Diário da Cuesta
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…nós nada podemos afirmar com absoluta certeza ,nem mesmo que a tripulação do disco voador não tenha deixado algum elemento disfarçado entre nós…
Passava do meio dia (12h30 precisamente), em 1 de julho de 1968, uma segunda-feira, quando um traço de fumaça branca cruzou os céus da cidade, interrompido de tanto em tanto. A cidade imaginou, logo, tratar-se de um avião a jato. E não se falou mais nisso até que… “Um disco voador pousou aqui em Rubião”. Foi assim que a notícia chegou à redação do Correio de Botucatu e Rádio Emissora de Botucatu, no velho edifício da Marechal Deodoro.
Morro Serrito São Manuel
“Foi puxada uma linha reta das 3 Pedras/Bofete até o Morro Serrito/São Manuel, deu 46 Km. Foi puxado daí até o Morro de Rubião, deu 33 Km. Foi puxado de Rubião até linha de 46 Km, dando 16 Km. Essa linha passa bem acima do Asilo Padre Euclides. Do Asilo dá para ver o Morro de Rubião na reta. Então esse é o TRIÂNGULO DA CUESTA. ESSE É O CENTRO DE ENERGIAS CÓSMICAS!” ( Antonio Carlos Santos / NIKA) Morro de Rubião Júnior
Asilo Bairro Alto
Base da Núvem
Três Pedras Bofete
A noite de 19 de maio de 1986 representa um marco na aviação e na ufologia brasileiras. Há 35 anos, acontecia o que ficou conhecida como a “noite oficial dos óvnis”, ou “a noite dos discos voadores”, quando objetos luminosos foram flagrados voando em diversas rotas aéreas.
Os registros da época feitos pela Aeronáutica revelam que esse fenômeno ocorreu em São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e Paraná. Como não se sabe até hoje o que eram esses objetos, eles foram classificados como óvnis (objetos voadores não identificados)
“A Noite Oficial dos Óvnis é um dos mais importantes casos da ufologia mundial. É o caso com o maior número de testemunhas em todo o planeta”, explica o ufólogo Jackson Luiz Camargo, autor de A Noite Oficial dos UFOs no Brasil
“Não definiria o que aconteceu como invasão. Em nenhum momento, houve qualquer comportamento hostil por parte das inteligências que operavam aqueles aparelhos”, disse ele.
Quem também estava de plantão naquela noite era o repórter fotográfico Adenir Britto. Por volta das 21h, ele atendeu uma ligação na redação do extinto jornal “Vale Paraibano”.
“Tem um disco voador sobre o jornal”, disse uma voz masculina. Britto imaginou que fosse trote. Mas, na dúvida, ele e a repórter Iara de Carvalho resolveram investigar.
No pátio do jornal, avistaram luzes multicoloridas, que se movimentavam em todas as direções. Munido de uma Nikon, com lente teleobjetiva de 500 mm e filme de 6.400 asas, tirou algumas fotografias.
“Entre surpreso e emocionado, registrei aquele momento. Nunca mais avistei nada igual. Aquela aparição jamais será apagada da minha memória”, diz Britto.
Registro de suposto óvni feito pelo fotógrafo Adenir Britto
Um mês depois, dois oficiais do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), acompanhados do ufólogo americano James
J. Hurtak, compareceram à redação e pediram ao editor-chefe os negativos das fotos.
O material, explicou Hurtak, seria analisado pela Nasa, a agência espacial norte-americana. Trinta e seis anos depois, nunca foi devolvido.
“A que conclusão eu cheguei? Bem, acredito que aqueles objetos fossem mesmo do ‘espaço sideral’ E, a meu ver, estavam monitorando instalações militares e industriais do Brasil”, observa Hurtak.
O risco de um desastre aéreo era iminente. Os tais objetos, além de intensa luminosidade, eram capazes de manobras impossíveis para qualquer aeronave.
Para agravar a situação, sobrevoavam instalações estratégicas para a defesa aérea, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos(SP), e a Academia de Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP).
Por essas e outras, o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima (1926-2011), foi logo notificado do que estava acontecendo. Dali a instantes, três caças da FAB, dois F-5 e um Mirage, entraram em ação.
