicou que quem desempenha esta função “não tem que saber tudo, nem lhe cabe a ele saber tudo [diretor de prova]”, tem que saber quem são as pessoas chave “para acionar sempre que há acidente ou uma questão relacionada com espectador, com um piloto ou uma questão mais desportiva para resolver”. É nestes casos que o diretor de prova é chamado para atuar nesses momentos. Enquanto adjunto, “ainda é muito uma aprendizagem, porque também é uma função de muita responsabilidade e à qual não se pode passar sem primeiro, ter conhecimento extenso sobre tudo aquilo que se faz”.
Apesar de todo o trabalho que desempenha através do CAVR, a bióloga de profissão lembrou que são todos voluntários e que tudo o que sabem é fruto da aprendizagem passada pelos colegas e pelas formações realizadas pela Federação Portuguesa de Automobilismo.
Relativamente aos dias do CIVR, Ana Soares referiu que há sempre aquele “nervoso miudinho até que tudo comece”, dado que existem situações de última hora pelo circuito se desenrolar dentro da cidade, envolvendo “moradores, cães, gatos, passadeiras, tampas de saneamento que tem que ser tapadas à última da hora”.
Quando tudo termina, as emoções sobem à flor da pele pelo orgulho de “fazermos parte da história do circuito e da cidade, ainda que seja uma parte pequenina de tudo o que é o circuito, mas acho que é sempre motivo de orgulho fazermos parte disto”, confessou a jovem.
Depois de 10 anos de colaboração com o CAVR, Ana Soares faz um balanço positivo, admitindo que “é uma coisa que começa pequenina e torna-se, quase um vício gostar disto. São fins de semana muito trabalhosos, mas são momentos que se tornam o escape daquela que é a nossa vida diária.
ENTREVISTA
Maria Macedo, a prova de que os jovens também se interessam pela organização das corridas
por Carlos Pereira Cardoso
Maria Macedo é estudante do segundo ano do curso de gestão da Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro e faz parte do Clube Automóvel de Vila Real (CAVR) desde os 18 anos
Enquanto vila-realense, a sua ligação às corridas partiu da influência do pai que “sempre esteve ligado ao mundo de automóvel, estando alguns anos com uma equipa de assistência” e tendo sempre colaborado no CAVR.
Além disso, o facto de ter crescido no mundo dos carros quer pelo pai quer através do visionamento das provas pela televisão, fez com que começasse a “gostar e acompanhar”.
A colaboração com o CAVR começou há dois anos no circuito com as funções de secretariado de prova, e que
mantem até ao momento. Maria Macedo explicou que apesar de todo o trabalho que é realizado previamente na questão das licenças, inscritos, envelopes com todas as informações necessárias, é na quinta-feira anterior ao início das provas que começa “mais a sério”. Esse dia é dedicado às verificações administrativas, ficando os dias de prova destinados a questões mais pontuais que vão surgindo.
Apesar das tarefas que tem ao seu encargo, a jovem consegue ir espreitando as provas. Para além do Circuito Internacional de Vila Real (CIVR), também colabora na organização de outras provas na região, como é o caso das que acontecem em Montalegre.
Maria Macedo contou também que inicialmente sentia alguma vergonha, mas que à medida que o tempo passou foi se adaptando e hoje sente-se “familiarizada com todas as pessoas”.
Sobre o interesse dos mais novos, acredita que é necessário que exista [interesse] para que se “continue a desenvolver o desporto automóvel na região”, dado que “se chegar a uma altura e não houver gente nova, vai acabar por estagnar”.
Os membros do CAVR são todos voluntários, dependendo da experiência dos mais velhos e de formações fornecidas pela FPAK para melhor desempenharem as suas funções de ordem desportiva, ao contrário da APCIVR que se dedica mais à parte logística do evento.
A jovem contou que nas reuniões que o clube realiza periodicamente, há partilha de experiências e esclarecimento de dúvidas e que, no seu caso, como desempenha funções numa área mais específica, teve uma formação dada pela FPAK no início do ano.
No seu entender, as formações “são fundamentais para conseguirmos perceber mais ou menos o que temos de desempenhar e como desempenhar”.
Maria Macedo lança o convite aos jovens para que se juntem ao CAVR, pois “temos a porta aberta para quem quiser e estamos sempre dispostos a receber pessoas novas”, lembrando que desde que se juntou à equipa, sempre se sentiu “bem recebida e bem tratada”.
Viaturas de “Turismo de Série” – GRUPO 1, no Circuito Internacional de Vila Real nas décadas de 1960 e 1970
Seleção e recolha Francisco José “Kiko” Vieira e Brito
1966, imagem da partida; Alfa Romeo GTA (1570cc) Carlos Gaspar (P) #82, “pole-position”, terceiro lugar
de “Turismo de Série” – GRUPO 1, no Circuito Internacional de Vila Real nas décadas de 1960 e 1970”
1970, imagem da partida, segunda metade da grelha; BMW 2002 (1991cc) António Marques Amorim (P) #11, décimo lugar; Luís Madeira Rodrigues “LUMARO” (P) #17, abandono Austin Cooper S (1275cc) Fernando Baptista (P) #2, abandono Morris Cooper S (1275cc) Adério Moreira (P) #1, quinto lugar
Ford Lotus Cortina (1594cc) “ELGÊ” (P) #6, abandono; Team Palma, Miguel Rau (P) #8, desclassificado António Acácio Leite (P) #5, sétimo lugar
Viaturas de “Turismo de Série” – GRUPO 1, no Circuito Internacional de Vila Real nas décadas de 1960 e 1970
1973, curva
da “Ford”, imagem provavelmente captada nos treinos; BMW 2002 Tii (1991cc) Team Trevauto, Christian Melville (P) #24, abandono Fotografia cujo autor desconhecemos, coleção @Vieira e Brito
Troca-tintas? Eu?!...
Por Jorge Machado*
É usual maldizer-se como troca-tintas alguém que muda frequentemente de ideias, opiniões e até, por vezes, de lealdade, conforme sopra o vento do Marão…
É um vira-casacas, desonesto, falso, de pouco crédito, oportunista…
Mas não é nada disto que agora quero relevar (ainda que não faltassem, talvez, boas oportunidades para o fazer…).
NÃO!
Será antes sobre aqueles que se encontram gravados na contracapa deste livro, muitas vezes romance, poesia ou drama, e outras, comédia, ficção, policial, até mesmo terror…, que se escreve desde 1931 a hoje, e que ilustra o palco do Circuito Internacional de Vila Real.
Homenagem aos humildes gigantes que, fingindo-se de pequeninos, não conseguem apagar da calçada da fama do meu reconhecimento, as estrelas de “terrazzo” e latão aonde inscrevo, de peito cheio, os seus nomes.
Gente que não precisa da fama!
Fabulosos “troca-tintas” que pacientemente me vão “aturando” nas minhas viagens pela palete das cores que, por trocas e mudanças, na rotunda de Mateus ou nas boxes, exaltam, cada ano e edição específica, o brilho deste espetáculo que são as corridas de Vila Real.
“Então quais vão ser as cores deste ano?”, perguntam-me.
“Ainda é cedo! Aguardem lá mais para o fim que vão ficar a saber…”, (só quando se começar a pintar saberão…sorrio eu para mim…).
