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Capítulo 9 – Povos e comunidades tradicionais do Brasil
Cap ítulo 9 Povos e comunidades tradicionais do Brasil
Ao longo desta unidade, você deve ter percebido que as atividades humanas são responsáveis por gerar diversos impactos negativos na paisagem. Mas será que é possível viver em harmonia com o ambiente? Sim! Existem os povos e as comunidades tradicionais.
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Povos e comunidades tradicionais são aqueles que possuem modo de vida cultural próprio, diferente do restante da sociedade. Essas populações dependem diretamente dos elementos naturais para preservar sua cultura e seu estilo de vida. Seus conhecimentos sobre a natureza, práticas, hábitos e costumes são transmitidos de geração a geração.
As comunidades tradicionais são exemplos de povos que vivem em harmonia com a natureza, preservando o meio ambiente para que os recursos necessários para sua sobrevivência não se esgotem. Observe a seguir a imagem de dois povos tradicionais do Brasil.
1 Você consegue identificar quais são esses povos? Como você acha que é o estilo de vida deles? É semelhante ou diferente do seu?
BRUNO KALSS/SHUTERSTOCK
Aldeia indígena no Alto Paraíso, GO, 2019. Morador de comunidade quilombola concertando um barco Chapada Diamantina, BA, 2019.

JOSE VITOR CAMILO/SHUTTERSTOCK
Resposta pessoal.
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O objetivo deste capítulo é fazer o estudante compreender o que são as comunidades tradicionais e como seu modo de vida está relacionado com os recursos naturais do ambiente que ocupam. O estudante também deve analisar um mapa sobre a distribuição de comunidades quilombolas e realizar a leitura dos elementos que o compõem. As unidades temáticas trabalhadas serão “O sujeito e seu lugar no mundo” e “Formas de representação e pensamento espacial”, e os objetos de conhecimento serão “A cidade e o campo: aproximações e diferenças” e “Representações cartográficas”.
A partir dos conteúdos desse capítulo, espera-se alcançar os seguintes objetivos: • Entender o que são comunidades tradicionais.
• Compreender o modo de vida indígena. • Apreender o que são comunidades quilombolas, seu modo de vida e sua distribuição no território brasileiro.
• Realizar leitura de mapa e compreender os elementos que o compõem. • Compreender quem são os caiçaras e os ribeirinhos e o que os difere.
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Encaminhamento didático
Apesar de viverem em harmonia com a natureza, estes povos também alteram a paisagem, porém eles têm o cuidado de realizar o manejo sustentável dos seus recursos. O manejo sustentável é uma forma de extrair da natureza somente o necessário e racionalizar a retirada destes recursos. Se for necessária a retirada de uma árvore por mês, eles realizam um rodízio para não acabar com o recurso de uma única área.
Estas comunidades, muitas vezes, sofrem com a falta de recursos financeiros e são marginalizadas, além de sofrerem ameaças ao seu modo de vida pela não demarcação de seu território tradicional, constantemente ameaçado pelo avanço da fronteira agrícola, a mineração e a especulação imobiliária.
A constituição é o conjunto de normas de caráter jurídico que rege um país. Cada país possui uma constituição própria, que estipula o que é permitido e o que é proibido. Apesar de não ser uma leitura fácil, é importante o conhecimento destas leis para formar seres humanos mais conscientes e ativos na sociedade. Sua principal função é estruturar e garantir um sistema constitucional pluralístico, com a garantia dos direitos e deveres individuais e coletivos. 1. Converse com os estudantes sobre o significado de “grupos culturalmente diferenciados”. Isso significa que eles partilham uma cultura que está atrelada ao seu modo de vida, a sua gastronomia, o seu modo de trabalho e com suas tradições. 2. Atualmente os povos tradicionais vêm sofrendo ameaças em seus territórios. Os indígenas lutam contra o garimpo ilegal, o desmatamento de suas terras para áreas de pastagem e para o plantio da soja. Os quilombolas lutam contra a invasão de suas terras pelo agronegócio e a especulação imobiliária. Os ribeirinhos sofrem com a contaminação de suas águas, e os caiçaras estão sendo expulsos de suas terras pela especulação imobiliária. 1. Espera-se que os estudantes respondam que teriam uma vida mais simples e conectada com a natureza, mas sofreriam com a falta dos bens e serviços disponíveis nos centros urbanos.
