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Os amadores do futebol

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O mal terrível

O mal terrível

Associação Esportiva Montreal é um clube de futebol amador com veteranos de 40 a 50 anos, que têm seus recursos próprios e privilegia a paixão pelo esporte praticado com os pés.

Por Alessandro Pinheiro

Para muitos o futebol é grife, status, dinheiro. As competições mais importantes, seja no Brasil ou no resto do mundo, são televisionadas e, por trás daquele jogo, temos muito envolvido: pressão, marketing e dinheiro. Porém, não é só isso. Há também o outro lado da moeda: o futebol amador. E, em Curitiba, o amadorismo é visto com respeito. Exemplo disso é o trabalho que esta sendo realizado pelo time amador do bairro Xaxim, a Associação Esportiva Montreal, que não é um time qualquer. Como alguns dos atletas mesmo disseram, eles são uma família.

Ao som das músicas do cantor Leonardo, os jogadores do Montreal aquecem para mais um jogo em sua história, que teve início em 1985. O jogo é da categoria de veteranos, que não disputam campeonatos tradicionais da cidade, como a suburbana, por exemplo. “Nós não esperamos disputar a Suburbana. Estamos aqui por diversão, os ‘velhinhos’ dão exemplo. Tem gente com 40, 50 anos jogando. Enquanto muita molecada anda fazendo o que não deve”, relatou o goleiro Paulo Roberto, de 48 anos, que há 20 anos era jogador profissional, com passagens por Paraná e Atlético-PR.

Os uniformes são ganhos nas disputas da Copa Kaiser, uma competição de futebol amador, que fornece os trajes. Os craques vestem as cores azul e branco e, após o aquecimento, entram em campo com o apoio de suas esposas e filhos.

Luciano Andreatta, presidente da Associação e idealizador do projeto, é, durante a partida, técnico, roupeiro e massagista. Os recursos financeiros são mínimos, mas os próprios jogadores e diretores do time contribuem. “Nós pagamos as despesas de campo, inscrições de campeonatos e ainda temos três patrocinadores que também ajudam. Nunca sobra, nunca dá lucro”, comentou Andreatta.

O gramado não é padrão Fifa – argumento que vem sendo usado constantemente no futebol nacional após as exigências da Federação com as novas arenas para a Copa do Mundo – mas para estes atletas que disputam o torneio da regional Bairro Novo, isso não é verdade. “Nós jogamos nesse gramado como se fosse Associação Esuma arena e disputamos o jogo com a deter- portiva Montreal minação que espero do Brasil na Copa”, disse disputa campeoo meia Baiano ex-profissional com passagem natos da categopelo Vitória, da Bahia. ria de veteranos.

“Estamos aqui para nos divertir, isso é o que importa.” -Paulo Roberto, goleiro. Depois da prece e do grito de guerra, a partida começa. Os jogadores apresentam relativa qualidade técnica, mas a principal característica é a forma dedicada com que eles disputam cada espaço. O tempo vai passando, o gol demora a sair. Técnico, jogadores e torcedores começam a ficar tensos. Porém, Baiano, numa cobrança de falta, abre o marcador para o Montreal. A cada minuto que passa, mais o jogo fica disputado. Mas a vitória é confirmada, para a festa dos jogadores. Depois do banho, os atletas vão para o salão do restaurante e começam a tomar a sua cerveja e comer alguns aperitivos. Música, dança e baralho encerram a tarde deste time amador. “Estamos aqui para nos divertir, isso é o que importa”, diz Paulo Roberto.

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