Estabilizadas há muito as cores que constituem o reconhecimento, como marca, do melhor circuito citadino do Mundo (circuito mais votado, entre muitos, numa sondagem online promovida, em 2016, pela Red Bull) e que, após várias experiências e tentativas com outras cores, resultaram no verde e vermelho “nacionais”, intervaladas com o branco, apenas porque melhor cumpriam o objetivo de realçar o contraste nas fotografias ou no movimento das câmaras de TV ou vídeo, havia agora que inovar e lançar nova marca do Circuito.
Se sobre a primeira marca já testemunhei algumas das peripécias e histórias do nascimento do circuito a cores, vestido num piscar de olho matreiro com outro gigante desta “passarela a modos que desfile de modelos”, o sempre presente e apaixonado Júlio, pintor da JAE, quero agora prestar homenagem aos tais “troca-tintas” de quem comecei por abordar.
Rui Moutinho Fernandes e Eduardo António Correia Vasques Teixeira são os obreiros heróis desta “road art” (por má comparação com o estrangeirismo “street art…) que animam a semana anterior ao espetáculo, como uma espécie de “teaser” (lá estou eu novamente a querer seguir o carreiro da moda, a falar estrangeiro… Provocador!... meus senhores…) do entusiasmo e humor que sempre deverão pré-anunciar ao público a chegada de um grande evento de entretenimento.
Quando se aproximam as datas, lá vamos nós para o nosso “pavimento secreto de ensaios” a testar, no tapete, o resultado da combinação escolhida para as cores do ano.
“Demasiado claro! Sem brilho!… Suja-se rapidamente com os camiões a passar por cima!... Talvez esta?... Agora sim, aí está!...” acende-se o entusiasmo da cumplicidade para uma nova aposta!
“Irá correr bem? Não queremos voltar a viver o pesadelo do ano azul!...” comento eu, ainda com a memória fresca naquele ano em que depois da pintura noturna, no atelier silencioso, quando regressei do Porto nem queria acreditar! Os motoristas dos camiões das equipas rasgaram, quando, e como quiseram, sem uma pequena gota de “pudor”, a tela desenhada e pintada pelos artistas da noite anterior, deixando para trás uma teia negra de borracha, como em luto pelo trabalho enterrado!
“Os camiões têm de passar!...” diziam-me uns.
“Eles queixam-se que vocês os atrapalham!...” ouvia, cada vez mais irritado!
“Pintem só quando os camiões tiverem passado!...” acrescentavam-me outros sábios e especialistas… (sabem…o nosso país tem muitos especialistas, para mal dos nossos pecados!).
“Talvez não sintam, como nós, o admirável mundo da cor. Ou talvez não tenham apenas alternativa!...” tentava eu deitar água na fervura e apaziguar as bolhas da minha ebulição. Indignação a 100ºC!...
“Isto não pode ficar assim! Amanhã o sol não ia nascer…” um breve suspiro…
“O que fazer, meus heróis?!”
Lá voltou a equipa ao bloco operatório, ajoelhados com a faca nos dentes da teimosia, como cirurgiões de bata branca, bisturis disfarçados de pincel e rolo na mão, e equipamento laparoscópico minimamente invasivo ali ao lado, a pintar, outra vez, o quadro danificado.
“Finalmente já está!” levantamos os braços como num agradecimento divino…
“Está pronto para ser pendurado na rua da galeria das fotos e vídeos, à luz dos projetores dos candeeiros que amanhã serão de novo acesos…” pensava, com um ar levemente poético…
Estas pinturas na rotunda de Mateus e no separador das boxes, que, tão bem, Manuel Taveira, com o seu drone incansável e astuto, eleva no ar à altura da nossa admiração e orgulho, são um dos contributos que muita mais gente presta, de mangas arregaçadas, e fora das suas horas de serviço, sem receber um único “tostão” e sem a avidez de qualquer outra premeditada recompensa, para que o ruído dos motores se ouça rouco (sim, não são elétricos!...safa!) a subir Abambres ou a curvar Araucária.
Algumas vezes sem um simples obrigado, é assim que este exército, aplicando o seu tempo livre, de paz, ergue esta “quase utopia” que são as corridas de Vila Real!
O que mais poderei dizer, senão um grande,
BEM HAJAM!
* Jorge Machado foi assistente à “Comissão Permanente do Circuito Internacional de Vila Real” de 1971 a 1973, Presidente do “CAVR”, Clube Automóvel de Vila Real, em 1987/1988 e Membro Fundador da “APCIVR”, Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real, em 2014.
O velho contava histórias heroicas das corridas e juntava na mesma linha de meta corredores que tinham estado com dez, vinte e trinta anos de diferença. É assim a memória, é assim que o Mundo se refaz na História. É também assim que eu me lembro das corridas, junto carros antigos com os que hão de vir, lembro o ângulo do Sol a dar, o meco, a jante, mas esqueço o nome, o ano e, mesmo assim aplaudo os vencedores. Quem são, quem foram eles? Tal qual o velho, respondo: os que eu entender, nesse dia.
Sentados nos rails, queríamos voar com os heróis a gasolina enquanto a multinacional nos olhava com ternura, pequenos, ali, à beira da nossa estação do comboio a carvão — aquele que fazia parar a corrida para passar à velocidade do país, atrasando a glória.
Havia, contudo, fumo e havia fogo, no ar e em nós.
O piso, outrora feito de lombas e poças de asfalto derretido a escorrer em meandros pelo saibro das bermas escaldadas do sol e esquecidas por quem mandava, era agora liso e aderente como lixa e negro onde os traços exactos a branco são cortados por parábolas escritas a borracha a lembrar trajectos de tantos, no encalço de um prémio.
Agora é noite. Saímos de casa para fazer o circuito a pé, duas semanas antes de baixar a bandeira xadrez.
Uma carrinha de caixa aberta para e deixa operários sem nome; mais adiante, esticam telões a anunciar óleos, automóveis ou refrigerantes; de outra carrinha saem mais três com vassouras, pincéis de rolo e tinta. Plantam pinos zebrados, marcam pontos com saber de geometria, e a seguir espalham tinta branca ou amarela sobre o asfalto. É a tinta da festa a sobressair no chão dos dias iguais.
À uma da manhã já não pisamos a estrada para Mateus — é agora uma pista que leva a outras pistas de louros ou derrotas; a curva das acácias perfumadas já não é a da estrada, é agora um troço arrepiante de trajectórias exactas e fulgurantes; arma-se o ringue, a estrada maquilha-se de arena.
Os holofotes ofuscam e a noite dá o mistério. Ainda não há carros de corrida, mas ouvimos ao longe um ronco de motor, talvez seja o Jorge a experimentar o motor do 635 do Manelzinho.
Agora é de tarde, deve ser terça ou quarta-feira, no primeiro ano da Fórmula 3.
Um monolugar amarelo chegou amortalhado, sem anúncio nem recepção. Fez ponto de oficina na garagem Ford, pertencente ao Antoninho do Talho. Ficou próximo do Ford Cortina Lotus do Carlos Fernandes, filho do Snr. Antoninho que tinha fortuna do volfrâmio, da venda de carne, venda de automóveis e construção civil e costumava merendar conversadamente com seus amigos na mercearia do seu amigo Luís Carrico, em mesa de pinho cru, mesmo ao lado da antiga meta e, que no fim dos anos cinquenta corria num Riley.
