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amêndoas do tempo
a tarde mergulhou alta em você despencando no meu colo suas pestanas choradas o ar empoçado entorna devagarinho a lembrança costurada de mãos que voam alto enrolando em caracol seus cabelos lembro do teu velho dilúvio lúdico que veio num postal escrito na solidão de tuas mãos e ressoa aqui como os temporais cá na beira da estante entre um e outro postal dos nossos começos a noite cai nas horas do céu levando as amêndoas doadas de um dia lavando os segundos da nova horinha aos olhos da madrugada as águas do dia escorrem na pia sem pingar mais chorados pois tratou dos lembrados num gole só o toalete de chão verde continuará gelado e nosso café de colher com amoras. ah, as amoras... ah, as amêndoas .. deixo pra colher em outra tarde quando os ventos respirarem breves quando os alentos repousarem leves. [a ranhura da porta não vai mais me acordar].
Joana Hime
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, carioca, produtora artística, letrista e poeta. Graduada em jornalismo e mestra em Letras pela PUC – Rio.
face palmilhar as entranhas da noite a cada estrela moça grávida de céu fronteira do infinito ponto a pulsar a asa da representação no germe do ínfimo poema a palavra prenhe de universo há enigma no pólen das palavras abro a caixa de viver meu espírito vem só minha consciência vaga uma língua morta fico a entretecer o tempo matéria palpável fio a fio erigir a face do engenhoso enigma trama do imprevisível nome: face esfinge face luz faz-se o verso explode das mãos uma galáxia o sentido inverso de uma lâmina só faca a carne que rasga e sangra o poema que sangra e mata