Jornal O Lábaro | Diocese de Taubaté | Agosto de 2021

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O LÁBARO Diocese de Taubaté - SP

Desde 1910 - Edição nº 2.198 - Agosto 2021

Distribuição Gratuita

Editorial

O mês de agosto é o mês das vocações, entre elas, a da família. Destacamos iniciativas promovidas na diocese em prol da conscientização e santificação dos lares.

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Semana da Família é realizada em paróquias da Diocese

Palavra de nosso Bispo O ministério dos catequistas instituído pelo Papa Francisco, a ser regulamentado por cada Conferência Episcopal, possui um caráter vocacional. Não se baseia no voluntarismo pessoal, mas no chamado proveniente de Deus e da Igreja, através do discernimento.

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Opinião

Os desafios sociais que envolvem as famílias são muitos. A Igreja tem por missão e vocação promover a Pastoral da Família, numa evangelização de família para família. “Família, torna-te aquilo que tu és”.

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Diocese em Foco

Diocese de Taubaté destina doações arrecadas pelas paróquias na Coleta da Solidariedade a entidades beneficentes.

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Tema Pastoral Existe um plano de amor consistente por Deus, para que a família seja unida e desenvolva laços afetivos saudáveis. São nos comportamentos de atenção, valorização e cuidado que o amor cresce. O Amor mora mais na casa dos gestos do que das palavras.

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Entrevista

Pe. Julius Rafael, ordenado no último dia 07 de agosto, partilha as origens de sua vocação, seu processo de discernimento e amadurecimento no seminário, além de expressar sua alegria e impressões nos primeiros dias de padre.

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A Igreja no Brasil reflete anualmente no mês de agosto sobre as vocações. A Semana da Família é uma das atividades destaque desse mês dedicado às vocações. Ocasião em que se intensifica e especifica a reflexão sobre a realidade da família mediante os desafios da sociedade sobre a luz da fé. A Semana da Família teve sua abertura na Diocese de Taubaté no dia 07 de agosto, em missa solene presidida pelo bispo diocesano Dom Wilson Angotti, na paróquia São Vicente de Paulo, Moreira

“Porque, quanto a mim, eu e minha casa serviremos o Senhor” (Josué 24, 15 )

César, Pindamonhangaba, e contou com representação e participação de féis leigos de movimentos relacionados a família, além de membros da pastoral familiar de várias paróquias da Diocese. O tema inspirador da semana da família desse ano foi a “A alegria do amor em família”. Tema que tem sua inspiração na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco. Confira mais informações sobre a Semana da Família realizada em 2021.

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www.diocesedetaubate.org.br


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A serviço da evangelização!

Editorial O mês de agosto é vivenciado como o mês das vocações, entre elas, a da família, tema destaque desta edição de “O Lábaro”. A partir da relevância do tema para a Igreja, objeto de uma das últimas encíclicas do Papa Francisco, Amoris laetitia, destacamos as iniciativas promovidas na diocese de Taubaté em prol da conscientização e santificação das famílias. Ser família é uma autocompreensão profunda do cristianismo. Quando o ser humano pensa nos seus primórdios em Deus, à luz da revelação, percebe-se chamado e constituído família no plano e dádiva divina da criação. Família é um termo tão caro à Igreja, que é autoidentificador. Ser Igreja é ser uma família cristã. E toda célula familiar cristã é uma “igreja doméstica”. De forma análoga, ilustrativa, comparativa, pois o mistério trinitário é maior do que nossos termos de comparação, podemos dizer que Deus, Ele mesmo em sua constituição divina, é família, porque comunhão amorosa de pessoas no amor. A beleza desses fatos nos convida a refletir os desafios atuais que as famílias enfrentam e a procurar uma orientação a partir dos valores do Evangelho, para que essa célula fundamental da sociedade, tornando-se cada vez mais sadia, possa trazer os devidos benefícios a todo o “tecido social”.

Preconceito

Opinião No tempo da escravidão, as chicotadas no lombo dos negros tinham uma função clara: humilhar e colocar o preto no seu lugar. A Lei Aurea acabou com a escravidão e com os açoites. Para humilhar e colocar a “gente preta” no seu lugar servem agora as piadinhas, os termos pejorativos e os xingamentos ofensivos. Tem gente reclamando que não pode mais contar piadas ou fazer gracejos relativos à etnia, classe social, aparência ou condição física de uma pessoa. Se enfurece com o tal do politicamente correto. Puro ressentimento de gente que agora não pode mais exercitar impunemente o seu preconceito. Gente que fica inconsolada de ver os espaços compartilhados agora com “gente diferenciada”. Com o avanço de medidas civilizatórias choraminga inconsolada porque não pode mais aplicar os flagelos que colocam esses “diferenciados” no seu devido lugar. Os negros na favela, a empregada lá nos fundos, a mulher na cama e depois no fogão e no tanque, os pobres ficam do lado de fora.

De volta a Nazaré, onde tinha crescido, Jesus foi recebido com o velho e mal preconceito (cf. Mt 13,54-58). Na Sinagoga a “gente do bem”, piedosos observadores da religião e suas tradições, estranhando a sabedoria contidas nas palavras do filho de Maria, vociferaram evidenciando a sua origem humilde de trabalhador braçal. Um carpinteiro de uma aldeia provinciana não podia apresentar-se como um rabino. Que audácia a dele! Em Nazaré Jesus não pode fazer muita coisa por seus parentes e vizinhos conhecidos desde a sua infância (v. 58). Enquanto estivessem com o coração endurecido pelo preconceito e cegos pelo ressentimento eles não teriam salvação. A conversão e a mudança de atitudes abrem o caminho para a redenção. Todo esforço de Jesus de Nazaré foi por derrubar tabus e preconceitos. Eis porque nos evangelhos o vemos fazendo coisas tidas como escandalosas naquele tempo. Ele falava com mulheres em público e deixavase tocar por elas (cf. Mc 5,25-

32), mais ainda, as recebia e as ensinava como discípulas (cf. Lc 10,38-42). Ele comia com os pecadores e cobradores de impostos (cf. Mt 9,11); Ele dava atenção aos pagãos e acolhia as criancinhas (cf. Mt 8, 5-10 e 19,13-15). Até mesmo os apóstolos ficaram chocados com tamanha liberdade relativa a tabus e preconceitos (cf. Jo 4,27). Li essa frase sobre piadas que gracejam de pessoas em algum lugar: “se você acha graça é porque não é em você que dói”. Uma verdadeira regra de ouro, como a que encontramos na Bíblia, aliás: “Não faças a ninguém o que não queres que te façam” (Tb 4,15). Muito semelhante ao que Jesus ensina, mas de forma positiva: “como quereis que os outros vos façam, fazei também a eles” (Lc 6,31). Esses conselhos encorajam a velha e boa empatia, uma verdadeira terapia para curar todo e qualquer preconceito. A empatia torna uma pessoa mais civilizada. Igualmente a nossa sociedade. Pe. Silvio José Dias

Família, buscai a alegria do amor “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher?” (Mt 19,4). Jesus utiliza as palavras do livro do Gênesis referente a realidade fundamental do casal humano: “Por isso deixará o homem o pai e a mãe se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24). A família hoje vive as mudanças antropológicas culturais e sofre a influência em todos os aspectos da existência humana. A sociedade de hoje e de amanhã parece não aceitar esse modelo de família nuclear, embora diga estar a favor desta que é célula mãe. Isso porque os indivíduos são menos apoiados do que no passado pelas estruturas sociais na sua vida afetiva e familiar. Hoje, os laços familiares são marcados pelo individualismo e cada membro da família acaba se tornando uma “ilha” dentro da própria casa. A família vive induzida pelas tensões fortes da cultura do individualismo e do prazer, gerando assim a intolerância e a violência doméstica. A violência vergonhosa que, às vezes, se exerce sobre as mulheres, os maustratos familiares, a violência sexual contra as crianças que é contrária a segurança e amor para com elas. A violência verbal, física e sexual,