O condutor John Smith e a companheira, louros e esguios, um de cada lado do tolde que envolvia o primeiro misterioso F3, foram descobrindo o perfil oblongo do carro, não sei de que marca, mas marcado por muito uso e acidentes.
Havia nos braços de suspensão traseira emendas a solda apressada e a junção de algumas peças era reforçada com fio de arame ou metal que o valha, coisa nunca vista.
A carrinha amassada, o carro com cicatrizes e pintura de brilho perdido, o tolde cozido e o ar cansado e perplexo do casal, talvez em busca de prémio, talvez em mera peregrinação, desencadearam em nós o misto de desejo solidário de vitória, e um sentimento de compaixão.
Dois ou três dias passaram sem concorrência nem alternativa até que outros, muitos outros foram chegando a reluzir.
Eram as cores inovadoras, era o espelhado de aço dos órgãos de suspensão e travagem, era o negro basso do ferro fundido dos blocos de motores expostos ao ar, sem pinta de óleo que os manchasse; eram os pneus de largura nunca vista por nós e, principalmente, sobre aquele cheiro a gasolina aditivada, a chave de ignição rodava e soltava-se o rugir das sete mil e quinhentas por segundo, a abrasar o escape, a furar os ouvidos e... a fazer esmorecer os nossos bons sentimentos da chegada do monolugar lazarento e amarelo do casal Smith que, logo na abertura dos treinos se distinguia por soluços do aço, guinadas de direcção com folgas e ratés de gasolina mal ardida, quando se tentava à subida do Lameirão, a estorvar os outros.
Hoje é quarta e ali, naquela curva em que o fundo da recta se afunila, de uma carrinha saem homens que vão cortar silvas e codessos e aparafusar rails zincados para proteger gente que, de sexta em diante, vai debruçar-se até sentir a ventania que os carros fazem ao passar; no domingo vai aparecer o Lola T 210 de Alain de Cadenet— parece uma lapa branca em velocidade desmedida; vai derrapar e fugir de traseira, vai bater no rail que o Quim sem nome está a aparafusar na quarta-feira— o que fica em frente ao cancelo do muro de granito onde a Dona Ester vende cravos no Dia de Todos os Santos—aí mesmo entrará num rodopio de quarenta metros até à frente da Azenha. Quando parar já se ergue dele uma labareda da altura de dois ciprestes.
Alain estará lá dentro do Lola que ainda é branco, a desenvencilhar-se dos cintos, enquanto o bombeiro —que tinha estado na véspera a comer uma sande de chouriço alentejano e um copo de tinto de Abaças, na Cardoa — estará a um metro do fogo lançando a neve carbónica que forma um caracol de fumo negro de óleo queimado e ficará a pairar no céu, fazendo medo e sombra a nós e ao chão, até que algum vento o dissipe. Alain há-de sair salvo e ágil, a correr sem ouvir os aplausos nem ver a multidão porque só a sua vida resgatada será visível aos olhos de quem está por detrás da viseira.
Durante meses as ponteiras de direcção dos carros comuns darão o sinal ao passar sobre a cicatriz cavada a fogo no asfalto.
O alarido das noites não deixa dormir ninguém. As velhinhas ricas aproveitam para expor brancura na Póvoa de Varzim, até segunda-feira. De noite, enquanto na verbena se dança, as oficinas estão abertas e os motores desmontados e, em volta deles há mecânicos a usar lixa 2000 para calibrar pistões ou discos de travão—só a noite traz a perfeição.
Na segunda, as velhinhas de regresso da Póvoa cruzam com caravanas, roulotes e reboques de carros embuçados a debandar da Vila. Vão para perto e para longe. Não se lembram de mim nem acenam às velhinhas, conversam nos seus carros sobre o susto inesquecível do fundo da recta da Timpeira ou da Curva que é uma linha quebrada em ângulo obtuso a dobrar a esquina da Salsicharia, hoje reaberta às nove horas, que o Snr. João não pode facilitar. Às cinco, cinco e meia, há-de chegar o Snr. Antoninho ao Carrico — vem também o Snr. Alfredo que é da Comissão e o Macário traz as fotos que já revelou do Manelzinho a cortar a meta. Todos vão gostar das iscas de fígado.
Na terça-feira, pelo pousio da tarde passei lá em frente, com o sol a dar-me na cabeça sem boné, a relva do jardim pisada, as imagens mais distantes deformadas pelo ar quente junto à pista riscada e já silente. Junto ao DRM, conforme o mapa que a loira cansada lia, uma carrinha contorna uns fardos de palha desfeitos e toma a direcção do Marão, rebocando um atrelado com tolde gretado e mal esticado, a descobrir o bojo amassado do Fórmula 3 amarelo que, até se espetar contra os rails, era guiado por aquele a quem nas primeiras linhas chamei Smith mas, de cujo nome, em boa verdade, não consigo lembrar-me.
Anos 1960, publicidade da “SACOR” (combustíveis e lubrificantes)
Não consigo eu nem consegue nenhum dos historiadores entusiastas das corridas a quem perguntei. Sim, perguntei a vários, porque gostava de lhe saber o nome, para o homenagear.
* Paulo Vaz de Carvalho define-se como “Músico profissional, professor aposentado, ciclista em zonas planas e descidas, (alguém que) sempre aproveitou os cantos das folhas para desenhar automóveis.”
(nda) Quem tem o privilégio de o conhecer e contar com a Sua Amizade sabe que o Paulo é um génio despretensioso com o coração do tamanho do Mundo. É para todos nós um enorme privilégio poder fruir deste Teu “exercício”.
Muito Obrigado!!
As Corridas Promovem: O Barro Negro de Bisalhães; Estrada Nacional 15; Os Covilhetes
Crónica do Professor Hilário Nery de Oliveira (*)
Os oleiros de Bisalhães produzem louça rústica, com características e técnicas simplistas que procuram garantir a resistência necessária destinada à cozedura de alimentos. O vasilhame deve ser homogéneo, que possibilite e garanta, a continuidade sistemática do uso ao fogo.
A qualidade, fineza e resistência da louça é lhe dada pelo toque, pelo som, assim como pela quantidade de água, consoante a função, como pelo processo de cozedura. Para ser melhor tem que levar mais molhes de lenha (giesta; carqueja seca; tojos; caruma; ramos de pinheiro) e mais barro, que precisa de endurecer através de um processo de cozedura constante, sem falhas para não “ougar”. Também não se pode deixar cozer demasiado, se não a louça fica torta, tendo que ser rejeitada, indo para refugo. No verão, período de maior venda, há maior dificuldade em produzir, pois o barro seca rapidamente.
Fundamental para o comércio e divulgação dos Barros de Bisalhães, foi a Estrada Nacional 15, que liga Bragança ao Porto, em especial o troço entre Vila Real e Amarante, com obras a partir de 1863, famosa pelos seus “S“ (esses). “ A estrada que sobe e desce a encosta brava”. Via que foi considerada de itinerário principal, ou seja, uma das 18 mais importantes do país, com direito a piso de macadame.
