Jornal O Lábaro | Diocese de Taubaté | Novembro de 2021

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O LÁBARO Diocese de Taubaté - SP

Desde 1910 - Edição nº 2.201 - Novembro 2021

Distribuição Gratuita

Editorial

O mês de novembro faz recordar um dos mistérios presentes no credo católico: “Creio na comunhão dos santos”. Celebrações litúrgicas e eventos históricos nos faz pensar e rezar esse mistério da fé.

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Palavra de nosso Bispo

Dom Wilson Angotti pontua a dinâmica e o processo da catequese de Crisma na Diocese e expõe os fundamentos bíblicos e teológicos desse sacramento, por fim, discorre sobre os compromissos eclesiais decorrentes da Crisma, que completa o processo da iniciação cristã.

Opinião

Diocese de Taubaté despede-se de Dom Antônio Affonso e expressa gratidão por sua vida e ministério

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Por que um bispo ou um padre na sua homilia aborda temas como justiça social, políticas públicas e ecologia? É preciso buscar as respostas nas práticas de Jesus, no tesouro das Sagradas Escrituras, na Doutrina Social da Igreja e no discernimento dos Sinais dos Tempos.

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Diocese em Foco

Dom Wilson Angotti, bispo diocesano, realiza celebração litúrgica de abertura da fase diocesana do Sínodo dos Bispos 20212023. “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.

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Tema Pastoral

A partir das celebrações de Todos os Santos e Finados, também da proximidade do encerramento do Ano Litúrgico que reflete sobre as realidades últimas da fé, são convidativas à reflexão sobre o mistério da Comunhão dos Santos. Unidos a Cristo pela fé, a Igreja é comunhão.

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Entrevista

A entrevistada desse mês, Carolina Aparecida Gonçalves, leiga atuante no Setor Juventude da Diocese de Taubaté, partilha como ingressou nos trabalhos pastorais da Igreja, sobre o DNJ (Dia Nacional da Juventude) e sobre os desafios atuais da evangelização da juventude.

A Diocese de Taubaté despediuse de seu bispo emérito, Dom Antônio Affonso de Miranda, sdn, que partiu dessa vida ao encontro definitivo com Deus no último dia 11 de outubro de 2021. Agraciado com uma vida centenária, Dom Antônio era o bispo mais idoso do país, ao falecer com 101 anos. “Dom Antônio realizou muito em prol de nossa Diocese, mas aqui também se sentiu plenamente realizado. Em sua carta de despedida da Diocese afirmou: “Fizestes-me repleto de alegrias e realizações. Do alto dos meus 99 anos, dos quais quase 40 foram inteiramente ao vosso serviço, devo testemunhar-lhes

que tenho sido imensamente feliz, sendo vosso bispo”. Aos 16 de agosto de 2006, ocasião em que lhe foi concedido o título de Cidadão Taubateano, Dom Antônio já assim se manifestara: “...a voz e o coração do povo que me acolhe com amizade há 35 anos, me fazem sentir em família e com o respeito extremado das ovelhas que sempre amei como Pastor”. A presente edição do jornal ‘O Lábaro’ traz informações e memórias de seu pastor emérito, agora intercessor junto de Deus no céu. Dados de sua biografia, formação religiosa e apostolado pastoral, sobretudo, pontuando, o legado de Dom Antônio para a Diocese de Taubaté.

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“Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá”. (Jo 15, 25-26)

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Editorial

Opinião

Do que devem falar os bispos e os padres?

Por que um bispo ou um padre na sua homilia aborda temas como justiça social, políticas públicas e ecologia? São assuntos pouco espirituais no entender de muitos fiéis que reagem mal ao ouvir esses temas numa homilia. Em primeiro lugar é preciso dizer que tais questões estão presentes nas Sagradas Escrituras e claro, Jesus falou deles em seu evangelho. A razão da mensagem divina tratar de questões tão temporais é a mesma que motiva padres e bispos falarem delas em homilias, documentos e artigos: advertir que o mal que se causa ao próximo e à terra define o destino do ímpio após sua morte e a existência do seu semelhante nesta vida. Se não houver mais florestas inteiras queimando em incêndios criminosos causados em nome do lucro, fruto da ganância, a homilia não tratará mais de árvores em chamas. Quando animais não forem mais carbonizados nesses mesmos incêndios, levando ao risco de extinção muitas espécies, padres e bispos não precisaram mais falar desses horrores em suas pregações. Além da doutrina da fé e doutrina moral a Igreja Católica ensina a Doutrina Social da qual se pode ler um compêndio no Catecismo da Igreja Católica. Fundamentos da Doutrina Social da Igreja foram apresentados pelos últimos papas sendo o mais pródigo nesse assunto São João Paulo II. Essa doutrina se baseia na Palavra de Deus que insiste na justiça, na igualdade social, na paz, na promoção da dignidade humana e no respeito à natureza. Por isso, os pastores da Igreja não podem se omitir nas questões que afetam a sociedade e o mundo. Falando da evangelização em nossos dias, o Papa Francisco, afirma que “ninguém pode nos exigir que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com

O mês de novembro faz recordar um dos mistérios presentes no credo católico: “Creio na comunhão dos santos”. Duas celebrações, no início do mês, conduzem mente e coração aos mistérios últimos da fé: o dia de “Finados” e a “Solenidade de Todos os Santos”. A Diocese de Taubaté vivenciou o mistério da “Comunhão dos Santos” ao falecer seu bispo emérito, Dom Antônio Affonso de Miranda, no último dia 11 de outubro. Todo o povo de Deus, presente nas 49 paróquias que formam a Diocese, elevaram suas orações em coro uníssono para que Deus o acolha na eternidade. E aquele que se dedicou como seu servo e pastor nesta terra, possa interceder pelos cristãos, agora no céu. Na Igreja presente em todo o mundo, o mistério da Comunhão dos Santos emerge como ocasião de reflexão, reconhecimento e gratidão, pelo primeiro milagre reconhecido por intercessão do Papa João Paulo I, no dia 13 de outubro. Fato que convergirá à declaração de beato, o Papa Albino Luciani (João Paulo I). Por fim, o luto de milhares de famílias no decorrer dramático da pandemia da Covid-19, durante todo o ano de 2020 e 2021, convida o povo de Deus a recordar a grandeza do mistério da vida e da comunhão dos santos, para encontrar consolo, força e perspectiva de sentido nas dificuldades do luto.

a saúde das instituições da sociedade civil sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos”. (Evangelii Gaudium, n. 183). Deus enviou profetas para denunciar a exploração dos pobres e a indiferença dos ricos e poderosos que dormiam tranquilos em seus palácios enquanto o povo sofria em sua miséria (cf. Amós, 6,1-11), para acusar o uso indevido da religião com fins a justificar as desigualdades (cf. Is 1,11-18. Hoje é a Igreja que deve profetizar e apontar as feridas sociais da fraternidade. Quando não houver mais famílias com fome ou vivendo a incerteza se terá o que comer amanhã, quando não se ver mais imagens de pessoas revirando o caminhão do lixo atrás de restos de comida, quando a corrupção e o descuido com políticas públicas inclusivas não for mais uma verdade opressiva do dia a dia do país, quando o preconceito não for mais considerado por muitos como um direito, quando cristãos não mais cultivarem o ódio como ideologia, quando a indiferença e a falta de empatia por tantos que sofrem deixar de ser realidade na vida de muita “gente do bem”, então, nesse dia, padres e bispos poderão concentrar-se em temas mais espirituais e em palavras que emocionam e enlevam os corações. Considerando as profecias de milênios antes de Cristo e a situação social tal qual se apresenta nos dias de hoje, esse dia está longe de chegar. Que Deus nos conceda sempre uma Igreja profética e que bispos e padres falem de arvores e de animais em chamas, que toquem nas feridas sociais, que denunciem a negligência dos poderes públicos e a insensibilidade dos cristãos. Pe. Silvio José Dias

