
7 minute read
Vai ou racha?
by eba_pucpr
Quase um ano depois das peças chegarem, obras de reconstrução do velódromo do Pan 2007 em Pinhais devem começar agora, em abril
Eduardo Souza, Jaderson Policante, Marcio Galan
Marcio Galan
m velódromo que serviu aos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro em 2007 está causando polêmica na terra das araucárias. Construído para os Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro em 2007, a pista, que até então era o único espaço coberto dedicado ao ciclismo de alto rendimento no país foi desmontada na cidade carioca e transferida para Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O drama começou em 2012, quando a Prefeitura do Rio de Janeiro informou que o velódromo construído para o evento de nível continental em 2007 não cumpria os requisitos
Uexigidos pelo Comitê Olímpico Internacional e pela União Ciclística Internacional. Assim, com o respaldo do Ministério do Esporte, os organizadores da Rio-2016 anunciaram que um novo velódromo seria construído no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, com o custo estimado em R$ 118 milhões. Para aproveitar a estrutura do velódromo construído para 2007, o Ministério do Esporte decidiu transferir a estrutura para outra cidade, com a intenção de preparar os atletas para as Olimpíadas. O destino escolhido teria sido Goiânia, mas seis meses depois de firmar
acordo, a Secretaria de Esportes da cidade do Centro-Oeste desistiu da obra, alegando que a estrutura estava comprometida e que os custos para transportá-la e reconstruí-la seriam muito elevados.
A partir de então, o Ministério do Esporte negociou a vinda da pista para Pinhais, que aceitou a proposta em 2013 e recebeu a estrutura em 2014. As vigas metálicas estão alojadas no terreno onde será construído o velódromo. Apesar do aspecto desgastado das peças, a Secretaria de Cultura, esporte e Lazer de Pinhais considera que as peças estão em condições de uso, apresentando apenas alguns sinais de ferrugem que não comprometem as estruturas. Os demais materiais estão guardados em um barracão, cujo aluguel custa R$ 10 mil mensais ao município. Em junho de 2014, assaltantes invadiram o espaço e roubaram

A região em que o velódromo será erguido, existe um Centro da Juventude, uma praça pública e quatro escolas públicas
“Há dez anos, Curitiba tinha tudo para ter uma pista coberta para o autorrendimento, e não vingou;agora o projeto vem pra Pinhais, mas a grande maioria das pessoas quer contribuir para que este velódromo também não venha” - Adir Romeo, Presidente da FCP
alguns materiais, mas o prejuízo não passou de R$ 2.mil.
Os problemas
As vigas da estrutura do velódromo já chegaram ao município paranaense apresentando sinais de deterioração. Na época em que desistira do velódromo, o secretario de Esportes de
Goiânia, Paulo Sérgio Simão Júnior, chegou a dizer o velódromo do Pan seria um “presente de grego”, frisando que não seria possível aproveitar 15% do que viria do Rio de Janeiro. Outro motivo da desistência da capital goiana teria sido o elevado custo de manutenção, como confirma o presidente da Federação de Ciclismo do estado do Rio de Janeiro (FECIERJ), Cláudio Santos. “Quando assumi a instituição em 2009, a Prefeitura do Rio mantinha o velódromo, mas precisei gastar R$ 250 mil do próprio bolso para tornar seis projetos possíveis. Se Pinhais não puder contar com esta disposição de recursos, terá um velódromo remendado que será mais um imenso elefante branco”, pontua.
O velódromo custou cerca de R$ 14 milhões para o Rio em 2007. Para remontá-lo em Pinhais, o governo federal irá dispor R$ 25 milhões.
“A Prefeitura do Rio assinou de uma vez só, seis projetos para qualificação do ciclismo de pista, desde a formação até o profissional, de repente, ficamos sem nada e ficaremos quatro anos sem treinar” - Claudia Santos, Presidente da FECIERJ
Os benefícios
O velódromo será, junto com a Olímpica do Rio de Janeiro, o único coberto do país. Projetos para o autorrendimento e formação dos ciclistas, além da utilização do espaço dentro do velódromo para atender a comunidade com outras atividades. Segundo o Presidente da Federação Paranaense de Ciclismo, o professor Adir Romeo, já existe um plano de ação da União Ciclística Internacional da Suíça para transformar o velódromo em um Centro de Treinamento Internacional, com o apoio do
Ministério do Esporte. O professor ressalta que a construção do espaço contribuirá com o desenvolvimento da região. “Temos esse plano de ação da União Ciclística Internacional da Suíça para transformar o velódromo em um Centro de Treinamento Internacional. A consequência
disso é um hotel, um restaurante, o crescimento do comércio. Romeu lembra que um projeto deste porte esteve próximo de chegar a Curitiba, mas o fato não se concretizou devido a divergências políticas. “Há dez anos, Curitiba tinha tudo para ter uma pista coberta para o autorrendimento, e não vingou;agora o projeto vem pra Pinhais, mas a grande maioria das pessoas quer contribuir para que este velódromo também não venha”, reclama.
O Rio espera
Após a realização dos Jogos Pan-americanos no Rio em 2007, a FECIERJ só pôde utilizar a pista a partir de 2009. Após a implantação
de projetos, inclusos os projetos de preparação para os atletas que participariam das Olímpiadas em 2016. Sem o velódromo, os atletas cariocas ficaram sem pistas para treinar para as Olimpíadas, como relata Cláudio Santos. “A Prefeitura do Rio assinou de uma vez só, seis projetos para qualificação do ciclismo de pista, desde a formação até o profissional, de