Com o desenvolvimento dos transportes e cada vez mais trânsito e viajantes, os oleiros instalaram, nos pequenos largos junto à estrada, improvisados locais de venda, simples abrigos com uma estrutura de varas de pinheiro com cobertura de giestas, onde em expositores rudimentares colocavam a louça. Na chamada Volta do Cuco, local e panorama de apoteose para quem chegava do litoral e apreciava Vila Real pela primeira vez. Os oleiros eram ajudados nas vendas pela esposa e filhas, que se apresentavam de forma mais limpa e asseada do que o artista, que continuava a trabalhar para gáudio dos fotógrafos com as sofisticadas polaroides
Verificou-se grande entusiasmo no “pós guerra”, nas décadas de 60 e 70 quando Vila Real, recebia por ocasião do Circuito Internacional, milhares de forasteiros, vindos de todo o país, em especial de Porto e Lisboa. Paravam obrigatoriamente nos postos de venda do Carvalhinho e do Cuco, onde estrategicamente também estavam colocadas as barreiras do circuito, de controlo de acesso à cidade e venda de bilhetes.
Espectadores nacionais e estrangeiros, corredores, mecânicos, jornalistas e sponsors, eram excelentes clientes da louça de barro decorativa, como a Bilha do Segredo e de Rosca pelo seu aspecto único e exótico, não perdiam oportunidade de fazer um cliché desta situação que consideravam quase medieval.
O negócio acompanhou o aumento do tráfego na estrada.
Nas décadas de 80 e 90, passavam muitos carros e autocarros com emigrantes e turistas. Os emigrantes queriam levar um pouco da sua terra, como prenda e reconhecimento, para os seus patrões, franceses, alemães, suíços.
Os oleiros foram melhorando os locais de exposição. Colocavam a louça em lugares estratégicos, com bonitas panorâmicas para as fotografias, melhoraram os expositores, que continuaram rústicos, mas com uma apresentação mais cuidada em forma de cascata, com as peças mais miúdas em cima e as maiores à frente.
Na época de caça, aos Domingos, os vendedores esperavam ansiosamente pelo regresso dos caçadores ao litoral, pois frequentemente compravam louça para confeccionar as perdizes e coelhos abatidos. Para festejar, gostavam de levar os troféus à família, em alguidares e assadeiras novas.
Magnífico colaborador dos oleiros de Bisalhães foi, o Chefe Artur dos Bombeiros da Cruz Verde, que conduzindo com velocidade e maestria a sua automaca na Estrada do Marão, batia records a levar os doentes para os hospitais do Porto, onde, a pedido de médicos famosos, entregava também panelos de Bisalhães e caixas de covilhetes.
Contou-nos o oleiro Sr. Querubim que neste período áureo chegou a trabalhar na barraca durante a noite, iluminado por um potente candeeiro a Petromax. A Nacional 15 era a grande montra. Forneciam formas para o bolo de carne, assadeiras para a vitela, alguidares para arroz, panelos para tripas, formas grandes para pão-de-ló e forminhas para covilhetes.
No jornal “Vilarealense” de 1915 lê-se:
“Até a água fresca e o vinho são mais saborosos bebidos pelos mui procurados pucarinhos” e “A louça de Bisalhães é fundamental para os cozinhados n´eles feitos, dá-lhes um sabor mais apetitoso do que as caçoilas de cobre ou ferro”.
No covilhete utilizamos forminhas untadas com rilada para receber a massa bem sovada e o recheio para ir ao forno.
A forminha vai dar sabor ao produto, por isso, apenas devem ser limpas e ter utilização frequente.
As Covilheteiras limpavam as formas com azeite para não perderem o paladar.
A Louça de Barro Preto, exponencia a cozinha maronesa. Melhora as caldas para o arroz, o assado da vitela, as batatas ficam que nem um regalo, as tripas mais apaladadas, os covilhetes mais saborosos, os pão-de-ló mais doces, os vinhos mais generosos e a água mais cristalina.
A qualidade inequívoca da cozinha Vila-realense deve-se, sobretudo, à maestria dos nosso antepassados e à especificidade que lhe é conferida pela utilização do barro negro de Bisalhães, que, através de cozeduras lentas permitem novos e mais apurados sabores, quer seja nas barracas de comes e bebes da Feira de Santo António e do Circuito Internacional, nas cozinhas das famílias nobilitadas da Bila, ou nas mais humildes das aldeias envolventes. Lugares onde se comiam e comem saborosos covilhetes, acompanhados pela deliciosa vitela assada com arroz de forno.
(*) Nascido em 1958 na “Casa de Cruz”, Campeã, Vila Real, Hilário Nery de Oliveira licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto tendo exercido as funções de Professor de História durante 44 anos; investigador, formador, divulgador da gastronomia, cultura e história de Trás-os-Montes; Confrade fundador da Confraria do Covilhete de Vila Real, primeiro subscritor, da qual é Juiz do Conselho de Ilustres.
Hilário Nery de Oliveira, Juiz da Confraria do Covilhete, com o Bastão Aléu.
Vila Real, 1934. D. António Guedes de Herédia, de Bugatti à conquista de Vila Real
Por Ricardo Grilo
Nascido em 1901, D. António Guedes de Herédia foi um grande “sportsman” português que se ilustrou na vela e no mundo automóvel. Na primeira das modalidades marcou presença nos Jogos olímpicos de 1928 (Amsterdão), 1936 (Berlim) e 1948 (Londres) então já com 47 anos de idade. No desporto automóvel destacou-se por diversas participações em rampas, circuitos e provas de estrada, numa carreira que se prolongaria até 1960. Mas talvez a mais notável das suas exibições tenha sido no IV Circuito Internacional de Vila Real em 1934.
Depois de uma primeira experiência sem sucesso na edição de 1933, ao volante de um MG J2, Herédia negociou com Henrique Lehrfeld (1897-1965) a cedência do Bugatti 35B do piloto lisboeta de modo a poder alinhar no circuito transmontano com um carro da categoria “Corrida”, a mais competitiva das três classes admitidas à partida.
Equipado com um poderoso motor de oito cilindros em linha, com 2262cc de capacidade e um compressor Roots, o Bugatti 35 B desenvolvia 135cv e representava um enorme salto em relação ao pequeno MG J2 com um motor de quatro cilindros em linha com 847cc de capacidade e uns relativamente escassos 36cv de potência.
Refira-se que o Bugatti de Lehrfeld tinha sofrido um acidente numa tentativa de recorde no I circuito do Parque Eduardo VII, tendo sido reconstruído pouco tempo antes do circuito de Vila Real. O que não impediu que António Guedes de Herédia dominasse a corrida do princípio ao fim, impondo um andamento completamente fora do alcance dos seus adversários. No final das 25 voltas previstas, o segundo classificado – o britânico Gilles Holroyd – tinha perdido três voltas para o vencedor.
Após a corrida, Herédia guardou a Taça do ACP correspondente ao triunfo, mas terá entregue os sete mil escudos do prémio a Lehrfeld, como pagamento do aluguer do Bugatti 35B. Uma quantia avultada para a época.
Para colorir esta foto de D. António Herédia a caminho do triunfo em Vila Real optei por “pintar” o Bugatti num azul mais escuro que o habitual, pois após a observação das fotos disponíveis fui tentado a concluir que a pintura que o carro terá recebido na reconstrução após o acidente de Lisboa terá fugido ao padrão do habitual Azul França.
Seja como for, a cor apresentada em Vila Real não se manteve muito tempo. No ano seguinte, para correr com Lehrfeld no circuito brasileiro da Gávea, o Bugatti já apresentava uma nova decoração, agora com o chassis em vermelho e a carroçaria branca. Mais tarde, este 35B iria recuperar a cor original “azul França” e hoje é uma das mais belas e valiosas peças da colecção do Museu do Caramulo.