Morte prematura: “Ele tinha tanto o que viver” Com dor humana, muitas vezes com questionamentos para com Deus, diante da morte de alguém jovem, expressamos: “Ele tinha tanto o que viver”. Pensamento, reação humana e natural, projetamos o caminho médio e comum da vida aos que partiram cedo. E das coisas boas que experimentamos no mundo, consideramos justo e gostaríamos que eles experimentassem também. Essa situação inesperada é capaz de gerar tristeza no coração humano, expor a fé a fragilidades e a labirintos emocionais e espirituais difíceis de sair. Não raro, nascendo uma postura de revolta frente a Deus, como assumir as dores do que partiu e se tornar o porta voz de sua queixa. Para os que ficam e se despedem dos que cedo partiram, esses sentimentos são humanos e naturais. Experiências chamadas a serem rezadas e maturadas no mistério da esperança e da fé. Permitindo que os “porquês” sem respostas se tornem abandono orante e filial

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como o de Jesus, que no Horto das Oliveiras rezou, “Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a Tua (Lc 22, 42)”. Ou como no monte Calvário, após ter dito “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? (Mt 27, 46)”, confia filialmente o drama de sua vida ao Pai, como ato último do coração ao suspirar e dizer: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46). As dores, as queixas e os sofrimentos são nossos, dos que ficamos. A tristeza de não vivenciarmos momentos marcantes e significativos. Não há o que romantizar, os cenários realmente são trágicos em muitos casos. Mães e pais que veem seus filhos na flor da idade partirem, jovens esposas ou esposos que deixam o cônjuge com filhos pequenos, entre outros casos, igualmente dolorosos. No entanto, os que partiram para junto de Deus definitivamente, e que o contemplam em sua glória, não trazem cisco de revolta ou

Diretor: Côn. José Luciano Matos Santana Editor: Pe. Thomás Ranieri da Silva Jornalista Responsável: Pe. Jaime Lemes MTB 62839/SP Conselho Editorial:Pe. Celso L. Longo, Pe. Marcelo Henrique de Souza, Valquiria Vieria. Diagramação e Designer: Pe. Julius Rafael Silva de Barros Lima Revisão: Ana Regina de Oliveira Impressão: Katú Editora Gráfica

de queixa. Não dizem: “Por que Deus? Tinha tanto por fazer na terra”. Pois, aos que partem para Deus, Ele se torna tudo em todos. E a glória que contemplam, a integração que lhes foi concedida, não permite sombra de revolta ou infelicidade. Não temos que ser os portadores da revolta e da queixa dos que em Deus já estão plenamente vivos, curados e totalizados. Eles não estão infelizes no céu. Isso não muda o trágico que a vida presente comporta, mas nos ensina a não projetar as nossas dores aos que não a conhecem mais. E a verdade da felicidade deles, ajuda a consolar as dores e a curar o coração dos que ficaram. “Não morro, entro na vida” (Santa Teresinha do Menino Jesus). Pe. Thomás Ranieri

Tiragem: 5.000 | Distribuição dirigida e gratuita Site: www.diocesedetaubate.org.br email: pastoral@diocesedetaubate.org.br www.facebook.com/diocesedetaubate As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não emitem necessariamente a opinião deste veículo.


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Palavra de nosso Bispo

CRISMA, SACRAMENTO DO COMPROMISSO Como, na maioria das paróquias, devido a pandemia, as Crismas tiveram que ser adiadas, neste ano aumentou muito o número daqueles que serão crismados e, consequentemente, daqueles que os acompanharão. Ao participarem da celebração da Crisma de um parente ou afilhado, as pessoas crismadas têm oportunidade de recordar a experiência que tiveram, agradecer pela graça recebida e reafirmar os propósitos decorrentes deste Sacramento.

Celebrações nas paróquias Em geral, ao nos aproximarmos do final do ano, muitas são as celebrações de Crisma, que ocorrem nas paróquias. Em nossa Diocese, o período regular de preparação para a Crisma é de três anos. Durante esse tempo de preparação catequética, certamente, cria-se expectativa para a recepção desse Sacramento que envolve, além dos crismandos, seus padrinhos, familiares, catequistas e membros das comunidades paroquiais. Aqueles que aproveitam bem a preparação e fazem um caminho de amadurecimento de vida cristã, com maior probabilidade, vivenciarão mais intensamente a preparação próxima e o momento celebrativo do Sacramento. Em geral, no período de proximidade à Crisma, as paróquias oferecem encontros de preparação para pais e padrinhos, organizam ensaios para orientar os jovens de modo a aproveitarem melhor a celebração, realizam retiro espiritual, atendem confissões dos crismandos, de seus padrinhos e dos familiares que os acompanham. Desta maneira a Crisma de um jovem envolve a preparação de várias outras pessoas e da comunidade paroquial e se torna um acontecimento vivenciado por muitos.

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O dom do Espírito Santo à Igreja Pelo sacramento da Crisma, a Igreja celebra o dom que Jesus prometeu à sua Igreja, com palavras como esta: “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito, que permanecerá convosco. É o Espírito da verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Vós, porém, o conhecereis porque ele permanecerá convosco e estará em vós” (Jo.14,15-17). Ou ainda: “Para vós é conveniente que eu vá, pois se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, eu o enviarei” (Jo.16,7). Na Igreja, o Espírito Santo é recebido de maneira sacramental, isto é, por meio de um sinal sensível, conferido pela Crisma. Juntamente com o Batismo e a Eucaristia, a Crisma completa a iniciação à vida cristã. No livro dos Atos dos Apóstolos, podemos ler um fato muito significativo: “Os apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo, visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas tinham sido somente batizados em nome do Senhor Jesus. Então os apóstolos lhes impuseram as mãos e eles receberam o Espírito Santo” (At.8,14-17). O sinal visível da Crisma é a unção com o Óleo do Crisma e a imposição das mãos do bispo, sucessor dos Apóstolos. Por esses dois gestos e pela oração da Igreja, de maneira sacramental, o Espírito

Santo, dom de Deus, é comunicado aos fiéis. Ungir significa “cristificar”. Jesus é chamado “Cristo”, isto é, “ungido”. Jesus é o ungido do Pai para a missão de anunciar a Palavra Divina e de nos conduzir à salvação. Quem recebe a Crisma torna-se ungido e, unido a Jesus, participa de sua missão de anunciar a Palavra e conduzir as pessoas à comunhão com Deus e à participação na Igreja. Compromisso decorrente Portanto, pelo sacramento da Crisma o fiel assume o compromisso de testemunhar e difundir a fé por palavras e atitudes de vida. Quem recebe esse Sacramento assume o compromisso do apostolado e da manifestação pública da fé. Da mesma maneira que na Igreja nascente aqueles que receberam o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, deram testemunho corajoso da fé, anunciando o Senhor pelo mundo, assim também quem é crismado tem igual responsabilidade. É isso que Jesus espera daqueles a quem comunica o Espírito Santo: “O Advogado, que eu enviarei a vocês é o Espírito da Verdade que procede do Pai. Quando ele vier, dará testemunho de mim. Vocês também darão testemunho de mim” (Jo.15,26-27). O testemunho, manifesto por palavras e atitudes, é o compromisso decorrente do sacramento da Crisma. Pelo Batismo nós já recebemos o Espírito Santo que nos capacita a viver como cristãos, seguidores de Cristo, membros da família de Deus que é a Igreja. Pela Crisma recebemos o Espírito Santo como força que vem do alto a fim de darmos testemunho de nossa fé, conduzindo outros à comunhão com Deus e à participação na Igreja. Portanto, pela Crisma, recebemos o dom do Espírito Santo em vista ao testemunho da fé. Conscientes disso, aproveitemos toda oportunidade para transmitir a todos o que recebemos de nosso Senhor. Dom Wilson Angotti Bispo Diocesano de Taubaté - SP


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Diocese em Foco No dia 17 de outubro de 2021, a Diocese de Taubaté realizou a abertura da fase diocesana do Sínodo 2021-2023, com a missa na Catedral de São Francisco das Chagas. A celebração presidida pelo bispo diocesano Dom Wilson Angotti, contou com a presença de representantes de todas as paróquias da Diocese, além de membros da equipe sinodal diocesana, do coordenador diocesano de pastoral Cônego José Luciano, do Pároco da Catedral, Padre Roger Matheus, do reitor do Seminário Santo Antônio, Padre Marcelo Henrique e de seminaristas diocesanos. A missa de abertura do Sínodo fez memória a Dom Antônio Affonso de Miranda, bispo emérito da Diocese de Taubaté, por ocasião do 7º dia de seu falecimento.

