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Casa da cerveja
by eba_pucpr
Sucesso de vendas, a bebida é dividida em três tipos, sendo fabricada de maneira artesanal na primeira cervejaria-escola do país, em Curitiba.
Por André Wuicik
Estrela de publicidade, difundida pelos quatro cantos do globo e, principalmente, consumida. Essa é a cerveja, bebida tão querida e muitas vezes vista como protagonista de festividades e, até mesmo, de excessos.
Pois, se adjetivos não faltavam para definir ou julgar a eterna e principalmente popular bebida do malte, poucos imaginavam que estava por vir uma característica não muito imaginável para ela em pleno século 21: gourmet, artesanal ou até mesmo com certificado “premium”.
Segundo o relatório do instituto de pesquisa Mintel, logo em 2011, ano considerado como o do “boom’’ da venda de cervejas “premium”, o aumento de vendas do produto no Brasil cresceu em 18%.
Mas, se outrora a quantidade de consumo da cerveja era estimulada, a tendência gourmet da bebida cresce, e não é mais raro encontrar empórios, bares e até mesmo micro-cervejarias que incentivam o consumo responsável e de caráter de desgustação do produto.
É o caso do Clube do Malte, uma das lojas especializadas em cervejas especiais na cidade de Curitiba. Ali, consumidores têm a possibilidade de experimentar marcas de todas as partes do mundo, que agradam (ou não) os mais diferenciados paladares.
Para Pedro Bianchi, sommelier de cervejas da casa, essa tendência cresceu junto com o poder de compra do consumidor brasileiro. ”Assim que o brasileiro teve maior poder aquisitivo, ele teve condições de viajar mais para outros países e de experimentar pratos e bebidas. Com a cerveja não foi diferente”, comenta Bianchi.
Dentro das vastas prateleiras do Clube do Malte é possivel encontrar diversas marcas estrangeiras e produtos de todas as três famílias de cervejas existentes.
Bodebrown é a primeira cervejaria-escola do Brasil.
A de estilo lager, que origina a subclassificação pielsen (predominante no Brasil), é, por exemplo, uma espécie produzida por baixa fermentação dos ingredientes.
As ales, mais encorpadas e de gostos frutados, são de alta fermentação. Por último, as lambics provêm de fermentações espontâneas, e podem até se parecer com vinhos.
Premium para quem?
Que o universo das cervejas é muito mais complexo do que o senso comum poderia imaginar, isso não é segredo. No entanto, a classificação premium para cervejas pode causar grande confusão e, muitas vezes, ressaltar o marketing da marca em detrimento do conteúdo.
É o que o degustador Pedro Bianchi ressalta, afirmando que ”podem ser vistas marcas populares de outros países sendo vendidas como produtos de luxo por aqui”.
Samuel Cavalcantti, dono da cervejaria escola Bodebrown, vai ainda mais longe. “Não gosto de classificar cerveja como premium por causa de seu rótulo (importado ou não). Muitas vezes são cervejas repletas de aditivos, como as cervejas nacionais comuns”, explica o dono da primeira cervejaria-escola do pais.
Dentro desse conceito, Cavalcantti promove a fabricação de cervejas artesanais, feitas por cervejeiros ou mesmo por seus alunos, que acompanham o processo de fabricação de maneira artesanal em cursos que ele promove para quem almeja adentrar no mundo da cevada.
“Se há o cervejeiro, temos um produto de qualidade, que pode ou não agradar todas as pessoas, mas procuramos fazer uma bebida de personalidade, com a alma do produtor”, comenta.
Ao dizer que “grandes empresas podem fabricar produtos artesanais, desde que o cervejeiro trabalhe efetivamente” e que “estamos retomando o gosto pelas coisas feitas por nós mesmos, com carinho”, Cavalcantti ressalta o gosto por cervejas feitas de forma minuciosa, quase como uma grande equação.
O fato é que o consumidor ganha mais uma opção em seu cardápio, e que tem um gigantesco universo para explorar da forma como preferir. Aproveite a vida, aproveite a cerveja!
