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O mal terrível

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Casa da cerveja

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O mundo do esporte vem testemunhando, com frequência, casos de discriminação racial, que vêm ganhando grande atenção de imprensa internacional

Fernando Burigo e Lucas Aquino.

As agressões racistas mais recorrentes têm sido no futebol. O caso mais recente que ganhou uma grande repercussão foi do volante Tinga, do Cruzeiro, que foi hostilizado por torcedores da equipe Real Garcilaso, em partida válida pela Copa Bridgestone Libertadores, no último dia 12 de fevereiro, na cidade de Huancayo, no Peru. Visivelmente entristecido e inconformado com a situação, o jogador disse logo após a partida que trocaria todos os seus títulos conquistados na carreira por um mundo sem preconceitos e igual para todas as raças e classes.

O jogador das categorias de base do Nova Iguaçu (RJ) Leonardo Oliveira, que já teve passagem no futebol português, contou que sofreu com atos racistas mais de uma vez. “O agressor tenta colocar a sua autoestima lá em baixo quando pratica o ato racista. A principal intenção é tentar abalar o seu estado psicológico durante uma partida. Por ser negro, já sofri muitas vezes com isso, tanto no Brasil como em Portugal. Hoje tento colocar em minha cabeça para não ligar para isso e seguir em frente, mas ao mesmo tempo penso que isso não pode continuar assim. Eu preciso reagir para que isso um dia mude”, disse Leonardo. Segundo o professor de futebol Diego Guimarães, “a discriminação racial no futebol é um grave retrocesso que precisa ser erradicado, para que a violência que atinja o esporte não fuja do controle e degrade uma área na qual o Brasil é um exemplo incomparável no mundo todo. Problemas de racismo no esporte têm se propagado até a Europa, manifestados por grupos reacionários que não apresentam sincronia com a prática desportiva. O esporte, antes mesmo de ser um campo de disputas e

sportv.globo.com

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“Trocaria todos os meus títulos conquistados na carreira por um mundo sem preconceitos.”

Tinga, jogador do Cruzeiro.

títulos, é, por sua natureza, um espaço para confraternização e solidariedade entre pessoas e povos, independentemente de suas origens. ” Não é só no mundo do futebol que esse ato covarde acaba manchando o esporte. O brasileiro Julio Silva, jogador de tênis, sofreu ofensas racistas do também jogador de tênis, o austríaco, Daniel Koellerer. Durante a partida Challenger de Reggio Emilia, na Itália, Koellerer teria dito, em alemão, “volta à floresta, macaco” e feitos gestos imitando o animal. São inúmeros casos de racismo no mundo todo, independentemente do esporte, que devem ser repreendidos. Assim como as leis são rígidas em casos de racismo, é importante uma resposta igualmente vigorosa das entidades que comandam os esportes. As próprias torcidas, aliás, não deveriam tolerar esse tipo de atitude entre seus pares. Somente com educação, respeito e a aplicação estrita da lei em casos de racismo podem evitar que esse câncer contamine o mundo dos esportes.

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