Adaptação do artigo publicado em 04/Junho/2024 no “Jornal dos Clássicos”/ https://www.jornaldosclassicos.com
Vila Real, 1971 O mito transmontano
Por Ricardo Grilo
Para a XVIII edição do Circuito Internacional o piloto portuense Mário de Araújo “Nicha” Cabral (1934-2020) conseguiu alugar este Porsche 917K ao piloto britânico David Piper (n. 1930) para poder alinhar nas melhores condições naquela que então era a grande prova nacional, disputada anualmente no Circuito transmontano do Marão.
Uma corrida fantástica que reuniria os dois mais destacados modelos, verdadeiros mitos que disputavam as provas do mundial de construtores, na forma do Porsche 917 e do Ferrari 512 (neste caso um chassis de Herbert Müller –1940/1981 - entregue a René Herzog – 1946/2023) numa sinfonia a 12 cilindros que marcou para sempre todos os presentes e, na realidade, todos os entusiastas do país.
Incluindo, decerto, os dois jovens que vemos nesta foto colorida que, surpreendidos pelo intenso cantar do Porsche 917 K, tapam os ouvidos à passagem do carro na curva da Salsicharia, ainda durante os treinos.
No dia seguinte, uma vitória provável de “Nicha” Cabral seria travada por uma luz de pressão de óleo que, devido a um mau contacto, acendeu no “tablier” do Porsche, obrigando a uma paragem nas boxes e a descida para o segundo posto, atrás do Porsche 908/02 do Príncipe Jorge de Bagration (1944-2008).
Ainda assim estava feita a festa, com uma prova memorável e a vontade de regressar aos comandos do magnífico 917K. O que viria efectivamente a suceder na derradeira prova do Campeonato Internacional de Marcas, em Watkins Glen, onde Cabral iria partilhar o volante do Porsche com o americano Tony Adamowicz (1941-2016) e ainda fazer um extra na prova do campeonato Can-Am, tornando-se assim no único piloto português a participar numa prova deste campeonato de supercarros.
Adaptação do artigo publicado em 06/Janeiro/2024 no “Jornal dos Clássicos”/ https://www.jornaldosclassicos.com
Robert Giannone (n. 1938) ao volante de um novo e desconhecido “sport-protótipo” que estreava nesta XX edição do Circuito Internacional de Vila Real. Tratava-se do original Aurora Porsche 2000 (por vezes referido como “Spyder”), um sport-protótipo de 2 litros de aparência moderna, que traduzia a enorme capacidade criativa do Mestre Eduardo (19382023) da Garagem Aurora.
Isto porque a base deste carro era o antigo Porsche Carrera 6 de 1966 (chassis #126) que Andrade Villar (1931 – 1970, o avô de Luísa e Salvador Sobral) destruiu no grave acidente do Circuito da Palanca Negra, em Luanda, no mês de Dezembro de 1969 e que seria a causa da sua morte, algumas semanas depois.
A partir dos restos do carro, o Mestre Eduardo da Garagem Aurora modificou as suspensões, construiu novos cubos de roda com porca central, reviu o motor e adaptou uma carroçaria artesanal, inspirada nas formas do, então, moderno Chevron B-19.
Se nesta prova de estreia o Aurora Porsche iria desistir, o seu desenvolvimento posterior seria contínuo, melhorando o desempenho ao ponto de conseguir rodar no mesmo segundo dos GRD S-73, como iria suceder no campeonato de 1975.
Depois de abandonar a competição, este “Spyder” foi reconvertido de novo no modelo Carrera 6 original, sendo vendido para fora de Portugal. O que se compreende em termos do valor que na época tinham os carros de competição obsoletos, apesar do grande interesse técnico e histórico que possuía esta versão “portuense” do Carrera 6.
Adaptação do artigo publicado em 04/Dezembro/2023 no “Jornal dos Clássicos”/ https://www.jornaldosclassicos.com
A voz de “Le Mans” no Eurosport, autor, investigador, fotógrafo e um apaixonado por corridas de protótipos e GT, Ricardo Grilo teve, desde sempre, um grande respeito por Vila Real, Circuito onde começaram as grandes provas de resistência em Portugal, como aliás bem o refere no seu recente livro “Le Mans em Portugal”.
Como passatempo, à parte de escrever sobre as suas corridas favoritas, dedica-se a colorir fotos do passado, como aquelas que aqui apresentamos referentes a provas pretéritas no mítico Circuito transmontano de Vila Real.
Acrescentamos (nda) ter sido ele, juntamente com o vila-realense Manuel Taboada (neto de um dos fundadores do Circuito Internacional de Vila Real, o Senhor Luís Taboada) o mentor do saudoso site “SportsCar Portugal”, dedicado à história do automobilismo e, naturalmente, do Circuito Internacional de Vila Real!
John Miles, o príncipe dos Lotus
Por Adelino Dinis
John Miles foi um piloto inglês que correu nos circuitos portugueses de Vila Real, Montes Claros e Cascais. Escreveu, num artigo publicado em Inglaterra, que o Circuito de Vila Real foi o melhor de todos aqueles em que correu.
Nasceu em Londres, a 14 de Junho de 1943, no seio de uma família com pouca relação com automóveis, já que o pai, a mãe e a irmã mais velha eram actores e a sua irmã mais nova dedicou-se à música clássica.
Miles tinha mais em comum com dois tios, que o ajudaram a dar os primeiros passos na mecânica e nas corridas.
Como qualquer aspirante a piloto nos anos 50, Miles começou a correr num Austin Seven, passando depois para um pequeno desportivo Diva GT, com o qual obteve excelentes resultados, em 1964.
No ano seguinte iniciou uma colaboração com a “John Willment Racing” e, em 1966, venceu 15 das 17 corridas do Campeonato GT Autosport, com um Lotus 26R.
Foi também nesse ano que veio a Portugal, correndo primeiro em Montes Claros, onde terminou em terceiro.
Seguiu-se Vila Real, onde venceu as corridas de Turismo, num Ford Cortina Lotus, e de Sport e GT, com o Elan.
Seguiu-se Cascais, onde terminou em segundo na corrida de Sport e GT.
Voltaria a Vila Real em 1968 com o Lotus 47 e também com um Brabham BT21, para a corrida de F3. Na primeira terminou em quinto e venceu a categoria até dois litros, na segunda, terminou em terceiro.
Integrado no “Team Lotus” desde 1967, teve a sua oportunidade na Fórmula 1 com o Lotus 63 de quatro rodas motrizes, quando os pilotos principais Jochen Rindt (1942-1970) e Graham Hill (1929-1975) se recusaram a conduzi-lo.
Após o acidente de Graham Hill no final de 1969, Miles passou a segundo piloto da equipa de F1. Os resultados não apareceram, com excepção de um quinto lugar na África do Sul e, após o acidente de Jochen Rindt, em Monza, Miles foi substituído por Reine Wisell (1941-2022).
Miles continuou a correr durante mais alguns anos, tendo como destaque o título de campeão britânico de automóveis de Sport, com um Chevron B19 da “DART Racing”, em 1971, e a vitória, com Brian Muir (1931-1983), nas 6 Horas de Paul Ricard, no ano seguinte.
