Jornal O Lábaro | Diocese de Taubaté | Dezembro de 2020

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O LÁBARO Diocese de Taubaté - SP

Desde 1910 - Edição nº 2.191 - Dezembro 2020

Distribuição Gratuita

A Pandemia em Tópicos

Quem imaginaria que uma pandemia poderia, subitamente, dominar o mundo? De certo que ninguém. Porém, foi o que 2020 ofereceu: um surto viral que pegou a todos desprevenidos. Da economia à política, da fé ao trabalho, da família às amizades, tudo precisou

alterar rotas em função da Covid-19. Um ano exercício não só útil como necessário. Nesta marcante pelo susto, pelas perdas e, também, edição, recorde, em tópicos, alguns fatos que por superações resilientes e criativas. marcaram o mundo em pandemia. Como a memória humana é curta e a velocidade da informação não colabora, fazer uma revisão dos fatos da pandemia se torna um

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Nesta Edição

Artigo: Crônicas do Seminário - PÁG. 09

“O amor é garantido para sempre!” Sl 88, 3.

Entrevista: Côn. José Luciano - PÁG. 10

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Editorial Julho foi a última vez em que O Lábaro foi divulgado e apenas em versão on-line, graças à pandemia. Este jornal tem exercido uma dupla função na Diocese de Taubaté: ser um meio de evangelizar e uma forma de preservar a história. Quando ele foi fundado, em 1910, estava em voga o ideal do “apostolado da imprensa”, que procurava usar dos livros, dos folhetins e de todos os meios impressos para fazer chegar as notícias sobre a Igreja, contadas por ela mesma, bem como para catequizar o povo e formá-lo na fé. Os tempos evoluíram e já há meios mais rápidos e mais dinâmicos de fazer a Palavra chegar aos corações. Por que, então, manter um jornal impresso? É fato que nossa equipe editorial está amadurecendo ideias de um formato novo para O Lábaro, mais dinâmico e com apresentação mais contemporânea. Ainda não perdemos a fé nos impressos – ainda há leitores para eles, seja por costume, por preferência ou por um certo saudosismo. Além do que, este jornal ainda pode contribuir naquela dupla tarefa de evangelizar a nossa gente e de registrar a história desta Igreja Local. Nesta edição, quisemos ser mais memoriais e contar um pouco do que aconteceu desde de agosto, bem como fazer uma retrospectiva sobre a Pandemia neste inesquecível 2020. Boa leitura!

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Opinião

O ano cancelado?

Em fevereiro deste ano havíamos programado para pandemia perdura até agora, comemorei 25 anos de minha 2020. Em meados de março, as coisas não voltaram ao seu ordenação sacerdotal. Houve imagens vindas da Itália e normal, apesar de muita gente uma Missa solene num da Espanha chocavam pelo declarar já ter passado o pior. sábado de manhã seguido de horror de caixões empilhados O vírus, porém, insiste em um almoço festivo, como de e pelos gráficos em ascensão contradizer os negacionistas. praxe. Como era carnaval, com números próximos ou Os números de infectados e segunda e terça consegui superando mil mortos por óbitos impõem a realidade. Revendo o ano é difícil uma folga para passar com dia. No final do mês vieram os meus familiares numa decretos de distanciamento não lamentar as perdas e chácara perto de um riozinho social fechando o comércio danos. Todavia, tenho de de águas geladas que vinha e as igrejas. Os últimos dias registrar o quanto se aprendeu da serra, apesar de ser verão de março foram vividos com esse infortúnio. No âmbito pessoal e fazer calor. Na Quarta-feira dentro de um desses filmes com a de Cinzas veio a notícia do apocalípticos onde uma ganhamos primeiro caso confirmado de doença aniquilava quase toda oportunidade de parar um COVID-19 no Brasil. a humanidade. Comunicados pouco, diminuir o ritmo para Até então, falava- da Diocese e das paróquias olhar e pensar com mais se de um novo vírus que anunciavam o cancelamento atenção coisas importantes havia fechado a China e das celebrações e de todos os que eram relegadas a segundo plano. Coisas como chegado a países europeus. eventos pastorais. O que devia durar a família, as relações de Agora já estava em solo nacional causando a doença 15 dias estendeu-se por 4 amizade agora distanciadas já batizada desde o início do meses de isolamento social pelo isolamento, assim como com igrejas fechadas e a celebração e a participação mês com seu nome infame. canceladas. na comunidade. Na ausência Mas foi em março celebrações que a doença, agora uma Só em julho começou uma dos sacramentos entendemos pandemia, mudou as nossas abertura progressiva, com melhor o seu valor em vidas e cancelou o que celebrações presenciais. E a contrapartida aos dias em que esses eram oferecidos em abundância, com a comunidade. Nos primeiros dias, se instrumentos valiosos para manter firme mas nem sempre valorizados devidamente. manifestações de apreço e de solidariedade os laços que ligam o fiel a sua comunidade. Foi um ano sem gripes, resfriados e viroses. com os pastores da Igreja mostravam Missas transmitidas ao vivo, mensagens, A pandemia fez entendermos a importância tanto o entendimento da situação como formação religiosa e momentos de oração de uma higiene mais apurada das mãos e dos a importância da religião em suas vidas. alimentaram a fé e a esperança em tempos cuidados no contato social revendo nossos Claro, não faltaram vozes contrariadas de distanciamento social. hábitos de sociabilidade e percebendo que vinda de grupos específicos as quais, mesmo E chegamos ao final deste ano. há outros modos de cumprimentar. merecendo consideração, pecavam na Um ano feito de temores, tristezas e No âmbito social percebemos quantos pressão que faziam. Foram inconvenientes incertezas. Feito de mudanças repentinas, são sensíveis ao sofrimento do próximo. dada a gravidade de uma doença que se de distanciamentos e de projetos não Coisa que se pode comprovar revendo espalha e faz vítimas fatais numa velocidade realizados. Contudo, o Natal, a cada ano, as várias campanhas promovidas pelas assustadora, comprometendo a capacidade vem renovar a esperança em dias melhores. paróquias e grupos eclesiais, mesmo pela de reação por parte da sociedade e agentes Pois, no Natal nos foi dado aquele que veio sociedade civil, com fins a socorrer os da saúde. trazer alegria ao mundo. Tudo passa, a Luz desamparados pela perda do emprego ou do Um dos maiores ganhos com essa que se acendeu no Natal, porém, permanece seu trabalho informal com o fechamento da pandemia foi a Pastoral da Comunicação. para sempre! Renovemos nossa esperança economia. Pessoas generosas se apressaram Acabamos entendendo com a situação que, e nossa confiança em Deus! Aquele que em doar alimentos, produtos de limpeza não importam os obstáculos, evangelizar é nasceu em Belém continua habitando entre e higiene pessoal para socorrer famílias vocação irrenunciável da Igreja. As igrejas nós. Ele jamais nos abandonará. Que nada carentes e entidades assistenciais. A adesão precisaram fechar. Mas não podíamos nos desanime na missão, nenhum obstáculo às medidas de prevenção da saúde, aos parar de anunciar o evangelho. Foi preciso impeça de sermos luz para o próximo, protocolos sanitários como uso de máscaras aprimorar os canais de comunicação para jamais desistamos de viver nossa vocação mostraram o nível de responsabilidade fazer a Igreja chegar até os seus filhos e filhas cristã na Igreja e no mundo. social de nossa gente. Casos de resistências isolados em suas casas. Ferramentas como Feliz Natal, um Ano Novo abençoado a essas medidas parecem ser pontuais. as redes sociais, tantas vezes desprezadas para todos! No âmbito eclesial houve como maléficas (e com razão considerando demonstrações de comprometimento tipos de conteúdo ali veiculados) mostraramPe. Silvio José Dias

