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Por que tememos o escuro? por Rodrigo de Lorenzi
by eba_pucpr

Oliveira, no escuro nós nos sentimos vulneráveis a perigos e ameaças e, dessa forma, o medo nos deixa em estado de alerta. “Enquanto o escuro é incerto, a luz tranquiliza. Além disso, culturalmente o escuro vem associado ao sobrenatural, ao imaginário que ameaça e, dependendo das crenças individuais ou de traumas passados, o medo pode se instalar”, exemplifica. Para o pai da psicanálise, Sigmund Freud, o medo está ligado à separação e ausência de nossas mães. Ele escreveu que “a saudade sentida na escuridão é convertida em medo do escuro”.
Fobia
Ter medo, como já foi dito, é natural. Porém, para algumas pessoas, isso pode gerar uma fobia quando a pessoa paralisa ou tem reações incontroláveis, fazendo dela dependente das outras. O ilustrador Gabriel Ortolan tem 24 anos e se sente completamente vulnerável à escuridão. “À noite, basta algum barulho pra me deixar ansioso. Certa vez, me incomodei muito quando eu estava na aula de natação, faltou energia e o fundo da piscina escureceu, o que me deixou muito agoniado. Outra vez foi quando eu estava na sala da minha casa, a luz acabou e eu fiquei paralisado, suando frio e respirando fundo enquanto esperava a energia voltar ou alguém da minha família aparecer”, relata.
Para a psicóloga, as crianças fantasiam em torno de fantasmas, monstros, bichos e esses pensamentos despertam o temor. Muitas vezes, um adulto com
medo intenso de escuro traz desde sua infância esse sentimento. A estudante Amana Scandelari é outro caso de fobia. “Isso me acompanha desde que eu me lembro e acontece em qualquer ocasião em que eu esteja no escuro, mesmo durante o dia. Eu preciso sair correndo e encontrar uma luz, mínima que seja.”, assume.
Embora dormir com a luz acesa pareça ser a solução, estudos mostram que a escuridão é benéfica à saúde e evitá-la pode não ser uma boa ideia. A exposição prolongada à luz antes de dormir suprime a liberação de melatonina (hormônio responsável por regular o sono) e pode aumentar o risco de transtornos de humor, obesidade e distúrbios do sono. Amanda, por exemplo, quando sente medo, acaba sofrendo de sonambulismo. “Sempre que acaba a luz lá em casa no meio da noite e eu estou dormindo, entro no quarto da minha mãe correndo e só acordo quando estou na cama e ela me olhando com uma cara estranha. Esses dias eu levantei e pedi que matassem uma aranha. Enquanto procuravam, eu voltei a deitar. E, quando acordei, não lembrava de nada”, relata.
Mas para quem sofre com esse problema, a psicóloga afirma que há tratamento. Quando o medo toma proporções incontroláveis, é necessário realizar uma intervenção psicológica a fim de que se possa descobrir o motivo do distúrbio. “Onde e por que ele ocupa esse lugar na subjetividade do paciente? O que mantém esse sentimento presente e com tamanha força? É a partir do conhecimento desses fatores que podemos traçar um plano de tratamento para o medo em questão”, orienta.
Portanto, fique tranquilo! O medo é natural tanto em crianças quanto em adultos, mas vale se ajudar: antes de dormir, não assista a filmes de terror, não pense em coisas tenebrosas e, principalmente, tente enfrentar seu próprio medo. Afinal, quando você acordar, seu quarto estará com o mesmo aspecto de quando você foi dormir.
Rodrigo de Lorenzi


Foto: Rodrigo de Lorenzi

Fique atento
Quando o medo toma proporções incontroláveis, é necessário intervenção.