Jornal O Lábaro | Diocese de Taubaté | Março de 2022

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O LÁBARO Diocese de Taubaté - SP

Desde 1910 - Edição nº 2.204 - Março 2022

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Editorial

Na edição do mês de março do jornal “O Lábaro”, as notícias e os eventos mais significativos fazem pensar sobre a identidade e a missão da Igreja. A Igreja é o Corpo Místico de Cristo, estruturada e enriquecida com dons, carismas e ministérios.

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Palavra de nosso Bispo

Missa de envio de catequistas da diocese, em 2022, tem marco histórico de instituição ministerial

“Fala com sabedoria, ensina com amor”, com esta frase inspirada no livro dos Provérbios (31,26), na quarta-feira de cinzas, iniciamos a Quaresma e, com ela, a Campanha da Fraternidade. A Quaresma é um período em que nos preparamos para celebrar a Páscoa, através da conversão pessoal e comunitária, buscamos vida nova no Cristo Ressuscitado.

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Opinião

Há algumas palavras que, conforme são empregadas, necessitam ser muito bem explicadas quanto ao seu sentido. “Ministério” é uma delas, sem dúvida. O termo, que chega aos ouvidos tanto para definir as repartições de um governo quanto para explicitar realidades ligadas à vida religiosa é, no mínimo, polissêmico, isto é, traz consigo muitos sentidos e significados. Pág. 2

Diocese em Foco

A primeira reunião geral do clero de 2022 abordou de modo central tanto a Campanha da Fraternidade desse ano, que tem como tema: “Fraternidade e educação” e como lema bíblico: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26), como também o início das visitas pastorais do bispo diocesano às paróquias ainda a partir desse ano.

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Entrevista

Uma frutuosa tradição e iniciativa pastoral demarca o início das atividades catequéticas na Diocese de Taubaté a cada novo ano corrente. Reunindo-se na Sé Catedral da Diocese de Taubaté, São Francisco das Chagas, catequistas de todas as paróquias da diocese, encontram-se para uma catequese com o bispo diocesano e em seguida realiza-se a missa de envio de todos aqueles que são colaboradores no exercício catequético nas paróquias. A missa de envio dos catequistas em 2022 revestiu-se de uma importância histórica, na medida em que a partir da promulgação da carta apostólica sob forma de ‘motu próprio’ do sumo pontífice Papa

Francisco, ‘Antiquum Ministerium’, foi estabelecido a possibilidade de que catequistas sejam instituídos para esse ministério de forma oficial pela Igreja, como forma de expressão e reconhecimento da importância dessa vocação e missão no seio das comunidades cristãs. A partir dessa determinação do Papa Francisco, o bispo diocesano de Taubaté, Dom Wilson Angotti, instituiu no último dia 12 de fevereiro de 2022, quatro catequistas de forma ministerial na Diocese. Em sintonia com as novas determinações da Igreja e com o impulso pastoral que o Espírito Santo suscita constantemente na Igreja.

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Tema Pastoral

A entrevistada do mês de março é a catequista Mara Rosangela Freire Reyes, psicóloga, e que há 26 anos se dedica ao trabalho da Catequese. Atuante na Paróquia São Pio X, em Caçapava, é coordenadora da Comissão Diocesana de Catequese. No dia 05 de fevereiro ela viveu um momento histórico ao integrar o primeiro grupo que recebeu o Ministério de catequista na Diocese de Taubaté.

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A Igreja é toda ministerial. Nenhum trabalho na Igreja é uma simples colaboração com a paróquia, um serviço assistencial de tipo religioso, mas é um desdobramento do agir de Jesus na história, por meio da ação e do testemunho dos fiéis e dos ministros ordenados.

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Rezar e Refeletir com o Papa No mês de março, o Papa Francisco convidou a Igreja a rezar pelos desafios da bioética e para que os cristãos e a sociedade sejam capazes de promover a defesa da vida com a oração e a ação social”. Pág. 8

“Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor” (1 Cor 12,4-5).

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Editorial

Opinião

Na edição do mês de março do jornal “O Lábaro”, as notícias e os eventos mais significativos que se conjugam, fazem pensar sobre a identidade e a missão da Igreja. A Igreja é o Corpo Místico de Cristo, cuja cabeça é o próprio Cristo e os membros o seu povo. Dessa imagem fundamental e participativa compreendese que a Igreja é estruturada e enriquecida com dons, carismas e ministérios. O Papa Francisco, em atitudes recentes e significativas, tem promovido a consciência missionária e participativa do povo de Deus, ao inserir os ministérios de catequistas e incluir a possibilidade de que leigos (homens e mulheres) possam receber o ministério do leitorato e do acolitato, que antes estavam atrelados ao caminho das ordens sacras. A iniciativa da instituição dos ministérios não ordenados destaca e faz cintilar a beleza do sacramento do batismo, considerando que é desse sacramento que todos os ministérios se originam e emanam. A Diocese de Taubaté através de seu Bispo Diocesano, Dom Wilson Angotti, concedeu há alguns leigos o ministério de catequistas no último mês, e também o ministério do leitorato para o jovem seminarista Marciano, que se prepara para as ordens sacras. Iniciativas que fazem ressoar também na Diocese de Taubaté os caminhos que o Espírito Santo tem inspirado em toda Igreja.

Quaresma, conversão, educação e disciplina

A Quaresma é um caminho, o da conversão. Como todo caminho, o da Quaresma não tem o objetivo em si mesmo. Não se faz o caminho pelo caminho. A meta final que o caminho quaresmal almeja, depois de quarenta dias, é a celebração da Páscoa. Na dimensão temporal litúrgica o objetivo da Quaresma é renovar nosso compromisso de cristão. Na dimensão espiritual, a conversão proposta pela Quaresma é a reconciliação com Deus e os irmãos. Porque nos acusa que somos pecadores, a Quaresma é marcada pela tristeza de termos ofendido a Deus quebrando a aliança batismal. Porque nesse tempo de penitência contemplamos a Paixão do Senhor para expiar nossos pecados, nosso coração se enche de pesar solidário, sentimento que deve se estender ao irmão que sofre vendo nele a imagem do Cristo sofredor. Ao mesmo tempo, com os olhos mirando o final da trajetória quaresmal, invade-nos uma alegria, ainda que contida, pela Páscoa da Ressurreição para a qual o Tempo da Quaresma é preparação. Antecipamos o jubilo da reconciliação certos do perdão de um Deus todo misericordioso. O processo de conversão exige de nós disciplina e dedicação. Por isso mesmo, a conversão proposta pela Quaresma não pode ficar restrita a esse tempo litúrgico. Com a Quaresma e seus exercícios espirituais, a Igreja propõe intensificar nossos esforços de conversão em vista a celebração da Páscoa. A conversão, contudo, continuará depois disso e

só se concluirá com a nossa morte e ressurreição, quando então, reconciliados definitivamente, esperamos participar da Páscoa eterna no céu. A propósito da Campanha da Fraternidade deste ano, abordando o tema da educação, é interessante notar que o Texto Base faz referência a conversão como um processo de educação. De fato é. Na conversão vamos deixando nos educar pelos princípios do evangelho. Ou mesmo, diria, seria preciso submeter-nos a um processo de reeducação cristã. Esse se faz necessário quando, entregando-nos ao exame da vivência do batismo, como propõe a Quaresma, percebemos que vivemos um cristianismo um tanto distante da proposta de Cristo. Por isso dizemos conversão, uma correção de rota, tomar um retorno para voltar a verdade de Cristo e sua Igreja. Eis porque a Quaresma fala em desprendimento, em corrigir as práticas pelo jejum, a abstinência e a esmola. Certamente, vale também para apegos a falsas imagens de Cristo, da Igreja, da religião. Das práticas Quaresmais, uma não tão lembrada é, no entanto, a mais necessária para uma (re) educação cristã: a escuta da Palavra de Deus. Junto com a oração e a prática da caridade, são exercícios fundamentais para nos disciplinar como discípulos de Cristo. Sem esses, práticas quaresmais como o jejum e a abstinência perdem força e sentido, se o que se pretende de fato é a conversão. Pe. Silvio José Dias

Igreja ministerial: converter mentalidades para ter novas atitudes

Há algumas palavras que, conforme são empregadas, necessitam ser muito bem explicadas quanto ao seu sentido. “Ministério” é uma delas, sem dúvida. O termo, que chega aos ouvidos tanto para definir as repartições de um governo quanto para explicitar realidades ligadas à vida religiosa é, no mínimo, polissêmico, isto é, traz consigo muitos sentidos e significados. No ambiente religioso cristão, em geral, e no católico romano, em específico, o termo é quase tão comum quanto confuso em relação ao sentido mais adequado com que se deve compreendê-lo. Em sua origem religiosa e cristã, o termo ministério está essencialmente ligado a serviço. Contudo, o desenrolar da história trouxe diferentes aplicações do termo, camuflando o seu sentido mais primevo e essencial. Nas voltas que a História dá, o que surge como uma identidade de todos os membros da comunidade cristã desde as suas origens foi se tornando, com o peso da passagem dos séculos, algo exclusivo do clero. Entretanto, numa sadia empreita de retorno à essencialidade das origens, sobretudo num passado recente, nas décadas seguintes ao Concílio Vaticano II, a Igreja tem procurado redescobrir a riqueza do termo e tornálo mais familiar aos ouvidos dos católicos, reapresentando-o não como uma novidade, visto que se trata de algo inerente às primeiras