No Brasil, existe uma lei que protege os povos e comunidades tradicionais, afirmando o seguinte:
Povos e comunidades tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.
Planalto. Decreto Federal nº6.040. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm#:~:text=Decreto%20n%C2%BA%20 6040&text=DECRETO%20N%C2%BA%206.040%2C%20DE%207,que%20lhe%20 confere%20o%20art> Acesso em: 01/08/2021.
1 Segundo o trecho do decreto federal, qual é a definição de povos e comunidades tradicionais?
2 Em sua opinião, por que esse decreto federal que protege os povos tradicionais é importante?
Grupos culturalmente diferenciados, que possuem formas próprias de organização social, ocupação dos territórios e uso dos recursos naturais.
Apesar de ser uma resposta pessoal, coordene a discussão para destacar os aspectos histórico-culturais e de preservação do meio ambiente.
Modos de vida indígena
Os povos indígenas aprenderam, com seus antepassados, modos particulares de morar e construir suas moradias em aldeias, e de obter comida pela caça, coleta de frutas e outros alimentos, e a pesca.
1 Converse com os colegas sobre a seguinte questão: como você acha que seria viver em meio à natureza?
As comunidades indígenas vivem em harmonia com o meio ambiente, pois retiram da natureza apenas o que precisam para sobreviver. Para muitos desses povos, suas terras e a natureza são elementos sagrados que precisam ser tratados com cuidado e respeito. Assim, garantir o direito dos indígenas à terra também é uma forma de conservar o meio ambiente.
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Sugestão para o professor
A Escola de Formação em Direitos Humanos de Minas Gerais elaborou o livro Proteção, promoção e reparação dos direitos das comunidades tradicionais. Disponível em: <https:// social.mg.gov.br/images/Direitos_humanos/Cadernos_Direitos_Humanos/Livro13.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2021.
Embora existam terras indígenas distribuídas por todo o país, mais da metade dos povos indígenas no Brasil vive na região da floresta Amazônica. Muitos deles possuem terras indígenas reconhecidas e protegidas pelo governo brasileiro, mas há ainda muitos indígenas que reivindicam o seu direito à terra, para que possam desenvolver sua cultura e garantir sua subsistência, respeitando a natureza.
2 De acordo com o texto, por que reconhecer o direito dos indígenas à terra é importante para a conservação do meio ambiente?
Porque os povos indígenas formam comunidades sustentáveis, que retiram da
natureza apenas o que precisam, garantindo, assim, a sua preservação.
3 Por que os povos indígenas reivindicam o seu direito à terra?
respeitando a natureza.
4 Assim como os povos indígenas, você e sua família já se sentiram em risco de perder o direito ao lugar onde vivem?
Como foi se sentir assim? Se não, como você se sentiria caso isso acontecesse?
Resposta pessoal.
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Sugestão para o professor
O filme Xingu, dirigido por Cao Hamburguer, retrata a jornada dos irmãos Villas-Bôas pelo Brasil Central e seu encontro com diversas tribos indígenas. Direção: Cao Hamburguer, 2012, duração: 1h42.
Explique para os estudantes que antes da chegada dos portugueses a população indígena estava distribuída por todo o território do Brasil, mas o avanço da colonização expulsou estes povos de suas terras originárias. A Região Amazônica concentra a população restante, pois ainda é a região menos explorada e menos ocupada do Brasil. As dificuldades encontradas para acessar este território são muitas, desde a presença da floresta Amazônica ao grande número de rios e áreas alagadas. O meio de transporte principal desta região são os barcos e aviões. 2. Converse com os estudantes sobre o direito de ocuparem a terra que pertenceu aos seus ancestrais e sobre o modo de vida integrado com a natureza que essa população desenvolveu ao longo de milhares de anos de práticas. 3. Os povos indígenas reivindicam seu direito a terra, pois muitos desses territórios ainda se encontram em disputa com os setores de mineração e do agronegócio. A preservação do seu habitat está intimamente ligada à manutenção do seu modo de vida. 4. Os motivos que podem levar ao risco de perder o direito de morar em seu local de origem são a falta de dinheiro, a desocupação exigida pela prefeitura (no caso de obras públicas) e a especulação imobiliária, entre outros.