O LÁBARO A serviço da evangelização

Departamento de Comunicação da Diocese de Taubaté Avenida Professor Moreira, nº 327 – Centro – Taubaté/SP. CEP 12030-070

Diretor: Pe. Silvio José Dias Editor: Pe. Marcelo Henrique de Souza Jornalista Responsável: Pe. Jaime Lemes MTB 62839/SP Conselho Editorial: Pe. Leandro A. de Souza, Pe. Celso L. Longo, e Henrique Faria. Diagramação e Designer: Pe. José Ronaldo de Castro Gouvêa, scj Impressão: Katú Editora Gráfica

Tiragem: 5.000 | Distribuição dirigida e gratuita Site: www.diocesedetaubate.org.br email: pastoral@diocesedetaubate.org.br www.facebook.com/olabaro As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não emitem necessariamente a opinião deste veículo.

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Palavra de nosso Bispo Pretendo aqui apresentar, muito brevemente, a nova carta encíclica FRATELLI TUTTI, do Papa Francisco. Esta encíclica foi promulgada em Assis, junto ao túmulo de São Francisco, no último dia 3 de outubro, véspera da festa deste Santo, que inspira o ministério do atual Pontífice. Esta encíclica vem compor e enriquecer o ensinamento social, ou doutrina social da Igreja. Os ensinamentos sociais da Igreja consistem em aplicar os preceitos do Evangelho ao âmbito das relações sociais, indo, portanto, além do âmbito estritamente pessoal ou individual da vivência do evangelho. Com isso, se evidencia a incidência dos ensinamentos de Cristo na organização da sociedade humana. Querer circunscrever o evangelho somente ao âmbito individual e intimista da pessoa seria reduzir a abrangência e ação da Palavra de Deus apenas a uma dimensão de nossa vida. O aspecto da vida que não for iluminado pela Palavra de nosso Senhor não é por Ele transformado nem redimido. Embora, ao longo da história, tenha havido ensinamentos do magistério pontifício sobre vários aspectos da vida em sociedade, a chamada “doutrina social da Igreja” se constitui a partir de Leão XIII, no ano de 1891, quando este Papa publicou uma encíclica exclusivamente destinada a refletir a condição dos operários à luz do Evangelho. A encíclica era a Rerum Novarum, sobre “as coisas (ou realidades) novas”. O papa Leão XIII respondia assim a um novo problema social específico e também à acusação de que a Igreja se limitava a pregar resignação aos pobres e a exortar os ricos à generosidade. Assim, a partir de Leão XIII se constituiu o início da doutrina social da Igreja. O papa Francisco publicou, em 2015, a encíclica Laudato Si, que também se classifica como “doutrina social”, pois trata do cuidado da casa comum, o planeta que vivemos. A mais nova encíclica FRATELLI TUTTI, toma o nome de uma expressão utilizada por São Francisco e significa “todos irmãos”. Nessas duas encíclicas os títulos são mantidos em italiano e não, como de praxe, em latim. Esta mais nova

