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PAGAMENTO

FUTURO DO DINHEIRO: NO QUE APOSTAR?

Previsões e opiniões sobre o futuro do dinheiro não faltam. Desde especialistas até o seu Zé da padaria: todos querem dar um palpite sobre como, afinal, nós pagaremos pelas coisas nas próximas décadas - e no que devemos investir.

Também não é de hoje que grandes mudanças acontecem nas relações comerciais. Desde os tempos mais longínquos até hoje, já houve grandes revoluções nas “moedas de troca”: escambo, ouro, prata, papel, moeda, cheques, cartões, e tantos outros, até chegarmos nos meios de pagamento digitais e suas variações.

Fato é que nos adaptamos bem até aqui às disrupções do dinheiro. Mas, por que quando falamos do futuro, temos receios em relação a assuntos como criptomoedas? O que podemos projetar, de fato, a respeito do novo comportamento de pagamento do consumidor?

Bem, vamos lá. Essa é uma longa discussão, e nos resta fazer um recorte sobre por que ela é relevante e, nesse mar de possibilidades, como escolher as tendências onde concentrar esforços.

Big picture: para onde estamos caminhando

É inegável que o e-commerce obteve uma performance de brilhar os olhos nos últimos dois anos: foi a solução perfeita para uma situação atípica que mudou para sempre nossa relação com o meio digital.

Conjuntamente, a tecnologia financeira nunca esteve tão acelerada. Só em 2021, surgiram mais de 400 novas fintechs no Brasil, e outras se tornaram unicórnios.

Também somos um dos poucos países já avançados no Open Banking. Essa iniciativa promete muita inclusão financeira e produtos mais personalizados e acessíveis.

O Pix é outro bom exemplo do sucesso estrondoso que as inovações podem ter. Suas transações instantâneas somaram R$ 3,89 bilhões no último trimestre de 2021, o que superou a quantidade de movimentações por meio de cartões de crédito ou de débito no País.

Além disso, o Banco Central já estuda o lançamento do “Real Digital”, que será um próximo passo importante no cenário global.

FABRICIO DIVITIIS

Superintendente Comercial na iugu

Já no campo das criptos, o Bitcoin rendeu 116% no ano passado e foi considerado um dos melhores investimentos do ano. Paralelamente, milhares de novas criptomoedas foram lançadas. Algumas com uma curta vida, e outras que, aparentemente, são mais estáveis e promissoras.

Cripto é pop?

60% dos brasileiros ainda usam dinheiro vivo com frequência. Além disso, a falta de reservas financeiras e o despreparo levam a maioria da população a não investir sequer nos ativos mais conservadores.

Não faltariam exemplos para mostrar que o Brasil não está preparado para muita disrupção. Mas seria reducionista demais pensar só por esse lado - afinal, até um país considerado “subdesenvolvido” como El Salvador está adotando a criptomoeda.

Surpreendentemente, as estatísticas são promissoras quando se trata da relação do brasileiro com as criptos: 13% da população possuem alguma criptomoeda, e mais de 25% esperam comprá-las nos próximos meses, segundo o Relatório Blockchain – Latam 2022.

Outro relatório, o Demystifying Crypto, aponta que, no exterior, 82% dos comerciantes que aceitam pagamentos de produtos e serviços em cripto dizem que isso ajudou a atrair mais clientes e em menos tempo. Mais de US$ 2,5 bilhões em pagamentos foram feitos por meio do cartão cripto da Visa somente no primeiro trimestre fiscal de 2022.

Usar criptomoedas numa transação ainda não é algo tão simples, mas há um grande potencial de se popularizar.

Na prática, vale escolher quais brigas comprar

Considerando que os consumidores estão mais digitalizados do que nunca, a conclusão mais óbvia é que qualquer empresa competitiva precisa pensar nessas novidades para crescer.

Mas é preciso saber como brincar com essa tecnologia. Existem empresas que só estão no digital e aderindo às tendências porque se sentem obrigadas - e a consequência é que a experiência do cliente se torna limitada e pouco autêntica.

Para muitos segmentos - como o da moda e do luxo -, a presença no metaverso, por exemplo, pode ser muito positiva para substituir os cliques monótonos de comprar pelo e-commerce.

Mas isso vale para qualquer indústria? Nem sempre. E nem para todos os públicos. O mesmo vai ter que ser considerado em relação às criptomoedas e às alternativas de pagamento. Faz sentido?

Como disse Paul Brody, líder global de blockchain na Ernst & Young: “O dinheiro é apenas uma representação dos ativos do mundo. O futuro do dinheiro é como colocaremos os imensos recursos deste planeta para funcionar.”

É por isso que não há resposta certa para a questão - ela depende de a que atribuímos valor como pessoas e empresas.

Fabricio Divitiis possui 15 anos de atuação no mercado em Meios de Pagamento, com experiência em serviços e vendas consultivas, vendas diretas e indiretas no varejo.