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O BAQUE
Quando chove ou quando esfria E quando a grana é apertada
Lembro dela, minha Mãe, dos seus carinhos Na espera pelo fim da madrugada.
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Como pude, Deus do céu, cair assim Tão fundo e torto e também desajeitado No buraco fedorento que há em mim?
Entre duas correrias, um esforço: Recomponho minha vida novamente.
Lembro dela, minha Mãe, mulher valente Caio louco na sarjeta desgraçada.
Saio em busca de uma vida que sumiu. Viro a quadra outra vez, lá vem o risco. As palavras pelo avesso, engasgadas.
As feridas pelo corpo espalhadas Sou a placa que anuncia o próprio fim O maluco que me vê já sente o baque no ósculo dos incômodos revelou-se discretamente o crepúsculo de nossas rezas e um novo formato aos gastos caminhos sagrados que levavam ao desígnio dos dias a porta aberta, talvez uma vida apenas o ribombar do som furioso em sua passagem dirá com certa destreza se em algum momento saberemos o esconderijo dos espaços menos opacos que povoam as certezas da madrugada não seria curioso saber aonde andam os pecados?
Amanhã será também um trapo assim.