Capítulo 1
Capítulo
Esôfago, Estômago e Duodeno Normais
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ESÔFAGO, ESTÔMAGO E DUODENO NORMAIS Frank Shigueo Nakao • Marcelo de Souza Cury • Angelo Paulo Ferrari
INTRODUÇÃO O exame endoscópico do esôfago, estômago e duodeno, normalmente denominado endoscopia digestiva alta (EDA) ou esofagogastroduodenoscopia, é um componente indispensável do arsenal diagnóstico na prática médica. Trata-se de inspecção dinâmica e em tempo real da superfície mucosa que reveste o esôfago, estômago, bulbo e segunda porção duodenais (no trato digestório não operado). Durante exame de rotina, a imagem gerada por um videogastroscópio de visão frontal corresponde a um aumento do objeto observado de até 40 vezes. Ainda assim, as conclusões do endoscopista são baseadas na presença ou ausência de alterações macroscópicas visíveis no trajeto examinado. Técnicas como a magnificação de imagem e a cromoscopia podem aumentar a sensibilidade e a especificidade da EDA. O endoscopista ainda pode complementar o exame com coleta de material para estudo citológico, anatomopatológico ou microbiológico. Ao longo do trajeto examinado, o endoscopista pode observar movimentos peristálticos do tubo digestório. Eventualmente a EDA pode detectar sinais indiretos de alterações motoras do trato digestório. A EDA não se resume a um ato puramente mecânico, nem à observação passiva dos achados. Há muitas doenças que podem, ao longo da sua evolução, apresentar alterações detectáveis à EDA, com ou sem repercussão clínica. Os achados à EDA (tanto positivos como negativos) podem influenciar drasticamente a conduta do médico assistente, além de demandar procedimentos diagnósticos e terapêuticos imediatos por parte do endoscopista. Ele também deve levar em consideração os dados de história do paciente para elaborar um laudo preciso, claro e coerente.
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A orientação espacial do endoscópio durante um exame pode variar bastante. Para fins didáticos e de documentação, o campo visual do endoscopista pode ser dividido em quadrantes ou conforme o mostrador de um relógio: 12 horas representa um ponto superior, 6 horas um inferior, 3 horas à direita, e assim em diante. A orientação da imagem, em um aparelho de visão frontal, segue a dos controles de deflexão da ponta do endoscópio. Freqüentemente, são utilizadas as marcações de distância no tubo de inserção para fins de localização: o endoscopista mede em centímetros a distância de determinado ponto no tubo digestório aos dentes incisivos.
BOCA, FARINGE E LARINGE O endoscópio deve ser gentilmente introduzido através do bocal de proteção na cavidade oral do paciente, onde o endoscopista pode reconhecer, por visão direta, estruturas como a língua, palato e úvula. Logo adiante, podem ser vistas estruturas da faringe e laringe (Figuras 1.1 e 1.2). A introdução do endoscópio às cegas deve ser evitada, pois um segmento relativamente longo não é examinado e há o risco de traumatismo, especialmente se há lesões no trajeto. Entre 15 e 18cm dos dentes incisivos (medidos no tubo de inserção), encontra-se o músculo cricofaríngeo, onde o endoscopista pode encontrar alguma resistência à passagem do aparelho. Ele deve posicionar a ponta do aparelho na altura de um dos seios piriformes e, empurrando gentilmente o mesmo contra o músculo pode solicitar ao paciente realizar movimentos de deglutição (dependendo do grau de sedação/anestesia). Durante a passagem do aparelho pelo cricofarín-
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