A língua portuguesa falada no Brasil difere muito da língua portuguesa falada em Portugal e em outros lugares; ela foi formada a partir da junção das culturas indígena, negra e portuguesa. Muitas palavras presentes no nosso cotidiano têm origem indígena. O nome de muitas cidades brasileiras tem origem indígena e faz referência a características de lugares já habitados por essa população antes da chegada dos portugueses.
Peça para os estudantes prestarem atenção no jeito de contar a história. Questione-os se essa narrativa se assemelha às histórias que eles estão acostumados a ler e ouvir.
Sugestão para o professor
O Museu da Língua Portuguesa foi reconstruído depois de um grande incêndio que atingiu o prédio em 2015. Ele conta com exposições interativas e contém curiosidades sobre a nossa língua. Disponível em: <https://www. museudalinguaportuguesa.org.br/>. Acesso em: 13 ago. 2021. VOCÊ SABIA?
Você sabia que no nosso dia a dia utilizamos várias palavras de origem indígena? Sem dúvida, você já usou algumas delas. Podemos citar como exemplo as palavras jacaré, urubu, caipira, capim, mingau, cacau, paçoca, pamonha. Além destas, existem muitas outras palavras que fazem parte do nosso vocabulário. Vamos descobrir quais são? Com a ajuda dos seus familiares, faça uma pesquisa na internet sobre outras palavras de origem indígena.
Conhecendo lendas indígenas
As lendas indígenas brasileiras são marcadas por histórias que tratam da natureza e da origem das coisas, sempre cercadas de elementos místicos. Hoje vamos conhecer uma lenda que fala sobre uma ameaça que quase esmagou a terra.
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O céu ameaça a Terra
Meninos e meninas do povo ikolen-gavião, de Rondônia, sentam-se à noite ao redor da fogueira e olham o céu estrelado. Estão maravilhados, mas têm medo: um velho pajé acaba de contar como, antigamente, o céu quase esmagou a Terra. Era muito antes dos avós dos avós dos meninos, era no começo dos tempos. A humanidade esteve por um fio: podia ter sido o fim do mundo. Nessa época, o céu ficava muito longe da Terra, mal dava para ver seu azul. Um dia, ouviu-se trovejar, com estrondo ensurdecedor. O céu começou a tremer e, bem devagarinho, foi caindo, caindo. Homens, mulheres e crianças mal conseguiam ficar em pé e fugiam apavorados para debaixo das árvores ou para dentro das tocas. Só coqueiros e mamoeiros seguravam o céu, servindo de esteios, impedindo-o de colar-se à Terra. Talvez as pessoas, apesar do medo, estivessem experimentando tocar o céu com as mãos... Nisso, um menino de cinco anos pegou algumas penas de nambu, “mawir”, na língua tupi-mondé dos índios ikolens, e fez flechas. Crianças dos ikolens não podem comer essa espécie de nambu, senão ficam aleijadas.
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Atividade complementar
Separe a sala em duplas. Cada dupla deve pesquisar uma lenda do folclore brasileiro para apresentar para os seus colegas. A apresentação deve ser feita em cartolina e deve conter a origem da lenda, a história contada e ilustrações.
Disponha os estudantes em roda para a apresentação dos trabalhos. Enquanto um estudante da dupla conta a história para os seus colegas, o outro estudante deve enriquecer o relato com sons e ilustrações. Se possível dê exemplos de contadores de história para enriquecer o repertório dos estudantes.

Era um nambu redondinho, como a abóbada celeste. O céu era duríssimo, mas o menino esperto atirou suas flechas adornadas com plumas de mawir. Espanto e alívio! A cada flechada do garotinho, o céu subia um bom pedaço. Foram três, até o céu ficar como é hoje. Antes de o céu subir para bem longe, os ikolens podiam deixar a Terra e ir morar no alto. Iam sempre que ficavam aborrecidos com alguém, ou brigavam entre si, e subiam por uma escada de cipó. Gorá, o criador da humanidade, cansou de ver tanta gente indo embora e cortou o cipó, para a Terra não se esvaziar demais.
MINDLIN, Betty. Revista Prosa, Verso e Arte. Disponível em: <https://www. revistaprosaversoearte.com/3-contos-indigenas-para-mostrar-outra-visao-de-mundo-ascriancas/> Acesso em: 1/08/2021.