A seguir, pendurou o capacete e dedicou-se durante alguns anos à mecânica, depois ao jornalismo aplicado aos ensaios de automóveis com a revista Autocar. Fundou também uma editora de jazz, que promoveu o trabalho de vários músicos britânicos.
Nos anos 90 voltou a colocar os seus dotes de engenheiro e preparador ao serviço de diversas empresas, como a Lotus Engineering, prestando apoio a projetos como o Lotus Elan M100, o primeiro Ford Focus e muitos outros.
Seguiu-se a Aston Martin, onde participou no desenvolvimento do DB7 GT, Vanquish e Vanquish S.
Desde 2002, colaborava com a empresa de componentes Multimatic.
Acabou por influenciar, de forma discreta e até anónima, muitos modelos que as pessoas conduzem no seu dia-a-dia.
Veio a morrer a 8 de Abril de 2018, devido a complicações médicas após um AVC.
Adelino Dinis*
Quem é Adelino Dinis…
Na Sua página profissional (LinkedIn) aparece, pragmaticamente, definido da seguinte forma:
• - Editor at WELECTRIC - Media platform about Smart Cities, Sustainability, Clean Energy and Mobility;
• - Editor at Jornal dos Clássicos - Portuguese site about historic vehicles;
• - Editor, researcher and author of several books regarding mobility and motor sport;
Convenhamos que, quem o conhece, pode facilmente atestar as suas múltiplas valências a nível pessoal e profissional. Pessoa de trato irrepreensível, procura incessantemente valorizar-se em termos de conhecimento para estar sempre perto do perfecionismo que busca em todas as suas realizações. Quem gosta do Circuito Internacional de Vila Real pode-lhe estar grato pois ele foi o verdadeiro e maior obreiro do “Circuito de Vila Real Revival”, uma das sementes que contribuíram para manter vivo o sonho e alimentar a paixão.
A esse propósito são dele as seguintes palavras:
“Aqui fica o meu testemunho sobre as corridas e minha relação com Vila Real:
Quando comecei a investigar a história do desporto automóvel, nos anos 90, as referências mais elogiosas eram feitas ao Circuito de Vila Real. Mas, nesta altura, em meados dos anos 90, a informação era escassa e, muitas vezes, incompleta ou mesmo errada, quanto aos factos do Circuito. Além disso, o regresso desportivo do Circuito era apontado como impossível e a própria cidade parecia ter esquecido esse assunto.
Quando passei a ser o diretor do Jornal dos Clássicos, desafiei o Carlos Guerra a publicar um registo mais fidedigno sobre a história do Circuito, que trouxe muitas memórias e vontade de aprender mais. Em 2004, com a organização do “Vila Real Revival”, senti que era a oportunidade de celebrar a história e retribuir ao Circuito e à cidade tudo aquilo que tinham dado ao automobilismo nacional e internacional. Editando o livro do Carlos sobre o Circuito Internacional (1931-1973) e organizando um evento de celebração inesquecível para todos os que lá estiveram (incluindo quase duas dezenas de pilotos originais), sinto um enorme orgulho em ter contribuído - juntamente com uma enorme equipa de pessoas que tornaram tudo isto possível - para que a importância do Circuito de Vila Real não ficasse esquecida. 20 anos depois, que bom que é continuamos a celebrar a atividade do mais permanente dos nossos circuitos não-permanentes.
Adelino Dinis”
Barry Collerson - Corridas de automóveis com orçamento limitado
Tradução, adaptação e recolha Francisco José “Kiko” Vieira e Brito
Em 1967 o Circuito Internacional de Vila Real recebeu o Piloto Australiano Barry Collerson (1937-2020) cuja história de vida foi deveras extraordinária e multifacetada. A Sua vivência como piloto de automóveis está registada num livro de sua autoria que dedica um capítulo à passagem pela capital transmontana e que aqui vos deixamos, desejando que apreciem a leitura....
(da) Introdução:
De Mount Druitt a Monza
Dedicado à memória de Tim Cash *, autoproclamado “O mais conhecido piloto de corridas sem sucesso da Europa”.
Foi uma honra ser convidado por Barry Collerson para escrever esta dedicatória para o seu livro “De Mount Druitt a Monza”. É um título extremamente evocativo e pergunto-me quantos dos que lerem estas páginas poderão afirmar que conduziram em ambos os circuitos! Sir Jack Brabham é o único que me ocorre imediatamente e, embora tenha a certeza de que haverá outros, a lista não será longa.
Este livro não é sobre as estrelas do desporto motorizado, mas sim sobre a história de um tipo simpático e desenrascado com uma paixão avassaladora pelas corridas. Foi tão bem-sucedido na Austrália quanto seria de esperar, tendo em conta o seu limitado orçamento. De seguida, numa demonstração extraordinária de coragem ou loucura, decidiu vender todos os seus bens na Austrália e tentar a sua sorte nos míticos circuitos Europeus. A matéria da qual são feitos os sonhos!
A minha ligação com o Barry começou no início dos anos 60, quando eu geria a Hunter & Delbridge em Brookvale. O Barry corria com um Brabham de 1100cc e nós costumávamos inscrever e assistir o carro dele. Era um patrocínio muito discreto, mas funcionava bem, e tanto eu como o Kevin Delbridge apreciávamos muito o entusiasmo e a dedicação do Barry à sua arte.
Ao ler este livro, o leitor vai reviver muitas memórias agradáveis de tempos, pessoas, carros e circuitos, tanto cá como no estrangeiro – o passado e o presente. O Barry tem sido um bom amigo meu há muitos anos e, embora seja pena que ache que já está demasiado velho para fazer corridas históricas comigo, ainda conseguimos desfrutar de uma bebida e de uma boa conversa juntos.
Recomendo-lhe vivamente “De Mount Druitt a Monza” e espero que disfrute tanto a lê-lo como eu.
Percy Hunter
* (nda) Tim Cash (1938-1967) participou no Circuito Internacional de Vila Real em 1967 na prova de Fórmula 3, tripulando um Merlyn Cosworth Mk 10 (#74), alcançando o décimo segundo lugar entre vinte e sete participantes
Ao sair de Monza, seguimos para sul através de França, desfrutando de uma viagem costeira cénica por Nice e Cannes, na Riviera Francesa, a caminho de Espanha e Portugal. Na verdade, passámos grande parte do domingo na praia de Cannes, pois a Nancy (nda - carrinha/”motor-home”) começou a portar-se de forma muito temperamental – “ela” consumia litros de água e sobreaquecia regularmente, o que nos obrigou a viajar sobretudo de madrugada e ao entardecer, quando o tempo estava mais fresco.
Estas “sestas” ao meio-dia não custavam nada a suportar. Numa ocasião, passámos o calor do dia a nadar e a dormir numa pequena e encantadora praia da Costa Brava espanhola; noutra, fizemos turismo e “absorvemos” a cultura de Saragoça, uma pitoresca cidade espanhola entre Barcelona e Madrid, com uma belíssima e antiga catedral. Tivemos sorte, pois como a “Lotaria de Monza” se tinha realizado na quarta e quinta-feira, tínhamos o luxo de ter um intervalo de oito dias até à próxima prova, em vez dos habituais quatro ou cinco.
Enquanto que no ano anterior a passagem por Portugal incluíra corridas em Cascais e no Porto, este ano as duas provas portuguesas seriam em Vila Real e Montes Claros. Ao chegar a Vila Real, deparámo-nos com um circuito verdadeiramente complicado, composto por cinco milhas de estradas públicas, com muros de pedra, lancis, duas pontes e duas passagens de nível entre as suas ameaças.