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comunidades cristãs, mas, sim, como uma forma de fazer acontecer na vida pessoal dos fiéis e também na vida comunitário-eclesial deles a configuração a Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir. Entretanto, o esforço empreendido pela Igreja nas últimas décadas confronta-se com um problema grave: o conceito ter sido reapresentado e, consequentemente, explicado e explicitado, não basta para que mentalidades sejam renovadas e surjam atitudes novas em acordo com elas. Daí que, infelizmente, é muito comum perceber que o uso do termo ministério, com espantosa facilidade, é agregado à noção de poder e de ostentação dentro das comunidades – exatamente o contrário do que espera. Os exemplos nada louváveis de cenários assim se legitimam, tristemente, com o envolvimento de uma poderosa mídia em torno dos “ministérios” que vão se tornando, em alguns casos mais acentuados, um verdadeiro palco para se ostentarem egos inflados. A iniciativa do Papa Francisco de instituir, formalmente, o ministério de Catequista na Igreja atual, revivendo uma prática que já se viu na Igreja primitiva, encontra esses desvios do sentido real da ministerialidade da Igreja como um desafio a ser superado: antes que se criem mais ou novos conflitos em razão disso, é urgente transformar o slogan “por uma Igreja toda ela

Diretor: Côn. José Luciano Matos Santana Editor: Pe. Thomás Ranieri da Silva Jornalista Responsável: Pe. Jaime Lemes MTB 62839/SP Conselho Editorial: Pe. Marcelo Henrique de Souza, Pe. Julius Rafael Silva de BArros Lima e Valquiria Vieira. Diagramação: Valquíria Vieira Revisão: Ana Regina de Oliveira Impressão: Katú Editora Gráfica

ministerial” em mentalidade e, sobretudo, em atitude, o que exige conversão. A Igreja tem ministérios para que sua função, que é um grande “ministério” (serviço) prestado a Deus e à humanidade, no meio da qual ela deve ser um sinal (sacramento) da salvação, possa ser melhor exercida. Uma Igreja servidora é consciente de sua origem, de sua missão e de seu destino. Imersos nesse mistério, os cristãos católicos não terão tempo para perder com a ostentação de um título, mas haverão de se empenhar em pôr em prática uma mentalidade convertida: servir a Cristo, como Cristo e por causa de Cristo, independente do modo como a Igreja acolha o ministério a que cada qual se dedica (ministérios reconhecidos, confiados e instituídos – detalhes perante a essência do que é um ministério!). A beleza do ministério e do ser ministerial necessita, para aparecer e brilhar no hoje da Igreja, de uma verdadeira purificação: é preciso expurgar das mentes e dos corações tudo aquilo que, sendo mundano, não condiz com o Evangelho de Jesus Cristo e com o seguimento d’Ele. Do contrário, é grande e perigosa a chance de uma batalha cruel de egos inflados, de um lado, contra ressentimentos não resolvidos, do outro. E isso pode ser qualquer coisa, menos uma Igreja ministerial como Cristo Jesus deseja e espera que seja a sua... Pe. Celso Luiz Longo Tiragem: 5.000 | Distribuição dirigida e gratuita Site: www.diocesedetaubate.org.br email: pastoral@diocesedetaubate.org.br www.facebook.com/diocesedetaubate As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não emitem necessariamente a opinião deste veículo.


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Palavra de nosso Bispo

FALA COM SABEDORIA, ENSINA COM AMOR abordado pela Campanha da Fraternidade. As anteriores foram em 1982 e em 1998. Neste ano, o lema é inspirado no livro dos Provérbios: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pv.31,26). Sabedoria e amor têm sua fonte em Deus. Sabedoria é a arte de bem conduzir a vida e o amor nos leva a tudo fazer pelo bem dos outros.

Situando o tema Com esta frase inspirada no livro dos Provérbios (31,26), na quarta-feira de cinzas, iniciamos a Quaresma e, com ela, a Campanha da Fraternidade. A Quaresma é um período em que nos preparamos para celebrar a Páscoa, a fim de termos vida nova com Cristo ressuscitado. Não basta só a conversão pessoal, é preciso também uma conversão comunitária. Nós influenciamos e somos influenciados pela sociedade em que vivemos. Por isso, são necessárias também ações que visem a aperfeiçoar nosso contexto social. Em meio a uma família, comunidade ou sociedade mais saudável, justa, harmoniosa se desenvolverão pessoas mais ajustadas, bondosas e colaborativas. Assim também, pessoas com essas qualidades poderão contribuir com o aperfeiçoamento de famílias, comunidades e sociedades. Para que tenhamos pessoas melhores, faz-se necessário um processo educacional que as aperfeiçoe sempre mais. A educação é base para pessoas e sociedades melhores, mais desenvolvidas e íntegras em todos os sentidos. A educação além de ato humano e também ato divino. A Bíblia é o relato da ação de Deus que educa seu Povo. Jesus é chamado de Mestre, nós somos seus discípulos e com Ele aprendemos. Dada a importância da educação no contexto de nossa vida pessoal e comunitária, esta é a terceira vez que o tema da educação é

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Objetivos da CF Mais que tratar de um ou outro aspecto da educação, a intenção da atual Campanha é considerar os fundamentos da educação. O objetivo geral deste ano foi assim formulado: “Promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário.” A intenção é estabelecer diálogo com o contexto educacional, de modo a iluminá-lo com os valores cristãos, oferecendo assim nossa contribuição específica para a realidade educacional em nosso País. Apoiados na antropologia cristã, ou seja, na maneira cristã de conceber a pessoa humana, queremos contribuir com o estabelecimento da cultura da paz, que brota do respeito ao outro, da postura solidária que vê o outro como irmão. O humanismo integral que desejamos é o que considera o ser humano na totalidade de seu ser, em suas relações sociais e no ambiente onde nos situamos. A concepção cristã do ser humano além de considerar a complexidade desses aspectos que envolvem nossa condição neste mundo, também tem em conta o destino último de nossa existência que é a eternidade em comunhão com Deus. A educação deve estar em função de tudo isso. A Campanha da Fraternidade deste ano faz eco ao Pacto Educativo Global lançado em outubro de 2020, pelo Papa Francisco, que tem em vista justamente esses objetivos, propostos globalmente, a serem realizados com a contribuição e o empenho dos cristãos. Como esse tema nos provoca O tema da educação visa a educação formal, que se dá nas escolas e universidades, envolvendo alunos e professores. A educação formal precisa ir muito além de preparar pessoas para ter êxito num concurso, vestibular ou na profissão. Não se trata simplesmente de técnicas ou aquisição de

conhecimentos, mas sobretudo de postura em relação à vida, aos semelhantes e ao mundo. É necessário promover propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade da pessoa, a experiência de abertura ao transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a casa comum. Neste sentido, sobretudo os professores cristãos, mesmo sem contarem com um horário específico, mas no ensino de suas próprias disciplinas, poderão contribuir com reflexões relevantes que tenham em vista o que aperfeiçoa a educação do ser humano. O tema da educação é responsabilidade também das famílias, a quem cabe sobretudo a educação dos filhos. Na difícil tarefa em formar para os ideais e valores humanos e cristãos as famílias, atualmente, competem com a massiva influência dos meios de comunicação, das mídias sociais, dos amigos, que são substancialmente mais presentes e essencialmente contrastantes com os valores da família. Esse é um grande desafio que não pode ser subestimado. A família que não se organiza e não se empenha a educar com amor e sabedoria está fadada a ver ruir seus ideais mais genuínos, sobretudo como família cristã. Temos que ter consciência de que o ambiente cultural nos é adverso, por isso, educar requer de nós empenho e decisão. No âmbito da comunidade cristã, especial atenção deve ser dada à catequese abrangendo desde as crianças até aos mais idosos. A atitude de Jesus que ensina é frequente no evangelho e deve ser assumida, com maior empenho, pelos ministros ordenados, religiosos e fiéis leigos. Ensinar e formar na fé é tarefa fundamental da Igreja e deve ser priorizada. Concluo com as palavras do Santo Padre o Papa Francisco, em sua mensagem para a abertura da Campanha da Fraternidade, deste ano: “Desejo de todo o coração que a escolha do tema ‘Fraternidade e Educação’ torne-se causa de grande esperança em cada comunidade eclesial e de efetiva renovação nas escolas e universidades católicas, a fim de que, tendo a Cristo como modelo de seu projeto pedagógico, transmitam sabedoria educando com amor, tornando-se assim modelos desta formação integral para as demais instituições educativas.” Dom Wilson Angotti Bispo Diocesano


