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A DEUSA

Quando deus adormeceu ela tomou conta de tudo Deusa para todo serviço lava, passa, cozinha, dá referência

Enquanto ela ordena o mundo cuida do código camponês e traduz o chão, o mar começa a ser mar dentro dela

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Úmida para servir, ela fala com peixes brotam-lhe escamas Na cama vê o dia aparecer sem projeto ou esboço

Para ela a vida se desenha naquilo que se chama fundo do poço

Ana Maria Lopes carioca de nascença e candanga de coração. Poeta por ofício e jornalista de profissão. Dois livros publicados – Risco e Conversa com Verso – e muita participação em jornais e blogs. o passar inexorável do tempo sempre inútil [ou imóvel] me tirou a pressa: observo [nas linhas esculpidas pela troca de carícias entre os ventos e a pele] meu breve enternecer

Déa Paulino

Nasci em Itapetininga, no interior de SP, e cresci nômade. Sou bailarina, coreografo [entre]linhas em publicações digitais há mais de dez anos e guardo em mim a visão dos corpos de baile dispostos nas estantes de inúmeras visitas a bibliotecas públicas nas quais ensaiei os primeiros elevés, que traziam os livros para o alcance das minhas mãos. Retiro das coxias os poemas que pretendo abandonar no palco, para que finalmente deixem de ser meus.

Caminho pelas ruas pedindo licença por ser mulher

Caminho pela casa da mãe pedindo licença por ser triste

Caminho entre os amigos pedindo licença por ser criança

Caminho entre os amores pedindo desculpa por ser simples

E no arrebol, quando o coração em claroescuro desdobra e acelera em trottoir

Coloco meu casaco ocre, busco na noite pés pra caminhar.

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