1967, à esquerda, a “Quinta da Araucária” contempla o desempenho de Barry Collerson
Os treinos revelaram-se dispendiosos, já que a natureza traiçoeira do circuito fez estragos. David Walker (AUS), que estava a esforçar-se bastante, teve um acidente contra um muro, o que o deixou com uma noite inteira a reconstruir o carro. Ronnie Peterson (S) perdeu uma roda traseira, enquanto que René Scalais (B) capotou o seu Cooper na primeira passagem de nível, tendo ficado com algumas costelas partidas e uma fratura no ombro.
Tive problemas com a embraiagem durante os treinos e qualifiquei-me em 20.º lugar da grelha. No entanto, após um ajuste da embraiagem durante a noite, tudo estava OK para a corrida.
No dia da corrida estava muito quente. Felizmente, tinha feito uma nova proteção térmica (revestida a amianto) entre o carburador e o coletor de escape, bem como uma proteção térmica mais pequena para a bomba de combustível. Com a ajuda destas modificações, os meus problemas de combustível ficaram resolvidos.
Tal como na minha anterior visita a Portugal, os prémios monetários eram pagos numa escala decrescente até ao 15.º lugar, o que incentivava a manter o motor intacto, o carro “na estrada” e a terminar a corrida. Conduzi com isso em mente, numa corrida marcada por incidentes: o belga Jean Pierre Cornet capotou com o seu Brabham e o americano Steve Matchett bateu no muro na Curva das Boxes, danificando uma roda do seu Brabham. De seguida, na parte do Circuito em que a pista entra na cidade, o sueco Egert Haglund bateu com o seu Brabham contra um muro de tijolo na 22.ª volta, sofrendo múltiplas fracturas.
Enquanto tudo isto acontecia, o britânico Chris Williams, com um novo motor Holbay no seu Brabham, batia consistentemente o recorde da volta mais rápida e construía uma vantagem inatingível. Um pouco mais atrás, eu divertia-me numa luta particular pelo sexto lugar com o Merlyn de George Crenier (B) e o Brabham de Wal Donnelly (AUS).
Ao fim de 120 milhas de corrida, Chris Williams (GB) cortou a meta com 50 segundos de vantagem sobre os suecos Reine Wissell e Lars Lindberg. Chuck McCarthy (USA) ficou em 4.º lugar, seguido de Paddy Allfrey (IRL) e Wal Donnelly (AUS), com George Crenier e eu a colocarmos os nossos Merlyn em 7.º e 8.º lugares, respectivamente, enquanto que Tim Cash terminou em 12.º. Dos outros australianos, Kurt Keller ficou em 15.º lugar, mas David Walker desistiu.
A cerimónia de entrega de prémios foi bastante original, tendo sido realizada no estádio de futebol local. Montaram uma pista de dança e um palco para a banda no centro do campo, rodeados por mesas para os pilotos, mecânicos e oficiais de prova. O público podia comprar bilhetes para se sentar na bancada e ver-nos a comer, beber e dançar!
Durante a cerimónia, todos os pilotos receberam duas garrafas de vinho fino, enquanto que os primeiros quinze classificados também receberam duas garrafas de champanhe. Vila Real também provou ser um encontro extremamente satisfatório no plano financeiro, já que recebi 75 libras de prémio de corrida, para além das excelentes 96 libras pela presença, resultando num total de 171 libras – o nosso melhor pagamento da época.
Os mais de setecentos anos de história concedem a Vila Real o inestimável título de cidade capital de toda uma região. O norte interior, com a sua diversidade ímpar, é partilhado com o acesso privilegiado a essa pérola património da humanidade conhecida como Douro. Rodeada de paisagens e lugares únicos, pela qualidade dos seus ecossistemas, Vila Real é destino cimeiro da Biodiversidade. Na gastronomia, apresenta distinções inigualáveis como uma das sete maravilhas à mesa e maravilhas doces de Portugal. Boas razões para uma visita demorada, plena de sensações e experiências inolvidáveis.
“Entre!…e já está no Reino Maravilhoso.” Miguel Torga
O que visitar?
Palácio de Mateus | Casa de Mateus
Encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910. Todos os estudos referentes ao Solar de Mateus são unânimes em considerá-lo uma das obras mais significativas da arquitetura civil portuguesa do período barroco. Não se sabe ao certo em que data é que a Casa começou a ser construída, mas é certo que a sua conclusão se verificou em 1744, a Capela foi terminada em 1750, data que coincide com a época em que o Arquiteto italiano Nicolau Nasoni trabalhou na zona, a quem é atribuída a autoria da obra. Atualmente, a Casa de Mateus é administrada pela Fundação com o mesmo nome, fundada em 3 de Dezembro de 1970, e dirigida pela família, organizando diversas atividades de âmbito cultural, para além de conservar a biblioteca e o museu.
Igreja de S. Domingos | Sé de Vila Real
Classificada como Monumento Nacional, a igreja de São Domingos ou Sé de Vila Real, sede de um convento dessa ordem, foi erigida a partir de 1424 e constitui o melhor exemplo transmontano da arquitetura gótica. Passou por uma primeira remodelação, no século XVI, durante o reinado de D. Manuel, mas foi mais tarde, no século XVIII, que sofreu obras mais profundas. Nesta altura, a primitiva cabeceira gótica foi substituída em benefício de uma mais ampla, profunda e moderna, profusamente iluminada através de janelões nas paredes laterais. É deste período, também, que data a torre sineira (1742). A extinção das Ordens Religiosas, em 1834, significou a decadência do convento. Alvo de um violento incêndio, em 1837, que destruiu grande parte do recheio, só viria a ser restaurado nas décadas de 30 a 50 do século XX, altura em que foi colocado o atual retábulo-mor, obra maneirista do Convento de Odivelas. Mais recentemente, o IPPAR promoveu um projeto inovador, convidando o pintor João Vieira a efetuar um conjunto de vitrais para o edifício. O resultado foi uma composição inspirada no prólogo do «Evangelho Segundo São João», atualmente integrada na estrutura medieval do edifício.
Parque Corgo
O Parque Corgo situa-se nas margens do rio que lhe dá nome e tem uma área de cerca de 33 hectares; está ligado ao Parque Florestal, um verdadeiro pulmão da cidade e incorpora vários equipamentos: campos polidesportivos, itinerários pedestres, parque de merendas de Codessais (equipado com grelhadores e mesas), piscinas municipais abertas, parque infantil, cafés e casas de chá; é ainda possível ver antigos moinhos, alguns deles recuperados. Na área correspondente ao Parque Florestal está instalado um circuito de manutenção, que convida à prática de hábitos de vida saudáveis. Numa das margens do rio estão as instalações do Centro de Ciência Viva. Esta área da cidade assume um papel primordial na vida dos vila-realenses, havendo uma notória ligação criada entre estes, o rio e todo o ambiente do Parque. Deixe que o rio Corgo seja o seu anfitrião, ele dar-lhe-á a conhecer cada recanto deste Parque! Venha desfrutá-lo!