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Diocese em Foco

No dia 20 de fevereiro, ao presidir a celebração eucarística do 7º domingo do tempo comum, Dom Wilson Angotti instituiu o seminarista Marciano Inácio Batista como leitor da Igreja. A celebração foi realizada na Igreja Catedral São Francisco das Chagas, às 9h da manhã, e concelebrada pelos reitores do Seminário Santo Antônio, o Pe. Marcelo Henrique de Souza (responsável pela etapa de Filosofia) e pelo Pe. Luiz Gustavo Sampaio Moreira (responsável pela etapa da Teologia). Estiveram presentes ainda, todos os seminaristas da Diocese, os paroquianos da Paróquia São Francisco das Chagas, os amigos e os familiares do seminarista Marciano. A instituição do ministério de leitor faz parte do processo formativo e gradativo, em vista da ordenação sacerdotal. O leitor é instituído para o ministério que lhe é próprio, ou seja, fazer a leitura da Palavra de Deus, tanto na missa como nos outros atos sagrados, sendo ele o responsável por proferir as leituras da Sagrada Escritura, exceto o Evangelho. Os seminaristas da diocese de Taubaté recebem os ministérios do leitorato e acolitato no quarto ano de teologia, isto é, no último ano de seminário. O seminarista Marciano é natural da cidade de Santo Antônio do Pinhal, e foi em sua terra natal, ao vivenciar a fé e colaborar em sua paróquia de origem, que ele viu

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Seminarista Marciano Inácio Batista é instituído leitor Da Redação desabrochar sua vocação. Ao iniciar o seu último ano de estudos acadêmicos de teologia, assumiu o primeiro compromisso ministerial em vista das ordens sacras. No dia 22 de abril, às 19h30 na Paróquia Santo Antônio, na cidade de Santo Antônio do Pinhal, o seminarista Marciano deverá receber o ministério do acolitato, que antecede a ordenação diaconal. Momentos antes da instituição do ministério do leitorato, Dom Wilson Angotti ressaltou ao seminarista Marciano Inácio Batista que somos anunciadores da Palavra e que esta missão é árdua em meio às famílias, aos amigos, ao povo e ao mundo; e o primeiro passo à recepção das ordens sacras é assumir o anúncio da Palavra, que demonstra o quanto este exercício é fundamental e não é substituível pelos passos subsequentes. É necessário ser sempre anunciador e comunicador da Palavra de Deus. Esse compromisso é o primeiro e fundamental e nunca poderá ser colocado em segundo plano.

Como prevê o ritual de instituição de leitores, Dom Wilson Angotti convidou a comunidade a rezar pelo seminarista Marciano e logo após, proferiu a bela oração de instituição do ritual: “Ó Deus, fonte de toda luz e bondade, que enviastes vosso Filho Unigênito, o Verbo da vida, para revelar à humanidade o mistério de vosso

amor, abençoai este nosso irmão escolhido para o ministério de Leitor. Concedei que, meditando sem cessar vossa palavra, possa impregnar-se dela e anunciá-la fielmente a seus irmãos. Por Cristo, nosso Senhor”.. Ao entregar as Sagradas Escrituras ao leitor Marciano, como bispo e pastor, Dom Wilson exortou o escolhido para o ministério com as palavras da Igreja: “Recebe este livro da Sagrada Escritura e transmite com fidelidade a Palavra de Deus, para que ela frutifique cada vez mais no coração das pessoas”. Ao término da celebração, Dom Wilson Angotti recordou que a ocasião era celebrativa também pelo aniversário de 112 anos do Seminário Diocesano e do Jornal “O Lábaro”, ambos fundados pelo primeiro bispo da Diocese de Taubaté, Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva. O seminarista Marciano Inácio Batista expressou ao Jornal “O Lábaro” o que representou esse momento em sua caminhada vocacional: “Estou feliz por mais este passo em minha caminhada vocacional, rumo ao findar do processo formativo, sendo este o meu último ano de seminário, já se passaram 8 anos desta caminhada. Receber o ministério de leitor é saber que a Igreja confia a mim este dom de anunciar. Com isso, me coloco à disposição e acredito que é reafirmado o chamado que Deus me fez, o qual desde os meus 5 anos já era manifestado, sendo hoje algo que está cada vez mais próximo, a ordenação diaconal e presbiteral. Desejoso de ser um anunciador da Palavra, transmitindo-a com fidelidade, sem medo de anunciar a verdade, anunciarei a Palavra que não é minha, mas d’Aquele que me chamou e me envia, com vistas a colaborar, assim com edificação do reino de Deus e ensinando as Escrituras, pela pregação, vida e oração, a fim de que ela frutifique, cada vez mais, no coração das pessoas”.

“Em busca do rosto humano de Jesus” é o tema do retiro vivenciado pelos seminaristas diocesanos Seminarista Erick Cunha - 3º ano de teologia “Configuração” No início de fevereiro, em Campos do Jordão, foi realizado o retiro anual dos seminarista no Seminário Diocesano Santo Antônio. O retiro – tempo favorável de silêncio, de intensa oração, de provocações oportunas, de olhar para a caminhada e de bem preparar-se para o ano formativo que se inicia – foi conduzido pelo padre Jean Poul Hansen, da Diocese da Campanha, cujo tema proposto foi: “Em busca do rosto humano de Jesus.” Orientados a deixar o Espírito falar e permitir-se ouvir o que Ele diz, os seminaristas fizeram um belo percurso no conhecimento de Jesus Cristo, com momentos de reflexão e de deserto, além da oração da Liturgia das Horas, da Santa Eucaristia e de outros momentos orantes. Conforme foi possível refletir com o padre Jean, os primeiros discípulos viveram a pior crise do cristianismo, pois o Mestre foi perseguido, difamado, preso, condenado, açoitado e morto. Tudo, porém, foi iluminado pela ressurreição, o fato fundamental do cristianismo, que permitiu perceber que Jesus não era um herege e um malfeitor, mas o justo por excelência. Nesse sentido, os discípulos absorveram a memória de Jesus e adquiriram grande convicção para anunciá-lo aos povos,

missão confiada à Igreja nos dias atuais. Sobre o rosto humano de Jesus, podemos destacar alguns traços que foram aprofundados no retiro: Jesus era hebreu, cresceu e viveu no meio do povo, assumindo nossa humanidade, se fazendo pobre e auxiliando os mais desfavorecidos; era homem de convicções, pois anunciava o Reino com grande convicção; era homem de compaixão, comovendo-se e participando dos sofrimentos dos homens, como quando chorou diante do túmulo de Lázaro; era homem capaz de grande afeto, possuindo amigos como os doze, Maria, Marta e Lázaro; tornou-se mestre porque soube ser discípulo, se permitindo aprender; e por fim, era homem coerente, isto é, sua vida

e seu testemunho atestam seus ensinamentos e suas palavras. Ao longo do retiro, foi possível perceber que somente conhecendo Jesus pode-se contemplar o rosto humano de Deus, afinal, Ele é o rosto visível do Deus invisível (cf. Cl 1,15). Como discípulos do Mestre Jesus, chamados e capacitados por Ele, somos convidados a nos configurarmos cada vez mais a Cristo, assumindo diariamente o nosso chamado. Academicamente falando, o tema é muito caro para os que já estudaram sobre a humanidade de Jesus, pois como bem nos ensina o Documento de Aparecida, não se começa a ser cristão por uma grande ideia, mas através do encontro pessoal com Jesus Cristo (cf. DA 243), verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por fim, o retiro foi muito bem conduzido pelo padre Jean Poul, que compartilhando do seu conhecimento e das suas experiências ganhou a estima de todos os seminaristas. Que os ensinamentos e o exemplo de Jesus nos inspirem cada vez mais em nossa caminhada de discípulos-missionários, para que possam viver a fraternidade evangélica e anunciar com disposição o Evangelho.


