Introdução à Protozoologia
Motilidade A maioria dos protozoários é capaz de se movimentar, e muitas vezes esta propriedade é fundamental para que sobrevivam nos vários ambientes em que vivem. Esta motilidade deve-se a algumas estruturas especializadas. As mais comuns e mais conhecidas são os cílios e flagelos, estruturas que inclusive permitem identificar um conjunto de protozoários como ciliados e flagelados, respectivamente. A estrutura básica dos cílios e flagelos é a mesma e o movimento é gerado a partir do deslizamento entre microtúbulos, com a participação de uma ATPase especial chamada dineína. A Figura 1.3 mostra o detalhe de um flagelo visto tanto ao microscópio eletrônico em um corte fino (Figura 1.3A) como em uma réplica obtida após congelamento rápido, criofatura, sublimação e sombreamento rotatório (Figura 1.3B). Outro movimento importante é conhecido como ameboide e deve-se à formação de projeções do corpo celular como consequência da interação entre moléculas de proteínas contráteis como actina e miosina. Um terceiro tipo de movimento, conhecido como deslizamento, também envolve a participação de moléculas de actina e miosina. No entanto, diferencia-se do movimento ameboi-
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de por exigir a adesão permanente do protozoário a um determinado substrato. É o que se passa, por exemplo, com formas infecciosas do T. gondii ou de Plasmodium.
Divisão Celular Ao longo do ciclo de vida os protozoários passam por processos de divisão que podem variar de acordo com o habitat. Em geral, o processo clássico de divisão binária, na qual duas células são formadas a partir de uma, predomina na maioria dos casos. Nesse processo, primeiro ocorre a divisão do núcleo, seguida da divisão do citoplasma. Em alguns protozoários que apresentam outras estruturas citoplasmáticas contendo DNA, como é o caso do cinetoplasto em membros da ordem Kinetoplastida (Figura 1.4), ou no grupo Apicomplexa, que contém o apicoplasto (Figura 1.5), essas estruturas dividem-se antes do núcleo. Ao longo do processo mitótico quase sempre ocorre a participação de microtúbulos que formam um fuso mitótico. Em vários protozoários esse fuso é intranuclear e a membrana nuclear permanece íntegra durante todas as fases do processo mitótico, como ocorre com os tripanossomatídeos (Figura 1.6). Em outros casos, como ocorre
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A
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Figura 1.3 (A) e (B) Visão longitudinal do flagelo de um tripanossomatídeo mostrando o axonema (A) e uma complexa rede de filamentos que formam a estrutura paraflagelar (B). Outros filamentos conectam os dois componentes do flagelo (setas). As mesmas estruturas podem ser vistas em corte fino (A) e em uma réplica obtida após congelamento rápido, criofratura, sublimação e sombreamento rotatório Fonte: imagem gentilmente cedida por Souto-Padron, De Souza e Heuser.
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