1 Reúna a sua família e leia novamente a lenda indígena “O céu ameaça a Terra”.
2 Grife as palavras, no texto, que você não conhece. Pesquise o seu significado e anote os resultados no caderno.
3 Identifique o povo indígena citado no texto e faça uma pesquisa sobre ele.
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Converse com os estudantes sobre a organização social das tribos indígenas. Nas aldeias não existem classes sociais, e todos são tratados da mesma forma. O trabalho é executado por todos, mas há distinção de idade e sexo. O pajé exerce a função de sacerdote; ele é o intermediário entre o mundo espiritual e a tribo; ele também exerce a função de curandeiro, pois conhece as ervas que curam doenças. O chefe da tribo é o cacique; é dele o papel de guiar e orientar os outros integrantes da aldeia.
A educação das crianças é prática, e eles aprendem olhando os mais velhos na execução das tarefas. Em muitas tribos, quando as crianças atingem os treze ou catorze anos, é realizado um ritual de passagem para a vida adulta.
Oriente os estudantes na realização da atividade pedida. Muitas palavras presentes no texto não podem ser encontradas nos dicionários, nem numa busca pela internet. Converse com eles sobre esta possibilidade e peça para eles anotarem as palavras que não encontrarem o significado para discutir com a classe e descobrir juntos o que elas significam.
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Sugestão para o professor
O documentário Piripkura retrata a busca pelos últimos indígenas da tribo piripkura no Mato Grosso que conseguiram escapar de um atentado que matou grande parte dos seus parentes. Direção de Mariana Oliva, Bruno Jorge, Renata Terra, 2017, duração: 1h22.
O reconhecimento das terras pertencentes às comunidades quilombolas é muito importante para a manutenção deste meio de vida e o resgate cultural de suas tradições.
O plantio de mandioca, banana, feijão, arroz, cana e hortaliças é uma das atividades principais destas comunidades. A mandioca é processada de forma artesanal para a produção de farinha e de goma, utilizada na confecção do beiju. A grande maioria dos alimentos produzidos pela comunidade serve para o consumo próprio; o excedente é comercializado em feiras e nas proximidades do quilombo. A troca de mão de obra entre os membros da comunidade é frequente e pode ser acompanhada de festejos no final do dia.
A cultura quilombola é muito rica e preserva elementos da cultura africana, como o tambor, a música, as danças e alguns aspectos da religião.
Comunidades quilombolas
Outra importante comunidade tradicional brasileira é formada pelos quilombolas. Você já ouviu falar deles?
Os quilombolas são remanescentes de negros que foram escravizados no passado, durante a colonização do nosso país. Esses povos resistiram à escravidão e fugiram para refúgios que eram chamados de quilombos, por isso receberam esse nome.
Assim como ocorre com as populações indígenas, os quilombolas vivem uma vida mais harmônica com a natureza. No Brasil, estima-se a existência de mais de três mil comunidades quilombolas, dispersas por diferentes estados, que reivindicam o direito à propriedade da terra onde vivem e da qual tiram sua subsistência. As comunidades quilombolas também preservam sua cultura, com celebrações, artesanato e culinária.
1 Você já tinha ouvido falar dos quilombos? Pesquise mais na internet a respeito e depois converse mais com a turma sobre: a) A história de formação dos quilombos. b) Como é o modo de vida atual das comunidades quilombolas. c) Como é a relação dos quilombolas com a natureza.

CADU DE CASTRO/PULSAR IMAGENS
Crianças e adolescentes dançando carimbó no Instituto Laurinda Amazônia, na comunidade quilombola de Mangabeira, município de Mocajuba, PA, 2020.. Casas de madeira na comunidade quilombola de Uxizal, Mocajuba, PA, 2020.

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Sugestão para o professor
O livro Torto arado, de Itamar Vieira Junior, é um romance que retrata a vida de uma família logo após o fim da escravidão e as dificuldades encontradas por esta população. São Paulo: Todavia, 2019. 264 p.
O documentário Inventário cultural de quilombos do Vale do Ribeira, parte 1, produzido pelo Instituto Socioambiental, retrata o modo de vida destas comunidades. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dS7kSj3VzhI&ab_channel=InstitutoSocioambiental>. Acesso em: 13 ago. 2021.