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Departamento de Comunicação da Diocese de Taubaté Avenida Professor Moreira, nº 327 – Centro – Taubaté/SP. CEP 12030-070

perpetrada contra as mulheres, contradizem a própria natureza da união conjugal. Quando a espiritualidade conjugal e familiar não fazem parte do dia a dia da família, seus valores fundamentais se esvaziam, contrariando assim, a escuta da Palavra de Deus, a oração conjugal, a educação dos filhos, a participação na vida de comunidade e da Igreja, a ética e a moral cristã. A crise do casal desestabiliza a família e pode levá-los à separação e ao divórcio, trazendo sérias consequências para os adultos, para os filhos e para a sociedade, enfraquecendo assim, o indivíduo e os laços sociais. O enfraquecimento da fé e da prática religiosa afeta as famílias, deixando-as ainda mais sós com suas dificuldades. Há muitos filhos nascidos fora do matrimônio, e muitos são os que crescem com um só dos progenitores e em um contexto familiar alargado ou reconstituído. A situação dos idosos, que antes eram cuidados e amparados com afeto e respeito, pela sabedoria que possuíam, hoje são substituídos pela ciência e pela tecnologia, sem os cuidados da família. A situação das famílias caídas na miséria são penalizadas de tantas maneiras, onde as limitações da vida se fazem sentir de modo doloroso.

Diretor: Côn. José Luciano Matos Santana Editor: Pe. Thomás Ranieri da Silva Jornalista Responsável: Pe. Jaime Lemes MTB 62839/SP Conselho Editorial:Pe. Celso L. Longo, Pe. Marcelo Henrique de Souza, Valquiria Vieria. Diagramação e Designer: Pe. Julius Rafael Silva de Barros Lima Revisão: Ana Regina de Oliveira Impressão: Katú Editora Gráfica

Vivemos em meio às drogas, ao alcoolismo, à prostituição, que vêm matando os nossos adolescentes e jovens. Os meios de comunicações sociais de todas as formas informam demasiadamente, mas nem sempre influenciam na educação dos filhos de forma positiva, assim os pais ficam fragilizados diante dessa situação e, consequentemente a educação fica limitada. Todavia, muitas famílias que vivem de forma cristã tornam-se verdadeiramente pequenas igrejas domésticas, onde os seus membros vivem em paz, com alegria, com respeito, partilham a vida, a confiança e segurança. Em poucas palavras, cada membro da família procura curar as feridas do outro. A alegria do amor na família está presente nesses lares. A Igreja é chamada a colaborar com uma ação da Pastoral da Familia, contando com essas famílias para ajudar tantas outras. Assim, podemos afirmar com vigor: família evangelizando família (“Família, torna-te, aquilo que tu és”). Diácono Bosco Fonte: Amoris Laetitia - Papa Francisco. Tiragem: 5.000 | Distribuição dirigida e gratuita Site: www.diocesedetaubate.org.br email: pastoral@diocesedetaubate.org.br www.facebook.com/diocesedetaubate As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não emitem necessariamente a opinião deste veículo.


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Palavra de nosso Bispo

O mês de agosto tem sido, na Igreja, dedicado à reflexão e oração pelas vocações. Inicialmente, pelas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias. Dia 4, ao celebrar a memória de São João Maria Vianney, conhecido como Cura d´Ars, comemoramos o dia do Padre. Em nossa Diocese, neste mês vocacional, temos a alegria de ordenar três novos padres. Dia 10, ao celebrar a festa de São Lourenço, diácono e mártir da Igreja de Roma, celebramos o dia do Diácono. Mais recentemente, ao considerar também a vocação à vida em família e o ministério dos catequistas, ampliamos a atenção ao celebrar a Semana da Família e o dia dos Catequistas, refletindo também sobre essas vocações.

Ministério antigo é o dos catequistas Ao considerar o significativo e antigo ministério (ou serviço) dos catequistas na vida da Igreja, em maio deste ano, o Papa Francisco publicou uma carta apostólica, em forma

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CATEQUISTAS “ANTIQUUM MINISTERIUM” de “motu próprio” intitulada ANTIQUUM MINISTERIUM. Sobre esse “antigo ministério”, pode-se reconhecer alguma referência no Novo Testamento quando o apóstolo Paulo, dentre os ministérios relacionados, cita o dos “mestres” (cf. I Cor. 12,28-31) que instruem a fé. O Papa escreve: “Desde os seus primórdios, a comunidade cristã conheceu uma forma difusa de ministerialidade, concretizada no serviço de homens e mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à edificação da Igreja” (AM,2). Assim também hoje são milhares as pessoas que, imbuídas de amor à Igreja, dedicam-se a ensinar aos outros tudo o que aprenderam do Senhor Jesus (cf. Mt. 28,20). Essa incumbência, é de todos os membros da Igreja, porém, é concretizada de modo regular e sistemático pelo ministério dos catequistas. São eles que têm instruído gerações de pessoas iniciando-as na vida cristã e preparando-as para que recebam os sacramentos com proveito e consciência. Juntamente com os ministros ordenados, religiosos e missionários que difundiram a fé, a Igreja reconhece uma infinidade de leigos que, diretamente, contribuíram com a difusão do Evangelho, por meio do ensino catequético. Os bispos com seus presbitérios são os primeiros responsáveis em transmitir a fé. Assim como os pais cristãos no âmbito de suas famílias. Os catequistas, em decorrência do Batismo que receberam, são chamados a participar desta atividade que constitui a própria essência da missão da Igreja. O apostolado dos leigos tem uma dimensão secular, isto é, desenvolve-se em meio às realidades do mundo, ordenando-as segundo a vontade de Deus (cf. Lumen Gentium,33). Aqui se encontra a importância insubstituível dos leigos atuando como cristãos em meio ao mundo. Além disso que é próprio da condição dos leigos, eles também podem ser chamados a cooperar com o apostolado dos ministros ordenados, sobretudo no serviço pastoral de transmitir a fé.

A instituição do ministério do Catequista O Concílio Vaticano II teve dentre suas intenções recuperar e valorizar a participação dos batizados na missão da Igreja, conforme a prática das primeiras comunidades cristãs. Neste sentido, após a conclusão do Concílio, o Papa Paulo VI, em documentos de 1972 e 1975, recomendava às Conferências Episcopais que promovessem outros ministérios instituídos, dentre os quais o de Catequista, tão necessário ao amadurecimento da vida cristã e à difusão da fé. A missão evangelizadora da Igreja é realizada por todo o Povo de Deus, com sua variedade de vocações e ministérios que se harmonizam sem se confundir, na realização da tarefa comum. Na Igreja, no âmbito dos ministérios laicais, existem os que são reconhecidos, os confiados e os instituídos. O ministério instituído dos Catequistas, a ser regulamentado, possui caráter vocacional, ou seja, não é a pessoa que se oferece para exercê-lo, mas é chamada por Deus e pela Igreja. Deve ser um serviço estável prestado à Igreja local e, por isso, deve passar pelo discernimento do bispo diocesano. Convém que para este ministério instituído sejam escolhidos homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham participação ativa na vida da comunidade cristã, tenham reconhecida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, contando com significativa experiência prévia de catequese. Que sejam colaboradores fiéis dos presbíteros e dos diáconos e tenham disponibilidade para exercer o ministério onde for mais necessário, movidos por verdadeiro espírito apostólico. Com essas recomendações o Papa Francisco instituiu o Ministério laical de Catequista. Caberá às Conferências Episcopais definirem como isso se fará em cada país. Dom Wilson Angotti Bispo Diocesano de Taubaté - SP


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Diocese em Foco

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Entidades recebem doação da Coleta da Solidariedade da Diocese de Taubaté

Da Redação

Três entidades selecionadas pela Diocese de Taubaté receberam a doação arrecadada pelas paróquias na Coleta da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade 2021. Representantes das entidades, Casa do Ancião Santa Luiza de Marillac, Lar Escola Santa Verônica, ambas da cidade de Taubaté e Fundação Santa Cruz, da cidade de Campos do Jordão, estiveram na Cúria Diocesana no dia 20 de julho, para a assinatura do recibo da doação. Cada entidade recebeu o valor de 10 mil reais, referentes aos 60% do valor arrecadado pelas paróquias, que fica na Diocese. Os outros 40% são enviados ao FNS (Fundo Nacional de Solidariedade) administrado pelo Departamento Social da CNBB, sob a orientação do Conselho

Gestor da CNBB, também para atender a projetos sociais. Irmã Teresinha Maria de Souza, da Fundação Santa Cruz, apresentou uma carta de agradecimento destacando a importância dessa doação em meio à pandemia. “Atos como esse são de grande valia, ainda mais em uma época tão difícil, em que pandemia da Covid -19 assola o Brasil e o mundo. Isso demonstra a sensibilidade e a atenção para com os menos favorecidos e às instituições do 3º Setor, pois pessoas sensíveis e que apostam na solidariedade e na partilha, são a melhor ferramenta de um povo que quer resgatar sua história e sua comum dignidade”, escreveu ela. A Coleta da Solidariedade foi realizada pelas paróquias da Diocese de Taubaté nos dias 22 e 23 de maio. Cada entidade investirá o valor recebido em projetos e necessidades de manutenção.

dirigido pelas Irmãs Franciscanas do Coração de Maria, atende 90 adolescentes e 40 crianças na creche.