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Março 2022

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Diocese em Foco O clero da Diocese de Taubaté esteve reunido no dia 23 de fevereiro para a primeira Reunião Geral de 2022. Os principais assuntos abordados foram: a Campanha da Fraternidade e as Visitas Pastorais nas Paróquias, que serão iniciadas pelo bispo diocesano, Dom Wilson Angotti, neste ano. Sobre a Campanha da Fraternidade, que aborda o tema Fraternidade e Educação e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr. 31,26), o assessor da Comissão Diocesana da Campanha da Fraternidade, padre Junior Rangel, fez uma apresentação ao clero e abordou os objetivos da CF2022. Padre Junior enfatizou a missão dos padres diante da realidade da educação, que assim como Jesus, fez ao cego que gritava e pedia compaixão (Mc 10, 46-52), cada um tem também a missão de escutar e cuidar das dores do povo. “Precisamos, por meio do diálogo, que hoje em dia, muitas vezes é tão difícil, perceber as realidades e cumprir o nosso papel de promotores da educação. Nossa missão de padre é escutar o rebanho e cuidar do seu grito”, disse. Após a apresentação, os padres se reuniram em grupos e, em seguida, cada grupo destacou iniciativas que podem ser adotadas

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Campanha da Fraternidade e visita pastoral são temas da primeira reunião geral do clero de 2022 Por Valquíria Vieira

nas paróquias para um aprofundamento da CF2022. Após a plenária dos grupos, Dom Wilson apresentou o calendário das visitas pastorais, que iniciarão em 2022 e explicou a dinâmica das visitas. Neste ano, sete paróquias receberão a Visita Pastoral do bispo diocesano. Cada visita terá duração de quatro dias. A primeira paróquia a receber o bispo, em visita pastoral, será a Paróquia Jesus Ressuscitado, na cidade de Tremembé-SP, de 28 de abril a 1º de maio. A visita pastoral é exercício da função um costume na Igreja, desde os tempos episcopal, prevista e mesmo determinada apostólicos, quando os apóstolos passavam pelo Código de Direito Canônico. Esse é pelas várias comunidades fundadas, confirmando os irmãos na fé. Ainda em 2022, Dom Wilson irá visitar as Paróquias Nossa Senhora das Dores, em Jambeiro, São Miguel Arcanjo em Pindamonhangaba, São Pedro Apóstolo e Nossa Senhora Mãe Igreja em Taubaté, São Benedito em Campos do Jordão e Santo Antônio de Pádua em Caçapava. A Reunião Geral do Clero foi encerrada com os comunicados sobre os assuntos administrativos e sobre a agenda dos compromissos diocesanos.

Clero diocesano ajuda vítimas das chuvas em Petrópolis-RJ Os Padres da Diocese de Taubaté, motivados pelo bispo diocesano Dom Wilson Angotti, encaminharam doações pessoais que totalizaram vinte mil reais direcionados à Mitra Diocesana de Petrópolis-RJ, como ajuda aos atingidos pela tragédia, em decorrência das intensas chuvas ocorridas no dia 15 de fevereiro de 2022. A Diocese de Petrópolis, por meio das Paróquias, desde as primeiras horas do ocorrido, está atendendo as vítimas.

Dom Gregório Paixão, bispo diocesano de Petrópolis, solicitou aos padres que disponibilizassem as igrejas e outros espaços paroquiais para receber as pessoas que necessitassem de acolhimento e auxílio. A paróquia do Alto da Serra, umas das regiões mais atingidas atendia, de uma maneira ou outra, cerca de 250 famílias nos dias imediatos após as chuvas. Em solidariedade para com essas pessoas, durante a reunião do Clero da Diocese

Por Valquíria Vieira de Taubaté, no dia 23 de fevereiro de 2022, Dom Wilson, junto aos Padres, organizou a arrecadação financeira que foi depositada no dia 25 de fevereiro em conta disponibilizada pela Diocese de Petrópolis, para ajuda às vítimas. Devido às enchentes, deslizamentos de terra, desabamento de imóveis, até o dia 04 de março, foram registradas 233 mortes, segundo a defesa civil do Município.

Religiosos realizam encontro com o Bispo de Taubaté

Congregações e Institutos religiosos masculinos e femininos que compõem a CRB – núcleo Taubaté, portanto, presentes na Diocese de Taubaté, se reuniram na manhã do dia 12 de fevereiro, na Catedral de São Francisco das Chagas, com Dom Wilson Angotti, bispo diocesano de Taubaté.

O encontro foi com o intuito de celebrar o dia da Vida Consagrada, comemorado no dia 02 de fevereiro, data instituída pelo Papa Francisco em 2016, marcando o encerramento do Ano da Vida Consagrada. O evento teve início com a Ofício das Laudes e, na sequência, Dom Wilson dirigiu

Pe. Jaime Lemes, msj. uma reflexão abordando o tema do 16º Sínodo dos Bispos: “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”. Dom Wilson falou sobre a história dos Sínodos e explicou o significado deste que foi convocado pelo Papa Francisco que trata exatamente da sinodalidade na Igreja. “A Igreja que Jesus quer é uma Igreja de comunhão, não uma Igreja autorreferenciada, voltada para si mesma”, frisou. Ele convidou os religiosos a darem a sua contribuição a partir da seguinte questão: “Que passos o Espírito Santo nos convida a dar para caminharmos juntos?”. Esteve também presente ao enconro, a Irmã Inês, membro da Equipe de Coordenação do Regional São Paulo, que falou sobre a importância dos religiosos se reunirem e darem vida ao núcleo. Ao final, foi escolhida a nova coordenação do Núcleo, tendo como animador o Frei Acácio, CFP . O Frei Alexandre, OFMConv., então animador, agradeceu a presença e participação de todos, se despedindo do núcleo para assumir uma nova missão em Curitiba, PR. Feita a oração final, o encontro se encerrou com uma confraternização no salão da Catedral.


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Destaque Foto: Mário Fotógrafo

Num dia histórico para a Diocese de Taubaté, 12 de fevereiro de 2022, aconteceu na Catedral de São Francisco das Chagas a celebração de instituição do Ministério de Catequista a quatro catequistas da Diocese. Durante a missa de envio dos catequistas para início do ano catequético, presidida pelo Bispo Diocesano, Dom Wilson Angotti, juntamente com o Padre Fábio Modesto, Assessor Diocesano da Comissão de Animação Bíblico Catequética e outros padres, o bispo instituiu o Ministério de Catequista às senhoras Mara Rosângela Freire Reyes, Mara Lígia Ramon Fernandes de Mira, Fernanda Fileni Mendes e Ana Lúcia Ribeiro da Silva Cruz, ambas da Equipe Diocesana da Comissão BíblicoCatequética. “Proclamem com a vida e com a Palavra o amor de Deus e a salvação realizada por Cristo por meio da Cruz. Esforçai-vos por ensinar tudo o que a Igreja crê e as envia a ensinar, pois do Senhor nós recebemos e transmitimos. Anunciai a Palavra oportuna e inoportunamente, instrui, formai na fé e auxiliai os irmãos introduzindo-os e aperfeiçoando-os na vida Cristã. Como catequistas dediquem-se a esse importante ministério que a Igreja ora lhes confia”, bendisse o bispo.

A celebração contou com a presença de duzentos e vinte catequistas representando as paróquias da Diocese, além da participação expressiva dos demais catequistas que acompanharam a transmissão on-line, devido às restrições impostas pela atual situação pandêmica. Dom Wilson, como de costume, fez um momento de catequese tendo como tema principal neste ano, O Ministério Laical de Catequistas, ressaltando a importância

A serviço da evangelização!

Dom Wilson insitui de modo ministerial catequistas da Diocese

Por Valquíria Vieira

do Ministério de Catequistas instituído pelo Papa Francisco por “Motu Proprio”. Em sua catequese, Dom Wilson apontou o serviço prestado pelos Catequistas à Igreja, como um desafio de transmitir os ensinamentos de Jesus àqueles que já foram batizados. “Os catequistas realizam de maneira regular e em nome de toda a Igreja este serviço de ensinar aos outros, ensinar tudo o que recebemos de Jesus, e esse é um desafio para nós, ensinar a integridade da mensagem de Jesus”, disse Dom Wilson. O bispo reforçou ainda a responsabilidade de todos em formar pessoas na fé, principalmente na família. “Essa responsabilidade dos catequistas não tira e nem diminui a responsabilidade de todos os outros membros, como por exemplo dos pais, em formar os filhos na fé, de pessoas na convivência diária de transmitirem a fé, mas faz com que essa responsabilidade de toda a Igreja seja realizada de maneira organizada, efetiva, regular, integral; por isso, o Ministério do Catequista tem lugar de destaque na Igreja, porque realiza a própria essência da Igreja que é formar na fé, conduzir as pessoas passando-lhes os ensinamentos de Jesus.” Sobre os critérios apresentados pelo Papa Francisco na Carta Apostólica, para a instituição do Ministério aos Catequistas, Dom Wilson enfatizou que o ministério possui forte valor vocacional, que requer o devido discernimento por parte do bispo e se evidencia com o rito de instituição. Ressaltou ainda, que o Ministério é fruto de um processo, o coroamento de uma caminhada a serviço da Igreja de Jesus Cristo. Depois de ter ponderado todos os aspectos referentes ao Ministério Laical de Catequistas, deu-se início à celebração litúrgica da Santa Missa. Durante a celebração, foram entregues às catequistas instituídas uma cruz e um exemplar livro do Catecismo da Igreja Católica, sinais da fé cristã católica. Para a catequista Ana Lúcia Ribeiro da Silva Cruz a instituição do Ministério de Catequista é uma importante valorização do serviço do catequista. “Nós, catequistas, iniciamos a criança,

o jovem, o adulto à vida cristã. Então, receber o ministério é para mim, uma importante valorização dessa força evangelizadora do catequista”, afirmou. Foto: Mário Fotógrafo

Mara Lígia, Fernanda, Ana Lúcia e Mara Rosangela primeiras catequistas insituídas de modo ministerial na Diocese de Taubaté.