2 Você percebe alguma semelhança entre o estilo de vida dos quilombolas e o dos povos indígenas?
Espera-se que os estudantes respondam que, assim como os povos indígenas, os quilombolas vivem em contato direto com a natureza, extraindo apenas os recursos necessários para preservar sua cultura e garantir a sua sobrevivência.
Atualmente, existem diversos quilombos distribuídos por todo o Brasil. Observe na tabela abaixo os estados com a maior concentração de comunidades quilombolas.
Observe o mapa e responda as perguntas:
3 Você sabe o que representam as siglas presentes no mapa?
E os números?
Brasil: comunidades remanescentes de quilombolas por estado
RR AP
245 653
EQUADOR 138
CATCHA DESIGN
AC AM
RO
OCEANO PACÍFICO
Comunidade de Quilombos remanescentes
718 a 653 OCEANO275 a 245 PACÍFICO 138 a 122 86 a 22 13 a 8 0
PA
MT TO
GO DF
MS
RS PR SP
SC MA
PI
BA CE RN PB PE AL
SE
MG
RJ
718
ES
OCEANO ATLÂNTICO
TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO 275
50º 122
0 420 km The Intercept. Disponível em: <https://theintercept. com/2017/05/12/em-plenoseculo-xxi-quilombolas-ainda-temque-lutar-por-direitos-basicos/>. Acesso em: 8 jun. 2021.
As siglas representam os estados brasileiros, e os números representam a quantidade
de quilombos por estado.
2. Converse com os estudantes sobre as diferenças culturais que existem entre essas duas populações. Apesar de ambas estabelecerem um modo de vida integrado com a natureza, a organização social, os costumes e a religião são diferentes.
Oriente os estudantes na leitura do mapa. Peça para eles analisarem atentamente todos os elementos que o compõem, como o título, a legenda e as siglas, e números que aparecem dentro do mapa. 3. Espera-se que os estudantes percebam que as siglas presentes no mapa são abreviaturas dos nomes dos estados que estão representados. E os números representam o número de comunidades quilombolas por estado. Se eles tiverem dificuldade para responder esta questão, aponte para eles o título do mapa para facilitar a interpretação.
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Sugestão para o professor
O documentário Inventário cultural de quilombos do Vale do Ribeira, parte 2, produzido pelo Instituto Socioambiental, retrata o modo de vida destas comunidades. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qGgkzwYG4aA&ab_channel=InstitutoSocioambiental>. Acesso em: 13 ago. 2021.
O filme Ganga Zumba retrata a história do líder do quilombo dos Palmares. Direção de Cacá Diegues, 1964, duração: 1h40.
4. Esta questão pretende trabalhar com a interpretação dos elementos que compõem o mapa. A gradação de cores é muito utilizada para ajudar na visualização de quantidades. 5. Espera-se que os estudantes percebam que os estados que foram pintados com cores mais fortes representam uma maior concentração de comunidades quilombolas. A cor cinza é utilizada para representar a ausência de dados sobre aquele estado. As cores mais claras representam uma menor concentração. 6. Espera-se que os estudantes utilizem o espaço em branco da página para desenhar algum aspecto cultural destas comunidades. A cultura abrange uma série de características, como a alimentação, a moradia, o habitat e os modos de realizar determinadas tarefas. Oriente os estudantes sobre todas as características que contemplam estes modos de vida para enriquecer o repertório deles. 4 Observe as cores no mapa. Como essas cores foram utilizadas?
O que elas demonstram?
As cores mais escuras representam maior concentração dessas comunidades, e as
5 Onde é possível observar a maior concentração de comunidades quilombolas? E a menor?
A maior concentração está na Bahia (718), e a menor, na Amazônia (8)
e em Rondônia (8).
6 Você deve ter percebido que cada comunidade tradicional tem seus próprios hábitos, costumes e culturas. Com base nos seus conhecimentos e no que você estudou até o momento, faça um desenho no espaço abaixo representando o estilo de vida de algum desses povos.
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Atividade complementar:
Assista com a classe ao documentário Nossa cultura: Comunidades quilombolas, produzido pelo Governo da Bahia. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3w6lKYOnfU&ab_channel=GovernodaBahia>. Acesso em: 13 ago. 2021.