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Dom Wilson celebra abertura da fase diocesana do Sínodo 2021-2023 Da Redação Na homilia, a partir da Palavra anunciada (Is 53,10-11 /Hb 4,14-16 /Mc 10,35-45), Dom Wilson lembrou que cada cristão é missionário e deve ter atitude responsável e de fidelidade para enfrentar os sofrimentos que são decorrentes da missão. “Nós, como Igreja, temos que nos distinguir do mundo. O mundo que procura privilégios, reconhecimento, glória, distinções. Nós, como discípulos de Jesus Cristo, temos que nos dedicar ao serviço, seguindo o exemplo do próprio Jesus, que dá a vida, que oferece a própria vida, que enfrenta as dificuldades próprias da missão. Claro que não devemos procurar sofrimentos. Procurar sofrimentos e gostar de sofrimentos é uma atitude masoquista. Mas é uma atitude responsável e de fidelidade enfrentar os sofrimentos que são decorrentes da missão, do compromisso com a verdade, da luta pela justiça, isso com todas as consequências que tal compromisso pode acarretar. Assim Jesus Cristo fez, na sua obediência ao Pai, Ele enfrentou todas as dificuldades da missão.” Ao iniciar o processo sinodal, Dom Wilson explicou como será abordado o processo do Sínodo na Diocese de Taubaté: “O Sínodo é uma reunião para sugestões e aperfeiçoamentos, para isso que nós vamos caminhar, tenhamos sempre em vista isso, temos que reconhecer o

que existe e aperfeiçoar, sempre em vista de maior comunhão”. Durante todo o processo do Sínodo, a Igreja irá discutir sobre três palavras-chaves: participação, comunhão e missão, a partir do tema: “Por uma Igreja sinodal”. Nos meses de novembro e dezembro, nas paróquias e comunidades das 11 cidades que compõem a Diocese de Taubaté, serão realizados encontros para conversar sobre o Sínodo. A consulta ao povo será em torno de uma questão fundamental: “Como é que este ‘caminho em conjunto’ está acontecendo na nossa Igreja local? Que passos é que o Espírito Santo nos convida a dar para crescermos no nosso ‘caminhar juntos’?”. Além disso, mais 10 questões abordarão diversos temas relacionados à realidade da Igreja.

Jovens se reencontram em evento do Dia Nacional da Juventude O Dia Nacional da Juventude (DNJ), na Diocese de Taubaté, realizado no dia 24 de outubro, na paróquia São Sebastião, proporcionou um reencontro dos jovens que estavam há dois anos sem encontros presenciais. O encontro reuniu jovens de todas as cidades que compõe a Diocese de Taubaté e foi organizado seguindo todas as regras do protocolo sanitário em prevenção a COVID-19. A Programação do DNJ contou com a animação musical da Banda Kyrios Reggae, que com um repertório animado colocou a juventude para dançar e celebrar a vida em Jesus.

O coordenador diocesano do setor Juventude, Fábio Henrique da Rocha, comandou a tarde do DNJ interagindo com os jovens e os convidados. Os jovens dos diversos carismas vivenciaram o DNJ de forma alegre, com formação e oração. Motivado pelo tema do DNJ “Que todos sejam um” (Jo 17,21) o Padre Rodrigo Natal,

pároco da Paróquia São Sebastião de TaubatéSP, apresentou um momento de reflexão sobre como aprender a dialogar a partir do exemplo de clareza, mansidão e confiança que Jesus ensina. “Essas três características: clareza, mansidão e confiança são fundamentais para estabelecermos um diálogo a partir de Cristo”, indicou. Durante a programação do DNJ, foi apresentado um teatro com uma mensagem sobre a importância de atitudes de amor num mundo de violência. O cantor e missionário Dunga conversou com a juventude, deu o seu testemunho de conversão e reforçou a importância da união das pessoas para que os milagres aconteçam. “Hoje, eu quero dizer para vocês o quanto é importante estarmos unidos para que um milagre talvez aconteça, porque Deus é capaz de reunir muitas pessoas, Deus é capaz de fazer uma mobilização enorme só por causa de um milagre. Toda vez que você ver um milagre acontecendo, fique feliz! Mesmo que ainda não seja o seu, sabe por quê? Porque a fila está andando, a fila pode ser longa, mas quando você souber que um milagre aconteceu, a cura de alguém por exemplo, fique feliz porque mais um passo foi dado”, refletiu. Após a pregação com o Missionário Dunga, o bispo diocesano Dom Wilson Angotti, falou com os jovens sobre o tema do DNJ “Que todos sejam um (Jo 17,21)”, o bispo fez uma breve reflexão indicando que as diferenças distanciam um dos outros, mas quando todos buscam o Senhor é possível promover a unidade. O Padre Rodrigo Natal conduziu o momento de Adoração ao Santíssimo, e em

Da Redação seguida, Dom Wilson presidiu a Santa Missa de encerramento do DNJ. Em sua homilia, dando o exemplo do cego Bartimeu, disse aos jovens que não percam a oportunidade de buscar o caminho de Jesus. “Aquele cego clamou, Deus o ouviu. Clamemos nós também, para que sejamos ouvidos por Deus, por Ele socorridos em nossas necessidades, e que Ele nos abra os olhos, que nos faça enxergar como fez Bartimeu, que depois seguiu Jesus pelo caminho. A parte de Deus foi feita, mas a parte de Bartimeu também foi. Quando ele percebeu que Jesus passava, não perdeu tempo, não perdeu a oportunidade, jogou o manto e num salto foi ao encontro de Jesus. Nós também precisamos aproveitar a oportunidade que aparece na nossa vida, que se apresenta a nós, não perder a oportunidade, ir ao encontro de Jesus, reconhecer que Ele é o Messias e pedir que Ele abra os nossos olhos”, indicou. Novo Assessor Diocesano No encerramento do DNJ, o bispo Diocesano Dom Wilson Angotti, anunciou a nomeação do padre José Amarildo Rangel Junior como o novo assessor do Setor Juventude da Diocese de Taubaté. O padre Cipriano Alexandre de Oliveira, que assessorou o Setor desde 2014 até agora, fica na função até dezembro para a transição ao padre Junior, que assumirá como assessor em janeiro de 2022. Padre Junior foi ordenado no dia 21 de agosto de 2021, é o atual assessor da Campanha da Fraternidade na Diocese de Taubaté e vigário da paróquia Sant’Ana em Pindamonhangaba-SP.


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Diocese em Foco

O clero da Diocese de Taubaté esteve reunido no dia 27 de outubro em uma reunião geral de consulta sobre o Sínodo 2021-2023. A reunião aconteceu no Seminário Santo Antônio e começou com um momento de oração, em seguida o padre Luís Gustavo, reitor do Seminário Santo Antônio conduziu um momento de reflexão e falou sobre o papel dos presbíteros para o Sínodo. O bispo diocesano abriu os trabalhos da reunião com uma breve explicação sobre os objetivos do Sínodo, em seguida os padres e diáconos assistiram a uma apresentação sobre o documento preparatório para o Sínodo apresentada pelo Padre Kleber Rodrigues da Silva, pároco da paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pindamonhangaba.

