1 minute read

4 CENAS DO CÃO ANDALUZ

I por que um cão sangrento atravessa-nos à noite e reduz a lua com seu brilho no esgoto numa parca brancura disforme moldada ou uivo do mal agouro encarcerado/ sombra desfragmentada num osso de nossa própria (in) existência as vísceras repugnantes à mostra para consumo da matilha e suas fartas mandíbulas.

II

Advertisement

O ventre exaurido do parir eterno constante: palavras, palavras, versos desarticulados/ disformes e tão orgânicos.

Leandro Rodrigues

é professor de literatura e poeta em Osasco-SP, onde nasceu em 06/01/1976 e ainda hoje reside. É casado e tem um filho. Já publicou poemas em quase todos os principais sites e revistas literárias do país.

III costumeiramente rasgados no cordão arrancado com navalha fria, afiada bem trabalhada.

IV no rescaldo de tudo o cão - o grito se deita - carne viva restos da pelagem moldura mórbida estática da sala de jantar imponente com seus móveis discretamente apoiados em calços vermelhos e nas sombras tortas desfocadas de todos aqueles animais mortos da família – empalhados o sangue que ainda respinga pisado.

Poema da meia-noite

Mara Senna

é autora de Luas Novas e Antigas (edição da autora, 2009). Ensaios da Tarde, (Editora Coruja, 2012) e Eternidades na palma da mão (Editora Patuá, 2015).

Na passagem de um dia para o outro, fiquei presa na fresta que existe entre o desejo e a festa.

This article is from: