SeLecT Nº 18

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“Mas penso que uma parte deveria ir, outra deveria ficar em uma instituição paulista e ter uma circulação em outras entidades nacionais e internacionais. A Fundação Vera Chaves Barcellos é uma iniciativa privada. O Hud deve estar presente em coleções públicas diversas”, disse ele à seLecT. Enquanto vários amigos defendem a ideia de uma associação e insistem na necessidade da catalogação da obra para que se evitem sumiços, falsificações e dispersões, a família empresta obras para exposições e aos poucos se desfaz de parte do acervo, seja fazendo doações, como a que fez este ano para o MAC-USP, seja autorizando vendas. Quando isso acontece, restam nas paredes do apartamento as marcas brancas e os números, testemunhando a catalogação que, diligentemente, Ramiro e Adelaide, com dois alunos dele, começaram a fazer. “Grande parte da sua obra já foi catalogada por ele mesmo”, disse Ramiro,

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JUN/jul 2014

“pelas qualidades arquivísticas que a boneca tinha.” Uma grande preocupação de Hudinilson Jr., compartilhada por vários dos seus amigos, era de que a família empacotasse e escondesse uma parte importantíssima de sua obra, em particular os chamados Cadernos de Referência, em que ele colava recortes de jornais e revistas, bilhetes e cartas, desenhos e fotos homoeróticas, surubas e sadomasoquismo, entre outros conteúdos. São mais de cem Cadernos, em tamanhos variados. Ricardo Resende conta que trabalhava com Hudinilson no projeto do livro e de uma grande exposição desde 2003. “O Hudinilson não só tinha conhecimento como era o seu maior sonho: um livro e uma exposição em vida. O livro está encaminhado. A exposição, não. A exposição tentamos com duas instituições no ano passado, mas o curador de uma delas não queria lidar com o artista. O outro foi lacônico na resposta, não demostrando interes-


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