Igreja no Mundo

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Clero da Diocese de Taubaté se reúne para consulta sinodal Durante a apresentação, Padre Kleber indicou como serão as ações de consulta ao povo na fase diocesana do Sínodo. Segundo Padre Kleber todo o processo do Sínodo precisa ter em vista as decisões do Concílio Vaticano II que durante o passar dos anos possa ter se perdido ou enfraquecido. “O que nós queremos alcançar com o processo sinodal, nesse processo pastoral, é resgatar o que se perdeu ao longo do caminho após o Concílio Vaticano II”, lembrou. Em reforço ao sentido de Igreja, Comunhão e participação, já presentes no Concílio Vaticano II, o Sínodo acontece para aprofundar e aperfeiçoar o caminho que a Igreja quer percorrer. “Trata-se de um processo sempre com correções e adaptações, mas sempre com a

Da Redação

consciência de caminhar juntos”, salientou Padre Kleber. Após a apresentação do documento preparatório para o Sínodo, os padres se reuniram em grupos para responder à questão fundamental e mais 10 perguntas sobre núcleos temáticos que abordam os diferentes aspectos da “sinodalidade vivida”. A fase diocesana do Sínodo prevista anteriormente para se encerrar em março de 2022 foi prorrogada até agosto de 2022, na Diocese de Taubaté o cronograma seguirá com as consultas ao povo em novembro, dezembro de 2021 e janeiro de 2022. O povo também responderá à questão fundamental e demais perguntas dos núcleos temáticos.

João Paulo I, o papa da humildade e do sorriso

Foto: Vatican News

No último dia 13 de outubro, o papa Francisco autorizou a Congregação para a Causa dos Santos a promulgar o decreto que reconhece um milagre, ocorrido em 23 de julho de 2011 e que foi atribuído à intercessão de Albino Luciani, o Papa João Paulo I. Trata-se da cura de uma menina argentina de onze anos que sofria de gravíssimos ataques epiléticos e outras complicações, além de uma broncopneumonia que já estava a conduzindo para o fim da vida. Com isso o “papa do sorriso” será beatificado em breve e passará a compor a lista dos beatos, até que seja canonizado. Nascido em 17 de outubro de 1912, numa pequena cidade no norte

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da Itália chamada Forno di Canale, Albino Luciani era filho de um operário socialista, o que marcou profundamente seu ministério pastoral. Segundo consta em sua biografia, seu pai lhe deu o maior de todos os conselhos quando assentiu à sua entrada para o seminário: permanecer sempre ao lado dos pobres, porque Cristo era pobre. E assim viveu ele. Foi ordenado sacerdote em 1935 e em 1958 foi nomeado bispo, por sua santidade o papa João XXIII. Participou com entusiasmo do Concílio Vaticano II e buscou aplicar suas diretrizes com todo o vigor do seu espírito de pastor, afinal, uma Igreja aberta para dialogar com o mundo contemporâneo, foi o que

Pe. Junior Rangel sempre buscou e pelo que sempre lutou. “Humildade” foi o lema que escolheu para seu ministério episcopal. E, sem galgar os degraus da fama e do poder, assim viveu o pobre bispo, sempre aberto às necessidades dos fieis pobres e trabalhadores, mantendo um estilo sóbrio e moderado. Sua intransigência se demonstrava apenas naquilo que se referia ao luxo que envolvia o clero. Em reconhecimento ao seu trabalho em favor da Igreja e do Reino, o papa Paulo VI o nomeou cardeal no consistório de 1973. Albino Luciano foi eleito papa em agosto de 1978, e permaneceu na função de sucessor de Pedro por apenas 34 dias, tendo um dos pontificados mais breves da história. Na escolha de seu nome como romano pontífice decidiu-se por unir o nome de seus dois predecessores, manifestando a intenção de continuar a aplicação do Concílio que por eles havia sido convocado e concluído, respectivamente. Mesmo como papa, Albino Luciani manteve a humildade que lhe era característica. Quando estava com o povo, o papa transmitia a impressão de ser apenas um simples pastor entre o rebanho. Seu modo simples de falar e sua proximidade com os fiéis fizeram com que sua fama de santidade se espalhasse rapidamente após sua morte. Com sua beatificação, João Paulo I se torna o quarto papa pós-conciliar a ser elevado à glória dos altares, junto com São João XXIII e São Paulo VI, seus predecessores, e São João Paulo II, seu sucessor. Que o exemplo de vida do novo beato aponte para todos o caminho da humildade, da simplicidade e da comunhão com a Igreja.


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Dom Antônio Affonso nasceu na cidade de Cipotânea, MG, aos 14 de abril de 1920, filho de José Afonso dos Reis e de Maria das Dores Miranda. Seus pais, muito religiosos, educaram os filhos num clima de intensa religiosidade e devoção, especialmente a Nossa Senhora e ao Santíssimo Sacramento. Esta devoção da sua infância o acompanhou por toda a vida. Enquanto Padre foi membro da Congregação dos Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento (SDN). Sagrado bispo, seu lema episcopal foi um tema eucarístico inspirado em 1 Cor 10,17: “De Uno Pane” (Somente um Pão).

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do Espírito Santo (1965-1969), Licenciatura em Filosofia na Faculdade de Filosofia de São João Del Rei, MG (1970-1971). Iniciou-se no Jornalismo por volta de 1938, quando começou a escrever para o Lutador, de Manhumirim, jornal com circulação de alcance nacional e do qual, em 1946, se tornou Diretor. ESCRITOR E ORADOR

Dom Antônio Affonso cursou Humanidades e Filosofia no Seminário Apostólico de Manhumirim, MG (1933-1941); Teologia no Seminário Central de Belo Horizonte (1942-1945); Direito na Universidade Federal

Dom Antônio Affonso, ágil e versátil escritor, legou-nos mais de 40 livros, abordando os mais variados temas: Teologia em geral, Mariologia, Catequese, Família, Moral e até uma obra contendo seus poemas. Assinalado jornalista, foi destacado colaborador dos periódicos “O Lutador”, “O Taubateano” e “O Lábaro” da Diocese de Taubaté. Seus escritos, muito bem aceitos dada a fidelidade aos fatos, clareza, profundidade e ortodoxia dos ensinamentos, apontam

Ordenado sacerdote em Belo Horizonte - MG, ao 1º de novembro de 1945, realizou as seguintes missões: Diretor do Seminário Apostólico de Manhumirim, MG e Professor de Latim no mesmo Seminário (1946-1949); Diretor do Seminário São Rafael de Dores do Indaiá e Pároco da mesma cidade (1949-1952 e 19611971); Superior Geral da Congregação dos Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, Manhumirim, MG (1952-1961); Redator do Jornal “O Lutador” de Manhumirim, MG (1946-1949); Fundador e Redator da revista “Luzes”, de Dores do Indaiá, MG (19501952) e Diretor do Colégio Estadual “Francisco

Campos” de Dores do Indaiá, MG (1966-1971). Chamado ao Episcopado pelo Santo Padre, o Papa Paulo VI, foi Sagrado Bispo em Mercês MG, aos 27 de dezembro de 1971. Como Bispo recebeu as seguintes atribuições: Bispo Diocesano de Lorena SP, da qual tomou posse aos 23 de janeiro de 1972 e onde permaneceu até 1977; Membro da Comissão Representativa do Regional Sul I da CNBB; Membro do Conselho Administrativo da PUC de São Paulo (1972-1977); Em outubro de 1976 foi transferido para a diocese de Campanha, onde tomou posse aos 6 de janeiro de 1977, como Bispo coadjutor com direito à sucessão de

Dom Antônio Affonso herdou a diocese de Taubaté das mãos de Dom José Antônio do Couto scj, bispo que bem cedo foi vitimado por um AVC, mas que em seus 5 anos de pastoreio buscou a implantação da Pastoral, seguindo bem de perto as orientações do Concílio Ecumênico Vaticano II. Dom Antônio, já em seu discurso de posse deixou bem claras suas prioridades: os jovens, os operários, os estudantes e os pobres, aos quais atribuiria uma “opção preferencial não demagógica, não política, não ideológica, mas evangélica.” Muito prudente e humilde seguiu

bem de perto o plano de pastoral elaborado por dom José Antônio do Couto até a convocação da sua 1ª Assembleia Diocesana de Pastoral, em outubro de 1984. A 2ª Assembleia aconteceu em novembro de 1985 e desta resultou o primeiro plano de pastoral do governo de Dom Antônio. Seguiu-se uma 3ª Assembleia, à luz da Exortação Apostólica Christifidelis Laici, em que os leigos ganharam espaço especial no plano pastoral. As paróquias, em sua maioria, foram divididas em setores, organizaram-se círculos bíblicos e surgiram as pequenas comunidades. Foram criadas equipes de coordenação diocesana, de coordenações regionais e coordenações paroquiais. A formação de novos sacerdotes teve um expressivo reavivamento. A grande marca de dom Antônio foi a sua capacidade de gerir conflitos, sempre encontrando o ponto de convergência entre forças adversas. A passagem de dom Antônio pela diocese de Taubaté foi marcada pelo equilíbrio entre a responsabilidade e a generosidade, a ternura e o rigor. Como se diz amiúde: rigoroso e amoroso.