Depois de assistirem ao documentário, forme uma roda de discussão com os estudantes sobre as descobertas e curiosidades do vídeo.
A culinária da resistência cultural
A resistência quilombola insinua-se na culinária
Frango caipira com mamão verde. Farofa de taioba com ora-pro-nóbis. Carne de jaca verde. Farofa de ostras. Suco de pupunha. Café com garapa. Essas e outras iguarias gastronômicas quilombolas tradicionais da região do Vale do Ribeira integram o livro Quilombo na cozinha, lançado domingo (27/08) num almoço com a presença de quilombolas e outras 120 pessoas, em São Paulo. Estavam representadas cinco comunidades quilombolas do Vale do Ribeira: quilombos André Lopes, Ivaporunduva, Sapatu, Mandira e São Pedro. [...] “O livro de receitas é bom pra restaurar a nossa cultura e ajudar a desenvolver várias receitas da nossa comunidade”, diz Maurício Pupo, liderança do quilombo André Lopes, no município de Eldorado.
Outras palavras. A resistência quilombola na culinária. Disponível em: <https:// outraspalavras.net/blog/e-a-resistencia-quilombola-chega-a-culinaria/> Acesso em: 2/08/2021.
1 No texto anterior, você leu sobre um livro de receitas de comunidades quilombolas, que serve para preservar a memória do povo. E na sua casa, há alguma receita que guarde a memória da sua família?
Pesquise em casa e traga a receita na aula seguinte.
Conte aos seus colegas por que essa receita é importante para a sua família.
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Uma das formas mais presentes da cultura no nosso cotidiano é a alimentação. A comida típica de uma população está intimamente ligada ao modo de vida desta comunidade. Quando traçamos a história dos ingredientes presentes na comida cotidiana, podemos estabelecer sua origem e a forma com que este alimento chegou até nós, evidenciando os fluxos migratórios que aconteceram ao longo do tempo.
A culinária brasileira é marcada pela influência dos indígenas, dos negros e dos portugueses. Atualmente, com a globalização, temos acesso a todos os tipos de ingredientes presentes no mundo, mas a comida do cotidiano ainda guarda a memória destes povos na sua composição.
Quando viajamos para outras regiões, sempre podemos nos surpreender com a comida tradicional de cada local. Esta variação tem origem nas diferenças de recursos naturais disponíveis em cada região e o processo de ocupação daquele determinado território.
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Atividade complementar
Peça para os estudantes escolherem sua comida preferida para pesquisar a origem de seus ingredientes e de que forma eles chegaram ao território brasileiro.
Organize uma roda de conversa para eles revelarem suas descobertas. Se possível aponte em um mapa-múndi o que os estudantes forem relatando.
As comunidades tradicionais são formadas por grupos de pessoas que compartilham uma cultura diferenciada, e seu modo de vida está intimamente relacionado com o território. Esse modo de vida é constituído por técnicas e tradições que são transmitidas de geração em geração.
Começando pelos indígenas, que já habitavam o território do Brasil, muitos outros povos desenvolveram uma relação única com o território que ocuparam, como no caso dos quilombolas, seringueiros, quebradeiras de coco-de-babaçu, caiçaras, jangadeiros, ribeirinhos, sertanejos, castanheiros, comunidades de fundo de pasto, faxinalenses, marisqueiras, pescadores artesanais, varjeiros, praieiros, ciganos, açorianos, campeiros, vazanteiros, pantaneiros, catingueiros, entre outros.
As formas de utilizar e se relacionar com o meio ambiente variam de acordo com a localização da comunidade tradicional e os recursos de que ela dispõe. Uma delas é o extrativismo, em que a comunidade coleta em ambientes naturais produtos de maneira sustentável.
Apesar de ocuparem estes territórios há muito tempo, ainda hoje acontecem muitos conflitos para que se tenha a demarcação das terras registrada e respeitada. Além dos problemas encontrados para legitimar estes territórios, as condições históricas deixaram esta população com pouco acesso a políticas públicas de desenvolvimento, com o agravamento de serem alvos de discriminação e ameaças.