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FRATELLI TUTTI

Encíclica Social do Papa Francisco encíclica possui um cunho humanístico e universal e tem como objetivo refletir sobre a fraternidade e a amizade social. O papa Francisco manifesta que escreve essa Encíclica inspirado pelo Santo do qual assumiu o nome. Vê nele um exemplo de quem propôs uma fraternidade universal e que para isso procurava evitar litígios ou confrontos e, sem negar a própria identidade, ensinava fazer-se submisso a toda criatura humana por amor a Deus. Essa é a proposta que São Francisco apresenta na regra que orienta a vida dos que desejavam segui-lo. O Papa, reafirmando que Deus criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade e os chamou a conviver entre si como irmãos, pede que, perante novas formas de ignorar ou eliminar os outros, comuns no mundo atual, nós sejamos capazes de reagir com uma disposição de fraternidade e amizade social que vá além das palavras. Isso é essencial para construir um mundo melhor, pacífico e com mais justiça. Na elaboração de sua encíclica, o Papa Francisco, como de praxe, recorreu ricamente à Sagrada Escritura, às citações do Magistério anterior, citando, além de seus escritos, vinte nove vezes outros papas. Além disso, ele amplia a “interlocução” citando escritos de doze conferências episcopais das várias regiões do mundo e alguns teólogos. Diz que também se inspirou nos escritos de São Francisco de Assis, Martin Luther King, Desmond Tutu e Mahatma Gandhi. Ele inclui parte de um texto sobre fraternidade humana que escreveu com o Sheikh Ahmed Al-Tayyeb, além de também fazer referência ao Rabino Hillel. Portanto, na elaboração do texto, o Papa colhe contribuições inclusive de não cristãos. Isso é coerente com seu objetivo pois ele quer evidenciar o valor da fraternidade universal; isso exige aproximar-se dos outros, superar preconceitos, barreiras, limites. Para finalizar esta apresentação, podemos expor agora, muito brevemente, alguns dos principais aspectos que se destacam na Encíclica. O Papa reafirma o valor do ser humano, de cada pessoa, em qualquer circunstância em que se encontre

e, a partir desse princípio, propõe uma defesa incondicional do ser humano. O Papa critica a economia que esmaga os pobres e desconsidera minorias, exclui refugiados, discrimina deficientes, menospreza idosos, alimenta preconceitos de toda ordem. Isso é decorrência do individualismo e da mentalidade consumista de nossos tempos. Também considerando o valor da pessoa humana, o Papa considera inconcebível a guerra e a pena de morte em qualquer situação. Para recompor uma nova ordem mundial baseada no respeito ao ser humano e ao meio ambiente é proposta uma reforma econômica e das Nações Unidas. Refletindo sobre a parábola do Bom Samaritano é proposta uma política que seja voltada à caridade e ao bem comum. Não pode haver desconsideração ou indiferença por pessoas ou grupos. A própria pandemia e os problemas do planeta fazem crescer a consciência de que ou nos salvamos todos ou não se salva ninguém. A pobreza, a degradação, os sofrimentos dum lugar da terra são um silencioso terreno fértil de problemas que, finalmente, afetarão todo o planeta, diz o Papa. Nesse contexto, o papel das religiões é de promover uma nova sociedade e uma cultura de paz, favorecendo o diálogo em vista a desenvolver a fraternidade e a amizade social. Esse é apresentado como o único caminho possível em vista de um mundo novo. É preciso fazer crescer uma cultura do encontro, pela busca e a valorização do outro, pelo respeito ao ponto de vista do outro; é isso que leva a superar conflitos e confrontos, num mundo tão marcado por tantas segregações. Essa é a proposta que o Papa Francisco lança a todos. Que esta apresentação possa estimular a leitura da Encíclica que pode ser encontra em publicação física ou pela internet. Dom Wilson Angotti


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Diocese publica Diretórios para os Sacramentos da Penitência e da Unção dos Enfermos Da Redação

Após a elaboração de um Diretório para os Sacramentos da Iniciação Cristã e também para o Matrimônio, neste ano foi publicado o Diretório para os Sacramentos da Penitência e da Unção dos Enfermos (ou “Sacramentos de Cura”, como são chamados no Catecismo da Igreja Católica). Visando orientar melhor a disciplina e a celebração dos referidos Sacramentos naquilo que compete à realidade diocesana, o Diretório teve a redação feita pelos Padres Celso Luiz Longo (Penitência) e Paulo Vinicius Ferreira Gonçalves (Unção

dos Enfermos). A redação foi baseada no Código de Direito Canônico, no Catecismo da Igreja Católica e na Introdução Geral dos rituais litúrgicos de cada um dos Sacramentos. Além disso, os Vigários Forâneos deram um parecer sobre a primeira versão do texto. Após as observações e correções finais feitas pelo Bispo Diocesano, o mesmo fez a publicação do Diretório na Festa de São Francisco das Chagas, padroeiro diocesano, ao final da Solene Concelebração Eucarística ocorrida na Catedral na manhã do dia 3 de outubro.

NOTA: Mudança na Coordenação Diocesana de Pastoral Da Redação

Após 08 anos a serviço da Diocese de Taubaté, o revmo. pe. Leandro Alves de Souza deixará a coordenação diocesana de pastoral. Em seu lugar, assumirá a importante função o revmo.

pe. José Luciano Matos Santana, saúda o novo coordenador de pastoral, atualmente pároco da Paróquia Santo com votos de que muito ajude a Igreja a Antônio de Lisboa (Taubaté – SP). pastorear o povo que é de Deus. A Diocese agradece ao pe. Leandro pela dedicação em tudo o que fez e

Missas presenciais retornaram após meses de igrejas fechadas Laudo, da web-página Taubaté Católico

No início de 2020 as Paróquias de Taubaté, celebravam mais de 150 missas nos finais de semana, missas preceituais com início aos sábados 12h05, sendo a última 20h de domingo. Quando a Igreja se preparava para a celebração da Semana Santa, a Pandemia do Covid-19 chegou e os cuidados exigidos pelas autoridades orientaram para a suspensão das atividades em que houvesse aglomeração de pessoas. A Cúria Diocesana orientou e os Vigários Forâneos, decidiram suspender todas as celebrações com os fiéis. Um momento único, assustador. Os fiéis foram dispensados do preceito pelo senhor Bispo (“Enquanto se mantiver essa condição extraordinária, com base no Cân.

