Técnicas Radiográficas, 2ª ed. | Antônio Biasoli Jr.

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Técnicas Radiográficas    BIASOLI

janeiro do mesmo ano. Nessa conferência, fez a radiografia da mão do anatomista suíço Albert von Kölliker. A natureza dos raios X foi definida apenas em 1912, quando da publicação dos trabalhos de Max von Laue, Walther Friedrich e Paul Knipping. Os instrumentos reunidos por Röntgen e pelos primeiros eletrorradiologistas (operadores de raios X) resultaram em uma cadeia emissora de raios X de baixo rendimento (1 a 2mA), em que uma radiografia de mão necessitava de vários minutos de exposição e a de um crânio, cerca de uma hora. A adaptação da descoberta de Röntgen para fins médicos foi feita por eletrorradiologistas e engenheiros. No Brasil, o médico Francisco Pereira das Neves iniciou suas experiências com os raios X no início de 1896, no gabinete de Física da Faculdade Nacional de Medicina (atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ). Em 22 de dezembro deste mesmo ano, foi realizada a primeira radiografia a serviço da medicina clínica, na cidade do Rio de Janeiro. A utilização dos primeiros contrastes artificiais teve início ainda em 1896. O bismuto e, posteriormente, o bário foram usados como contraste no tubo digestivo. Poucos anos depois, cateteres metálicos e sais de iodo serviram como opacificadores das vias urinárias. Entre 1912 e 1913, o médico radiologista alemão Gustav Bucky adicionou o diafragma ao aparelho de raios X e construiu a grade antidifusora fixa. Em 1916, o também médico radiologista norte-americano Hollis E. Potter introduziu o conceito de mobilidade da grade antidifusora. Tais inventos, conhecidos atualmente como Potter-Bucky, possibilitaram a melhora significativa da imagem, resultante da supressão dos raios X dispersos. Em 1919, teve início o estudo dos ventrículos cerebrais com a inserção de ar no interior destes pelo neurocirurgião de Baltimore (Estados Unidos) William E. Dandy. Já em 1923, o canal raquidiano foi visualizado com a utilização do contraste lipiodol pelo neurologista Jean Athanse Sicard. Com a evolução dos contrastes artificiais, em 1924, a vesícula biliar e as vias biliares tornaram-se visíveis através dos raios X. A partir de 1927, Egas Moniz e a Escola Portuguesa deram início à angiografia cerebral e dos ramos aórticos que irrigam o pescoço e o cérebro.

Tabela 1.1

Qualidade da Imagem Radiográfica Proteção Radiológica Noções Básicas de Anatomia

O QUE SÃO OS RAIOS X Os raios X são uma forma de energia eletromagnética (ondas eletromagnéticas transversais), de comprimento de onda muito curto menor que 1Å: 1Å (angström) = 10–10m (Tabela 1.1).

Espectro de radiações eletromagnéticas Comprimento de onda

Tipo de radiação

Exame Radiográfico

A tomografia linear foi idealizada pelo médico francês AndréEdmund-Marie Bocage, em 1921. Contudo, foi em 1930, na Itália, que o professor Alessandro Vallebona desenvolveu o primeiro tomógrafo médico. Neste mesmo ano, o professor de radiologia da Universidade de Amsterdã (Holanda) B. G. Ziedses des Plantes inventou a planigrafia multidirecional. Em dezembro de 1929, foi fundada no Rio de Janeiro a primeira associação de classe no Brasil, a Sociedade de Radiologia do Rio de Janeiro e Eletrologia (hoje Sociedade Brasileira de Radiologia), que teve como primeiro presidente o médico radiologista Manoel Dias de Abreu. A abreugrafia, idealizada por Manoel Dias de Abreu em 1936, surgiu em março de 1937, no Rio de Janeiro, e foi um método de grande importância na época em razão da epidemia de tuberculose. Em 1950, surgiram o intensificador de imagens e a automatização. A utilização médica do ultrassom teve início em 1958. Por sua vez, a tomografia computadorizada (TC), que consiste basicamente na associação de um aparelho de raios X a um computador, surgiu no início da década de 1970, desenvolvida por Godfrey N. Hounsfield e colaboradores. O aparecimento da ressonância nuclear magnética (RNM), com a obtenção de imagens através de campos magnéticos potentes, no fim da década de 1970, representou um novo impulso no diagnóstico através de imagens. Hoje em dia, a imagem radiográfica digital já é uma realidade, devido ao avanço tecnológico associado à redução de custos de alguns pré-requisitos importantes, como monitores de alta resolução e máquinas de alto desempenho (computadores/servidores).

Tipo de radiação

Em angströms (Å)

Escala métrica

Raios cósmicos

Abaixo de 0,0014Å

Abaixo de 0,00014nm

Raios gama

0,0014Å a 1,5Å

0,00014nm a 0,15nm

Raios X – radioterapia

2,5Å

0,25nm

Raios X – radiografia

10Å

1nm

100Å

10nm

500Å

50nm

Ultravioleta

Raios X – raios moles

1.215Å

0,1215µm

Limite (luz visível)

3.900Å

0,39µm

Luz visível

Violeta

4.100Å

0,41µm

Azul

4.700Å

0,47µm

Verde

5.200Å

0,52µm

Amarelo

5.800Å

0,58µm

Laranja

6.000Å

0,60µm

Vermelho

6.500Å

0,65µm

Limite (luz visível)

7.600Å

0,76µm

Infravermelho

1mm a 1mm

Ondas de rádio

1mm a 10.000m

Ondas elétricas

Acima de 10.000m

1Å = 10

m; 1nm = 10 m; 1m = 10 m.

–10

01 - Tecnicas Radiograficas - 2 ed.indd 2

–9

–6

C o p y r i g h t ©2 0 1 6E d i t o r aR u b i oL t d a . B i a s o l i . T é c n i c a sR a d i o g r á f i c a s , 2 ª e d i ç ã o . Al g u ma sp á g i n a s , n ã os e q u e n c i a i s , ee mb a i x ar e s o l u ç ã o .

Introdução Equipamento Gerador de Raios X Sistema Emissor de Raios X Formação dos Raios X Formação da Imagem Radiográfica Documentação da Imagem Radiográfica Imagem Radiográfica Digital

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15/10/2015 15:14:25


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