O primeiro deles, um F-5, prefixo FAB-4848, pilotado pelo tenente Kleber Caldas Marinho, partiu da Base Aérea de Santa Cruz (RJ), às 22h34.
O segundo caça, um Mirage F-103, prefixo FAB-4913, comandado pelo capitão Armindo Sousa Viriato de Freitas, às 22h48, decolou da Base Aérea de Anápolis (GO).
O terceiro, um F-5, prefixo FAB-4849, pilotado pelo capitão Márcio Brisolla Jordão, às 22h50 da Base Aérea de Santa Cruz (RJ).
Os três aviões de combate receberam a mesma missão: interceptação não agressiva— ou seja, embora estivessem munidos de armamento pesado, tentariam uma aproximação pacífica. Não conseguiram.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
OVNI já pousou em Botucatu
…nós nada podemos afirmar com absoluta certeza ,nem mesmo que a tripulação do disco voador não tenha deixado algum elemento disfarçado entre nós…
Passava do meio dia (12h30 precisamente), em 1 de julho de 1968, uma segunda-feira, quando um traço de fumaça branca cruzou os céus da cidade, interrompido de tanto em tanto. A cidade imaginou, logo, tratar-se de um avião a jato. E não se falou mais nisso até que…
“Um disco voador pousou aqui em Rubião”. Foi assim que a notícia chegou à redação do Correio de Botucatu e Rádio Emissora de Botucatu, no velho edifício da Marechal Deodoro.
Tratava-se, de fato, de alguma coisa que deixara um rastro de fumaça branca e lambera os telhados de um casario antigo, nas bordas do atual campus da Unesp, tentando escapar da visão de alguns moradores, que o haviam flagrado.
O campus, àquela época, resumia-se ao prédio do antigo sanatório para tuberculosos, transformado na primeira unidade de ensino superior de Botucatu, denominada FCMBB e ao seu redor, nas imediações, um casario antigo dispunha-se em fileira, ao exemplo das antigas colônias de lavradores.
Ali moravam alguns funcionários e seus familiares, como também alguns prestadores de serviços temporários do conjunto de nossas três primeiras faculdades: Medicina, Veterinária e Biologia. E como já era 1968, também Agronomia.
Pois foi exatamente ali que pousara, misteriosa e anonimamente, o artefato voador, e dali alçara vôo, em rasante sobre os telhados das singelas casinhas de duas águas, que se postavam umas ao lado das outras, deixando atônitos todos que o haviam visto.
E foi dali que chegou o alarme na redação do jornal e da emissora de rádio.
***
Pra lá, con-
clamou o Plínio. E pra lá foi o repórter Nenê Meluso, que depois, muito depois, viria a ser juiz da Comarca de Araraquara e hoje dá nome ao Terminal de Ônibus Interurbanos da cidade. Levou junto o fotógrafo Caricati, autor das únicas fotos que existem dos fatos. Àquela época não era fácil chegar até Rubião Junior. Ou se ia de trem, o que demandava ir até a Estação e esperar pelo horário para “cima”, ou então se enfrentava duas estradinhas de chão batido, que serpenteavam pela periferia mais distante da cidade, intransitáveis nos dias de chuvas; uma saindo da Vila Santana e varando os campos até atingir o atual Jardim Tropical, e outra saindo da Vila dos Lavradores e fazendo uma trajetória da hoje Av. Dante Delmanto, para depois, por trás da atual Caio/Induscar varar morros do, também atual, Jardim Centenário. Quando ali chegaram foram logo cercados pelos
moradores, e entre eles, apareceu um casal e três meninos, que haviam avistado o estranho objeto e levaram o repórter e o fotógrafo, rapidamente, para perto do lugar de “pouso”. Ali já estava um aglomerado razoável de pessoas. Comentando, olhando, apontando.
Diz a matéria veiculada em 07 de julho de 1968, um domingo, que havia no lugar três buracos “que poderiam ser o tripé de apoio do objeto” e a uma distância entre os sinais, dois outros afundamentos na areia, a que “logo imaginaram ser a escadinha” para possíveis desembarques.
***
Como tudo aconteceu?