As peças chegaram a Pinhais no início de 2014 e permanecem alojadas no terreno em que será construído o velódromo. O município considera que o desgaste visível das peças danificam apenas a tinta das peças e não comprometem as estruturas
repente, ficamos sem nada e ficaremos quatro anos sem treinar.” O velódromo para 2016 será muito mais sofisticado do que o do Pan 2007, no entanto, Santos lembra que a nova casa não será o suficiente para cobrir o prejuízo com a demolição do velódromo que ficou cinco anos na cidade. “Jamais trocaria [o velódromo] pelos quatro anos de atraso que fomos presenteados, por conta da demolição e do ciclismo de pista carioca. Estamos nos arriscando nas ruas, dividindo espaço com veículos motorizados”, reforça.
A desmontagem do velódromo no Rio se deu por estar fora das exigências da UCI, dentre elas o limite de65 km/hna pista, enquanto a Olímpica oferecerá condições para os atletas atingirem de 85 km/h a 110 m/h.
O bairro
A Vila Maria Antonieta é o segundo bairro maior bairro de Pinhais, com cerca de 30 mil habitantes. No mesmo terreno do velódromo, já há um campo de futebol –- que deverá ganhar arquibancada para cinco mil pessoas; uma quadra de tênis e um Centro da Juventude – um espaço que abriga pista de skate, quadra poliesportiva e teatro. A região foi escolhida por ter uma população jovem. O bairro tem dois colégios estaduais, dois municipais, duas creches e uma escola para alunos com deficiência. Por ter sido fundada antes da criação do município de Pinhais, o desenvolvimento da vila que sempre foi das mais populosas da região é algo recente, posterior à emancipação.
A licitação da obra foi publicada recentemente. Antes das peças chegarem, havia a previsão de fazer da pista um centro de treinamento para os Jogos Olímpicos de 2016. Segundo a Prefeitura, a nova previsão para Previsão era para o início das obras é para o dia 13 de abril, com o prazo para conclusão marcado para depois das Olimpíadas.


O terreno onde será construído o velódromo e a planta do projeto.
Do Rio para Pinhais
O velódromo será construido na Vila Maria Antonieta, em Pinhais. Segundo o Ministério da Educação, o bairro tem uma população majoritariamente jovem e é o segundo mais populoso do município. Ao lado do terreno foi construido um Centro da Juventude. No entorno da região existem quatro escolas publicas.


O material chegou a Pinhais em abril de 2014, mas até agora a única obra iniciada foi a da construção dos tapumes para armazenar os materiais
Para a Prefeitura
A licitacao foi aprovada e as obras deveriam ter iniciado no dia 13 de abril. A prefeitura defende que a obra sera benefica para a populacao e que pretende promover atividades dedicadas a comunidade dentro do vao do velodromo.
Para a FPC
O velodromo contribuira para o desenvolvimento do esporte no estado. As equipes profissionais que treinam atualmente na pista do Jardim Botanico ganhariam uma pista de padrao mundial para o alto-desenvolvimento e para a formacao de atletas principiantes. Para a FECIERJ
A pista foi desmontada por interesses maiores do que a necessidade da construcao de um pista a nivel olimpico. A entidade esta sem treinar desde 2012, quando o velodromo foi desmontado na cidade carioca.
Para a oposicao
Vereadores da base opositora ao prefeito Luiz Goulart (PT) consideram que o projeto foi apresentado as pressas para votacao e que o velodromo pode representar um presente de grego para o municipio.