Fundação Santa Cruz, situada em Campos do Jordão-SP, com 93 anos de existência, dirigida pelas Irmãs Mercedárias da Caridade, atende 96 idosos.

Casa do Ancião Santa Luiza de Conheça um pouco mais de cada Marillac, situada em Taubaté-SP, com 76 anos entidade: de existência, é dirigida pelas Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, atende 31

Lar Escola Santa Verônica, situada idosas.

em Taubaté-SP, com 102 anos de existência,

Diácono Julius Rafael é ordenado padre para a Diocese de Taubaté

Da Redação

“Eis que venho! Com prazer faço a vossa vontade” (Sl 39). Com essas palavras das Sagradas Escrituras, escolhidas como lema de sua ordenação presbiteral, o até então, Diácono Julius Rafael Silva de Barros Lima expressou sua disposição espiritual diante de Deus e assumiu sua resposta vocacional ao ser ordenado padre na Diocese de Taubaté. A ordenação realizou-se no dia 07 de agosto às 9h30, na Paróquia São José Operário, em Taubaté, comunidade paroquial onde padre Julius Rafael viu desabrochar sua vocação ao sacerdócio. A celebração eucarística na qual ele foi ordenado presbítero, foi presidida pelo Bispo Diocesano Dom Wilson Angotti e contou com a presença de membros do clero, religiosos, familiares e leigos amigos, que o acompanharam no discernimento vocacional. Dado o contexto pandêmico, o número de pessoas para a participação presencial foi limitado, seguindo os protocolos de distanciamento e higiene sanitários, e a celebração foi transmitida pelas redes sociais

da Paróquia que acolheu a ordenação. Na homilia da celebração eucarística, a partir do evangelho do Bom Pastor (Jo 10, 11-16), Dom Wilson Angotti destacou a diferença entre duas categorias: o Bom Pastor e o mercenário. Jesus se identifica com o Bom Pastor, se tratam de atitudes diversas. O Bom Pastor se doa totalmente às ovelhas. Já o mercenário se caracteriza por ter em conta, só os próprios interesses. Ele não se importa com o rebanho. Considerou ainda o bispo diocesano: “O Pastor vai ao encontro das ovelhas, se dedica, oferece a vida. Quanto mais nós nos dedicamos, nos doamos, mais nós nos plenificamos de vida, de alegria, de felicidade. Quanto mais nós procuramos nosso próprio bem estar, nossa felicidade, nos preservando, nos poupando, mais nós nos empobrecemos. Um paradoxo que nos faz refletir”. Por fim, Dom Wilson Angotti motivou o Pe. Julius Rafael a se dedicar ao trabalho pastoral, se sensibilizando sempre com o povo que lhe será confiado, fazendo com prazer

a vontade de Deus, que é a de ser um Bom Pastor para o seu povo. Ao final da celebração eucarística, Pe. Julius Rafael externou seus agradecimentos a Deus, ao bispo diocesano, aos familiares, aos padres que colaboraram em sua caminhada vocacional, além do povo de Deus, que orou por ele e o incentivou no itinerário de discernimento vocacional. Antes da bênção final da celebração, Dom Wilson Angotti comunicou a destinação pastoral do Pe. Julius, no início de seu ministério sacerdotal. Ele continuará sua atuação pastoral na Paróquia do Menino Jesus em Caçapava (onde já atuava como diácono) colaborando como vigário paroquial. E também atuará na Paróquia Santo Antônio de Pádua, no mesmo município. Além da nomeação pastoral do Pe. Julius Rafael, o bispo diocesano comunicou a nomeação do Pe. Rafael Tiago dos Santos como pároco da Paróquia São José Operário, onde já atuava como administrador paroquial, há quatro anos.


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Diocese em Foco

A Igreja ensina que Padres e Bispos estão ligados entre si por uma íntima fraternidade sacerdotal e estimula, os mesmos, a criar circunstâncias de encontro (PDV, n.81). “Sobretudo para que os presbíteros encontrem auxílio mútuo na vida espiritual e intelectual, para que mais fàcilmente possam cooperar no ministério e para se defenderem dos perigos da solidão que possam surgir, promova-se entre eles algum modo de vida comum, ou alguma convivência, que podem revestir diversas formas, conforme as necessidades pessoais ou pastorais, por exemplo, habitar juntos, onde isso seja possível, ou tomar as refeições em comum, ou pelo menos ter reuniões frequentes e periódicas.” (PO, n.8)

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Fraternidade Sacerdotal é constituída na Diocese de Taubaté Pe. Patrick de Carvalho A ideia de uma Fraternidade Sacerdotal nasceu dos Padres, recém ordenados, que em partilha com o Bispo apontaram o rápido esfriamento afetivo entre àqueles que até pouco tempo conviviam a quase uma década no seminário. O distanciamento geográfico entre as paróquias que vivem, os compromissos pastorais e a dificuldade de conciliar agendas foram as razões primárias que impulsionaram o amadurecimento da criação. Deste modo, após ter sido apresentada a proposta de se criar grupos estáveis de convivência em reunião geral do clero, no dia 22 de maio de 2021, por ocasião da Missa crismal celebrada, extraordinariamente, na véspera de Pentecostes, foi anunciado oficialmente e criadO a Fraternidade Sacerdotal Diocesana de Taubaté. No dia 2 de julho, foi realizada a primeira reunião, na Igreja Catedral. Por decreto episcopal datado de 16 de julho de 2021, Dom Wilson Luís Angotti Filho, Bispo Diocesano, lhe conferiu reconhecimento eclesial. Não obstante, as demais formas espontâneas de encontro que já existem entre os sacerdotes que se esforçam por viver uma fraternidade, que são válidas e justas, a Diocese de Taubaté, em comunhão com o magistério conciliar, se empenha com esta iniciativa em encurtar as distâncias, providenciar o encontro,

estimular a partilha e abençoar de forma permanente os compromissos daqueles que aderirem ao estatuto da Fraternidade Sacerdotal. Em suma: se empenhar nas atividades que os envolvam; dedicar ao menos quinze minutos diários à oração pessoal diante do Santíssimo; visitar e ser solidário a outro Padre que passa por dificuldade; promover oportunidades de convivência. Estimamos assim, que a unidade entre os sacerdotes seja ainda mais solidificada para além das casas paróquiais e foranias e que tal Fraternidade Diocesana seja um espaço favorável e acessível de apoio e estímulo à fidelidade e à perseverança no ministério sacerdotal.

