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Peripoética
(in Fábrica de Carapuças)
Nunca confie num poeta de quinta que se reputa conhecedor da poética.
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Se realmente conhece a matéria e ainda assim não é poeta que presta, falta-lhe caráter. Ética.
Ana Beatriz Domingues
lê pouco, gosta de lichias geladas e contempla o lusco-fusco com olhos de gavião.
eu me acuerdo de ti quando impiedosamente arrancávamos pedaços daquela parede cor de gin quando eu lentamente perdia as unhas, tentando em vão descascar lichias sem machuca-las aquela casa errada; e teu pedido de adiamento da renovação do aluguel agarrada ao vaso de jibóias, menos cobras que o nosso amor fast food e a saliva pouca de um sexo quase automático chá preto descafeinado e alguma poesia torta de hilda ou ana as que me traziam dúvidas, claro a pela cerca mas tão longe feito aquele samba em irajá como desejava uma samambaia antiga sem ter que podar uma folha sequer apenas observar seu crescimento expansivo dizendo “olha pra mim, porra!” e você não olhava tampouco percebia a calcinha nova ou a depilação meticulosamente feita prum valentine’s day barato naquele motel em vila isabel ou a memória de nós duas, tão carregada de ausência e daquele sorriso magro