Ana Lúcia acredita ainda que, para a Diocese de Taubaté, a instituição do Ministério de Catequista para as primeiras quatro pessoas, é um importante passo para impulsionar o serviço e para o despertar de novos catequistas. “Esse momento em que recebemos o ministério do catequista, como as primeiras na Diocese, é um reconhecimento de que o serviço não é só um trabalho voluntário, mas sim uma vocação. Isso vai incentivar os demais catequistas a se aprofundarem nos estudos, a se sentirem mais acolhidos; os catequistas têm uma vocação, são chamados. O ser catequista não vai mudar com a instituição do ministério, mas isso vai dar mais forças, esse reconhecimento vai impulsionar os catequistas que já estão no trabalho e vai chamar novos catequistas”, avaliou Ana Lúcia. Concluído o rito da instituição, deu-se continuidade à celebração litúrgica encerrando com a bênção final de envio dos catequistas para o início do ano catequético. Ao final da celebração, Dom Wilson reiterou a necessidade da motivação ao retorno imediato dos encontros presenciais de catequese, respeitando-se, cuidadosamente, as medidas sanitárias exigidas na atual situação pandêmica que estamos vivenciando.


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Março 2022

A serviço da evangelização!

Igreja no Brasil

Com o início da quaresma, a Igreja no Brasil abre oficialmente a Campanha da Fraternidade, que, todos os anos, convida seus fiéis a buscarem a conversão também em algum aspecto concreto da vida social. Considerando

Igreja no Mundo Desde as infelizes tensões preliminares entre Rússia e Ucrânia, o Papa Francisco tem convidado os líderes das nações a encontrarem o valor fundamental da paz, do respeito à integridade física do ser humano e à conscientização das consequências devastas dos conflitos armados.

Foto: Vatican Media

No dia 25 de fevereiro, o Papa Francisco visitou a Embaixada da Federação Russa junto à Santa Sé, chefiada pelo embaixador Alexander Avdeev, para expressar suas preocupações e disponibilizando-se para colaborar nas mediações do conflito. O diretor da Sala de Imprensa Vaticana, Matteo Bruni, confirmou que o Papa Francisco permaneceu por mais de meia hora no prédio na Via dela Conciliazione. Em audiência geral no dia 23 de fevereiro, o Papa Francisco já havia alertado sobre a gravidade moral dos quem

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Fraternidade e Educação: fala com sabedoria e ensina com amor

Padre Junior Rangel - Assessor Diocesano para a CF as urgências e as necessidades próprias do ações, todas elas educativas e restauradoras, nosso tempo, nossos bispos nos convidam permeadas de uma visão positiva do ser humano, para que, neste ano, reflitamos juntos sobre capaz de ver em cada pessoa não apenas seus a realidade da educação, considerando-a, pecados, mas sobretudo sua capacidade de sobretudo, como um direito de todo cidadão conversão e de desenvolvimento. Cristo fez-se e como uma realidade que envolve todos os sempre próximo; ouviu e foi ouvido; tocou e aspectos da vida. permitiu-se ao toque; foi digno de fé na mesma Consciente de seu papel transformador medida em que acreditou nas potencialidades na sociedade, a Igreja observa com certo grau de conversão e mudança; enfim, Cristo é o de preocupação o descaso que tem sofrido referencial de toda ação educadora que se a educação dentro de nosso país em seus proponha a ser restauradora da integridade e mais diversos âmbitos, não apenas aquele da dignidade humanas. que envolve a realidade escolar. “Em um Partindo desse princípio de fé, a Igreja tempo marcado pela pandemia da Covid-19 pede a seus fiéis que analisem o contexto e por diversos conflitos, distanciamentos e da educação na cultura atual - considerando polarizações, é preciso reaprender a amar, também seus desafios e os impactos das a perdoar, a cuidar, a curar, a dialogar e a diversas políticas públicas – e a partir daí, servir a todos. Educar é construir a verdadeira identifiquem valores e referências da Palavra fraternidade alicerçada na justiça e na paz” de Deus e da Tradição cristã, em vista de (Texto-base, n.8). uma educação humanizadora na perspectiva Iluminados pela Palavra de Deus do Reino de Deus, que seja ao mesmo tempo que nos interpela a falar com sabedoria e comprometida com as novas formas de ensinar com amor (cf. Pr 31,26) a Campanha economia, de política e de progresso em favor da Fraternidade de 2022 convida cada fiel a da vida humana, em especial dos mais pobres. redescobrir seu duplo papel de educando e Que este tempo favorável de educador, na medida em que ela própria se reflexão e oração inspire a todos para que, reconhece dentro dessa mesma perspectiva: individualmente e como comunidade, tomem uma vez educada por Cristo, seu único e consciência de sua missão evangelizadora e verdadeiro Mestre, a Igreja se dispõe a também educadora, a fim de que as futuras gerações educar seus filhos e filhas. colham os frutos do que agora for semeado. Nosso olhar repousa sobre Cristo e suas

Papa Francisco pede cessar fogo e paz nos conflitos entre Rússia e Ucrânia têm responsabilidades políticas, e de que era necessário fazer um sério exame de consciência diante de Deus, que é o Deus da paz e não da guerra. Convidou os crentes e não crentes a se unirem em oração pela paz na Quarta-feira de Cinzas, rezando e jejuando: “Jesus nos ensinou que à diabólica insensatez da violência se responde com as armas de Deus, com oração e jejum pela paz”. Disse o Pontífice: “Convido a todos a fazerem no próximo 2 de março, Quarta-feira de cinzas, um dia de jejum pela paz. Encorajo os crentes de uma maneira especial a se dedicarem intensamente à oração e ao jejum naquele dia. Que a Rainha da Paz preserve o mundo da loucura da guerra.” Devido à lamentável situação bélica do conflito armado, o Papa tem apresentado iniciativas que garantam o quanto possível, minimizar os sofrimentos e garantir um pouco mais de sensibilidade em meio ao conflito, defendendo os corredores humanos para os refugiados e enviando ajuda de donativos, remédios e outros suprimentos necessários aos assolados pela guerra. Desde o dia 07 de março, na praça em frente ao Governatorato, dentro dos Jardins do Vaticano, estão sendo recolhidos alimentos não perecíveis, roupas e medicamentos para o povo ucraniano, que está sofrendo com os bombardeios na guerra. Até mesmo as doações do papa emérito Bento XVI foram enviadas do mosteiro Mater Ecclesiae. Há uma mobilização solidária significativa, afirmou o padre Francesco Mazzitelli, Orionita, que

Da Redação trabalha na Esmolaria Apostólica do Vaticano. Iniciativas que vêm acompanhadas de todo esforço diplomático que possa colaborar com o cessar fogo. Dois cardeais foram enviados às regiões de fronteira da Ucrânia a pedido do Papa Francisco, para tentar colaborar com as necessidades do povo ucraniano: O cardeal

Krajewski e o cardeal Czerny. O cardeal Krajewski, esmoleiro, enviado para levar ajuda aos mais necessitados, foi destinado a se fazer presente entre os refugiados na fronteira entre Polônia e Ucrânia. Interrogado pela imprensa sobre o objetivo da partida para a Ucrânia, o cardeal Krajeksi respondeu: “Alcançar as pessoas que sofrem e levar a todos a proximidade do Papa, dizer-lhes que ele os ama, e rezar com elas porque a oração também pode deter a guerra.” Também o cardeal Czerny, prefeito interino do Discatério para o serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que chegou à Hungria com a mesma finalidade, ou seja, de ser presença da Igreja junto aos que sofrem o flagelo da guerra. O Papa Francisco, através dessas iniciativas e palavras, reiterou e agradeceu os cuidados que instituições e nações têm dispensado aos refugiados: “Agradeço a todos aqueles que estão acolhendo refugiados. Acima de tudo, imploro que os ataques armados cessem e que prevaleçam a negociação e o bom senso. E um retorno ao respeito ao direito internacional!”