No ano em que a Igreja institui o Dia Mundial dos Avós, Paróquias da Diocese de Taubaté celebram Sant’Ana e São Joaquim

Tiago Martins Gão PASCOM - Paróquia São Francisco das Chagas, Taubaté

Católicos do mundo inteiro celebraram o Dia de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós do Menino Jesus, no último domingo, dia 25 de julho de 2021, ano em que a Igreja comemorou pela primeira vez oficialmente o Dia Mundial dos Avós. A data instituída pelo Papa Francisco, a partir deste ano será celebrada todos os anos, sempre no quarto domingo de julho, próximo ao dia dedicado a São Joaquim e Sant’Ana. Dessa forma, o Santo Padre convidou o mundo inteiro a olhar com carinho, respeito e responsabilidade para as pessoas com mais idade. “Eu estou contigo todos os dias (cf. Mt 28, 20) é a promessa que o Senhor fez aos discípulos antes de subir ao Céu; e hoje repete-a também a ti, querido avô e querida avó. Sim, a ti!”, disse Francisco, em mensagem especial dedicada aos avós de todas as partes do mundo. A Paróquia São Francisco das Chagas vivenciou essa data celebrativa, também propondo uma celebração no dia 26 de julho, memória litúrgica de São Joaquim e Sant’Ana, presidida pelo Padre Roger Matheus, cura da Catedral diocesana, e concelebrada pelo Padre

Fred. Meirelles, pároco da Paróquia Santíssima Trindade, que proferiu a homilia. “A igreja, que dita por João XXIII, é Mãe e Mestra, reconhece o trabalho dessas mães e desses pais duas vezes, que mesmo tendo criado a primeira geração, agora estão criando a segunda geração, por meio do amor e da vivência que receberam de seus pais. Vemos na figura de Ana e Joaquim o exemplo dessas vovós e desses vovôs que estão mantendo as suas famílias”, ressaltou Padre Fred.“Desejo um abraço carinhoso e grato, em nome da Catedral e da Diocese, aos avós que tiveram a coragem de assumir no matrimônio e na maternidade essa graça de gerar vidas e de fazê-las prosperar, de fazê-las realmente úteis”, disse Padre Fred. “É muito clara a importância que temos hoje em nossa sociedade do papel do avô e da avó. Muitos são criados efetivamente pelos avós”, completou o sacerdote. Padre Roger Matheus enalteceu o espírito de comunidade e permitiu que a imagem de Maria Santíssima no colo de Sant’Ana fosse contemplada no altar da Igreja Mãe da Diocese. “Agradeço a comunidade da Igreja Greco-

Melquita que permite com que a imagem da senhora Santana venha nos visitar nesta data em que a Igreja celebra Sant’Ana e São Joaquim, os avós de Jesus”, disse o cura. Paróquia Sant’Ana em Pindamonhangaba

Em Pindamonhangaba, a Paróquia que tem Sant’Ana como Titular promoveu uma novena em honra a sua padroeira, com celebrações presididas por padres convidados. As temáticas desenvolvidas durante a novena foram sobre os sete sacramentos da Igreja (batismo, reconciliação, eucaristia, crisma, matrimônio e ordem). A Missa do dia 22 de julho foi presidida por Dom Wilson Angotti, bispo diocesano. Para o pároco da Paróquia Sant’Ana, Padre Afonso Lobato, “a novena foi um momento muito rico, que terminou com uma carreata e uma grande celebração”.


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Destaque

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Refletindo Amoris Laetitia, Semana da Família é realizada em paróquias da Diocese

Em Moreira César, Paróquia sedia missa de abertura diocesana e aposta na internet para ampliar reflexões sobre o amor na família Victor Hugo Barros

Baseada em reflexões a respeito dos desafios familiares, a Semana da Família foi realizada de 08 e 15 de agosto, em diversas paróquias e comunidades da Diocese de Taubaté. Impactada pelas restrições impostas pela pandemia, a ação aconteceu de forma reduzida, mas sem deixar de envolver crianças, jovens, adultos e idosos. Sob o tema “A alegria do amor na família”, as reflexões se iniciaram no dia 07 de agosto, durante a missa solene que abriu as comemorações. Membros de diversos movimentos presentes no território diocesano participaram da Eucaristia, rezada na Igreja Matriz de São Vicente de Paulo, em Moreira César, Distrito de Pindamonhangaba (SP). “O encontro de tantos grupos que trabalham com a evangelização das famílias foi muito bonito. Podíamos ver o quanto as pessoas estavam felizes de poderem celebrar esta abertura diocesana”, avalia o administrador da Paróquia São Vicente de Paulo e anfitrião da celebração, padre Gabriel Henrique de Castro. Realizada pela Igreja Católica no Brasil desde 1992, neste ano a Semana da Família se insere no contexto do Ano Família Amoris Laetitia, vivido até junho de 2022. “É um ano especial, dedicado à Família, que o Papa proclamou por ocasião do quinto aniversário da Exortação Apostólica Amoris Laetitia”, explica o secretário do Dicastério para Leigos, Família e Vida do Vaticano, padre Alexandre Awi. Guiando as reflexões da Semana, a

temática instiga as famílias a repensarem as relações entre si. “Um dos desafios que se despontam no horizonte familiar é a descoberta desta verdadeira alegria. Isto demonstra que os membros da família precisam reconhecer que, no amor encontrado no seio familiar, está a verdadeira alegria”, sentencia o vigário da Paróquia São Vicente de Paulo, padre Marcelo Emídio. Com o cenário da pandemia, as atividades nas paróquias tiveram que ser adaptadas. Na Paróquia de São Vicente de Paulo não foi diferente. Os grandes eventos, habitualmente promovidos durante esse período, tiveram que

dar lugar às iniciativas virtuais ou a encontros de menor escala. “Sem dúvida o momento é delicado. O atual cenário não nos permite ter contato com as famílias, ir até elas e fazer grandes eventos”, lamenta Beatriz de Sá, coordenadora da Pastoral da Família local. “A programação sofreu algumas alterações devido aos protocolos estabelecidos. Há alguns anos, íamos às casas, fazíamos encontros com as famílias, hoje não podemos fazer isso”, complementa o marido e parceiro de coordenação, Eduardo de Sá. O casal é auxiliado por outras 30 famílias do território paroquial. Elas atuam em três frentes de trabalho: pré-matrimônio, pós-matrimônio e casos especiais. Em outras edições da Semana, todos se uniam em eventos presenciais que reuniam centenas de pessoas.

Desta vez, apenas as celebrações religiosas acontecem no formato presencial. “Assim, queremos evidenciar nossa experiência que, na fé de um Deus – que, por amor, se doa a cada um de nós - encontra-se a verdadeira alegria. Como família em Cristo, somos chamados a levar esta experiência para o convívio familiar”, justifica padre Marcelo. “Além das celebrações nas comunidades de nossa paróquia, contamos com o testemunho virtual de um casal por dia, sempre publicado em nossas redes sociais. Também realizamos um encontro com os familiares dos catequizandos, como uma forma de comprometê-los com o processo catequético de nossas crianças e jovens”, detalha o administrador paroquial. Na opinião do secretário do Dicastério para Leigos, Família e Vida do Vaticano, mais do que prejuízos para as atividades, a emergência sanitária ocasionada pelo novo coronavírus também trouxe ensinamentos para a vida familiar. “Mais do que nunca, neste tempo de pandemia, a família se mostrou como aquela que é o sustento da vida de cada um. O que teria sido de nós sem as nossas famílias neste tempo de pandemia?”, diz padre Awi. Por este motivo, mesmo com as restrições, o sacerdote acredita que a vivência da Semana e do Ano da Família reforçam a importância dos laços familiares. “Celebrar este momento é valorizar a importância da família como Igreja Doméstica na nossa sociedade”, finaliza.