Parque Natural do Alvão
Esta Área Protegida, tal como o nome sugere, situa-se no conjunto montanhoso definido pelas Serras do Alvão e do Marão e parte da sua área está na zona indefinida de tran-
sição das duas serras. A área do Parque Natural do Alvão corresponde à cabeceira da bacia hidrográfica do rio Olo, afluente do Tâmega, e a uma pequena aba (Arnal) virada a Este, pertencente à bacia do Corgo. É neste parque que se encontra a maior cascata natural da península ibérica, conhecida por Fisgas de Ermelo.
Vegetação e flora: as condições de clima e altitude em simultâneo, são responsáveis pela diversidade e diferenciação da cobertura vegetal. Até ao momento estão inventariadas e referenciadas cerca de 486 espécies de plantas, sendo 25 delas endemismos ibéricos, 6 endemismos lusitânicos e 23 possuem estatuto de conservação.
Fauna: a intervenção do homem no Parque Natural do Alvão tem determinado a manutenção e o equilíbrio entre as diferentes formas de vida da fauna selvagem. Esta atitude tem contribuído para a diversidade biológica ao serem criadas novas unidades ecológicas biótopos, campos agrícolas, lameiros, sebes, etc., que se associam aos biótopos naturais. É na área do Parque Natural do Alvão que encontra apascento uma raça autóctone, que origina uma das mais suculentas e saborosas carnes portuguesas: a Maronesa DOP.
Aldeia de Bisalhães | Olaria negra Bisalhães é uma aldeia situada na encosta sul da freguesia de Mondrões, concelho de Vila Real. É célebre pela olaria de Bisalhães, mais conhecida por “Barro preto de Bisalhães”. Recorde-se que a decisão de inscrição do barro preto de Bisalhães na lista do património cultural imaterial que necessita de salvaguarda urgente da Unesco foi tomada no dia 29 de novembro de 2016, em Adis Abeba, Etiópia, na sequência de uma candidatura apresentada pelo Município de Vila Real. Este reconhecimento internacional foi um passo fundamental para a valorização da arte ancestral dos Oleiros de Bisalhães, que deixou de estar confinada ao nosso território e passou a ser partilhada com o Mundo.
Destaques da Gastronomia!
Covilhetes
Espécie de “empadas” que devem o seu nome à pequena forma de barro preto (de Bisalhães) em que iam ao forno. Hoje em dia, o molde já não é de barro, mas o nome mantém-se. A tradição desta especialidade é muito antiga e está ligada às festas de Santo António, do Senhor do Calvário e da Senhora da Almodena, que eram as únicas ocasiões em que era vendido. Desde a década de 60 do séc. XIX que os Covilhetes começaram a ganhar notoriedade na Gastronomia Vila-Realense e, no séc. XX, havia pessoas que os vendiam pelas ruas da Cidade em tabuleiros cobertos com panos de linho. Atualmente, podemos comprar Covilhetes numa qualquer pastelaria de Vila Real, pois são comercializados diariamente. Integra o menu das 7 Maravilhas à Mesa de Vila Real.
Pitos de Santa Luzia
Com origem no antigo Convento de Santa Clara, os Pitos de Santa Luzia ganharam forma e paladar pelas mãos de Maria Ermelinda Correia, uma Irmã Imaculada de Jesus que, segundo reza a história, era muito gulosa. Ora, sabendo a Madre Superiora de toda a sua gula, proibiu-a de comer todo o tipo de doces. A Irmã Ermelinda Correia, não conseguindo controlar a sua gulodice, criou um doce cuja forma se assemelhava muito com os pachos de linhaça com que trata-
va os doentes com problemas de olhos. E assim nasceu o Pito de Santa Luzia (padroeira dos doentes com problemas de olhos), uma especialidade com recheio de doce de abóbora e cobertura de massa de farinha, que é um dos ex-líbris de Vila Real. Manda a tradição Vila-realense que as raparigas ofereçam o Pito aos rapazes nos dias da Festa de Santa Luzia. Integra o menu das 7 Maravilhas Doces de Vila Real.
Carne Maronesa DOP
É nas pastagens da região delimitada pelas Serras do Marão, Alvão e Padrela que esta raça autóctone encontra apascento e são as particularidades deste território que conferem à Carne Maronesa D.O.P. características organolépticas únicas, fazendo dela um produto de topo, que se distingue pela textura tenra e sabor incomparável com que chega à mesa dos consumidores. Para que estas características possam ser verdadeiramente degustadas, a Carne Maronesa deverá ser apenas temperada com sal. Não deixe de provar esta especialidade e, se nos permite a sugestão, acompanhe com um Vinho Tinto Reserva da Adega Cooperativa de Vila Real.
Vila Real, uma lenda…
Reza a lenda, que durante o reinado de D. João I (ou de D. Dinis), durante a campanha de conquista da praça de Ceuta (Marrocos), estaria um grupo de rapazes a jogar o jogo da choca (uma espécie de hóquei medieval), com um pau a que davam o nome de “aleo”. O rei terá criticado a sua despreocupação em tempo de guerra, quando um dos rapazes, D. Pedro de Meneses, que viria a ser o 1º Conde de Vila Real, terá respondido que com o mesmo aléu com que jogavam a choca tratariam dos inimigos. Satisfeito com a resposta, o rei mandou que a palavra aléu fosse inscrita no brasão da cidade.
A JABA-TRANSLATIONS OFERECE UMA AMPLA GAMA DE SERVIÇOS E SOLUÇÕES PERSONALIZADOS PARA ATENDER ÀS NECESSIDADES ESPECÍFICAS DE DIVERSAS INDÚSTRIAS. AQUI ESTÃO OS PRINCIPAIS SERVIÇOS QUE OFERECEMOS:
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A JABA-Translations destaca-se pela sua capacidade de oferecer soluções linguísticas integradas personalizadas para as necessidades específicas de cada cliente e setor, garantindo precisão, adequação cultural e eficácia em todas as traduções e localizações realizadas.
Agenda Cultural
AGRADECIMENTOS
A Organização do 54.º Circuito Internacional de Vila Real agradece a colaboração de todos os que tornam possível a realização deste grandioso evento, nomeadamente:
- Bombeiros Voluntários da Cruz Branca, Vila Real;
- Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real - Cruz Verde;
- PSP - Polícia de Segurança Pública;
- GNR - Guarda Nacional Republicana;
- Freguesia de Vila Real;
- Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil;
- Agrupamento de Escolas “Diogo Cão”, Vila Real;
- Agrupamento de Escolas “Morgado de Mateus”, Vila Real;
- Associação de Comissários de Desportos Motorizados do Estoril;
- Clube Automóvel do Minho;
- Regimento de Infantaria nº 13 - Vila Real;
- Cento Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro;
- Associação de Paralisia Cerebral de Vila Real;
- Teatro de Vila Real;
- Museu do Som e da Imagem, Vila Real;
- Museu de Arqueologia e Numismática de Vila Real;
- EMARVR, Água e Resíduos de Vila Real;
- EDP, Eletricidade de Portugal, S.A.;
- NERVIR, Associação Empresarial;
- Funcionários Municipais de Vila Real;
- Funcionários das Infraestruturas de Portugal – IP;
- Patrocinadores, colaboradores, pessoas e entidades que, direta ou indiretamente contribuem com o seu esforço, tempo e dedicação para a realização deste evento;
- Comerciantes e Moradores, nomeadamente os situados no perímetro do Circuito;
- Voluntários que colaboram com a organização;
- Todos os que de alguma forma tornaram possível este evento e tenham, involuntariamente, sido esquecidos.