87, dispenso todos os fiéis das celebrações de preceito”, diz o documento oficial publicado à ocasião). A Pascom “Pastoral de Comunicação” intensificou as transmissões das Missas e Celebrações pelas Redes Sociais. As Igrejas que permaneciam fechadas por meses, porém, em horários especiais em meados de Junho, foram abertas para as Orações Individuais e Adoração ao Santíssimo Sacramento. O mês de Julho chegou e, com cuidados orientados pela Vigilância Sanitária, pudemos voltar a participar presencialmente das Santas Missas. Em Taubaté, as Paróquias providenciaram 94 missas para 8.846 fiéis, pois somente a Igreja Matriz e a quantidade

de 30% da capacidade foram autorizadas. A Igreja Católica se destacou em cumprimento das normas de saúde e de cuidado para com os fiéis e, gradativamente, a quantidade autorizada foi aumentando para 40%, estando atualmente em 60%. A quantidade de missas celebradas também aumentou, pois em algumas Paróquias, além da Igreja Matriz, celebra-se agora nas comunidades. Os cuidados continuam, as orientações são cumpridas com todo o rigor. A Pascom, que se tornou essencial, continua transmitindo as celebrações pelas Redes Sociais. Na espera de tempos melhores, colaboramos, oramos e pedimos a Deus que nos ilumine.

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Formação do Clero de Taubaté tem como tema integração humano-afetiva

Da Redação

O clero da Diocese de Taubaté, além das reuniões regulares para encaminhamentos pastorais, se encontra duas vezes ao ano, durante um dia inteiro, para formação. Neste ano, devido ao contexto de pandemia, a formação só pode acontecer no segundo semestre, no dia 18 de novembro, no salão paroquial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Aparecida, observando todos cuidados sanitários para evitar o contágio e propagação do Coronavírus (Covid-19), como uso contínuo de máscara, distanciamento e higienização das mãos com álcool em gel. O encontro, cuja temática abordou a integração humano-afetiva no ministério ordenado, foi assessorado

pelo Pe. Ronaldo Zacharias, sacerdote salesiano, doutor em Teologia Moral e com Pós-doutorado em Democracia e Direitos Humanos. Pe. Ronaldo é uma das principais referências no Brasil nesse campo de estudo e é autor de várias obras que abordam essa temática. O palestrante apresentou um panorama de como a afetividade e a sexualidade são encaradas e vivenciadas no âmbito do exercício ministerial, apontando as sombras que ainda precisam ser superadas e as luzes que trazem esperança para a vida clerical, na busca de uma compreensão mais integral do ser humano. Ressaltou que “o momento obscuro é também oportunidade para a conversão. É preciso abrir-se à graça de

Deus, pois esta se sobrepõe às misérias humanas. Durante a explanação, o Pe. Ronaldo Zacharias explicou, ainda, que afetividade e sexualidade, no contexto do ministério ordenado, precisam ser compreendidas à luz do Mistério da Encarnação e do Mistério da Ressureição. O primeiro nos dá a compreensão de que nada do que é humano deve ser negado, já que Cristo assumiu integralmente a nossa humanidade; o segundo nos mostra que nada é definitivo. Assim, faz-se necessário deixar-nos interpelar por esses dois mistérios e pela Palavra de Deus, para vivermos a essência do Ministério Ordenado: “Amar servindo e servir amando”.

A pandemia acelerou as mudanças na pastoral Pe. Marcelo Henrique, editor

A pastoral, enquanto serviço que a Igreja presta ao mundo, como ação salvífica para as realidades de cada tempo, está se transformando. A cada época, ela se faz e se refaz, para dar conta dos problemas, das questões e das necessidades que estão em circulação. Vários são os fatores que catalisam essa transformação: mudanças de mentalidade, avanços técnicos, fatores socioambientais etc. A pandemia, fator inesperado, veio trazer uma aceleração de processos na pastoral que, em certo sentido, acabou sendo positiva. Em um primeiro momento, as pastorais foram para o lockdown, com seus agentes dispersos e seus eventos suspensos indeterminadamente. O sentimento foi de susto, depois estranhamento, depois de angústia, depois de conformação e, por fim, de um certo alívio quase sem culpa. O que aconteceu foi que certas rotinas de pastoral, já cansadas, saíram de cena e foi possível perceber que elas já vão tarde.