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Igreja no Brasil

No encerramento do Mutirão da Comunicação 2021 (Muticom), que ocorreu nos dias 23 e 24 de julho, a Comissão Episcopal Pastoral para a comunicação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a Pascom Brasil, a SIGNIS Brasil, a Rede Católica de Rádio, entidades organizadoras do evento, firmaram a Carta de Belo Horizonte, documento que expressa a preocupação de comunicar com compromisso ético. “Pensar a comunicação integral, que

Igreja no Mundo No seu ofício de pastor universal da Igreja, o Papa se dirige aos fiéis de vários modos, formais e até mesmo informais (como numa entrevista ou numa fala de improviso, por exemplo, que não caracterizam um ensinamento oficial do Santo Padre). Dentre os muitos modos formais do Papa se pronunciar e ensinar na Igreja, as homilias feitas nas celebrações, os discursos, as catequeses são os mais comuns. Outras vezes, o magistério do Santo Padre acontece por meio de documentos mais longos, como as Encíclicas, Exortações Apostólicas e as Cartas Apostólicas. Finalmente, existe um tipo de documento papal que se chama “motu próprio”. Trata-se de normas para a Igreja Católica expedidas diretamente pelo próprio Papa por força de sua autoridade como Sucessor do Apóstolo São Pedro. A expressão “motu próprio” poderia ser traduzida como “de sua iniciativa própria”. Recentemente, o Papa Francisco apresentou um motu proprio chamado “Traditionis custodes” (Guardiões da Tradição). Esse documento estabelece novas normas sobre o uso da Liturgia da Missa anterior à reforma litúrgica de 1970, fruto do Concílio Vaticano II. Para entender o porquê desse documento do Papa, precisamos recordar que nos anos seguintes ao Concílio Vaticano II (encerrado em 1965), em razão de situações históricas específicas, a celebração da Missa no chamado “rito antigo” ou “ rito de São Pio V” foi restrita a casos particulares, sempre com a necessidade de expressa autorização da autoridade da Igreja. Contudo, desde 2007, por uma concessão do Papa Bento XVI, também dada num motu proprio, a forma litúrgica pré-conciliar de celebrar a Missa foi liberada para ser usada por qualquer padre católico, sem necessidade de autorização dos Bispos. Com isso, esperava-se maior unidade na Igreja e, como dizia o próprio Bento XVI, uma sadia interação entre os dois jeitos de celebrar a Missa no Rito Romano: o ordinário (a chamada Missa de Paulo VI, conforme a reforma litúrgica de 1970) e o extraordinário (a Missa de São Pio V, cujo rito

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Entidades organizadoras do histórico Mutirão da Comunicação firmaram carta de Belo Horizonte

Da Redação comunicação eclesial do Brasil, e nesse ano conseguiu reunir quase 6 mil pessoas, graças a tecnologia. Para o Padre Julius Rafael, assessor da Pastoral da Comunicação da Diocese de Taubaté o Muticom, trouxe uma visão das possibilidades que a comunicação proporciona para a Evangelização. “O Muticom fez com que os agentes da pastoral da comunicação entendessem que a comunicação de Jesus Cristo abrange muito mais do que aquilo que vemos, ela atinge fronteiras que nunca imaginaríamos que fossem atingidas. O Muticom ajuda nessa perspectiva de ampliar o horizonte, mostrando que a comunicação de Jesus Cristo vai além daquilo que temos em nossas paróquias, levando assim ao encontro de um mundo maior de possibilidades para que se possa evangelizar de diversas formas”, analisou.

integre e torne inteiro, é perceber e exercer a comunicação, a partir de paradigmas verdadeiramente relacionais, e não apenas de modo informacional e verticalizado, nem como mera ferramenta ou estratégia. E, mesmo que essa comunicação integral não se realize exatamente assim, tal objetivo deve orientar os comunicadores e comunicadoras com o compromisso ético de atuação. Entre as urgências do mundo está a da construção de políticas e modos de comunicar, que se estabeleçam como alternativas aos velhos discursos persistentemente colonializados e excludentes, dos assédios do pensamento único e de abordagens simplificadoras e dicotômicas do mundo da vida. A comunicação plena e dialógica, idealmente integral, pressupõe relações sociais mais horizontalizadas, em que prevaleçam o equilíbrio e a equidade, capacidade de escuta, que só são possíveis a partir de uma Confira a carta de Belo Horizonte na verdadeira cultura do encontro.”, diz a carta. O Mutirão de Comunicação 2021 íntegra no site diocesedetaubate.org.br marcou a história por ser o maior evento de

Mudanças sobre a forma antiga da Missa se celebra pelo Missal de 1962). Agora, o Papa Francisco modificou essa norma e restringiu novamente a celebração da Missa na forma antiga ou extraordinária. A vigilância sobre o seu uso voltou novamente para a responsabilidade direta dos Bispos Diocesanos. Ou seja, para se celebrar esse rito antigo da Missa, anterior ao Concílio, o padre precisa da autorização do Bispo Diocesano. Essa decisão do Papa foi tomada após uma consulta realizada no ano passado aos Bispos do mundo inteiro. Tal consulta foi necessária, pois a concessão de se usar de maneira extraordinária a forma da Liturgia pré-conciliar vinha sendo motivo de discórdia e divisão na Igreja por parte de alguns grupos extremistas que a adotavam como bandeira de luta, chegando a quetionar o Concílio Vaticano II, a obediência aos Bispos e ao Papa e a validade da Missa após a reforma litúrgica de 1970. Como observa o Papa, a questão transformou-se numa problemática para a unidade da Igreja, gerando divisão. Portanto, o ponto de partida desse “motu proprio” do Santo Padre trata da aceitação do Concílio Vaticano II e da fidelidade aos Bispos e ao Sucessor de Pedro, pontos essenciais para a unidade da Igreja. O documento de Francisco deixa muito claro que os Bispos são os “Guardiões da Tradição” e, em comunhão com o Papa, constituem o “princípio e fundamento de unidade” nas Dioceses a eles confiadas, sendo responsáveis pela regulamentação da Liturgia na própria Diocese e recorrendo a Roma nos casos previstos. Vários pontos do documento pontifício apontam para o exercício desta missão episcopal de “organizar” o uso da Liturgia na forma antiga: aos Bispos cabe autorizar o uso do Missal Romano de 1962 na diocese, seguindo as orientações da Sé Apostólica (Art. 2); assegurar que os grupos que continuarão a celebrar segundo o missal de 1962 aceitem a válida e legítima reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, o próprio Concílio e o magistério dos papas

Padre Leandro dos Santos (Art. 3 § 1); indicar o lugar e os dias para a celebração (Art. 3 §§ 2-3) e nomear o sacerdote que irá acompanhar tais grupos, zelando pela dignidade da celebração, mas, sobretudo, cuidando da pastoral e da vida espiritual dos fiéis (Art.3 § 4); não autorizar a criação de novas paróquias pessoais e nem a formação de novos grupos (Art 3. §§ 5-6)”. Na carta enviada aos bispos para apresentar o “motu próprio”, o Papa lamentou que sejam cometidos abusos litúrgicos tanto na forma como se celebra a Missa no rito atual, também chamado de “missa nova”, quanto em relação à forma antiga. A Liturgia é a mais alta forma de oração oficial da Igreja e, por isso mesmo, está sob a competência e o cuidado da Autoridade da Igreja. Os abusos litúrgicos devem ser sempre evitados e corrigidos e, para isso, a formação litúrgica do povo, dos clérigos e dos demais encarregados da Liturgia em nossas comunidades precisa ser constante. Para se evitar abusos nas celebrações, precisamos retomar a formação litúrgica, conforme é desejado pelo Concílio Vaticano II, a fim de que o povo de Deus participe ativa, consciente e piedosamente das ações litúrgicas e tire o máximo proveito delas. Somente conhecendo verdadeiramente a natureza da Liturgia (o que ela é), sua finalidade (a que ela se destina) e o seu lugar na grande Tradição da Igreja, entenderemos que ela é um dom de Deus à Igreja. Assim, entendendo que a Liturgia deve nos levar à oração e à adoração, elevando o nosso coração a Deus, poderemos viver toda a sua beleza e superar não apenas os abusos litúrgicos, mas também a tentativa inútil de querer consertá-los criando divisões. A rivalidade entre grupos com polarização de opiniões nada de bom trazem à Igreja, pois, ao invés de edificá-la, só fazem aumentar no Corpo Místico de Cristo as feridas da divisão, colocando irmãos contra irmãos acusando-se mutuamente de lados opostos do altar – exatamente o contrário do que se espera dos discípulos do Senhor.