ESTUDOS

para a inteligência privilegiada do Autor e sua dedicação generosa à Evangelização e Catequese. Ao lado dos seus escritos, seu falar repleto de eloquência fazia dele um orador muito apreciado. Falava com fluidez e se comunicava com clareza e naturalidade. Não sem razão ele foi escolhido para ocupar a cadeira nº 11 da Academia Taubateana de Letras.

dom Othon Motta e Administrador apostólico com plenos poderes, em decorrência de doença degenerativa que vitimava o bispo titular (1977-1981); Enquanto bispo de Campanha foi escolhido pela Santa Sé para ser um dos delegados brasileiros na Conferência Episcopal de Puebla, realizada no México no início de 1979; Em agosto de 1981 foi transferido para a diocese de Taubaté, da qual tomou posse em 20 de setembro do mesmo ano. Aqui permaneceu até agosto de 1996, quando se tornou Bispo Emérito. Apresentou sua Renúncia da Diocese aos 22 de maio de 1.996 e foi sucedido por Dom Carmo João Rhoden scj.

São ainda a serem realçados: a) O paternal afeto que Dom Antônio dedicava a seus padres e às pessoas leigas que se acercavam dele, com as quais interagia com extrema simplicidade e simpatia. b) A profunda amizade com Dom Carmo, vivenciada com grandeza de alma em residência comum por quase 23 anos. Entre eles havia exemplar comunhão de amigos e mais: amigos bispos. Legaram-nos um admirável exemplo. Durante seu pastoreio na Diocese de Taubaté:


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A serviço da evangelização!

a) Criou 7 Paróquias; b) Elevou 3 Igrejas à categoria canônica de santuários; c) Ordenou 33 Padres; d) Ordenou 17 Diáconos permanentes; e) Promoveu a regularização de 5 Institutos religiosos: 4 femininos e 1 masculino; f) Criou a Câmara Auxiliar Permanente do Tribunal Eclesiástico; g) Criou o Curso de Filosofia Santo Antônio; h) Criou a Escola de Catequese Mater Ecclesiae;

i) Criou o Curso de nível universitário de Teologia para Leigos; j) Criou a Escola da Fé e k) Escola Diaconal Santo Antônio. Dom Antônio realizou muito em prol de nossa Diocese, mas aqui também se sentiu plenamente realizado. Em sua carta de despedida da Diocese afirmou: “Fizestes-me repleto de alegrias e realizações. Do alto dos meus 99 anos, dos quais quase 40 foram inteiramente ao vosso serviço, devo testemunhar-lhes que tenho sido imensamente feliz, sendo vosso bispo”. Aos 16 de agosto de 2006, ocasião em que lhe

Dom Antônio Affonso faleceu na madrugada de 11 de outubro de 2021, em hospital de Juiz de Fora (MG), onde se encontrava internado. Estava com 101 anos, sendo o bispo mais idoso de nosso País. O Bom Deus concedeu a Dom Antônio a graça de uma vida centenária... O que vimos e ouvimos de Dom Antônio é admirável... Suas qualidades ultrapassam nossa capacidade de descrevê-las. E se pensarmos no seu ministério sacerdotal e episcopal que ele realizou com tanto zelo e piedade? Quantas graças e bênçãos, quantas maravilhas de Deus para nós através dele? Nós que pudemos usufruir de sua vida por quase 40 anos, tempo em que se dedicou com generosidade à Igreja, especialmente à nossa Diocese, apresentemos-lhe nosso agradecimento, louvor e reverência. Seu sepultamento ocorreu no interior do Santuário Nossa Senhora das Mercês, em

Mercês (MG), após concelebração da missa exequial. Dom Wilson, nosso Bispo Diocesano, dela participou representando toda a nossa Diocese. Dom Carmo, seu sucessor como Bispo da Diocese de Taubaté, particular companheiro e amigo, também procurou estar presente, mas um empecilho em Três Rios RJ o impediu de continuar viagem. Foi neste Santuário que Dom Antônio viu desabrochar a sua vida espiritual. Ali foi acolhido e tornou-se zeloso e piedoso coroinha... Dali, aos 13 anos partiu para o Seminário... Ali foi sagrado bispo... E ali repousam seus restos mortais. Rezemos, agora, para que ele esteja na felicidade plena junto de Deus, celebrando a perene e celestial Liturgia que ele tanto amou. Para esta vida plena conduzam-no os anjos e santos, e de uma forma especial Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, a quem ele se consagrou (SDN).

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foi concedido o título de Cidadão Taubateano, Dom Antônio já assim se manifestara: “...a voz e o coração do povo que me acolhe com amizade há 35 anos, me fazem sentir em família e com o respeito extremado das ovelhas que sempre amei como Pastor”. A vasta atividade de Dom Antônio é descrita pormenorizadamente pelo jornalista Henrique Faria no Livro intitulado: “Dom Antonio Afonso de Miranda, Crônica de um menino que virou bispo”, e publicado em 2020 pela Editora O Lutador.

Matriz N.S das Mercês - MG Intercedei por nós, Dom Antônio!


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Ano Josefino

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São José: a espiritualidade da vida cotidiana Professor José Pereira da Silva

A Igreja confia também no insigne exemplo de São José” (Redemptoris Custos, n.30). Lembremos da afirmação fundamental do Papa Santo Paulo VI ( 1897-1978) que São José “ é a prova que para ser bons e autênticos seguidores de Cristo não são necessárias coisas grandes, mas bastam e são necessárias as virtudes humanas comuns e simples, mas verdadeiras e autênticas” (Homilia de 19 de março de 1969). A liturgia propõe a todos São José como modelo de fidelidade e pureza de coração, de fidelidade às responsabilidades que Deus nos confia, de testemunha do amor de Deus, para caminhar nos caminhos da santidade e da justiça e cooperar fielmente na realização da obra da salvação. Os ensinamentos dos Papas, sobretudo nestes últimos dois século encontraram em São José uma referência equilibradora, apresentando-o sempre como modelo de vida autenticamente cristã, verdadeira , austera, severamente simples, sem nenhum daqueles maravilhosos enfeites que comumente acompanham a vida dos santos e santas. Quantas gerações foram formadas nesta grande escola! Através dos exemplos disso São José, “vê-se como Deus espera de cada um de nós aquilo que ele tem o sacrossanto direito de esperar,ou seja, a correspondência fiel e generosa ao seu chamado, à sua vontade, ao seus desejos, o empenho fiel e diligente daqueles muitos dons naturais e sobrenaturais que ele mesmo distribuiu a cada um, segundo as diferentes condições de vida, segundo os diversos deveres do estado que a cada um ele deu” ( Papa Pio XI, Locução de 19 de março de 1961). Da figura de São José vem para todos um oportuno apelo, e também aquele sentido de medida, de paciência, e aquele ‘amor silentii’ e o amor de sacrifício, que fazem muito sólidas as obras de piedade, de mútua assistência, de elevação espiritual e material.