As costumeiras reuniões com a mesma meia dúzia de pessoas, os encontros de formação sempre pobres de participação, os planejamentos sempre tão idealizados e reclamões do “mundo está perdido”, isso e muito mais – que parecia a ordem do dia, a ponta da lança de uma pastoral atuante – mostrou-se incapaz de dar conta do mundo presente. “O rei está nu!”, gritou a Covid-19 para um modelo de Igreja que se achava suficiente. A questão é essa: modelos de Igreja, modelos de pastoral. A Igreja precisa de uma nova abordagem dos problemas, que não são mais os das décadas de 80/90. Um novo modelo vai nascendo das demandas postas pela realidade. Não se sabe como será a Igreja em dez anos ou menos, mas é certo que ela não se sustentará com a pastoral pré-pandemia. Cada paróquia, movimento, grupo que se esforça por criar meios de evangelizar, de cuidar do povo, de levar as pessoas a Jesus, com discernimento

e criatividade, é responsável por aquilo que será chamado de “novos modelos de pastoral”. A pandemia deixou tudo enxuto e essencial. Em termos práticos, restou do modelo antigo quase só a missa. Em termos de fé, com a suspensão de tantos eventos, restou só Jesus, da Palavra e da Eucaristia. Restou o núcleo duro da fé. É um bom começo para algo novo. Tentar pôr remendo novo em pano velho não dá certo desde os tempos de Jesus. Com um pouco de culpa, mas também aliviados, alguns dizem: “que bom que a pandemia veio para acabar com aquelas reuniões intermináveis e com aqueles encontros sem objetivo claro e com aquelas formações sem pé nem cabeça”. A pastoral que foi para lockdown não deveria voltar mesmo. Nem os coordenadores de pastoral, nem os padres estavam mais aguentando ela. O que virá depois? As respostas virão dos criativos.


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A Pandemia em Tópicos

Destaque

Gabriel Galdino, seminarista do 2º ano de filosofia

O ano de 2020 ficará para a História como um daqueles anos dignos de fotografia e de livros e mais livros contando os fatos. A Covid-19 foi uma surpresa terrível, que abalou todas as áreas da vida: economia, política, relacionamentos, sentimentos, educação etc. Tudo foi contaminado pelo vírus, direta ou indiretamente. Ao chegar em dezembro, vale a pena olhar em retrospectiva e perceber os fatos conjuntamente, costurando os dados em uma grande colcha de retalhos. É uma forma de entender como as coisas chegaram ao ponto em que chegaram. Além disso, que fique para os anais da Diocese este acontecimento que abalou fiéis, pastores e estruturas de Igreja.

• Os Estados Unidos tiveram seu primeiro caso confirmado em 21 de janeiro, por sua vez em fevereiro o Brasil repatriou os 34 brasileiros que estavam em Wuhan, na China, onde iniciou o surto da Covid-19. No dia 26 de fevereiro, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso do novo coronavirus no país, de um homem que retornou do trabalho na Itália.

Saúde) decreta situação de pandemia da Covid-19. • Em 20 de março, o Estado de São Paulo, maior estado Brasileiro, decreta calamidade pública. Em abril, já chegava a 1.000 mortos. Várias cidades, dentro de seus respectivos Estados, já se encontravam em quarentena. • O presidente brasileiro faz um polemico pronunciamento minimizando os riscos da pandemia. • O Vaticano anuncia a celebração da Semana Santa sem a presença dos fiéis. • O Papa Francisco decreta suspensão da obrigatoriedade do sacramento da confissão. • Já no final de março para abril, os Estados Unidos se tornaram o novo epicentro da doença, no qual se chegavam, ao final de abril, a 50 mil mortos e a 870 mil casos confirmados. • Ainda em abril, no Brasil, com divergências entre o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o Presidente da República, Mandetta anuncia sua demissão – um sinal que começaria uma crise de gestão da pandemia no país.

A Covid-19 foi uma surpresa terrível, que abalou todas as áreas da vida: economia, política, relacionamentos, sentimentos, educação etc.

• Após o primeiro caso do novo coronavírus, em Wuhan, dezembro de 2019, já em janeiro ocorreram as primeiras mortes na China. Em poucos dias, já eram 200 vitimas fatais e 10 mil infectados.

• No final de fevereiro, o vírus se espalhou para vários países. Em março, a Itália se transformou no novo epicentro da doença, com milhares de mortos, onde ocorreu a cena triste que chocou o mundo os caminhões do exército italiano carregando centenas de corpos em caixões. Ficou nítida a seriedade e a rapidez da mortalidade do vírus. • Em seguida, ainda em março, diante da rápida contaminação Mundial, a OMS (Organização Mundial da

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Destaque • O Governo Federal anuncia a criação de um auxilio emergencial para a população de baixa renda. • Em maio, após um mês no cargo, o Ministro Nelson Teich, que sucedeu Mandetta, pede demissão e o General Eduardo Pazzuello assume interinamente o cargo, até que, mais tarde, se tornara o Ministro oficialmente. Nesse cenário a pandemia já atingia à marca de 10 mil mortos. • Em junho, o Presidente Jair Bolsonaro testou positivo para a Covid-19. Naquela conjuntura, a marca era de 59.594 mortos e 1.402.041 casos. • Em meio às divergências com o Governador João Doria, Bolsonaro anuncia um acordo com a Universidade de Oxford para a fabricação da vacina, em parceria com a Fiocruz. • No final do primeiro semestre para o inicio do segundo, os países europeus iniciavam as flexibilizações, enquanto a pandemia se agravava na América Latina, que se tornava um novo epicentro. • Por sua vez, em agosto, o Presidente Russo Vladimir Putin anuncia o registro da primeira vacina contra o Coronavírus, a Sputnik 5, vista com bastante dúvida pelos outros países. • Já em setembro, os EUA ultrapassaram 200 mil mortos. No Brasil, com as divergências entre o Governador João Doria e o Governo Federal, São Paulo anuncia acordo para compra de 46 milhões de doses da vacina feita pela empresa Chinesa Sinovack em parceria com o instituto Butantan, a Coronavac, vacina que foi vista com certo ceticismo pela população.

