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Do lixo às flores

Do Lixo às Município de São José dos Pinhais mantem projeto de reciclagem flores

Uma grande quantidade de lixo é jogada diariamente nos aterros sanitários espalhados pelo Brasil. Curitiba foi a primeira cidade brasileira a ter coleta de lixo seletivo, mas, apenas na capital paranaense e Região Metropolitana, por dia, são despejados 2,4 toneladas.

Além disso, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em todo o país, 42% dos materiais recicláveis são descartados incorretamente, o que contamina o solo com toxinas.

Para reverter essa situação e preservar o meio ambiente, o município de São José dos Pinhais criou o Programa Troca de Resíduos Recicláveis por Mudas de Flores ou de Árvores de Espécies Nativas.

A iniciativa é aberta para toda a comunidade e tem o objetivo de conscientizar a população a reutilizar os materiais recicláveis. A partir de dois quilos, já é possível realizar a troca. Segundo Roque Cesar do Prado, coordenador do programa, “a troca acontece toda quinta-feira e são arrecadadas cerca de 30 toneladas de material reciclável”. No entanto, são permitidos apenas 100 quilos de material por contribuinte.

Além de evitar o despejo de lixo nas ruas da cidade, há também a eliminação de resíduos dentro das casas. A dona de casa Denize Margaret participa de programas de reciclagem há mais de 15 anos e, segundo ela, “são retirados de 50 a 60 quilogramas de lixo mensalmente da minha casa e trocados por mudas de flores”. Apesar de o programa ainda não visar diretamente aos jovens, segundo Prado há palestras dentro das escolas da rede municipal, para que as crianças cresçam com conhecimento sobre reciclagem. Felipe Kxuera tem 26 anos e também faz a troca do material. “Eu participo do programa para dar um fim melhor ao lixo. Assim, ajudo o meio ambiente que meus filhos um dia encontrarão”.

Além de gerar empregos, a reciclagem preserva a natureza e cria consciência ecológica. Um quilograma de alumínio reciclado, por exemplo, evita a extração de cinco quilogramas de bauxita, minério de onde o material é originalmente produzido.

Além de favorecer o meio-ambiente, o programa proporciona experiências ecoeducativas contribuindo com a cidadania. Na casa de recuperação Amor Ágape, os residentes, que fazem tratamentos contra o vício em substâncias psicoativas, utilizam a jardinagem como uma forma de terapia ocupacional.

De acordo com a coordenadora da instituição, Rucineide da Serra, “este programa da Prefeitura trouxe uma oportunidade de trabalhar o convívio comunitário”. O projeto consiste na manutenção dos jardins externos das residências vizinhas a Instituição. “Os moradores se comprometem a separar os resíduos recicláveis para que façamos a troca por mudas de flores a serem utilizadas em seu jardim”, conta a diretora.

Andressa Elesbão, Giovanna Kasezmark, Glaucia Périco e Raphaela Viscardi

Projeto gera empregos e preserva a natureza

Problemas sérios

Atualmente, existem sérios problemas com relação aos aterros sanitários - forma mais comum de destinação de resíduos sólidos - envolvendo espaço físico e manutenção. De acordo com a técnica em processos ambientais, Mayara Luiza Paiva, “quando materiais recicláveis são incorretamente destinados, os mesmos ocupam parte da área de depósito de resíduos, inviabilizando que outros sejam ali depositados e cria a necessidade da busca de um novo local, causando um impacto negativo no meio ambiente”, alerta. Ademais, a grande presença de material plástico nos aterros, gera bolsões de chorume e impede que esse efluente seja coletado e tratado.

A separação mais simples e usada no Brasil é a de resíduos secos e úmidos. Segundo Mayara, os principais materiais recicláveis são o plástico, papelão, vidro e metal. “Guardanapos usados, restos de alimentos e resíduos sanitários não são recicláveis. Quando os materiais recicláveis ainda possuem resíduos líquidos ou restos de alimentos que possam ser removidos, sugere-se que seja enxaguado para que o material mantenha seu valor.”

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