Uma das formas de combater estes preconceitos e reconhecer os direitos destes povos é conhecê-los e valorizá-los como agentes ativos da nossa história e da preservação do meio ambiente. 84
Povos que vivem das águas: caiçaras e ribeirinhos
Além das comunidades indígenas e quilombolas, há no Brasil uma série de outras populações que são classificadas como comunidades tradicionais, que se organizam para preservar a sua identidade cultural coletiva e a memória dos antepassados. Entre todas estas, destacamos os povos que vivem das águas salgadas e doces: os caiçaras e os ribeirinhos.
JOA SOUZA/SHUTTERSTOCK Caiçaras puxando redes de pesca em Salvador, BA, 2021.. Os caiçaras são os povos tradicionais que habitam o litoral brasileiro. Essas comunidades são formadas por uma população miscigenada, que carrega herança dos indígenas, negros, africanos e europeus. Para esse povo, a relação com a natureza é fundamental. Sua subsistência vem principalmente do mar, por meio da pesca.

Moradias de ribeirinhos nas margens do Rio Madeira, Humaitá, AM, 2019.. Os povos ribeirinhos são aqueles que vivem à beira dos rios e também dependem das águas para a sua sobrevivência, principalmente com a pesca artesanal. A região amazônica abriga uma boa parte das comunidades ribeirinhas. Por causa disso, os ribeirinhos acumulam grandes saberes sobre a floresta e suas riquezas.
JAMES DAVIS PHOTOGRAPHY/SHUTTERSTOCK

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1 A partir do que você observou nas fotografias, responda: qual é a principal diferença entre os caiçaras e os ribeirinhos?
Os caiçaras vivem no litoral e dependem do mar para a sua sobrevivência. Já os
ribeirinhos vivem às margens dos rios e dependem destes para a sua sobrevivência.
Descobrindo a ciência e a tecnologia
Ciência e saberes indígenas
Quando falamos em ciência, geralmente pensamos na imagem do cientista em um laboratório. No entanto, você sabia que a ciência também é praticada no cotidiano de diferentes povos? Entre os povos indígenas, por exemplo, há uma série de conhecimentos passados de geração em geração.
Os povos indígenas possuem saberes tradicionais de sua experiência cotidiana de contato com a natureza. Um desses saberes são os chamados “remédios do mato”. Você já tinha ouvido falar neles? Os remédios do mato são feitos com plantas que possuem substâncias eficazes no tratamento de dores e doenças. Podemos citar como exemplo a sálvia, uma planta muito utilizada no combate de vírus e bactérias. Outro exemplo é a babosa, que é eficaz no tratamento de gripe, inflamação, gastrite, queimaduras. • Faça uma pesquisa e descubra outros remédios do mato utilizados pelos povos indígenas. Registre em seu caderno o nome da planta e para que ela é utilizada. Depois, compartilhe sua descoberta com os colegas.
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Descobrindo a ciência e a tecnologia
Escreva na lousa uma lista contendo a relação de todas as comunidades tradicionais do Brasil.
Peça para os estudantes formarem grupos de trabalho e escolherem um desses povos para pesquisar. Organize de forma que cada grupo escolha uma comunidade diferente das outras.
O objetivo da pesquisa é criar uma apresentação para os colegas, que deve conter: a origem desta comunidade, quais são as principais características culturais que eles partilham, como esta comunidade se relaciona com a natureza, caracterizar a paisagem onde a comunidade escolhida está inserida, se ela possui direitos sobre o território que ocupa, qual é a situação atual desta população e qual é a principal dificuldade que ela enfrenta.
Oriente os estudantes a utilizarem mapas e fotos desta população, da paisagem e de algum objeto, alimento ou técnicas produzidos por eles. Se houver recursos audiovisuais, é necessária a combinação prévia com o professor para que ele possa disponibilizar este recurso.
Organize a sala em roda para a apresentação dos grupos. Um de cada vez eles devem apresentar o seu trabalho para os colegas. É importante dividir o tempo entre os grupos e separar um momento para a troca de curiosidades e dúvidas.
Esta unidade pretende trabalhar com o consumo consciente e formas de praticá-lo, como o descarte adequado dos resíduos sólidos, a redução do consumo, a reutilização do que já temos e a reciclagem como destino final do que pretendemos jogar fora.
Pretende-se que os estudantes compreendam a importância dos recursos hídricos, sua utilização em atividades humanas e formas mais sustentáveis do uso da água. Esta unidade também vai explicar como é feita a utilização da água para a geração de energia e a importância do saneamento básico, para garantir uma maior qualidade de vida para a população, bem como diminuir a poluição dos cursos de água. O estudante vai ser apresentado para as principais bacias hidrográficas do Brasil e a importância destes cursos de água para o país.