• Em meio a todas essas circunstancias, o Ministro interino, General Pazuello, é efetivado no cargo, com bastante criticas. • Com os altos níveis da pandemia e o agravamento econômico da população de baixa renda, o Presidente Bolsonaro anuncia uma prorrogação de quatro meses do auxilio emergencial com o valor reduzido para 300 reais. • Em outubro, o Presidente Americano Donald Trump testa positivo para a Covid-19. • Já em outubro e novembro, os países europeus como França, Reino Unido, Espanha, Itália e Alemanha começaram a registrar uma segunda onda e novos bloqueios foram decretados. • A França teve um recorde nas contaminações foram mais de 50 mil no dia 25 de outubro. A Espanha, no mesmo dia, decretou toques de recolher durante a noite. • Com a pandemia, ocorreu um recorde de 100 milhões de votos na votação pelo correio nas eleições americanas, fazendo com que o resultado demorasse dias para ser divulgado. • No início de novembro, a Pfizer, grupo farmacêutico americano, anunciou resultados eficazes da sua vacina: 95% de resultados da fase três da vacina testada em 90% dos participantes.

• Já no final de novembro com o agravamento de uma segunda onda na Europa e o aumento de casos no Brasil, o governo do Estado de São Paulo anuncia regressão do Plano SP para a fase amarela e cancelamentos de festas de réveillon em bares e restaurantes. • Em dezembro, o Presidente Putin, da Rússia, ordena a vacinação em massa da populaçã, iniciando a distribuição para os grupos de riscos, como equipes da área da saúde, trabalhadores de transporte e professores. • Em 2 de dezembro, os EUA registraram o maior número de mortes, batendo o recorde de vítimas que aconteceu em abril. • O mês de dezembro chegou com 65 milhões de casos e mais de um milhão de mortos no mundo. Os EUA lideram o ranking com 14 milhões de casos e 279 mil mortes e o Brasil aparece em terceiro, com seis milhões de casos e 175 mil mortes. • Após idas e vindas e alto número de mortos pela pandemia, chegamos ao final do ano com 11 vacinas na fase final de testes. Dentre essas onze, estão a de Oxford, ligada ao governo federal, a Coronavac, vacina chinesa em parceria com o Estado de SP, e a Sputnik 5, a vacina russa que foi a primeira a ser registrada.


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Mensagem sobre as queimadas em território brasileiro

CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

“As feridas causadas à nossa mãe terra são feridas que também sangram em nós. (Papa Francisco - Mensagem do presidente da Colômbia, por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente).

1. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acompanha indignada a devastação causada pelas queimadas nos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal. Une-se às diversas manifestações de entidades católicas feitas nos últimos dias e enaltece todos que cuidam, com esmero, da Casa Comum, de modo especial os que bravamente combatem os focos de incêndio e trabalham pela preservação da vida nas áreas afetadas. A CNBB se solidariza com todos os voluntários que arriscam a própria vida, atuando com poucos recursos no combate ao crime sócio ambiental que está ocorrendo e na tentativa de salvar a fauna restante que não foi consumida pelo fogo. 2. Mesmo diante de tamanha destruição, o Governo Federal paradoxalmente insiste em dizer que o Brasil está de parabéns com a proteção de seu meio ambiente. Esta atitude encontra- se em nítida contramão da consciência social e ambiental, na verdade beneficiando apenas grandes conglomerados econômicos que atuam na mineração e no agronegócio. 3. O Ministério Público mostrou ao Governo Federal os lugares mais sensíveis onde o desmatamento e a queimada aconteceriam de forma mais evidente. Até mesmo ações judiciais foram propostas. Nada, entretanto, surtiu efeito que evitasse essa tragédia socioambiental. 4. Não é possível permanecer em silêncio diante, por exemplo, dos cortes orçamentários no Ibama e no ICMBio, bem como do sucateamento dos órgãos de combate e fiscalização. O orçamento liberado para fiscalização do desmatamento no ano de 2019 foi

de 102 milhões de reais e ainda sofreu um bloqueio de 15,6 milhões. Neste ano de 2020, o recurso foi ainda menor: conforme o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA), aprovado, foram previstos 76,8 milhões para as ações de controle e fiscalização ambiental do Ibama. Isso significa ter 25,2 milhões de reais a menos! 5. De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza - WWF-Brasil, apesar da criação do Conselho da Amazônia, com a promessa de melhor controle no bioma por parte das Forças Armadas, agosto deste ano repetiu e mesmo superou a tragédia vivida em 2019, com um pico assustador no número de focos de incêndio. Essa agressão à Casa Comum, teve como resultado, nos anos de 2019 e 2020, recordes na quantidade de focos de queimadas no Cerrado (50.524 e 41.674), no Pantanal (6.052 e 15.973) e na Amazônia (66.749 e 71.499), totalizando, segundo dados do INPE, 123.325 focos em 2019 e 129.146 até 20 de setembro de 2020, correspondendo a um aumento de 5.821, destruindo grande parte da biodiversidade nestes biomas, ameaçando povos originários e tradicionais. Tudo isso se constitui num processo de verdadeiro desmonte das leis e sistemas de proteção do meio ambiente brasileiro. 6. Em meio a toda essa devastação – cujas consequências chegam aos países vizinhos – também o bom senso é agredido tanto pelo o negacionismo explícito e reincidente por parte de nossas lideranças governamentais, quanto pela acusação de que povos e grupos seriam os responsáveis por algumas das queimadas. Esta criminalização, feita perante o mundo, camufla, na fumaça

