Canino branco, de Jack London

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Depois de várias experiências, Canino Branco não parava mais sem ser ordenado. Era de sua natureza aprender rápido. Mas os

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cães não aprendiam a deixá-lo em paz no acampamento. Cada dia passado em perseguição a ele servia para apagar a lição da noite anterior, que teria que ser aprendida novamente na noite seguinte e assim por diante. Mas havia uma lição que os cães aprenderam: manter-se juntos. Canino Branco era terrível demais para qualquer um deles sozinho. Desafiavam-no em massa, do contrário ele mataria todos, um por um, em uma noite. Atacando juntos, ele não conseguia matá-los. Podia derrubar um deles, mas o resto do bando cairia sobre ele antes que pudesse continuar e desse sua mordida fatal na garganta. Ao primeiro sinal de conflito, todo o bando se juntava para enfrentá-lo. Os cães tinham suas disputas entre si, mas estas eram esquecidas quando o problema envolvia Canino Branco. Por outro lado, por mais que tentassem, não conseguiam matar Canino Branco. Ele era rápido, formidável e esperto demais para eles. Evitava locais apertados e sempre recuava quando encontrava o bando prestes a cercá-lo. Quanto a derrubá-lo, não havia cão entre eles capaz de tal feito. Suas patas se agarravam ao solo com a mesma tenacidade com que ele se agarrava à vida. Pois, na guerra interminável contra a matilha, o solo e a vida eram sinônimos. Desse modo, tornou-se o inimigo da sua própria espécie, aqueles lobos domesticados amaciados pelas

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