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Intenções do Papa

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Pela resposta cristã aos desafios da bioética

Professor José Pereira da Silva

Pede-nos o Papa Francisco que “rezemos para que nós, cristãos, diante dos novos desafios da bioética, promovamos sempre a defesa da vida com a oração e a ação social”. A palavra bioética vem das palavras bios (vida) e ética (moral). A bioética, a partir da descrição do dado científico, biológico e médico, examina racionalmente a licitude da intervenção do homem sobre o homem. A bioética é a ética da vida. Vida que deve ser respeitada e defendida da concepção á morte natural. A Igreja tem uma contribuição indicando caminhos de resolução de problemas éticos complexos, respeitando o bem da pessoa, o bem comum e a própria vida. Portanto a bioética é o estudo sistemático das dimensões morais – incluída a visão moral, das decisões, da conduta entre outros - das ciências da vida e da saúde, com o emprego de uma variedade de metodologias éticas em um planejamento interdisciplinar. A bioética atua em vários âmbitos: a) problemas éticos dos profissionais da saúde; b) problemas éticos emergentes no âmbito das investigações sobre o homem; c) problemas sociais ligados as políticas de saúde, a medicina ocupacional e as políticas de planejamento familiar e controle demográfico; d) problemas relativos a intervenção sobre a vida de outros seres viventes (plantas, micro-organismos e animais) e em geral o que se refere ao equilíbrio do ecossistema. Quando a bioética é separada da ética, ou seja, da racionalidade e do valor fundamental da vida, abandonada à sorte da pura tecnologia e da arbitrariedade legal, ela se torna perigosa. É isso que o Papa Francisco alerta-nos. A bioética ocupa uma dimensão interna à técnica-ciência e que essa relação intrínseca ajuda a evitar uma deterioração. A bioética deve servir e defender a vida, deve defendera dignidade da pessoa humana, objeto próprio da bioética. Dignidade que vem do homem ser criado à imagem e semelhança de Deus, espírito e corpo, ser racional e relacional, chamado à comunhão com os outros e à doação para os outros.

A bioética é o resultado não apenas de um desenvolvimento acelerado das ciências tecnológicas, mas resulta também do fato de que surge num contexto sociocultural particular e atinge, de um modo ou de outro, toas as dimensões da vida do homem. Necessitamos de uma reabilitação dos valores morais que fundamentam as atitudes humanas; precisamos da ética, de teorias filosóficas sobre os valores e normas que devem nortear as nossas decisões e comportamentos. A atual crise deve ser entendida como uma oportunidade; importa encontrar uma resposta para os desafios do presente. O Papa Francisco nos fala de respostas cristãs aos desafios da bioética. A questão da escolha é, portanto, essencial. A bioética, ética aplicada às ciências da vida, surge na interseção de uma crise de valores e de normas coletivas com o desenvolvimento do individualismo das pessoas e do pluralismo das sociedades. Estimula o debate público sobre as escolhas para o nosso futuro, promovendo uma alteração de consciência, incentivando a participação informada e responsável dos cidadãos. A bioética como ciência transdisciplinar, começa a ser reconhecida como a componente indispensável da formação do cidadão e do cristão empenhados na vida coletiva, tornando-se numa ética do cidadão, enquanto reflexão sobre a ação que se desencadeia, desenrola e se repercute na comunidade global. A bioética quando considerada sob o ponto de vista da educação para a deliberação, constitui uma oportunidade excepcional para o desenvolvimento de competências reflexivas, críticas, de base plural e democrática. A bioética deve servir a humanidade, promover e elevar a humanidade, a nossa qualidade humana. O respeito incondicionado da dignidade humana. Porque o compromisso fundamental do Evangelho, isto é do Cristo e da Igreja, com o homem na sua humanidade. Na promoção e no cuidado integrais da vida e da saúde, devemos destacar a importância da dimensão espiritual. Isto supõe atenção explícita a ela, e ao modo como pode permear os âmbitos em que os saberes técnicos

atuais e que não lhe são indiferentes. A igreja deve dar sua contribuição cristã ás questões da bioética e dialogar com as correntes culturais e intelectuais da contemporaneidade. Não se pode reduzir tudo à técnica é sempre preciso encontrar o limite quanto às possibilidades tecnológicas. Não podemos satisfazer-nos com um progresso econômico ou científico que não se interrogue a cerca o seu impacto sobre a humanidade. A tecnologia deve está a serviço da humanidade e não a humanidade ao serviço da tecnologia. A Igreja tem constantemente lembrado que a bioética deve proteger e promover a vida humana em todas as suas fases. São João Paulo II fez muitos apelos a integração da pesquisa científica com a ética e também a luz que vêm da Revelação Cristã, particularmente diante dos perigos do utilitarismo. O Papa Bento XVI destacou o tema da consciência cristã e a relação entre razão e fé, ética e ciência e o papel da consciência moral. O Papa Francisco chama-nos a atenção à ecologia integral e também aos cuidados paliativos e às implicações ligadas ao desenvolvimento e ao uso da inteligência artificial e da robótica, à eutanásia e o aborto. Ética e direito, defesa da vida e defesa da dignidade humana, uma visão antropológica básica que focaliza o valor da pessoa humana. Mas também os desafios colocados pela ciência e tecnologia que nunca são neutros. No horizonte da bioética global exige que ampliemos a análise para as transformações trazidas pelo desenvolvimento da ciência e da tecnologia e que verifiquemos o impacto na qualidade de vida humana. Desafios em um planeta onde as possibilidades de desenvolvimento, de vida, de uso de tecnologias não são para todos. A confiança na ciência nunca deve nos fazer esquecer o primado da ética; a confiança na razão abre e enriquece o diálogo com a fé. E no desafio para a defesa da vida, o primado da consciência moral está em primeiro plano. Rezemos por um mundo onde a tecnologia esteja a serviço dos povos e da vida humana na defesa da sua dignidade. Façamos o que pede o Papa Francisco: promoção da vida, orações e ações sociais!


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Tema Pastoral

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Uma Igreja toda ministerial: relembrando uma ideia-chave

Pe. Marcelo Henrique - Reitor do Seminário Diocesano

A noção de ministério não é nova na fé cristã. Já nas Sagradas Escrituras, particularmente no Novo Testamento, as comunidades foram descobrindo e vivendo uma diversidade riquíssima de carismas, de talentos, de serviços. Desde então, há a ideia de que a Igreja é ministra de Deus, que os sacerdotes “ad-ministram” os santos mistérios na liturgia, que os profetas, os doutores, os apóstolos são ministradores do Evangelho de Jesus. Em termos gerais, então, ministérios se referem aos diversos serviços na Igreja e da Igreja, ministros são aqueles que exercem ministérios e toda essa dinâmica é uma forma de perpetuar, de modo atual, o agir do Cristo, enviado do Pai. Na história recente, essa compreensão de Igreja ministerial foi resgatada pelo Concílio Vaticano II. No início do século XX ainda havia, como um resíduo teológico medieval, a noção de que só os clérigos eram ministros de Deus, o que é bem distante da concepção originária do cristianismo nascente. Para dizer que não havia uma valorização lateral dos leigos, para citar um exemplo, um movimento chamado Ação Católica afirmava que o laicato (isto é, os batizados e as batizadas, que vivem na rotina do trabalho, da família, da escola, etc.) atuava como “auxiliar do apostolado” dos padres e dos bispos. Chegava-se a indicar, em alguns textos, que o trabalho apostólico dos batizados não sacerdotes era uma participação no ministério dos clérigos. Assim, ficava subentendido que o leigo só faz algo na Igreja para ajudar o padre e não por uma força inerente ao seu próprio batismo, não por mandato do Cristo Mestre, que derrama a força de seu Espírito missionário na graça particular da crisma. O que o Vaticano II fez foi devolver a missão, os ministérios e todos os dons e carismas à sua fonte primeira, o coração aberto de Cristo. Nenhum trabalho na Igreja, dessa forma, é uma simples colaboração com a paróquia, um serviço assistencial de tipo religioso, mas é um desdobramento do agir de Jesus na história, por meio da ação e do testemunho dos fiéis leigos e dos ministros ordenados. No plano da organização de cada Igreja local (Diocese), o bispo exerce a missão de dispensador e de articulador dos ministérios, enviando e animando o empenho pastoral das paróquias, dos grupos, dos movimentos. No plano da graça, da Igreja misteriosa, Corpo Místico do Senhor, é Ele próprio a origem, a base, a vitalidade e o dinamismo de cada um de Seus membros, o que quer dizer que todo ministério é de Cristo e dEle deriva para a Sua Igreja. Cada batizado, portanto, é convidado ao discernimento profundo, simultaneamente espiritual e prático, buscando a vontade de Deus para a sua vida como discípulo-missionário de Jesus. Há muitas demandas e são elas que, atendidas pela Graça benevolente de Deus, originam a renovação e a novidade de cada ministério. O fato é que há lugar para todos, independentemente de estilos, ênfases, métodos. Cada pessoa deverá buscar o seu lugar de servir com Cristo, na Igreja e para que todos tenham vida e sejam, finalmente, salvos. O fundamental é permanecer unidos ao Cristo, trabalhar sempre na comunhão dos fiéis e ter reta intenção de colaborar na obra salvífica da Trindade. Felizmente, o Papa Francisco tem valorizado os ministérios leigos, frisando aquilo que já era sabido na teoria, mas nem sempre praticado em nossas comunidades eclesiais. E se no Brasil já não é fácil, imagine lá na Europa, com toda a cultura clericalista ainda mais

forte! Não é uma novidade que Francisco traz, é o nosso arroz com feijão, o nosso pão de sal com café preto, é o que de mais nosso há! A Igreja é ministerialidade, os batizados são chamados a ministérios, os ministros ordenados devem animar os fiéis para que cada um faça a sua parte no empenho salvífico do Ressuscitado, presente e atuante na Igreja em todos os tempos e em todas as culturas. Vale para todos a palavra de Jesus à Samaritana: “se soubesses o dom de Deus e quem lhe pede ‘dá-me de beber’, tu Lhe pedirias e Ele te daria a água viva” (Jo 4, 10). Ele chama, Ele dá a graça, Ele capacita, Ele precisa de cada um. Na verdade, mais do que precisa, Ele deseja cada um como servidor de todos. Isso é Igreja, isso é ministerialidade, isso é salvação correndo nas veias da História.