Mas o repórter não viu! Porém, teve quem tivesse visto e, assim, a matéria descreveu em detalhes o encontro da moradora e dos dois meninos com o objeto não identificado, em fuga: O disco chegou voando bem baixo e foi visto a curta distância por uma senhora, uma professora aposentada residente em Rubião, que deu pouca importância, para não ser chamada de “biruta”. “O objeto era cinza, sem asas, com cúpulas em cima e em baixo, e voava inclinado ligeiramente em relação ao chão”. Porém, tendo pousado minutos depois, em outro lugar, mais ou menos umas 12h10, foi flagrado por três meninos que ali brincavam, quando já tinha “descido a escadinha central”, tendo ficado estacionado uns 20 ou 30 minutos.
Ato contínuo, quebrado o anonimato, o objeto recolheu a escadinha, alçou vôo verticalmente, levitou por alguns segundos e disparou para os lados da cidade. Então foi visto, novamente, agora por outra pessoa, uma senhora que ouviu os gritos das crianças e, saindo à janela, teve tempo de observar o que se pode chamar de “fuga” do objeto. “O seu ruído era estranho e não se assemelhava a nada.”
No curso das constatações dos repórteres, apareceu uma outra pessoa definida como “acadêmico”, com descrições mais sofisticadas e considerou que os sinais deixados no chão eram “distantes 6 metros um do outro (na base do triângulo) e um terceiro no vértice”. Definiu o formato como um triângulo isósceles, aquele em que um dos lados é maior que os outros dois. E no meio, dois afundamentos, notando compressão. A escadinha?
As crianças estavam agitadas e segundo seus pais atravessaram o dia assim. (desconhece-se se a matéria foi escrita no dia do ocorrido e se o
repórter dedicou-se a procurar as testemunhas outras vezes). Algo inexplicável havia ocorrido: os adultos não estavam incrédulos e os pais dos pré-adolescentes ocupavam posição de destaque na cidade e na FCMBB para acreditar e propagar invencionices de crianças.
Não vou encerrar essa matéria dizendo que pode ter sido uma ilusão. Muitas pessoas e em horários diferentes teriam que ter tido a mesma ilusão, independentemente. Também não vou dizer que se tratou de uma histeria coletiva, pois os fatos, além de lugares diferentes, foram vistos por pessoas de idades e maturidade muito diferentes. Mas a verdade é que já se passaram quase 50 anos e continuamos no “ah éh”, ou seja, sem entender o que aconteceu. Uns já morreram, outros cresceram e residem por aqui mesmo. Mas o mistério continua!
Obs: deliberadamente não citamos os nomes dos personagens, a não ser do repórter e do fotógrafo.
Roque
Roberto Pires de Carvalho email:roquerpcarvalho@gmail.com
Quando ainda integrava o Coral “Caminho da Luz” uma letra e música era sempre incluída no repertório: “Foi Deus quem fez você” letra de Luiz Ramalho (1931/1981) e voz de Amelinha (Amélia Cláudia Garcia Collares) (1950/) também compositora e cantora. Vez por outra, e nas apresentações, era notório perceber como a plateia ouvia e admirava a harmonia dos cantores entoando essa bela música que se parece também à uma poesia. Nas minhas permanentes reflexões, lembrei-me da letra e música e me foi permitido, respeitosamente, uma associação com a “Inteligência Suprema - DEUS que é a causa primária de todas as coisas”. Disse o Autor da letra em comento... “Foi Deus que fez o céu, o rancho das estrelas; Foi Deus quem fez você, foi Deus quem fez o amor, Foi Deus quem fez o vento, foi Deus quem fez o orvalho; Foi Deus quem fez a noite; Foi Deus quem fez a gente... somente para amar, para amar, só para amar, só para amar!” e valendo-me da inspiração de Luiz Ramalho acrescentaria que sendo Deus a causa primária, não é dado ao homem o poder de criar o que existe na Natureza.
