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Eles no entendem

Alguns cachorros entendem até quando estão sendo fotografados.

fotos: Renata Nicolli e Isadora Carvalho

Eles nos entendem

Estudo mostra que os melhores amigos do homem reagem e compreendem ações e ordens determinadas

Renata Nicolli e Lydia Camargo

Um mapeamento realizado por pesquisadores húngaros colocou 11 cães para realizar uma ressonância magnética e descobriram que o cérebro humano e o dos cães reagem da mesma maneira ao escutarem sons. De acordo com o site da BBC, do Reino Unido, 200 sons diferentes foram tocados para voluntários humanos e cachorros de estimação, e o lobo temporal, parte do cérebro responsável pela função de processar estímulos auditivos, corresponde da mesma maneira para ambos. Alguns outros estudos também apontam que os cães entendem diversas palavras e o que queremos dizer quando apontamos para algum objeto. A estudante Amália Campos é dona do Neguinho José, um cão sem raça definida resgatado das ruas em maio de 2011, e garante que as expressões do seu companheiro conseguem traduzir diversos sentimentos. “Mo-

ramos só eu e ele e conversamos várias vezes ao dia, o tempo todo ele fica me olhando e mexendo as suas sobrancelhas como se estivesse realmente respondendo. Ele responde vários comandos, mas acho que o mais engraçado é a reação dele perante às minhas expressões corporais. Se eu paro na frente dele e o encaro, ele conclui que fez algo errado e já faz cara de cachorro sem dono”, finaliza. A compreensão dos cães é 80% visual e 20% verbal. É o que afirma o adestrador André Santana, que está na área há mais de dez anos. Para ele, os cachorros associam o gesto com a palavra, ou seja, você precisa mostrar o que você está querendo dizer. “A capacidade de assimilação vai aumentar conforme a raça, e entre as mais suscetíveis está o border collie, poddle, pastor alemão e rottweiller”, diz Santana.

Comportamento Com base no seu trabalho de conclusão de curso, cujo tema foi “Efeitos fisiológicos e comportamentais em cães sob a influência da socialização”, a veterinária Stephanie Paola Sousa afirma que muitas pessoas adquirem um animal, mas desconhecem ou esquecem das reais necessidades biológicas e físicas do cão. “A capacidade de assimilação vai aumentar conforme a raça.” - André Santana, adestrador “Muitos proprietários acabam tendo pouco tempo para interagir com seus animais e isso pode resultar em problemas comportamentais”, afirma. Assim, o comportamento de um cão está diretamente ligado à personalidade de seu dono, que define a educação desejada com base nas suas necessidades e condição de vida. A inteligência animal não é diferente da humana, é apenas expressada de maneira diferenDesde filhotes os animais criam laços sentimen- te e vinculada a de seu proprietário. tais com seus donos

“É só uma palmada?”

A Lei da Palmada foi criada para abolir a “palmada pedagógica”

crédito: nome e sobrenome

Bruna Catache e Stacy Barbosa

Acriação da Lei da Palmada é considerada um avanço na legislação que protege as crianças e os adolescentes e presume a mudança da lei 8.069, de 1990, que assegura “o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante”, segundo texto do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

A conselheira tutelar Fátima Lima relata que, no entanto, até o momento, a iniciativa da lei não mudou os índices de violência. “Apesar de não ter diminuído os índices, o número de denúncias aumentou e a mais comum é a de agressão física”, afirma.

Um levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas, em 2010, revelou que nove em cada dez pessoas já apanharam e 70% admitem utilizar o mesmo método nos filhos.

Parte da população é contraria ao projeto de lei, pois reaplicam os castigos físicos nos filhos. A pesquisa apontou, ainda, que os pais acreditam que a palmada é justificável quando os filhos nao obedecem (44%) ou sao mal educados (37%).

Maria Aparecida Sotta conta que sofreu castigos físicos quando era criança e que isso nao a prejudicou, seja em aspectos físicos ou psicológicos. “Minha mãe me deu algumas palmadas e uma vez meu pai me bateu de cinta. Nao foi por isso que cresci traumatizada. Acho que os castigos físicos podem ser usados para ensinar as crianças”, avalia.

Especialistas no assunto acreditam que a palmada não educa. Segundo a psiquiatra infantil Alice Koch no consultório é comum ouvir os pais justificando que sofreram palmadas quando crianças, mas mesmo assim se consideram pessoas corretas para os padrões da sociedade. “No consultório, é comum ouvir dos pais a seguinte frase: “Eu apanhei quando era criança e hoje eu não sou bandido, tenho minha profissão, meu trabalho e minha família”, comenta.

Para Alice, mesmo que as agressões não deixem marcas físicas, as marcas psicológicas são inevitáveis. “As agressões têm repercussão sobre a autoestima da criança, seus vínculos afetivos, padrões de relacionamento e senso de justiça e respeito ao próximo”, diz.

Após a denuncia, são averiguadas as provas e, quando comprovadas agressões, tais como palmadas, beliscões ou xingamentos, os filhos são encaminhados para programas de proteção a família e, em alguns casos, para tratamento psiquiátrico. Médicos, professores e funcionários públicos que souberem do fato e não comunicarem as autoridades poderão pagar multa de até 20 salários mínimos.

O Projeto está aguardando Designação de Relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC).

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