Patrono da Igreja Da mesma maneira que Deus havia constituído José, gerado do patriarca Jacó, superintendente de toda a terra do Egito para guardar o trigo para o povo, assim, chegando a plenitude dos tempos, estando para enviar à terra o seu Filho Unigênito Salvador do mundo, escolheu um outro José, do qual o primeiro era figura, o fez Senhor e Príncipe de sua casa e propriedade e o elegeu guarda dos seus tesouros mais preciosos. De fato, ele teve como sua esposa a Imaculada Virgem Maria, da qual nasceu pelo Espírito Santo, Nosso Senhor Jesus Cristo, que perante os homens dignou-se ter sido considerado filho de José, e lhe foi submisso. E Aquele que tantos reis e profetas desejaram ver, José não só viu, mas com Ele conviveu

A tríplice concupiscência: o dinheiro, que antes de tudo tem um terrível poder de atração; a sede de domínio é inextinguível; os prazeres da vida que induzem à condescendência , à fraqueza. Quem deseja se salvar, colocar-se ao seguro na casa do Pai e conservar os preciosos dons de natureza e de graça dados por Deus, não precisa fazer outra coisa senão espelhar-se no perene ensinamento evangélico e da Igreja, dos quais a humilde vida de São José oferece um exemplo muito significativo “ (Papa João XXIII, Homilia de 19 de março de 1961). Naturalmente, pela razão do trabalho que exerceu. São José é especialmente proposto como modelo de santidade para os trabalhadores. O Papa Bento XV (1854-1922) escreveu: “ Os proletários, os operários e todos os trabalhadores devem,por um título ou por um direito próprio, aprender com ele o que tem de imitar. Por ele, embora fosse de estirpe déreis, casado com a mais santa e excelsa entre as mulheres, e pai putativo do Filho de Deus, apesar disso, passa a sua vida no trabalho, e com o seu esforço e com a sua profissão providencia o necessário para a manutenção dos seus. José, contente do pouco do que era seu, conduziu com forte e elevado ânimo as privações e as dificuldades inseparáveis daquela maneira sutil de viver a exemplo do seu Filho, o qual, sendo senhor de todas as coisas, e revestido da semelhança de um servo, de boa vontade abraçou a suma pobreza e a penúria de todos as coisas” (Papa Bento XV, Motu Proprio”Bonum sane”, 25 de julho de 1920). Ao propor o exemplo de São José, a Igreja procura chamar os trabalhadores à consideração de sua grande dignidade, e convidá-los a fazer de suas atividades um meio poderoso de aperfeiçoamento pessoal e de mérito eterno. A verdadeira dignidade do homem não se mede por resultados grandiosos, mas pelas disposições interiores de ordem e de boa vontade. É evidente que a santidade de José encontra a sua origem e também a sua expressão na particular união e intimidade que ele teve com Maria e com Jesus; é daqui que deriva a extraordinariedade da vida e do trabalho de São José, inteiramente simples sob todos os aspectos. São José é a prova da grandeza em qualquer tipo de vida cotidiana, se esta for transformada em resposta de amor para com Deus, na aceitação simples e generosa da sua vontade. O Papa Santo Paulo VI propõe justamente a adesão de São José à vontade de Deus como ‘o segredo da grande vida’ para

cada homem, sem exceção. Como o Concílio Vaticano II (1962-1965) lembra: “ Jesus pregou a santidade da vida a todos os seu discípulos de qualquer condição. O mesmo serviço temporal, se aceitado com fé como cooperação à vontade divina se torna manifestação da caridade com a qual Deus amou o mundo” (Lumem Gentium, nn.40-41). As narrações dos evangelistas deram pouco espaço ao mistério da vida escondida de Jesus, preocupando-se mais com a sua vida pública, mas não deixa de ser verdade, se tomada dentro do contexto do tempo,que a vida escondida de Jesus foi preponderante, manifestando desta forma no dia-a-dia a grande realidade da encarnação. “Trata-se , em última análise, da santificação da vida cotidiana, que cada um deve adquirir segundo o próprio estado e que pode ser vivida segundo um modelo acessível a todos” (Redemptoris Custos, n.24). Sendo que São José , na economia da encarnação , foi designado pelo próprio Deus para ser o educador de Jesus, a este por sua vez procurou ser-lhe submisso (Lc 2,51; Hb 5,8), a Igreja a não cessa de confiar a São José ávida espiritual dos fiéis, na certeza de que aquele que recebeu a plena confiança do Pai celeste a respeito do seu Filho predileto, deseja a reproduzir os seus sentimentos no seu corpo, que é a Igreja. A espiritualidade de São José, como a proposta pelo magistério da Igreja é, por sua vez, o caminho de cada homem, porque supõe a grandeza da vida cotidiana enquanto tal. A maneira mais ou menos extraordinária, com a qual cada um saberá viver a sua vida ordinária no exercício constante das mais variadas virtudes, dependerá daquele grau de animação que cada vida a interior saberá atingir do mistério, da encarnação do Verbo que age em todos. Nazaré é certamente um lugar geográfico, mas foi sobretudo um mistério da vida de Cristo, u seja, um tempo e um lugar de salvação. Homem entre os homens, Jesus condividiu na humildade e na obediência o dia-a-dia, as instituições, os ritos, o cansaço, a dor e o trabalho, a fim de transformar tudo, purificando e santificando tudo pelo contato com sua presença redentora. Em Nazaré, Jesus viveu sob a proteção, a guia e a autoridade do pobre carpinteiro de Nazaré. José, a lição que brota de toda sua vida, continuará sempre a ser uma escola para a Igreja.

Trecho do Decreto QUEMADMODUM DEUS, Papa Pio IX , 1870

e com paterno afeto abraçou e beijou; e além disso, nutriu cuidadosamente Aquele que o povo fiel comeria como pão descido dos céus para conseguir a vida eterna. Por esta sublime dignidade, que Deus conferiu a este fidelíssimo servo seu, a Igreja teve sempre em alta honra e glória o Beatíssimo José, depois da Virgem Mãe de Deus, sua esposa, implorando a sua intercessão em momentos difíceis. [...] os Veneráveis e Excelentíssimos Bispos de todo o mundo católico dirigiram ao Sumo Pontífice as suas súplicas e as dos fiéis por eles guiados, solicitando que se dignasse constituir São José como Patrono da Igreja Católica. Tendo depois no Sacro Concílio Ecumênico do Vaticano insistentemente renovado as suas solicitações e desejos,

o Santíssimo Senhor Nosso Papa Pio IX, consternado pela recentíssima e funesta situação das coisas, para confiar a si mesmo e os fiéis ao potentíssimo patrocínio do Santo Patriarca José, quis satisfazer os desejos dos Excelentíssimos Bispos e solenemente declarou-o Patrono da Igreja Católica, ordenando que a sua festa, marcada em 19 de março, seja de agora em diante celebrada com rito duplo de primeira classe, porém sem oitava, por causa da Quaresma. Além disso, ele mesmo dispôs que tal declaração, por meio do presente Decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, fosse tornada pública neste santo dia da Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus e Esposa do castíssimo José. Rejeite-se qualquer coisa em contrário.


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Tema Pastoral

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Comunhão dos Santos: a graça de não estarmos sozinhos “Quem tem fé, nunca está sozinho, nem na vida, nem na morte” (Bento XVI).