No entanto deu a cada criatura o poder de administrar e transformar sua Criação, usando dos recursos da inteligência e da inspiração. Não há como duvidar da existência de Deus, bastando para isso olhar a grandeza dos céus, a harmonia existente na movimentação dos astros, a luminosidade magnífica do sol e das estrelas, o gigantismo do mar, a força dos ventos, a imponência das montanhas, a geleira dos polos, a incandescência dos vulcões, a criação dos seres orgânicos assim compreendido como os homens, os animais e as plantas e a criação de seres inorgânicos, carecedores de vitalidade tais como os minerais, a água e o ar; Deus concedeu aos seres orgânicos e inorgânicos o fluído vital para nascimento, crescimento, reproduzirem-se
por si mesmos e morrerem para continuarem a servir à Vida, em inúmeras transformações que virão a se repetir, infinitamente, em colaboração com a Criação Divina e a Perpetuação da Vida que jamais termina, tendo por fonte o fluido universal. Arquitetos e engenheiros siderais, os cientistas e colaboradores de toda ordem e categoria, sempre juntos, trabalhando em grupos de interesses semelhantes, movidos pelo Amor Divino, na realização do Divino em cada criatura.
Desde tempos imemoriais até nossos dias, nomes famosos de astrônomos, cientistas, filósofos, botânicos, artistas, músicos e escritores gravam na história do mundo suas descobertas em co-autoria com o Criador de todo Universo. Em momentos de devaneio, fechava os olhos e procurava saber quem era o criador do perfume das flores, do adocicado das frutas, das cores do arco-íris, da harmonia dos astros e o salgado do mar, a limpidez dos rios em suas nascentes e a força dos ventos, a regularidade das estações climáticas e a dança das marés, as cores diferenciadas e marcantes dos pássaros e dos animais, o colorido borboletas.
O cronista retorna ao tema inicial onde Luiz Ramalho diz, em outras palavras poéticas, acreditar em Deus. É Dele todo mérito contido na canção... E de nossa parte, não temos, repita-se, como não acreditar na existência de Deus.
Beatriz Kfouri Azevedo (1)
O cronista recebeu um exemplar do Jornal de Aracaju-SE de 7 de maio de 2025 onde na coluna “Educação” apresenta o resultado do 54º Concurso de âmbito nacional sendo vencedora BEATRIZ KFOURI AZEVEDO estudante do 1º ano do Ensino Médio da Maple Bear/Aracaju, Unidade 13 de julho, promovido pela União Postal Universal (UPU), sediada em Berna, na Suiça. A jovem foi a única finalista do estado de Sergipe e agora representará o Brasil na etapa internacional da competição. A Carta de Beatriz se destacou pela sensibilidade, criatividade e domínio da linguagem, encantando os jurados e garantindo o 1º lugar entre centenas de participantes de todo país. O concurso, além de ser uma oportunidade para desenvolver a expressão escrita também reforça o papel da juventude como agente transformador da sociedade.
Com a autorização da Autora, “Momentos Felizes” insere em suas páginas e no Diário da Cuesta em 1ª edição, sua carta endereçada ao OCEANO, incentivando jovens de até 15 anos uma reflexão sobre temas sociais e ambientais urgentes.
Profundezas Oceânicas, 8 de junho de 2024.
Prezado Boyan Slat, Venho aqui, em meu dia mundial, retratar uma situação que me preocupa. Sinto saudades do tempo em que reinava a mais plena harmonia em meu interior, quando os animais que aqui habitavam encontravam refúgio seguro e minhas plantas cresciam vigorosas e saudáveis. No entanto, é com imensa tristeza que percebo os sérios problemas que afligem a comunidade que me tem como lar. Temo que o desequilíbrio outrora existente esteja sendo comprometido de maneira irreversível.
Tenho conhecimento de que, na superfície, o mundo enfrenta desafios semelhantes aos que aqui vivencio. Diante desse cenário inquietante, convido-te a contemplar minha essência, a vastidão azul que embala a vida e sustenta o equilíbrio do mundo. Urge, então, que despertemos, que abracemos a promessa da preservação, antes que o que resta de mim se perca nas ondas do tempo.
É necessário compreender, nobre companheiro, que nossos destinos estão entrelaçados como as marés que abraçam a Terra. O que hoje acontece em minhas profundezas, cedo ou tarde, emergirá na superfície, e temo que seu legado não traga boas notícias. Ainda assim, observo, com pesar, que os homens não percebem a gravidade do que sussurro em minhas águas. Por isso, volto-me a você, que já demonstrou ouvir-me antes, para que juntos possamos reverter a dor que me consome.