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Março 2022

Entrevista

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Mara Rosangela: uma catequista apaixonada pela missão de transmitir a fé

Mara Rosangela Freire Reyes, 61, casada há 39 anos, é mãe, avó e, além da profissão de psicóloga, se dedica há 26 anos ao trabalho da Catequese. Atuante na Paróquia São Pio X, em Caçapava, cidade onde nasceu e reside, é coordenadora da Comissão Diocesana de Catequese. Mara também revela que é uma amante de artesanato, ornamentação, coleciona presépios e é encantada pelo mar. No dia 05 deste mês ela viveu um momento histórico ao integrar o primeiro grupo que recebeu o Ministério de catequista na Diocese de Taubaté. O LÁBARO: Conte como foi a sua formação cristã. Mara: Recebi a Primeira Eucaristia com 12 anos, depois comecei a participar de um grupo de jovens. Meus pais eram membros atuantes do Cursilho e presenciei o envolvimento e dedicação deles. Com minha entrada na faculdade e morando em outra cidade, afastei-me do grupo de jovens. Voltei a participar mais ativamente da comunidade quanto nasceram meus filhos e senti a necessidade de iniciá-los na fé. O LÁBARO: Como começou a sua história na Catequese? Mara: Quando meus filhos entraram na catequese, fui conhecendo um pouco mais da missão das catequistas, sua dedicação e comprometimento. A admiração transformou-se em amizade e esse foi o início de uma grande identificação com a arte de catequisar. Um dia um pároco recém-chegado na paróquia, Frei Aloisio, bateu em minha porta e fez o convite para ser catequista. A princípio não quis aceitar o convite por não me sentir preparada para tal missão, mas ele argumentou que teria formação adequada, o que me animou a dizer o meu Sim, fui participando de formações e retiros organizados pela paróquia, fui me apaixonando e envolvendo cada vez na catequese. Quanto mais me envolvia, mais amadurecia minha fé, mais aprofundava minha vontade de conhecer a verdade da fé para servir melhor. O LÁBARO: O que te encanta nesse trabalho com a Catequese? Mara: A possibilidade de lançar sementes no coração das crianças e adolescentes e vê-las desabrochar. Vê-las descobrir o amor que Deus tem por nós, levá-las a conhecer Jesus Cristo, nosso bem maior. É indescritível a alegria de ver seu catequizando se tornar adulto e participar da comunidade, estar lá com sua família. O LÁBARO: Que ações significativas você destacaria nesse tempo de coordenação da Catequese na Diocese de Taubaté? Mara: Resolvi antes de tudo conhecer as realidades paroquiais. Realizei pesquisas junto aos coordenadores paroquiais, para conhecer suas realidades quanto às formações dos catequistas, as dificuldades e desafios dos coordenadores paroquias, quais materiais catequéticos utilizados nas paróquias, quais as dificuldades dos catequistas no seu dia a dia com os catequizandos, em preparar os encontros e também como eram feitos os planejamentos paroquiais. A partir daí, nós da equipe, com a assessoria do padre Fábio, fomos definindo as prioridades quanto à formação a ser oferecida aos coordenadores. Vimos a necessidade de uma reestruturação na base. Focamos no planejamento, unidade nas comunidades quanto ao material escolhido, onde todos devem falar a mesma língua. A promulgação do Diretório

Pe. Jaime Lemes, msj dos Sacramentos em 2019 muito ajudou nesta tarefa. Hoje podemos dizer que as paróquias caminham juntas. Destaco também a iniciativa de pelo menos uma vez por ano nos reunir com os coordenadores paroquiais em suas próprias Foranias. Momento rico para conhecer a realidade e ajudá-los nos desafios. O LÁBARO: O que é ser catequista e qual perfil de catequista se espera formar para os tempos atuais? Mara: Ser catequista é ser uma pessoa encantada por Jesus Cristo a ponto de não medir esforços em mostrar este amor aos catequizandos e levá-los a terem este encontro. Só conduz ao Mistério quem se deixou alcançar (envolver) por ele. Ser catequista é ser um educador da fé, que se serve da pedagogia de Jesus para ensinar a Palavra. E que fala e age em nome da Igreja. O catequista deve ser uma pessoa que assume sua vocação com entusiasmo, que procura sempre se formar e entende a necessidade de ter uma formação sólida e permanente, devendo buscá-la sempre. O catequista deve ser uma pessoa dotada de espiritualidade, envolvido e atuante em sua comunidade e portador da alegria de quem realmente se encontrou com o Senhor. O LÁBARO: Com o Motu Próprio “Antiquum Ministerium”, o Papa Francisco instituiu em 2021 o Ministério de Catequista. Qual a importância dessa iniciativa para a Igreja? Mara: O ministério valoriza a presença e o protagonismo do catequista na evangelização. É um compromisso que, dado pela Igreja e assumido por nós catequistas, nos torna responsáveis por essa função, e devemos responder adequadamente. A instituição do ministério de catequista é, para nós, o reconhecimento da missão que abraçamos e que respondemos com alegria e responsabilidade a este chamado de Jesus, para anunciar e testemunhar com nossa vida nosso amor ao Mestre. Ser instituído significa para nós catequistas a confirmação do nosso sim para realizar um serviço importantíssimo, mas que requer muita dedicação e preparação. Diante da visibilidade e importância do ministério, será imprescindível que tenhamos uma formação sólida. Acredito que teremos catequistas mais bem preparados e párocos preocupados em proporcionar a seus catequistas esta formação sólida e também mais critério e cuidado para fazer convite a novos catequistas. O LÁBARO: No dia 12 de fevereiro deste ano, na missa de envio dos Catequistas, na Catedral, você foi instituída no Ministério de Catequista, juntamente com outros três. Como você descreveria esse momento? Mara: Foi um momento de muita alegria, e ao mesmo tempo, tenho ciência que o desafio e a responsabilidade aumentaram, e que devo a cada dia ser uma melhor catequista, me preparar mais para corresponder a essa graça recebida. Muita gratidão pela confiança que Dom Wilson depositou em mim. Naquele momento fiz memoria do meu chamado, das pessoas que ajudaram a ser a catequista que sou hoje. No final da celebração ao receber os cumprimentos alguém disse que se sentia representada por mim. Foi uma injeção de ânimo. O LÁBARO: Este tempo de pandemia tem sido de muitos desafios e provocou mudanças drásticas em muitos setores da sociedade. Como a Catequese tem lidado com essa realidade e quais as perspectivas para o futuro? Mara: O desafio realmente foi muito grande, tínhamos a necessidade de não cortar o vínculo com os catequizandos, mas como fazer isso? Foi criado um grupo de “WhatsApp” com os coordenadores e neste período fomos orientando, tentando ajudá-los nas dificuldades, motivando para participação de formações “online” e orientando que fizessem o mesmo com seus catequistas. Houve muita desistência de catequistas por causa da dificuldade com as mídias sociais. Em 2021 o projeto de uma catequese mista, proposto pela diocese, deu uma nova esperança de continuidade. Os encontros presenciais com os padres nas paróquias foram muito produtivos e trouxeram muitos frutos, tais como mais proximidade entre catequizandos e padres, bem como, a participação mais efetiva das famílias em busca de conhecimento. Muitos pais estão vindo à igreja em busca sacramentos. Em muitas paróquias a catequese com os padres continuará, pois a experiência foi muito boa. A nossa catequese diocesana neste ano de 2022 será presencial, respeitando todas as regras sanitárias vigentes. Os coordenadores foram orientados a estarem atentos, motivando e orientando os catequistas para este novo recomeço. Todos catequistas e catequizandos ansiosos e desejosos desta volta, porque catequese é encontro, partilha de experiência.