A cada ano, o mês de novembro é oportunidade de reflexão sobre alguns pontos específicos da nossa fé católica relacionados com as últimas realidades da vida terrena e com a vida após a morte. Isso ocorre por dois motivos, basicamente: as celebrações de Todos os Santos e de Finados, no início do mês, e o encerramento do Ano Litúrgico, que ocorre, via de regra, nos últimos dias de novembro. Assim, a Liturgia vai dando o ritmo dessas reflexões, sobretudo, mediante a Palavra de Deus, pois as leituras proclamadas nessas ocasiões, especialmente na proximidade do encerramento do Ano Litúrgico, apresentam temáticas escatológicas, isto é, sobre aquilo que cremos acerca da nossa saída deste mundo e sobre a nossa existência além daqui. Todo o cenário do mês de novembro, então, abre-se com a Solenidade de Todos os Santos. Tal ocasião convida-nos a refletir, particularmente, sobre uma verdade de fé que nós professamos ao rezar o Credo e que, muitas vezes, não é bem compreendida pela maioria das pessoas: nós cremos na comunhão dos Santos. Primeiramente, a comunhão dos Santos diz respeito à união que existe entre as pessoas que acreditam em Jesus Cristo como Filho de Deus e Salvador. No início da Igreja, conforme atestam alguns textos bíblicos do Novo Testamento, era comum que os cristãos se chamassem entre si de “santos”, no sentido de pessoas santificadas por Cristo. A união entre os crentes, característica bem visível nas primeiras comunidades cristãs (infelizmente, diferente de hoje, em muitas situações!), é, pois, o primeiro significado da expressão comunhão dos Santos e se manifesta, concretamente, nas relações de fraternidade, de misericórdia e de solidariedade entre os fiéis. Contudo, ao professarmos a nossa fé na comunhão dos Santos, também afirmamos crer que a união existente entre os fiéis cristãos não é uma mera unidade grupal. Ela se relaciona com a união que deve haver entre cada pessoa e Deus e disso depende. A fé, que é sempre uma resposta pessoal do ser humano a Deus que se revela, deve levar, naturalmente, a pessoa a unir-se a Deus; porém, a comunhão resultante dessa resposta do ser humano a Deus conduzirá a uma relação de vida comunitária em Deus. A comunhão entre os fiéis fortalece a união de cada fiel com o Senhor. Dando um passo adiante, veremos que há um outro ponto a ser considerado, o qual nos faz entender a relação da verdade de fé da comunhão dos Santos com a Solenidade de Todos os Santos e com aquilo que nós acreditamos quanto às últimas realidades do mundo presente e à vida pós-morte: a união de todos em Cristo, nascida da união pessoal com Ele e nela fortalecida, é um vínculo que não termina com a morte, mas que perdura na vida eterna, tanto para aqueles que já gozam da visão beatífica (os santos, que já estão no céu), quanto para aqueles que ainda passam pela necessária purificação das penas temporais dos pecados para, então, poderem entrar na glória celeste (as almas do Purgatório). Deste modo, estabelecem-se relações entre os que creem em Cristo também depois da morte: intercessão e sufrágio. Aos Santos, que já estão na glória de Deus, pedimos que intercedam por nós, que ainda estamos a caminho, na penumbra da fé, pelas vias deste mundo; pelas almas do Purgatório, nós, que neste mundo ainda estamos,

Pe. Celso Luiz Longo

oferecemos a Deus nossas orações (sufrágios, socorros), a fim de que a purificação delas se abrevie e, pela misericórdia do Senhor, sejam admitidas à sua presença. A comunhão dos Santos nos mostra, enfim, que o amor, que é o vínculo da perfeição, como ensina a Escritura, nos impulsiona a fazer o bem pelos irmãos em toda e qualquer ocasião, nesta vida e além dela. O empenho por um mundo mais justo e fraterno neste mundo jamais nos dispensa de olhar para o céu, nossa morada definitiva. Por isso, nós, Igreja militante (a caminho, que luta), somos socorridos pela Igreja triunfante (os que estão no céu) e socorremos, com nossas orações e sufrágios, os irmãos da Igreja padecente (Purgatório), firmados na esperança de que, quando Cristo for tudo em todos, estaremos com Ele para sempre participando da plenitude da salvação na comunhão perfeita do amor, saciados na eternidade.


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Entrevista

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Carol: uma jovem evangelizadora Pe. Jaime Lemes, msj

Carol: Esse evento foi preparado com muito carinho há cerca de dois meses, quando o núcleo e outros representantes de vários grupos e movimentos juvenis se reuniram para estruturar o cronograma. Foi um evento tão abençoado que reuniu não somente mais de 500 jovens e leigos de várias cidades que pertencem a diocese, mas também contou com a grandiosa presença do nosso Bispo diocesano e de vários padres e seminaristas da diocese. O sucesso do evento, primeiramente, foi uma dádiva Deus, e também a comunhão linda entre o clero e os jovens de nossa diocese. O LÁBARO: Ainda há certa resistência de muitos jovens em participar efetivamente da Igreja. Na sua opinião, isso se deve a quê? O que é preciso ser feito? Carol: Sim, infelizmente há uma resistência dos jovens em participar da Igreja. Acredito que deve-se um pouco à essa mentalidade dos próprios jovens de que participar e servir na Igreja é coisa de pessoas mais velhas e que eles não têm tempo para isso. Porém, graças a Deus, ainda temos muito jovens empenhados a evangelizar outros jovens, por mais difícil que seja, e também a presença mais próxima do clero que nos dá ânimo para a árdua caminhada.

O mês de outubro, celebrado como mês das missões, também é marcado pelo Dia Nacional da Juventude (DNJ). Por isso, na entrevista desta edição, conversamos com uma jovem atuante na Igreja, a Carolina Aparecida Gonçalves, 29, que prefere ser chamada simplesmente de Carol. Ela é contadora por profissão e tem como hobby assistir a filmes e séries. Pertencente à Paróquia São Pedro Apóstolo, participa do Movimento Shalom e atua no Setor Juventude de nossa diocese. O LÁBARO: Como começou a sua participação na Igreja e qual é a sua atuação hoje? Carol: Minha família é de berço bem católico. Meus pais sempre levaram eu e minha irmã à missa, aos grupos e reuniões que frequentavam. Logo após a minha crisma, dei início aos trabalhos na paróquia São Pedro, como catequista de Primeira Eucaristia, durante 5 a 6 anos. Também participava, na mesma época, do grupo de jovens da paróquia. Durante a minha faculdade, fazia parte de um grupo de oração universitário, onde nos reuníamos nos intervalos das aulas para rezar e meditar a palavra de Deus. Nesse mesmo período, fiz o retiro do Movimento Shalom e fui convocada a participar das reuniões do Setor Juventude, representando o movimento, e permaneço até hoje no núcleo do Setor.

O LÁBARO: Qual é o trabalho do Setor Juventude na Diocese de Taubaté? Carol: O Setor Juventude é responsável por unir a nossa juventude católica presente em toda diocese, com seus diversos carismas e ministérios. Os eventos que realizamos durante o ano são importantes para mostrar aos jovens como é essencial nos reunirmos como única Igreja de Cristo, com as suas variadas formas de evangelizar.

O LÁBARO: Qual é a sua opinião sobre o momento histórico O LÁBARO: : No dia 24 de outubro foi celebrado o Dia que estamos vivendo? Nacional da Juventude (DNJ) na Diocese de Taubaté, com o lema: Carol: Esse momento em que estamos enfrentando, infelizmente, “Que sejam um” (Jo 17,21). Fale um pouco sobre como foi esse evento e por que é importante falar sobre unidade na Igreja hoje? fez com que não somente os jovens se afastassem da Igreja , mas também os leigos de forma geral. Vai ser uma longa jornada para irmos atrás dessas ovelhas que se afastaram, principalmente das missas dominicais. O LÁBARO: Que mensagem você deixa aos jovens que vão ler esta entrevista? Carol: Que eles permaneçam na fé em Cristo, pois vale muito a pena. O caminho é tortuoso, porém, Deus nos ajuda a passar pelas dificuldades e Ele não desempara nenhum de seus filhinhos. ACOMPANHE AS ATIVIDADES DO SETOR JUVENTUDE DA DIOCESE DE TAUBATÉ PELAS REDES SOCIAIS: Instagram: @setorjuventudedt facebook.com/sjtaubate


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Espiritualidade

Ao olharmos para a história da Igreja veremos que, desde os primeiros cristãos, a adesão a Cristo, Mestre e Senhor, e aos seus ensinamentos, implicou na vida de cada homem uma transformação em seus modos de pensar e de viver. Ser cristão é dizer “sim” ao chamado de santidade que o próprio Senhor faz a cada um de nós: “Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48). É possível, entretanto, ser santo mesmo em nossos dias? Este questionamento paira em nosso interior diante da proposta feita pelo

Pergunta do Leitor

Culturalmente, falar sobre a morte é algo evitado na maioria das rodas de conversa. Sempre que o assunto chega a esse tema, logo escutamos alguém dizer “vamos mudar de assunto, vamos falar de coisas boas?”. Muitas vezes, passamos a vida toda ouvindo falas e comentários, que nos levam a encarar a morte como algo negativo, considerando ser a morte, contrária a vida. Porém, ainda que possamos encontrar como definição ao morrer “cessação total da vida”, essa, se faz contrária ao nascimento, não havendo, portanto, contrário à vida. Como psicoterapeuta, poderia listar uma série de comportamentos capazes de cessar a vida, antes mesmo que ela acabe. Entre eles, o medo da perda. A angústia provocada por tal medo da perda, está presente desde o apego a um objeto, à perda daqueles que mais amamos. E quando nos prendermos a esse medo,

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Santidade também é coisa de jovem!