Vale ressaltar, meu caro viajante, que em meu berço azul repousam incontáveis dádivas para aqueles que chamam a Terra de casa, a cada onda que beija a costa. Carrego em minhas marés um dom imenso: esfriar o ardor da Terra. Bebo o carbono do ar e escondo em mim o calor do sol, equilibrando os ventos e as es-
tações. Sem meu alívio, a febre do mundo arderia sem trégua. Sou também o filtro da vida, o alquimista das águas. Engulo impurezas, dissolvo tormentos, mas ah, sofro com as feridas que me lançam. Meus braços são muralhas vivas. Recifes e manguezais erguem-se como sentinelas, domando as tempestades e afagando as terras que beiram meu domínio. Sem eles, as ondas não teriam piedade. E não se esqueça, sou também um celeiro de sonhos e riquezas. Meus mares alimentam, minhas marés encantam. Da pesca ao turismo, sou o sustento de milhões.
Outrossim, espero que não interprete meu apelo como um clamor egoísta. Embora seja meu sofrimento que ecoa nestas palavras, sei que minha agonia é uma premonição de um mundo em declínio. Descobri que, segundo a Fundação Ellen MacArthur, se nada for feito, em 2050 haverá mais plástico em minhas águas que peixes. Vejo tartarugas sufocadas por canudos, peixes engolindo fragmentos invisíveis de um veneno silencioso, corais desbotando como se exalassem seu último suspiro… oh, meu caro Boyan… sei que minha composição já é água, masconfesso, vejo-me lacrimejando ao refletir sobre o que está acontecendo com minhas belas águas.
Em meio a reflexões silenciosas e investigações minuciosas, compreendi que você..sim, você é a esperança que resplandece no horizonte. Admiro a tenacidade com que conduz sua missão, o ardor com que busca preservar-me e a força com que se propõe a restaurar minha pureza. Sei que há tempos navega por minhas águas, e descobri que, em sua jornada, almeja, até 2040, libertar-me de 90% dos resíduos que sufocam minha existência. Assim, escolho-te para essa missão, pois minhas ondas aclamam que seus feitos até agora têm sido extremamente nevrálgicos para curar-me.
Mas, meu amigo, ainda que seus esforços sejam grandiosos, temo que sejam insuficientes sem a luz do conhecimento a guiar aqueles que habitam a superfície. De que adianta limpar minhas águas, se a origem do descaso persiste? Não basta recolher aquilo que me fere; é preciso ensinar os homens a não mais ferirem. Somente quando compreenderem o impacto de seus atos e souberem como agir, poderemos, de fato, reverter esse cenário sombrio. Porém, ainda há tempo. Se o homem é capaz de destruir, também é capaz de reconstruir. Por isso, estendo-te meu pedido, meu amigo: que sua coragem continue a guiar aqueles que ainda não compreendem minha dor. Que suas ações não apenas me curem, mas ensinem os homens a não mais me ferir.
Concluo essas palavras com a pressa das marés, pois temo que o tempo me escape e demoremos a nos encontrar novamente. Mas antes que o silêncio nos separe, ouça-me: ainda há caminhos para curar minhas águas e proteger aqueles que nelas habitam. Basta limpar-me com suas mãos e consciência, espalhar o saber de nossa conexão, pois o que me adoece, adoece os que se encontram na superfície, uma vez que somos feitos do mesmo azul. Além disso, rejeite o plástico que me sufoca, apoie a pesca que respeita, guarde os recifes e os manguezais como quem protege um lar, pois, no fim, meu destino e o seu são um só, e cabe a nós decidi-lo.
Sinceramente, Oceano.
Roque Roberto Pires de Carvalho email:roquerpcarvalho@gmail.com
(1). Sobre a Autora: AZEVEDO, Beatriz Kfouri, 15 anos, natural de Aracaju-SE, filha de Cláudia Kfouri e Hymerson Costa Azevedo. Filha adotiva de Botucatu por ser neta da Professora Maria Imaculada Aria Kfouri e do Médico Dr. José Roberto Negrão Kfouri (in memoriam).