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RESISTÊNCIA
a fome –ave de rapina –A fuligem que se desprendia no ar floculava em alvas penas: galo surrado e proletário. Cabisbaixa-se: centenas de milhares de decibéis agudos e metálicos e inflamáveis parecem oprimir o seu canto. O galo fita a paisagem monocromática com seu orgulho ferido e engasga. Um vultoso acúmulo de ar precede a explosão de seu canto de seu berro sua lamúria. Seria seu canto desnecessário? Antifuncional e contraproducente?
Colares E Badulaques
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Incontáveis decibéis atmosferam-se enquanto o inútil, quase inaudível canto do sujo galo surrado sopra fiapos de cores ao vento.
Anderson Antonangelo te dou todas as conchas de meu colar quando me faço mulher e mãe quando enceno as estórias de outras e me empresto como quem doa em troca de nada e de ninguém em troca de dar em suas mãos os meus colares e badulaques as conchas que vibram meu peito caem e caminham por outras mãos para deitar nas suas linhas traçadas de destinos é quando exponho a palma da minha mão e leio seu nome e nossos apelidos secretos leio os sertões de sua sede e minhas mãos ficam suadas enchente de sudorese excessiva porque te dou todas as conchas sendo manto de proteção aos animais juntando os cristais de carbonato de cálcio porque estudo e leio suas complexidades quando chora me vendo cantar e em cada concha e canto que faço é seu nome que está escrito estampado em meu peito é seu nome na minha garganta que te devolvo em troca de nada e de ninguém. nasceu em 25 de novembro de 1983, é formado em jornalismo e cursa letras. É professor da área de língua portuguesa atualmente.
Pedro Bomba
O utopista
ainda não é o outro lado, só mais adiante onde a luz não alcança e por isso nosso medo agora sem saber se no escuro há abismo ou espelho
(para Eduardo Lacerda) Vejo a poesia espalhada pelo caminho dos ventos, pelos meus olhos atentos, pela cidade asfaltada. Outro dia de folia, em que um homem é arcano de seu destino profano de se fazer melodia. Com a corda no pescoço e os dois pés na corda bamba se equilibra o utopista. Aos poucos ergue um colosso que em tinta e papel descamba –é o sonho que aqui se avista.
Andréa Catrópa nasceu na cidade de São Paulo em 1974. É doutora em Teoria Literária e publicou o livro de poemas Mergulho às avessas (Lumme Editor : 2008).
Teofilo Tostes Daniel multimidiática e eletrônica.
O carioca Teofilo Tostes Daniel é autor de Trítonos –intervalos do delírio (Patuá, 2015) e Poemas para serem encenados (Casa no Novo Autor, 2008). Mora em São Paulo, onde vive, lê e escreve.
(Editora Patuá –ProAC).
Autora do livro Passos ao redor do teu canto nasceu em São Paulo em dezembro de 1982.
Seu foco principal é trabalhar a linguagem
“o prazer do con_texto.” e editora, o mesmo resultado obtido em sala de aula: mas precisou ir além: hoje, busca na carreira de escritora
Maria Carolina De Bonis é nascida em São Paulo.
Ministrou aulas de Literatura Brasileira por quase 20 anos
PUC/SP , Sociologia e Política/ USP, e Ontopsicologia em SC.
O desejo desse desejo Outra vez.
Fiar invisível e minúsculo
Estudou Letras em Lorena, Comunicação e Semiótica na
Sílvia Schmidt
Sem quem aprenda a ficar sobre as rendas
Numa voz sem silêncio
Calo e escuto o poço me afundo teu meu amor líquido.
Ao que não se esconde em ficção.
Após perder-te Entrego tudo não escrito/vindo: à [penas desejos dispersos ao léu a consciência livre do poema
A ânfora com os líquidos Entregues ao mar.
Assim ao caminho carregar o verbo jogado ao céu da boca
Das páginas que viravam sozinhas vazios -sem texto
De um verso que li e esqueço aqueles riscos em papel origami
Aprendi a contemplar o náufrago foram parar no lixo
Da lua maia sem der ramá-la circunscritos pela Penalux, “Tudo é Beija-Flor”, escreve regularmente no blog: www.vestesdepalavras.blogspot.com) pela Gryphon Edições em 2015 e lançou em janeiro de 2016, em 2011, participou da antologia poética “Juiz de Fora ao Luar” no livro de poemas “Exercícios de Olhar” editado pela FUNALFA
Literária pela Universidade Federal de Juiz de Fora, coautora
Universidade do Vale do Sapucaí e pós graduada em Teoria
(Lázara Dulce Ribeiro Papandrea, graduada em História pela ao sal dos tempos.
(Patuá, 2013) e Vão dos bichos (Patuá, 2015).
É autora dos livros O que esperar de uma flor amarela?
Lázara Papandrea nasceu em Vitória, Espírito Santo, em 1991.
Izabela Orlandi de areia
Como uma hera que se dilui
Penso-a ali presa aos ruídos do que flui só vontade e o peito coberto e sangue de ventos batidos. nem nome nem beleza com gosto de cascatas olho cego, cavas vagas
Penso a pedra aprumada
Estática, desarrumada não tinha treva nem cama
Ventrículo do nada sua boca cobria o grito depois que gritava
Penso a pedra, pálida Partícula de tudo cobria seus pés
APedra ângela não levantava da areia