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Março 2022

A serviço da evangelização!

Espiritualidade Uma das maiores críticas de Jesus aos religiosos de seu tempo era o culto religioso no templo, sem ligação com a vida cotidiana. Outra crítica bastante repetida nos evangelhos, principalmente nos sinóticos, é a observância exacerbada da lei acima da dignidade humana. Há tempos, temos percebido uma volta a essa tendência. O cristão leigo, muitas vezes, tem separado suas práticas religiosas da vida cotidiana. Participa da Missa e dos demais sacramentos por uma tradição familiar, mas, muitas vezes, sem a consciência do compromisso que deve ser assumido em cada sacramento que recebe. Essa tendência que temos visto na Igreja é, primeiramente, pela falta de uma experiência com Jesus. A fé sem uma verdadeira experiência de Deus não leva ao compromisso, ao passo que a experiência com Deus leva ao serviço ao próximo, à igreja e ao mundo. O próprio Cristo nos exorta a sermos “sal da terra e luz do mundo” (Cf. Mt 5, 13-

Pergunta do Leitor

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O cristão leigo na sociedade Seminarista Bruno Rodrigues - 3º ano de teologia “Configuração” 14) ou, em outras palavras, sermos imitadores não pode ser, portanto, “desencarnada” e nem de Cristo, em todas as realidades da vida. “alienada”, mas sim comprometida com a O Papa São Paulo VI no documento causa de Cristo e de Seu Reino. Evangelli Nuntiandi destaca a importância Temos um elenco de homens e mulheres do cristão leigo na evangelização no mundo: que souberam assumir o compromisso da fé, “o mundo vasto e complicado da política, da e fazer de sua vida e de seu ministério uma realidade social e da economia, como também verdadeira doação pela causa de Cristo. Entre o da cultura, das ciências e das artes, da vida tantos, cito: Santa Madre Teresa de Calcutá, internacional, dos ‘mass media’ e, ainda, Santa Irmã Dulce dos pobres, São João Paulo outras realidades abertas para a evangelização, II e São Oscar Romero, canonizados pelo como sejam, o amor, a família, a educação Papa Francisco. Entre os não canonizados, das crianças e dos adolescentes, o trabalho cito: Dom Helder Câmara, Irmã Dorothy profissional e o sofrimento” (EN 70). Todas Stang, Dom Pedro Casaldáliga. essas realidades necessitam ser alcançadas São exemplos para nós, hoje, de pelos discípulos de Cristo, ou seja, por aqueles que ser cristão não é “uma decisão ética ou que se colocam a serviço do Reino anunciado uma grande ideia, mas é o encontro com por Cristo. um acontecimento, com uma Pessoa, que dá O cristão leigo que assume a fé em um novo horizonte à vida e, com isso, uma Jesus e faz uma experiência autêntica, a Ele orientação decisiva” conforme afirma o Papa se configura. Desta forma, busca por meio da Emérito Bento XVI na introdução da carta vida de oração e pelas obras, se assemelhar Deus caritas est. cada vez mais ao Senhor que o conduz. A espiritualidade do seguidor de Cristo

Como é o processo para o Batismo de adultos?

Pe. Miguel Gustavo - Assessor Diocesano da Pastoral do Batismo assumindo, assim, seu papel de cristão tanto na Igreja quanto na sociedade. Este processo de preparação para o Sacramento do Batismo de adulto, em nossa Diocese, “acontece, ao menos, pelo período de dois anos completos” (DIRETÓRIO DOS SACRAMENTOS, n. 8). Este período de preparação deve ser visto como um caminho de crescimento e amadurecimento na fé, mas sobretudo, um caminho de seguimento a Jesus Cristo. Tendo percorrido este caminho de preparação, o catecúmeno receberá o Sacramento do Batismo na noite da Vigília Pascal, noite em que a Mãe Igreja dá à luz aos novos filhos nascidos pelas águas do Batismo. Para que um adulto possa receber o Sacramento do Batismo é preciso que o mesmo procure a paróquia onde mora para manifestar O processo de preparação de adultos prolongada de modo conveniente, por cujo o seu desejo de ser batizado e iniciar, assim, para a recepção do Sacramento do Batismo meio os discípulos se unem com Cristo, sua preparação. é um tanto diferente da preparação para o seu mestre. Por conseguinte, sejam os Batismo de crianças com idade inferior a catecúmenos convenientemente iniciados no Referências: sete anos, a idade da razão. Diante do desejo mistério da salvação, na prática dos costumes SANTA SÉ. Código de Direito Canônico. Brasília: manifestado em receber o Sacramento do evangélicos, e com ritos sagrados, a celebrar Edições CNBB, 2019. Batismo, a pessoa adulta inicia um processo em tempo sucessivos, sejam introduzidos na catequético de preparação específica vida da fé, da liturgia e da caridade do Povo CONCÍLIO VATICANO II. Decreto “Ad gentes” sobre a para a recepção do Batismo, chamado de de Deus” (AG, n. 14). atividade missionária da Igreja (on line), 1965. Disponível catecumenato. Não havendo motivos graves, o em: <https://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_ Esta preparação tem como fundamento catecúmeno - a pessoa que se prepara para vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651207_ad“as verdades da fé e as obrigações cristãs” receber o Sacramento do Batismo, poderá gentes_po.html>. (CIC, cân. 865 §1), isto é, “uma formação receber os demais Sacramentos da Iniciação e uma aprendizagem de toda a vida cristã; à Vida Cristã: a Eucaristia e a Confirmação; DIOCESE DE TAUBATÉ. Diretório dos Sacramentos, 2019.


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Março 2022

Catequese

A serviço da evangelização!

Paróquias iniciam ano catequético de 2022

Antecedendo cada novo ciclo catequético nas paróquias da Diocese de Taubaté, a nível diocesano e paroquial, são promovidos encontros celebrativos e

formativos para animar e aprofundar os iniciativas paroquiais. conhecimentos dos catequistas. DestacamRegistramos aqui alguns dos se a catequese de Dom Wilson Angotti, bispo momentos formativos e também a abertura do diocesano seguida da missa de envio e a ano catequético de 2022 nas paróquias.

Catequistas da Paróquia São João Paulo II de Taubaté participam da missa de envio na Catedral.

Início da catequese da paróquia São Vicente de Paulo em Pindamonhangaba.

Início dos encontros da catequese na Comunidade Santíssima Trindade da Paróquia São Cristóvão em Pindamonhangaba.

Acolhida da catequese na Paróquia Espírito Santo em Taubaté.

Missa de início do ano catequético na Paróquia São Sebastião em Taubaté.

Missa de início do ano catequético na Paróquia N. S. da Boa Esperança em Caçapava.

Missa de início do ano catequético na Paróquia N. S. D’Ajuda em Caçapava.

Formação para catequistas na Paróquia N. S. das Graças em Pindamonhangaba.

Missa de início do ano catequético na Paróquia N. S. do Belém em Taubaté.

Encontro da catequese na Paróquia São Vicente de Paulo em Taubaté.

Encontro da catequese na Paróquia do Senhor Bom Jesus em Tremembé.

Enontro dos Catequistas da Paróquia São Bento em São Bento do Sapucaí.

Atos da Cúria

Foram 39 os documentos expedidos pela Cúria Diocesana no período de 10 de fevereiro a 08 de março 2022. Dentre estes destacam-se: • Concessão de Uso de Ordem ao Revmo. Frei Flávio Martins Venâncio, OFM Conv; • Concessão de “Missio Canônica” aos Revmos. Pe. Flávio Marco dos Passos,scj e Pe. Lucas L. M. de Mello,scj. • Autorização concedida ao Instituto das Irmãs Franciscanas de N. Sra. de Fátima, para instalação de uma nova comunidade em São Bento do Sapucaí;

• Certificado de Demissão do Estado Clerical do Sr. Alberto Aparecido Ferreira. • Autorização para reformas na casa paroquial da Paróquia São Luís de Tolosa; • Autorização ao Revmo. Pe. Cipriano Alexandre de Oliveira, para cursar Psicologia; • Autorização para a Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso impetrar processo de usucapião da Igreja Matriz. • Carta aos Párocos que recebem Diáconos e Fratres Dehonianos para estágio pastoral.

• Provisão do Frei Arnaldo César Rocha, OFM Conv., Pároco da Paróquia São Pio X;

• Autorização para os Diáconos e Fratres Dehonianos realizarem estágios pastorais em paróquias da Diocese.

• Decreto de Nomeação do Frei Antônio Corniatti, OFM Conv, Vigário Paroquial da Paróquia São Pio X;

• Autorização para os Seminaristas Dehonianos realizarem pastoral de ação social na Paróquia São José de Tremembé.


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