Atlas de Endoscopia Digestiva

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Capítulo 3

Capítulo

Neoplasia Avançada de Esôfago e Estômago

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NEOPLASIA AVANÇADA DE ESÔFAGO E ESTÔMAGO Fernanda Prata Martins • Jean Rodrigo Tafarel • Angelo Paulo Ferrari

CÂNCER DE ESÔFAGO O câncer de esôfago está entre os 9 cânceres mais comuns no mundo, tendo sobrevida em 5 anos de 10% a 15%.1,2,3,4 Histologicamente, os 2 tipos mais comuns são adenocarcinoma e carcinoma espinocelular (CEC)1,5. O adenocarcinoma possui incidência crescente no ocidente, predominando em homens brancos e pessoas com mais de 65 anos.5 Quando ocorre nos 5cm distais do órgão é dito tumor da junção esofagogástrica.5 Esôfago de Barrett é o fator de risco mais relacionado ao seu desenvolvimento, aumentando em 30 a 100 vezes o risco desta neoplasia em relação ao restante da população.5 Outros fatores de risco para o adenocarcinoma são5,6 alterações dietéticas (especialmente a menor ingestão de frutas e verduras), obesidade e refluxo gastroesofágico. O CEC é a neoplasia esofagiana mais freqüente, apesar de alguns artigos já citarem que o adenocarcinoma (Figura 3.1) ocupa esta posição.3,5,6 A incidência do CEC é de 6:100.000 homens e 1,6:100.000 mulheres.5 Áreas de elevada incidência (>35:100.000) são encontradas na China, Irã, Casaquistão e África do Sul.5 Sua localização preferencial é o esôfago médio, seguido pelo esôfago inferior e superior.1 Relaciona-se ao consumo abusivo de tabaco, álcool e também a síndrome de Plummer-Vinson (anemia ferropriva, anel esofagiano e glossite), acalasia, tilose palmar ou plantar, radiação ionizante, ingestão de ervamate, tumores da cabeça e pescoço, megaesôfago, estenose cáustica do esôfago, papilomavírus (HPV), doença celíaca e deficiência de selênio, vitaminas A e C. 5,6,7,8 A relação homem:mulher do CEC varia de 3 até 7:1 e ocorre mais freqüentemente após os 60 anos.5,6 Pode apresentar invasão por contigüidade, continuidade, via hematogênica e linfática. Os órgãos mais atingidos pela disseminação hematogênica são fígado, pulmões e ossos.

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Outros tumores mais raros são coriocarcinoma, melanoma e sarcoma, os quais tendem a ocorre em áreas mais distais do esôfago5 (Figura 3.2). Metástases de outras neoplasias para o esôfago são raras, sendo mais comuns daqueles tumores localizados na faringe, pulmões e estômago.

Clínica A disfagia é o sintoma predominante em 90% dos casos e odinofagia em 50%.5 A disfagia começa para alimentos sólidos e progride para os líquidos.5 Como os sintomas geralmente ocorrem quando a doença está avançada, é comum o encontro de metástases já ao diagnóstico.1 Pacientes com os seguintes sintomas, ditos sintomas de alarme, devem prontamente realizar endoscopia digestiva alta: 5 disfagia, emagrecimento não intencional, vômitos persistentes, anemia ferropriva, anorexia, sangramento gastrintestinal alto, massa epigástrica, dispepsia persistente e de início recente em pacientes com mais de 55 anos.

Diagnóstico e estadiamento A endoscopia digestiva alta é o melhor método para o diagnóstico, sendo indicada a realização de biópsias, preferencialmente de área não ulcerada, para confirmação histológica.5,9 Se a aparência endoscópica sugere neoplasia, mas o exame histopatológico não a confirmou, deve-se considerar erro amostral ou lesão submucosa e novas biópsias devem ser realizadas.5 A aparência endoscópica pode ser de lesão exofítica (Figura 3.3) polipóide (Figura 3.4), ulcerada (Figura 3.5) ou infiltrativa (Figura 3.6).9 É importante documentar

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