das fake-news, o esforço desses povos por sobrevivência, além de trazer o caos da desinformação. 7. Não basta, porém, apenas constatar com tristeza a destruição ambiental e o desrespeito ao ser humano. Por isso, a CNBB convoca a sociedade brasileira a se unir ainda mais em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil, reforçando a voz dos que desejam um país mais justo e solidário, empenhados na proteção da Casa Comum, partindo dos mais vulneráveis. A efetiva superação dessa caótica situação só se dará por meio de forte fiscalização, investigação e responsabilização dos culpados, obrigação de reflorestamento, recuperação integral da natureza devastada e reorganização da estrutura econômica. 8. Em meio a nossas diferenças, permaneçamos firmes na esperança e na união, solidificados na certeza de que a vida, em especial a vida humana, é o valor maior que nos cumpre preservar. Brasília, DF, 23 de setembro de 2020 D. Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo de Belo Horizonte, MG Presidente D. Jaime Spengler Arcebispo de Porto Alegre, RS 1o Vice-Presidente D. Mário Antônio da Silva Bispo de Roraima, RR 2o Vice-Presidente D. Joel Portella Amado Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ Secretário-Geral

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Tema Pastoral

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O Seminário Diocesano em Tempo de Pandemia

Pe. Luiz Gustavo, reitor da teologia

e frutuoso “tendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb 12,2). Portanto, “o início da fé é reconhecerse necessitado de salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores, das estrelas. Convidemos Jesus a subir para o barco da nossa vida” (Papa Francisco).

ente

Quem de nós no início do ano esperava viver a pandemia da Covid-19 e o isolamento social? Uma situação inimaginável para todos, como um filme de ficção científica. Colocou-nos à prova e revelou nossa fragilidade, como pregou o Papa Francisco: “A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade” (Momento extraordinário de oração em tempo de pandemia, Adro da Basílica de São Pedro, 27 de março de 2022). Tudo mudou de forma repentina na família e no trabalho, nas orações e na participação na Eucaristia, na convivência e no lazer, na administração do tempo e na gestão dos afetos, no estudo e na oração, etc. Também na formação sacerdotal realizada pelo nosso Seminário Diocesano Santo Antônio aconteceram mudanças significativas e pontuais. Um dos primeiros desafios enfrentados na formação sacerdotal, que a pandemia da Covid-19 nos trouxe, foi esse: permanecer com os seminaristas no Seminário ou enviálos para outro lugar? O nosso Seminário Diocesano decidiu permanecer integralmente com os seminaristas. Assim, a nossa rotina foi reelaborada para este tempo, uma rotina mais flexível com um ritmo de atividades equilibrado. O período da manhã foi dedicado exclusivamente para aulas síncronas da Faculdade; já o período da tarde foi dedicado a outras atividades formativas e trabalhos internos. O estágio pastoral realizado no final de semana foi suspenso. Os seminaristas foram orientados desde o início da pandemia acerca de uma vida mais sóbria, sem exageros e desperdícios com as coisas da casa, privilegiando o essencial. Este tempo possibilitou relações mais próximas e fraternas entre os seminaristas e com os formadores. Evidentemente que surgiram desafios na convivência mais intensa, no entanto, este tempo de pandemia trouxe um sabor novo à vida comunitária. Um dos nossos seminaristas da teologia partilhou: “Vejo em minha vida dentro do seminário que, diante do anseio de querer voltar à normalidade, no desejo de reencontrar pessoas que amo, na paróquia, na família, na faculdade, há um desejo de fraternidade diferente do que eu já vivi anteriormente. No seminário é tudo muito intenso. Gosto de repetir sempre essa frase por que, de fato, é realmente intensa a nossa vida” (Bruno Rodrigues, 1°ano de Teologia). A pandemia exigiu uma redescoberta da dimensão espiritual e intelectual na formação sacerdotal. Neste sentido, os seminaristas tiveram mais tempo para o estudo pessoal e cultivo da vida de oração, o que possibilitou um autoconhecimento e amadurecimento vocacional. Ao mesmo tempo, fomos muito desafiados na dimensão pastoral, já que a pandemia colocounos inteiramente diante do “novo areópago” das redes sociais. Na conclusão deste ano desafiador e exigente para todos, permanece a certeza que todo processo formativo só é possível

Fotos: construção da nova ala do seminário


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Entrevista

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Novo coordenador Diocesano de Pastoral Côn. José Luciano Matos Santana

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Pe. Marcelo Henrique, editor

ara o ano de 2021, a Diocese de Taubaté contará com os serviços de um novo coordenador diocesano de pastoral. Côn. José Luciano Matos Santana, 46 anos, natural de Paripiranga – BA, filho primogênito de Carlos Matos do Nascimento e Maria Augusta Matos de Santana, conta já 19 anos de padre e é pároco da Paróquia Santo Antônio de Lisboa, em Taubaté – SP. Em entrevista para O Lábaro, ele conta um pouco sobre sua trajetória vocacional e sua visão pastoral. 1. Padre, fale-nos um pouco sobre sua história vocacional. O chamado para ser padre surgiu na infância. Nasci no seio de uma família rural e de grande tradição religiosa católica, nela tive a oportunidade de amar a Deus e a Igreja. Em setembro de 1989, houve na minha cidade natal as Santas Missões Populares, realizada pela Diocese de Paulo Afonso. Na celebração de encerramento, na Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio, veio no meu coração a certeza da vocação sacerdotal e a decisão de ingressar no seminário. Em fevereiro de 1990, com 15 anos ingressei no seminário menor da Sociedade Joseleitos de Cristo, Quijingue – BA. Após a conclusão do 2º grau, fui aprovado para o noviciado em Nova Friburgo – RJ (1993), no final desta etapa de formação, fiz um grande discernimento vocacional: Quero ser padre Diocesano! Em janeiro de 1994, pela providência divina, a Diocese de Taubaté, acolheu-me como seminarista para Filosofia no Seminário Diocesano Santo Antônio. Neste centenário Seminário vivi os 7 anos da formação presbiteral (Filosofia e Teologia). No dia 20/02/2000 nas comemorações de 90 anos do Seminário Diocesano Santo Antônio, recebi a ordenação diaconal na Catedral São Francisco das Chagas. Finalmente, pela graça e bondade de Deus no dia 02/02/2001, na Festa da Apresentação do Senhor, a ordenação Presbiteral na Paróquia São Vicente de Paulo – Moreira César, Pindamonhangaba – SP. 2. Como seminarista e como padre novo, como foram suas experiências pastorais? As experiências pastorais marcaram profundamente minha visão pastoral da Igreja. Como seminarista realizei estagio pastoral em várias Paróquias de diferentes realidades e também pastorais diocesanas, favorecendo um amplo aprendizado e proximidade com o povo.