Senhor a nós, em confronto às mais diversas situações que vivenciamos no nosso cotidiano. Lembra-nos Dom Henrique Soares, que foi bispo e insigne pastor do rebanho de Cristo, ao discorrer sobre a santidade, para jovens: “Que é, pois, um santo? Quem é santo? Nem pense logo nas imagens dos altares, nem pense primeiro em religiosos e sacerdotes com rosto sisudo, nem imagine pessoas fora do mundo! Santo mesmo é aquele que arriscou caminhar unido a Jesus nos sacramentos e na vida. Isto mesmo: o santo nada mais é que um cristão que não brincou de ser discípulo,

Seminarista José Carlos, 3º Ano de Filosofia mas levou a sério o seu amor e a sua adesão pelo Senhor [...]. Aquele que, inflamado no amor de Cristo, transbordou esse amor de mil modos no seu relacionamento com as pessoas, sobretudo com os mais necessitados de apoio, ajuda e de afeto”. Nós, os mais jovens, não podemos deixar de buscar a vivência da santidade, independentemente dos acontecimentos de nossas vidas. Houveram santos que derramaram o seu sangue em nome de Jesus e para dar a vida aos seus irmãos; também encontramos aqueles a quem o Senhor confiou dons extraordinários; outros, grandes religiosos e sacerdotes que consagraram as suas vidas ao serviço da Igreja; sem contar aqueles pelos quais a Palavra de Deus desbravou muitas terras. Porém, a santidade não se restringe apenas a estes. Ser santo, portanto, não implica à fuga do nosso tempo. Posso ainda ter meu smartphone, minhas redes sociais, ir ao cinema e ter amigos. Não preciso andar alienado, nem recitando textos e orações desvairadas. É preciso, unicamente, ser um autêntico discípulo de Cristo Jesus, assemelhando-se cada vez mais a Ele, de tal modo a dizer como Paulo: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20).

Como viver bem com sofrimento e luto? podemos nos paralisar, pois estamos a perder diariamente. Não somos ensinados a perder, a perda é quase sempre ensinada como algo ruim. Para nosso ego, perder muitas vezes se torna inaceitável. Perdemos tantos momentos e em troca de que? De ganhar mais dinheiro? Mais bens? Mais status? Essas perguntas me levam a um infinito questionamento: Será que nos damos conta do quanto nos perdemos de nós mesmos? Quantas vezes nos afastamos de nós? Quantas vezes nos evitamos? Quantas vezes mergulhamos freneticamente em trabalho, em relacionamentos ou em qualquer outra coisa que nos rouba de nós mesmos? Se a perda nos causa angústia, começo a ter uma melhor compreensão quanto ao aumento no índice de suicídios, de pessoas com ansiedade, depressão, vícios, entre outros sintomas provocados pela perda de si. É fato que cada escolha se atrela a uma renúncia. E é espantoso o quanto abrimos mão de nós, por coisas que verdadeiramente poderíamos viver perfeitamente sem. Um professor certa vez escreveu essa frase “Para o ego morrer não faz nenhum sentido. Para o Self morrer é o único sentido”. Analiticamente, nosso ego é nosso maior inimigo. É por ele que mantemos vícios, medos, angústias. Pois nosso ego acredita que tudo pode controlar, inclusive a hora da nossa morte e daqueles a quem amamos. O desejo do ego é ser eterno e seu maior medo é o de se findar. Consequentemente, para atender aos caprichos do nosso ego, nos afastamos no nosso self, nos afastamos do sagrado que existe em nós.

Carolina Cembranelli- Psicóloga Especialista É evidente a tristeza surgir no momento de uma perda, e quanto mais significativa essa perda, maior essa tristeza. Mas tristeza e sofrimento não são sinônimos, ainda que normalmente sejam associadas. Tristeza esta associada à falta, à saudade, ao amor que inicialmente sentimos ter sido impedidos de sentir. Digo inicialmente, pois sendo amor algo imaterial, incondicional, atemporal e eterno, a perda física não pode levá-lo. Já o sofrimento, está associado à posse, ao controle, ao desespero de não termos mais acesso ao nosso objeto de amor. Noto muitas vezes o sofrimento atrelado à culpa, por sentir que não fizemos o suficiente, não aproveitamos tanto quanto gostaríamos, portanto é necessário que possamos exercitar o perdão, o autoperdão, para que seja possível nos despedirmos do sofrimento. Em uma palestra, a médica especialista em cuidados paliativos Drª Ana Claudia fez a seguinte pergunta: “O que você faria, se tivesse mais cinco minutos com a pessoa que partiu?”. É surpreendente como essa pergunta pode nos acalmar, ou nos apavorar. Cinco minutos pode ser muito, ao mesmo tempo, ser nada. E isso depende da nossa necessidade simbólica da nossa perda. Compreendo o assunto em questão extremamente complexo e infinito em suas interpretações, porém concluo minha fala, com a crença de não ser a morte que tememos ou que nos faz sofrer, mas nossa compreensão a respeito dela.


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A serviço da evangelização!

Atos da Cúria Foram 46 os documentos expedidos pela Cúria Diocesana no período de 7 de outubro a 9 de novembro de 2021. Dentre estes destacam-se: •Orientação aos Padres, Diáconos, Religiosos (as), Funcionários, pessoas que exercem alguma função litúrgica ou pastoral, sobre a necessidade de todos tomarem a vacina contra COVID-19. •AAutorização para vender apartamento pertencente à Obra Social - Paróquia N. Srª D’Ajuda. •Nota de repúdio à atitude extramemente desrespeitosa do Deputado Estadual Frederico d’Ávila. •Autorização para alterar local das imagens sacras do presbitério da Paróquia Santíssima Trindade. •Concessão do Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística (MESCE) - Paróquia SãoPio X. •Concessão do Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística (MESCE) - Paróquia N. Srª de Fátima de Taubaté. •Concessão do Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão

Eucarística (MESCE) - Paróquia Sagrado Coração de Jesus. •Autorização de reforço estrutural na igreja Matriz – Paróquia São Miguel Arcanjo. •Concessão de Uso de Ordens ao Revmo. Pe. José Donizetti da Silva, msj. •Decreto de nomeação do Revmo. Pe. Abílio Dantas Barboza Neto, msj, Vigário Paroquial da Paróquia São José Operário de Caçapava. •Concessão de graça da “ Sanatio in Radice” - Paróquia N. Srª D’Ajuda. •Concessão de Uso de Ordens ao Revmo. Pe. Edilson de Jesus Barroso Fazenda Esperança de Pindamonhangaba. •Anuência ao CAEP da Paróquia São Sebastião. •Decreto de Autorização para Celebrações Públicas na Vila Dom Bosco em Campos do Jordão. decreto válido a partir de 01/01/2022. •Anuência ao CAEP da Paróquia Menino Jesus de Taubaté. •Biografia de Dom Antonio Affonso de Miranda,SDN

Saiba mais sobre o Sínodo e participe da fase diocesana em sua paróquia


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