Úlceras dos Membros – Diagnósticos e Terapêuticas

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transtornos da circulação venosa dos membros inferiores. Tal fato tem sido um dos imperativos impostos pelo grande número de transtornos anatômicos e funcionais que envolvem esses vasos. No dizer de Von der Stricht: “[...] durante a primeira metade do século XX a safena parva foi tratada como um adendo da safena magna e os estudiosos se acomodaram com essa simples representação. Mas nos últimos anos essa concepção sofreu modificação radical e no presente sabe-se que essa veia tem significativa importância no contexto patológico da extremidade inferior...”5

Anatomia e fisiopatologia Durante o desenvolvimento embrionário os membros inferiores surgem em torno da quarta semana, sendo originários de uma massa de células não diferenciadas, de origem mesodérmica, que sofreu metamorfose adquirindo uma forma conhecida por “folha ectodérmica apical”. Sob a influência dessa nova forma, as células mesodérmicas na zona pós-axial transformam-se paulatinamente em células que irão gerar a estrutura vascular desses membros. Na sua forma incipiente, essas células apresentam aspectos sinuosos, descaracterizados quanto as suas formas finais, mas depois de repetidas metamorfoses culminam formando um conduto venoso chamado de “veia marginal lateral”. Nesse estágio, o plexo venoso primário lateral tem uma posição superficial, separada do tecido ectodérmico por uma fina camada de células que têm uma característica marcante: são carentes de ramos vasculares. Em estágio evolutivo posterior, formam-se pontes anastomóticas através desse tecido, à mercê da angiogênese, as veias cardinais posteriores. Em um estágio mais avançado surgem as veias marginais secundárias em área pré-axial. Essa configuração apresentada durante a evolução vascular fetal alcança o seu acme com a formação do sistema venoso profundo, seguindo a evolução da artéria axial. Esses neovasos prefiguram de modo definitivo a circulação venosa do membro inferior fetal; superficialmente, a veia safena magna, e em um nível mais profundo, as veias tibiais e a poplítea. Um dos ramos venosos entre a veia marginal e a poplítea une-se vindo a formar posteriormente a junção (croça) safenopoplítea. Com

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o desenvolvimento hemodinâmico dessa união (junção), ocorre o seu crescimento podal, formando, em última instância, o tronco principal da safena parva. Portanto, em síntese, a safena parva vem representar a veia posterior axial do membro inferior fetal. A safena parva tem sua origem na face lateral do calcâneo pela junção de vários troncos venosos (Figuras 14.1 a 14.3). O seu sistema valvular é múltiplo, podendo ser encontradas duas a nove válvulas em todo o seu trajeto. Normalmente, tem uma posição importante na sua junção com a poplítea ou nas adjacências das suas tributárias ou perfurantes. Na fossa poplítea há a convergência entre as veias originárias na massa muscular no nível da panturrilha, como a do gastrocnêmio e a do solear; além da poplítea, estão a safena parva com suas tributárias e as perfurantes. É comum encontrar grandes variações anatômicas, topografias ou mesmo ectopias desses vasos. O volume, o fluxo e a direção de sangue que alcança o oco poplíteo decorrem, em última instância, do gradiente de pressão a que o mesmo é subordinado,

Figura 14.1 Representação da anatomia da safena parva e suas principais colaterais e perfurantes6

Úlceras dos Membros – Diagnósticos e Terapêuticas

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