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O Fiat de José e a messianidade de Jesus

Ano Josefino

Professor José Pereira da Silva

A presença de José na sagrada família é exigida e justificada em última análise pelo seu relacionamento com Jesus. A expressão “não a conheceu até que”, nada acrescenta à concepção virginal, já realizada, e nem é apta para indicar o nascimento virginal de Jesus. A sua inserção explica-se bem, ao invés, se com esta Mateus entendeu colocar em evidência que José não tomou Maria consigo para um matrimônio comum. José, consentiu de estar ao lado de Maria, em obediência à voz de Deus, aceita responsavelmente a paternidade messiânica de Jesus. O paralelismo entre o anúncio (v.21) e a execução (VV.24-25) exige que a primeira proposição (“tomou consigo a sua esposa”) não fique separada das outras, como se somente esta fosse o objeto do preceito do anjo. O anjo ordena antes de tudo a José de dar o nome ao menino e somente secundariamente de tomar consigo Maria. Toda a mensagem do anjo é voltada para a prova da messianidade do menino e para a tarefa de pai que José deve assumir em relação a este menino. O anúncio a Maria e o seu consentimento (Lc 1,26-38) encontram, portanto, um paralelismo adequado e uma resposta oportuna no anúncio a José e no seu consentimento (Mt 1, 18-25), através de descrições que estão em harmonia com as exigências dos destinatários dos dois evangelistas e com suas respectivas finalidades. A citação da profecia, através de uma rara introdução “Tudo isto aconteceu”, que estará presente ainda uma vez em Mt 26,25 por ocasião da prisão de Jesus e logo depois da ordem da imposição do nome, indica claramente que o sentido atribuído por Mateus à passagem de Isaías não é simplesmente aquele de confirmar a concepção virginal, mas de colocar em realce a messianidade de Jesus. Se a profecia de Isaías tinha surgido para confirmar a fé de Israel no Senhor, operador da salvação, aqui esta assume o pleno significado enquanto tal salvação está agora presente na sua plenitude. A tríplice insistência do verbo “chamar” (VV. 21.23.25) com um retorno vibração e ainda no v.23, coloca evidentemente o acento sobre o nome do Redentor presente. José está consciente da sublimidade da missão para qual foi chamado por Deus.

Aceitando Jesus como filho, ele se torna o depositário dos destinos do mundo. “Ela dará à luz um filho, ao qual deves dar o nome de Jesus porque é ele que salvará o seu povo dos pecados”. Aquele filho que ele chamará Jesus (v.25) e que Maria (Lc 2,48) e todos reconhecerão como seu filho, “filho de José” (Lc 3, 23; 4,22); “filho do carpinteiro” substituído em alguns códigos com “de José”: Mt 13,55), na realidade reivindica uma origem divina (M 1,18.20; Lc 2,49) e por isso todos o chamarão “Deus conosco” (Mt 1,23). Na base da família de Nazaré existe uma acolhida recíproca de Maria e José, precedida, porém, pela aceitação por parte de ambos do mistério da concepção virginal de Jesus (Lc 1,38; Mt 1,24). Mateus focaliza expressamente que José “tomou consigo Maria sua esposa” (Mt 1,24): é o Fiat silencioso do esposo, que aceitando Maria

consente em aparecer aos olhos do povo como o pai de Jesus, assumindo, porém, a sua responsabilidade como chefe da família segundo os costumes do seu tempo. A partir daquele momento José realiza a sua vocação na obediência, respeitando com a sua continência conjugal o mistério do qual o menino concebido no seio de Maria é portador (Mt 1, 24-25), depois comportandose como chefe de família em todos os episódios relatados. No episódio dos magos, ele se eclipsa diante do “menino com Maria sua mãe” (Mt 2,11), mas o acontecimento se desenrola na casa onde ele é o patrão. Ele toma a iniciativa da fuga para o Egito e da volta do Egito (Mt 2, 14.15.21-23) como responsável pelo “Filho de Deus”.

O SERVIÇO DA PATERNIDADE

Trecho retirado da exortação apostólica REDEMPTORIS CUSTOS

[...] Enquanto o casal formado por Adão e Eva tinha sido a fonte do mal que inundou o mundo, o casal formado por José e Maria constitui o vértice, do qual se expande por toda a terra a santidade. O Salvador deu início à obra da salvação com esta união virginal e santa, na qual se manifesta a sua vontade onipotente de purificar e santificar a família, que é santuário do amor humano e berço da vida”. Quantos ensinamentos promanam disto, ainda hoje, para a família! Uma vez que “a essência e as funções da família se definem, em última análise, pelo amor” e que à família “é confiada a missão de guardar, revelar e comunicar

o amor, qual reflexo vivo e participação do amor de Deus pela humanidade e do amor de Cristo pela Igreja sua Esposa”, é na Sagrada Família, nesta originária «Igreja doméstica», que todas as famílias devem espelhar-se. Nela, efetivamente, “por um misterioso desígnio divino, viveu escondido durante longos anos o Filho de Deus: ela constitui, portanto, o protótipo e o exemplo de todas as famílias cristãs”. São José foi chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício da sua paternidade: desse modo, precisamente, ele “coopera no grande mistério da Redenção, quando chega

a plenitude dos tempos”, e é verdadeiramente ‘ministro da salvação’. A sua paternidade expressou-se concretamente “em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da Encarnação e à missão redentora com o mesmo inseparavelmente ligada; em ter usado da autoridade legal, que lhe competia em relação à Sagrada Família, para lhe fazer o dom total de si mesmo, da sua vida e do seu trabalho; e em ter convertido a sua vocação humana para o amor familiar na sobre-humana oblação de si, do seu coração e de todas as capacidades, no amor que empregou ao serviço do Messias germinado na sua casa”.


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Tema Pastoral

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A Família como morada do amor de Deus Maria de Fátima Goulart Carvalho Silva - Psicóloga Clínica

Existe um plano de amor consistente por Deus, para que a família seja unida e desenvolva laços afetivos saudáveis. Ao depararmos com ele, com a força divina tudo se transforma. No impacto deste amor, desta vida nova oferecida à família tudo se renova: os pais têm tempo de olhar para seus filhos, separam um tempo para estarem presentes com eles e cuidam para alimentar a alma espiritual deles, com instruções sadias que a Palavra de Deus nos oferece. É no ambiente familiar que o filho deve ser educado na fé e nos bons costumes. O Amor mora mais na casa dos gestos do que das palavras. É um espaço que podemos permanecer. Os pais devem ser coerentes diante dos filhos, não se apresentando perante eles como “super-heróis” que não erram, pois admitir suas fraquezas estrutura raízes de coerência no relacionamento. Como se faz necessário hoje o cuidado de proteger a família, nesta cultura de morte, que faz com que desviemos da riqueza que a presença familiar nos oferece. É na valorização da família, do cuidado de manter a chama do amor vivo, de priorizar pequenos gestos como abraçar os filhos, externalizar com palavras o quanto são importantes, ouvi-los e calmamente deixar passar algumas imaturidades, se torna possível ir ganhando a confiança deles, ouvindo e instruindo com amor na formação de suas consciências, fazendo gerar frutos de maturidade afetiva. A questão da educação dos filhos hoje consiste em cativá-los pela amizade, pelo diálogo e pelo respeito, evitando o risco de perdê-los para o mundo. Um grave erro dos pais hoje é não ter tempo para eles. É necessário ter em mente a dedicação ao trabalho e a necessidade de ganhar a vida, mas não devem servir de pretexto para a ausência do lar nem para transformar o filho em um estranho. Conviver o maior tempo, desde a mais tenra idade, extrair desse convívio um genuíno prazer é um elemento importantíssimo. É necessário investir na maturidade afetiva dos filhos, de criar padrões de comportamentos que levam a ter maior segurança afetiva, habilidade social e saber dizer “não”, diante de seguimentos contrários aos valores que a instituição familiar merece. Na educação dos filhos, os limites são aplicados ao comportamento indesejado dentro de um clima terno e carinhoso. Ser firme ao falar com um simples gesto: olhar nos olhos e expressar com clareza a proposta estabelecida. Tal convivência, inclui a conversa e a intimidade, o conhecimento da pessoa, que é o filho. Alguns confundem limites com castigos físicos, o que só piora a situação. Quando são estabelecidos limites, os desejos e as intenções vão ficando mais claros, as distorções cognitivas vão se desfazendo na troca mútua, adotando uma linguagem ligada ao comportamento que necessita pontuar. As ordens e as obrigações que se fizerem necessárias, devem desde cedo, ser explicadas e justificadas. Muitas vezes, o desrespeito nasce do não reconhecimento da importância e do valor do outro. Na resistência a alguma tarefa, deve ser questionado o filho porque é importante cumpri-la. Dentro de uma família existem posições, onde cada um tem um papel assumido. Amar um filho jamais pode envolvê-lo num sistema de relações igualitárias. Para isso, é preciso deixar bem claro quem é o pai e quem é o filho. Quantas situações poderiam ser evitadas, se não houvesse a falta de clareza nessas posições, quantos laços de amor ficam envenenados pelas mágoas e ressentimentos. A verdadeira autoridade é um dom, Deus cuidadosamente fortaleceu, para que os pais a exerçam