Para tanto o estudante deve conhecer previamente os impactos das atividades humanas na paisagem.
O MEIO AMBIENTE E A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA

Rio Tietê, São Paulo, SP, 1905.
GUILHERME GAENSLY/INSTITUTO MOREIRA SALLES: MAURÍCIO SIMONETTI/PULSAR IMAGENS

Rio Tietê, São Paulo, SP, 2020.
Anteriormente, vimos que as atividades humanas são responsáveis por modificar as paisagens, gerando impactos negativos sobre elas. Um dos problemas que afetam as paisagens é a produção do lixo e a poluição dos rios. Nesta unidade, vamos estudar justamente sobre esses assuntos! Juntos, vamos identificar esses problemas e refletir sobre possíveis soluções para cada um deles.
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PNLD2023-GEO3U4LA.indd 86 Objetivos da Unidade • Compreender o que é consumo consciente. • Analisar a melhor forma de destinar os resíduos sólidos. • Entender como reduzir, reciclar e reutilizar pode contribuir para a sustentabilidade. • Compreender como utilizamos a água no nosso cotidiano. • Entender os diferentes usos da água nas atividades humanas. • Pensar em maneiras mais sustentáveis de utilizar a água. • Analisar como a falta de água afeta a vida das pessoas. • Compreender como funciona o sistema de geração de energia pela água. • Entender a importância do saneamento básico. • Compreender a importância da preservação das águas. • Entender as principais bacias hidrográficas brasileiras. • Analisar os mapas das bacias hidrográficas brasileiras. • Aprender formas sustentáveis de utilizar a água.
1 As fotografias retratam o mesmo rio? Que rio é esse?
2 A forma como as pessoas usam esse rio nos dias atuais é a mesma do passado? Explique.
3 Houve algum problema ambiental? Qual das imagens mostra isso?
As duas fotografias retratam o rio Tietê.
Não, pois no passado as águas eram utilizadas para atividades recreativas. Agora, devido à poluição, as pessoas não têm mais a mesma relação com o rio.
Sim, a poluição das águas. Podemos observar esse problema na segunda fotografia.
NESTA UNIDADE, VOCÊ VAI ESTUDAR
• O DESTINO DO LIXO. • OS 3RS DA SUSTENTABILIDADE. • A IMPORTÂNCIA DAS ÁGUAS. • A USINA HIDRELÉTRICA. • A POLUIÇÃO DAS ÁGUAS. • OS RIOS BRASILEIROS.
Oriente os estudantes a observarem atentamente as fotografias presentes na Abertura da Unidade. Converse com os estudantes sobre a formação das cidades ao redor de cursos de águas, e como esta característica era importante para a fixação da população nestes locais. 1. Espera-se que os estudantes percebem que as fotografias retratam o mesmo cenário com uma diferença de mais de um século entre si. É importante que os estudantes percebam o impacto das atividades humanas sobre os recursos hídricos. 2. Espera-se que os estudantes percebam que o rio Tietê já foi utilizado para atividades recreativas, como o clube de regatas presente na primeira fotografia. Atualmente o rio é extremamente poluído e é utilizado como um esgoto a céu aberto. Algumas iniciativas estão sendo feitas para limpar o rio Tietê, porém a falta de saneamento em alguns bairros na proximidade do rio torna esta tarefa muito difícil. 3. Espera-se que os estudantes percebam que a poluição das águas é um grande problema ambiental, e que este fato está evidenciado na fotografia que mostra o rio Tietê nos dias atuais.
PNLD2023-GEO3U4LA.indd 87Na BNCC Habilidades: EF03GE06 / EF03GE08 / EF03GE09 / EF03GE10
Competências gerais: 1, 2, 6, 7, 10; Competências de Ciências Humanas: 2, 3, 5, 6, 7; Competências de Geografia: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7. 87
Unidades temáticas: 12/08/21 20:50 • Formas de representação do pensamento espacial. • Natureza, ambiente e qualidade de vida.
Objetos de conhecimento:
• Representações cartográficas. • Produção, circulação e consumo. • Impactos das atividades humanas.