são mais necessárias, mas a urgência da pastoral de conjunto, numa vivência de Igreja em saída, misericordiosa, acolhedora e samaritana.

5. Na sua opinião, como a pandemia nos faz repensar a pastoral da Igreja? Na história da Igreja, após todo período de crise, tribulação e perseguição, o povo de Deus saiu fortalecido no essencial. A pandemia nos colocou no deserto espiritual. Na bíblia, o deserto é lugar do encontro com Deus, de purificação e conversão. Este período atípico nos faz repensar numa ação pastoral com menos estruturas e mais espiritualidade, coerência evangélica e simplicidade. No pós-pandemia será oportuno aprimorar a proximidade entre ministros ordenados 3. Sempre se fala em pastoral, nas paróquias e e fieis, intensificando o zelo pastoral; como também será possível mensurar: nossas lideranças pastorais são verdadeiros comunidades, mas o que é pastoral? discípulos de Jesus ou viviam no ativismo? Compreendo pastoral, a partir da imagem bíblica de Jesus, Bom Pastor. “ Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, 6. Gostaria de deixar alguma mensagem para o povo filho de Joao, tu me amas? Pedro ficou triste, porque Jesus lhe havia perguntado pela terceira vez: “Tu me amas? ” E de nossa Diocese? Sim. É tempo de esperança! Nada de pessimismo respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,17). Pastoral é ou desanimo pastoral. Somos todos responsáveis pela escutar, acolher, amar, ensinar e cuidar do jeito de Jesus Cristo. evangelização. Confiemos na ação do Espírito Santo e peçamos Pela ação pastoral a Igreja vive o Mistério da Encarnação, a sua graça para darmos continuidade ao Plano Pastoral Diocesano no espírito de comunhão e de participação, para morte e Ressurreição do seu Senhor e realiza sua missão. cumprimento da missão essencial da Igreja: Evangelizar. Peço, 4. Em tempos de tantas mudanças no mundo, que por favor, rezem por mim, para que eu realize este ministério da coordenação, em unidade, com simplicidade, na alegria e Pastorais precisam ser a linha de frente da Igreja? na esperança. Sabemos que a questão não é definir quais pastorais

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Transferências

Atos da Cúria Foram 88 os documentos • Decreto de Referenda Formal de expedidos pela Cúria Diocesana no Chapa Cruzada Escolar Anchieta; período de 21 de julho a 1º de dezembro • Carta aos Párocos e de 2020. Dentre estes destacam-se: Administradores Paroquias sobre a gradual retomada das atividades • Autorização para executar obras paroquiais no contexto da Pandemia; na igreja Matriz (Capela do Santíssimo, • Delegação para o Revmo. Sacristia etc) – Paróquia São José de Frei Vitório Mazzuco, assessorar Caçapava. a Assembleia Eletiva das Irmãs • Autorização para o Revmo. Pe. Franciscanas N. Sra. de Fátima – Luís González Quevedo, assessorar o Campos do Jordão; Retiro das Irmãs do Instituto das Filhas • Decreto de Promulgação do N. Sra. das Graças – Campos do Jordão; Diretório e Plano para a Formação • Autorização para regularizar Presbiteral; o imóvel onde se encontra a igreja da • Decreto de Promulgação Piedade – Paróquia N. Sra. da Boa do Diretório dos Sacramentos de Esperança – Caçapava; Reconciliação e Unção dos Enfermos; • Anuência ao CAEP da Paróquia • Anuência à escolha da Assembleia Santo Antônio do Pinhal; da Coordenadora Diocesana da Pastoral • Aprovação do novo Estatuto da Criança: Sra. Fátima Maria dos das Servas do Santíssimo Sacramento Santos Monteiro; da Adoração Perpétua (Irmãs • Autorização para Sua Excia. Sacramentinas); Revma. Dom Wilson Tadeu Jönck, scj,

Arcebispo de Florianópolis, presidir a Ordenação Presbiteral do Diác. Marco Antônio Borges Júnior, scj; • Concessão do Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística (MESCE) – Paróquia Espírito Santo; • Decreto de Anuência da nova Diretoria da Associação Pia União das Irmãs Intercessoras do Espírito Santo; • Autorização para Sua Excia. Revma. Dom Nelson Westrupp, Bispo Emérito de Santo André, presidir celebração da Ordenação Diaconal dos Fratres Dehonianos; • Autorização para a construção da nova Matriz da Paróquia Santo Antônio de Lisboa (Taubaté), e reforma da atual; • Autorização para o Revmo. Pe. Kleber Rodrigues da Silva, participar do 4º e último módulo de Pós-Graduação, em São Paulo.


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