como seus cooperadores. Deus estruturou a família, para que cada membro tenha o seu lugar com suas responsabilidades. Cada um deve cooperar para o bem comum e o bem de todos. A fidelidade na direção de uma família é responsabilidade que exige grande desafio, especialmente porque os pais devem usar a autoridade que lhes foi confiada da maneira como Jesus fez, isto é, para amar e servir. Autoridade guiada pelo Espírito de Deus, sempre envolvida numa atitude de doação e serviço. A tarefa de educar, como dizia Dom Bosco, “é obra do coração”, é obra do amor. Exige dedicação, renúncia, sacrifício, esquecer-se de si mesmo. Todos precisamos ter a segurança e a afirmação de nossa personalidade e de nossa autoidentidade. Se essa segurança não é dada por falta de interesse e compromisso dos pais, essas privações dolorosas mais tarde reagirão de forma defensiva ou compensatória. Nossa vida emocional para de crescer e busca mecanismos para compensar essas privações. Começamos a entender as reações negativas que geram no desenvolvimento dos filhos: agressividade, falta de empatia, falta de empenho nos estudos, excessivo uso dos meios virtuais gerando a ansiedade, como transtorno e tantos outros sintomas. A formação familiar é imprescindível, requer um caminho a ser conquistado. Existe um caminho a ser seguido, que os pais possam ser iluminados pela Sabedoria de Deus. Como iluminar se não sou iluminado? Como diz na Palavra de Deus “contra a Sabedoria, o mal não prevalece” (Sb 7,30). A família tem que ser animada pelo espírito de fé, da abertura da inteligência, para atravessar os problemas com fé Naquele que tudo pode: Jesus. Lembremo-nos de que o segredo de um lar amoroso na terra é o amor de Deus. Quando os pais e mães amam o Senhor Deus de todo o coração, o amor da família será fortalecido. No documento “Amoris Laetitia” o Papa Francisco nos diz “se a família consegue concentrar-se em Cristo, Ele unifica e ilumina toda a vida familiar” (317).


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Entrevista

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Novo Padre da Diocese Pe. Jaime Lemes, msj que são muito significativas as formações e também a fraternidade que se vive no seminário, onde enquanto comunidade, um ajuda o outro nas coisas cotidianas. Outra coisa que ajuda muito, é a Leitura Orante da Palavra de Deus com a oração das Horas, pois realmente nos tempos difíceis é Deus quem fala pela sua Palavra. O LÁBARO: Em março deste ano, você foi ordenado diácono, juntamente com os diáconos Miguel e Júnior. O que significou esse momento para você?

Significou a realização do amor de Deus por mim, a realização do chamado Dele feito a mim, desde pequeno. E a vivência desse ministério se realiza como somos chamados, enquanto diácono ao serviço da Palavra e o cuidado aos irmãos. Principalmente neste tempo de pandemia que vivemos, é pela Palavra de Deus levada, seja nas homilias feitas nas celebrações eucarísticas, nos casamentos ou nos batizados, que a Nome Completo: Julius Rafael Silva de Barros Lima Nome dos pais: Amaury Antônio de Barros Lima e Maria Aparecida esperança do Reino de Deus pode chegar aos corações mais feridos. Mas, foi nas celebrações de exéquias que fiz que consegui ver a misericórdia Silva de Barros lima de Deus chegar as pessoas, realizando de forma fecunda a vontade de Data de nascimento: 04/10/1986 Deus em minha vida. Cidade Natal: Taubaté Paróquia de origem: São José Operário – Taubaté O LÁBARO: O que você destacaria como alegrias e desafios O LÁBARO: Fale um pouco sobre como descobriu a sua vocação ao sacerdócio. A vocação ao sacerdócio se manifestou em minha vida desde pequeno, logo cedo fui coroinha e sempre busquei viver com amor o serviço a Deus. Quando eu estudava na creche, era o padre da quadrilha, além de brincar de celebrar missa. Minha família sempre buscou me ensinar a importância de Jesus em nossas vidas, pois desde pequeno, minha avó Odete trazia coisas que suscitasse em meu coração o amor a Deus. Foi na Paróquia São José Operário que iniciei minha vida como cristão, e foi lá que comecei os encontros vocacionais na diocese, porém acreditei que ainda não estava preparado e que precisava seguir minha vida. Por isso, trabalhei um bom tempo em fábrica, namorei, estudei e comecei a participar da comunidade Missão Sede Santos. Meu coração sempre ficava inquieto, pois quando estava cursando Engenharia Mecânica tinha vontade de fazer Filosofia ou Teologia depois que terminasse essa faculdade. Achava estranho e não entendia muito bem. Depois de um tempo de discernimento, sempre tive em meu coração essa busca pelo sacerdócio. E foi no ano de 2013, que iniciei minha formação ao sacerdócio de Cristo, na Comunidade Missão Sede Santos, onde fiquei até o ano de 2018, quando novamente em discernimento e oração, deixei a Comunidade e me tornei seminarista diocesano. O fato curioso, é que ao iniciar o seminário, perguntei para minha mãe se quando eu era pequeno já dizia alguma coisa sobre o sacerdócio, e ela me disse que um dia saí correndo até ela na cozinha de casa chamando: Mamãe, mamãe! E ela me perguntou: O que foi filho? E eu respondi a ela que seria padre. Ela ficou assustada e guardou isso em seu coração todos esses anos, tendo a certeza em seu coração do chamado de Deus em minha vida. O LÁBARO: Como a sua família acolheu a sua decisão de entrar no seminário? Minha família acolheu bem, não encontrei oposição por parte deles. Acredito que Deus, aos poucos, foi preparando o coração de todos os meus familiares.

dessa vivência?

As alegrias são os momentos em que batizamos uma criança e ela dá aquela risadinha quando fazemos o sinal da cruz na sua testa. Nas pequenas coisas percebemos as pessoas que acolhem a graça de Deus. Quando damos uma orientação e a pessoa sai feliz, pois encontra esperança em sua vida. O grande desafio é evangelizar em um mundo ainda mais secular, onde muitos não querem saber de Deus, mas só de si, e o que importa são as realizações das vontades próprias. Sendo assim, levar a Palavra de Deus na atualidade é o grande desafio. O LÁBARO: Como você se preparou para o momento da sua ordenção sacerdotal? Me deixei conduzir pelo Espírito Santo de Deus, através das orações pessoais, do retiro preparatório para ordenação, com disponibilidade a Deus e sempre tentando realizar o meu lema de ordenação que é “Eis que Venho! Com prazer faço a vossa vontade” (Sl 39). O LÁBARO: Que mensagem você deixa aos jovens que desejam fazer esse caminho vocacional? Digo que vale a pena deixar tudo para seguir a Jesus. Muitos podem ser os obstáculos e desafios, mas confiando sempre no Senhor, Ele nos encaminha a realizar Sua vontade e a viver a sua providência em nossas vidas. Se você sente o chamado de Deus, procure o padre de sua paróquia e diga a ele de sua inquietação, para que você possa ser orientado e encontrar a sua verdadeira vocação. O LÁBARO: No último dia 7 de agosto foi sua Ordenação Presbiteral. Como você define esse momento em sua vida e como tem sido os primeiros dias como padre?

