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Teatro uma transformação

Alunos da Apae de Fazenda Rio Grande aprendem com o teatro lições para a vida

Amanda Ribeiro, Crislaine Franco e Jeslayne Valente

crédito: Jeslayne Valente

Alunos da Apae têm tarde de ensaio para desenvolver as atividades práticas durante as aulas.

Oteatro desenvolve habilidades tanto físicas quanto mentais, é a arte do autoconhecimento, na qual as pessoas expandem a percepção, comunicação, sensibilidade com o próprio corpo e com o mundo a sua volta. Uma iniciativa desenvolvida pela professora de teatro Loara Gonçalves, por meio da lei de incentivo cultural e inclusão social do Ministério da Cultura, promove aulas para alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Fazenda Rio Grande.

Aulas

Os alunos aprendem na prática a criação de personagens, como lidar com o outro e com situações cotidianas. “Nós nunca trabalhamos com pessoas especiais no teatro, então estamos pegando os métodos e disseminando, para ver o que cabe melhor para esse grupo. Então fazemos um trabalho de reconhecimento, verificando o que eles gostam de fazer, como eles encaram o teatro”, afirma Loara.

Para a psicóloga Anna Caroline Moreschi, o trabalho desenvolvido em conjunto com profissionais de teatro e a instituição, colabora para que cada aluno possa se desenvolver individualmente e, principalmente, em grupo. “O teatro auxilia no desenvolvimento psíquico, exige sempre um pouco mais da criatividade, raciocínio, desenvolvimento motor, da personalidade, convívio social”, esclarece.

Segundo Loara, as transformações acontecem pouco a pouco: “As mudanças são positivas, eles começam a se movimentar de outra forma, a olhar para o outro de uma maneira mais humana, visto que, hoje em dia não temos nem mais tempo de olhar para quem está ao nosso lado”, constata.

Os métodos de ensino são semelhantes aos convencionais, porém adaptáveis. Especialistas da Apae selecionam os alunos que, podem participar das aulas de acordo com as limitações de cada um, no total são 180 alunos na instituição, mas apenas 30 fazem parte do grupo. “Dentro do teatro nós sempre trabalhamos com diferenças, no caso da Apae nós vamos descobrir o que cada um tem para apresentar a sua maneira”, observa Lucas Buzato, assistente de direção do grupo de teatro.

“Hoje em dia nao temos mais tempo de olhar para quem está ao nosso lado.” Loara Gonçalves, professora de teatro da Apae.

História

São 18 anos que a Apae, com a ajuda de pais de alunos, promove um auto de Natal para a comunidade, mas é a primeira vez que o espetáculo será dirigido por Loara: “Será um desafio para nós, porque é uma realidade distante da nossa, é um projeto pioneiro, a gente vai testando e vendo o que funciona melhor com eles”.

Segundo a pedagoga e vice-diretora da Apae, Nilce Salete Pereira, antes da chegada do incentivo cultural a mostra era administrada pelos próprios professores durante as aulas: “Nos ensaiávamos os alunos durante dois meses em sala de aula, o que atrapalhava o andamento da grade curricular, agora o espetáculo será ensaiado durante o ano todo, no período da tarde, por um profissional da área teatral, isso é muito gratificante”, conta.

De acordo com a pedagoga, Marcela Ciocato, anteriormente isso ficava muito caro para a

instituição e para os pais: “Nós pagávamos do nosso bolso a alimentação, os figurinos, o transporte dos alunos e, isso era inviável, seria muito importante se o incentivo viesse do governo e, não por meio de projetos culturais”.

Para Nilce Pereira, a participação da filha Bruna Pereira no projeto gera o envolvimento em atividades com as quais ela não era habituada. “Ela gosta de participar do teatro, música e dança. Até agora não era possível oferecer essas atividades para os alunos”, confessa. Renata Bueno e Itacir Soares Silva, alunos da instituição, contam que fazem parte do grupo de teatro e querem continuar a desenvolver as atividades que aprendem nas aulas. “Gostamos de dançar e cantar no musical de Natal e queremos participar cada vez mais do grupo de teatro”, afirmam.

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