Defino como um momento de realização pessoal, mas também como o início da missão dada por Jesus Cristo e por sua Igreja de anunciar o Reino de Deus a todos o povo. Nestes primeiros dias busco viver a alegria O LÁBARO: O tempo de seminário é um tempo oportuno de de anunciar o Reino com amor e disponibilidade e com a oração do povo discernimento e formação. Como foi esse tempo para você e que de Deus, buscando cumprir com amor e alegria fazer sempre com prazer experiências foram mais significativas? a vontade de Deus. Muitas vezes, as pessoas acham que o tempo de seminário é garantia para que o seminarista se torne padre, mas acredito que é tempo de um profundo conhecimento pessoal, aprofundamento espiritual e discernimento, onde realmente podemos nos encontrar e perceber se realmente o Senhor nos chama a viver o ministério sacerdotal. Acredito


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Espiritualidade

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A espiritualidade a partir do toque Seminarista José Carlos de Oliveira Júnior

Conduzidos pela luz do Santo Espírito, os cristãos são chamados a nutrirem a sua vida espiritual, consonantemente aos seus afazeres e responsabilidades diárias. Alimentar a espiritualidade, principalmente em nosso tempo, é um árduo trabalho que exige criatividade e esforço. Dizia o Cardeal José Tolentino: “Queria apenas colocar devagar as minhas mãos dentro das tuas. E isso ser, Senhor, a minha oração e minha vida.” Aqui está um dos modos de vivermos nossa espiritualidade, unificada ao nosso cotidiano, em nosso tempo: tocando as feridas das mãos do Senhor! Para isso, dois são os possíveis meios de nos aproximarmos e tocarmos as Suas mãos: primeiramente, tocando as chagas de nossas próprias misérias: assumindo aquilo que somos capazes de realizar, sem medo de quem realmente somos; deparando com os nossos

desejos e anseios, principalmente os mais obscuros e vergonhosos, e não os mascarar; despindo-nos diante do Senhor, como somos, para rezarmos nossas fraquezas. Assim, faremos como o Apóstolo Tomé: aproximaremos e tocaremos as chagas do Ressuscitado. Porém, também seremos capazes de tocarmos as mãos do Senhor quando nos aproximarmos de nossos irmãos, especialmente os mais feridos, pois, “A humanidade sempre precisa ser abraçada, mas com mais razão quando está ferida e se sente leprosa por causa do estigma, sem saber como se reconstruir”, dizia o mesmo Cardeal, José Tolentino. Deste modo, compreendemos a exortação do Santo Padre, o Papa Francisco: “[...] prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade

de se agarrar às próprias seguranças”. Por essas palavras, Francisco nos exorta a não nos fecharmos em nossas seguras convicções, mas, sairmos ao encontro daqueles que necessitam, sendo sinal da misericórdia do Senhor- a qual um dia também nos tocou. Nutriremos nossa espiritualidade não a partir de palavras vazias, soltadas ao vento, nem de discurso e ações moralizantes, encobertos da hipocrisia, mas, através do contado verdadeiro e sincero com o Senhor. Tenhamos a coragem de rezarmos as nossas misérias, lançando-nos no grande abismo da misericórdia de Deus e nos colocando diante Dele como realmente somos- sem rótulos, máscaras e penduricalhos-, abertos às suas ações, para assim, nos tornarmos autênticos anunciadores de sua Palavra e de sua misericórdia, indo ao encontro da humanidade ferida. Toquemos as chagas do nosso tempo!

Atos da Cúria Foram 40 os documentos expedidos pela Cúria Diocesana no período de 9 de junho a 03 de agosto de 2021. Dentre estes destacam-se: • Decreto de Nomeação do Revdo. Diácono Paulo Fernando de Moraes Santos, Diácono Adjunto da Paróquia Santa Luzia. • Concessão do Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística (MESCE) – Paróquia São Luís de Tolosa. • Anuência ao CAEP da Paróquia Catedral São Francisco das Chagas. • Decreto de Reconhecimento da Fraternidade Sacerdotal da

Pergunta do Leitor A função dos padrinhos de batismo A função dos padrinhos de Batismo é “colaborar com os pais em sua missão” de ajudar o batizando a “crescer na fé, observando os mandamentos e vivendo na comunidade dos seguidores de Jesus” . Dessa forma, os padrinhos são chamados a ser testemunhas de Cristo para a criança ou adulto que será batizado, zelando “por sua perseverança na fé e na vida cristã” . Por isso, os padrinhos devem ser pessoas que vivam a fé e a testemunhem, tendo assim, recebido a educação cristã e sendo capazes de auxiliar os pais na educação da fé dos afilhados. Por este motivo, a Igreja exige que aqueles que assumirão a nobre missão de padrinhos devam ter as seguintes condições : • seja designado pelo próprio batizando, pelos pais ou por quem faz as vezes destes ou, na falta deles, pelo pároco ou ministro, possua

Diocese de Taubaté. • Autorização de reformas e ampliação na Igreja Matriz da Paróquia Santo Antônio de Lisboa. • Concessão de Uso de Ordens ao Revmo. Pe. Lucas Luís Matheus de Mello, scj; • Autorização para compra de automóvel – Paróquia N. Sra. das Dores. • Autorização para encaminhar processo de usucapião do Cemitério da Irmandade do Santíssimo Sacramento – Paróquia N. Sra. do Bom Sucesso.

O que precisa para ser padrinho de Batismo? aptidão e intenção de desempenhar este encargo; • tenha completado dezesseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido determinada pelo Bispo diocesano; • seja católico, crismado e receba a Santíssima Eucaristia, leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir; • não esteja impedido por nenhuma pena canônica legitimamente aplicada ou declarada; • não seja o pai ou a mãe do batizando; • no caso de padrinhos casados, é necessário que tenham recebido o sacramento do Matrimônio, ou seja, que sejam casados na Igreja . O critério para a escolha dos padrinhos deve ser unicamente o religioso. Lembrando que o sacramento do Batismo faz com que o batizado seja inserido na vida em Cristo, isto é, o batizado é inserido numa existência nova, para que seja perseverante nesta nova caminhada,

Diácono Miguel Gustavo precisa da orientação e do zelo dos pais, mas também dos padrinhos. Estes serão aqueles que iluminarão o caminho para que o batizado persevere na fé e na comunhão com Deus. Infelizmente, na maioria das vezes, o sacramento do Batismo não é acolhido como dom de Deus. Muitos pais ainda vão à Igreja pedir este sacramento aos filhos, simplesmente para manter a tradição familiar de batizar os filhos, ou ainda, por uma questão supersticiosa, de que o batismo é uma bênção que ajuda a espantar os males da criança. Por esta mentalidade reduzida do sacramento do Batismo é que muitos pais escolhem erroneamente os padrinhos, não levando em conta as condições que estes devem ter para que possam desempenhar tal encargo. Envie sua pergunta para: comunicacao@diocesedetaubate.org.br


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Semana da Família Diocese de Taubaté Alegria do amor na família

Catedral de São Francisco das Chagas

Par. Sagrada Família - Taubaté

Par. Sto. Antônio de Lisboa - Taubaté

Par. São Miguel Arcanjo - Pinda

Catedral de São Francisco das Chagas

Catedral de São Francisco das Chagas

Par. do Menino Jesus - Caçapava

Par. Nossa Sra. do Bom Sucesso - Pinda

Par. Nossa Sra. do Bom Sucesso - Pinda

Par. Sagrada Família - Taubaté

Par. Nossa Sra da Boa Esperança - Caçapava

Par. São José Operário - Taubaté

Par. Sto. Antônio de Lisboa - Taubaté

Par. São Miguel Arcanjo - Pinda

Par. São José Operário - Taubaté

Par. São José Operário - Taubaté

Par. Nossa Sra. da Natividade Natividade da Serra

Par. São Miguel Arcanjo - Pinda

Anuncie aqui!

comunicacao@diocesedetaubate.org.br


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