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Numa semana decisiva para a história eclesial indico algumas notas curiosas sobre a relação da comunidade católica de Botucatu com os chefes da Igreja, os Papas, ao longo dos últimos 180 anos, a partir da criação da primeira paróquia da cidade, em 1846.

A sequência de Papas desde Gregório XVI até Francisco abrange um período de quase 180 anos da história da Igreja Católica na região, em vários pontificados com registros marcantes e significativos.

Começamos com o Papa Gregório XVI, quando foi criada a freguesia de Botucatu. Em seguida veio o Papa Pio IX, que teve o segundo pontificado mais longo da história (após São Pedro), e depois o Papa Leão XIII, que liderou a Igreja durante um período de grandes mudanças sociais e políticas até o fim do século dezenove.

Na sequência, veio o Papa Pio X, criador da Diocese de Botucatu, que foi sucedido por Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI, e, finalmente, Francisco, o pontífice admirável de quem nos despedimos recentemente.

Treze pontífices

O termo “sumo pontífice” vem do latim “pontifex”, que originalmente significa “construtor de pontes”. É um dos títulos formais do papa, que é o bispo de Roma, sucessor do apóstolo Pedro e chefe da Igreja Católica.

Os católicos formaram a sua primeira comunidade na Vila de Botucatu, surgida em terras de uma antiga fazenda dos jesuítas, na década de 1840. A seguir vamos saber, desde as origens da cidade como foram as relações de cada um dos treze papas que governaram a Igreja nesse período.

= Gregório XVI – Bartolomeu Alberto Cappellari (1765-1846). A Freguesia de Nossa Senhora das Dores, primeira igreja de Botucatu, foi criada em fevereiro de 1843, nos últimos meses do pontificado do Papa Gregório XVI, que faleceu em 1º de junho desse ano. Nessa época a paróquia pioneira pertencia ao vasto território do antigo Bispado de São Paulo.

= Pio IX – Giovanni Maria Mastai-Ferretti (1846-1878). O pontificado do Papa Pio IX foi o mais longo da história da Igreja (mais de 31 anos), à exceção do papado de São Pedro. Ele foi declarado beato no ano 2000. Foi durante o pontificado deste papa que houve a mudança da padroeira de Botucatu para Sant’Ana, mãe da Virgem Maria e avó de Jesus Cristo.

= Leão XIII – Vincenzo Gioacchino Raffaele Luigi Pecci-Prosperi-Buzzi (1878-1903). Conhecido por suas encíclicas sobre a questão social, como a “Rerum Novarum”, foi durante o pontificado do Papa Leão XIII que os imigrantes italianos ergueram a primeira capela dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, em Botucatu, em 1895, na Vila dos Lavradores.

= Pio X – Giuseppe Melchiorre Sarto (1903-1914) Reformou o Código de Direito Canônico e o Catecismo Foi canonizado em 1954 Este papa criou,

em 1908, a Diocese de Botucatu, e nomeou o seu primeiro bispo: Dom Lúcio Antunes de Souza, mineiro que tomou posse no ano seguinte. Pessoalmente o Papa Pio X ouviu o apelo de Dom Lúcio por padres para seu bispado, tendo o mesmo escrito carta aos padres lazaristas neste sentido Ainda no seu papado, em 1912, foi inaugurado o Seminário Menor de Botucatu = Bento XV – Giacomo Paolo Giovanni Battista della Chiesa (19141922). Tentou mediar para o fim da Primeira Guerra Mundial. Em 1918, foi inaugurado em Botucatu o Santuário Nossa Senhora de Lourdes, dos Frades Franciscanos Capuchinhos. Em 1920 coube ao Papa Bento XV autorizar a ordenação de dois padres muito jovens para o clero botucatuense: Arlindo Vieira e Salústio Machado, ambos com 23 anos de idade.

= Pio XI – Ambrogio Damiano Achille Ratti (1922-1939). Teve um pontificado marcado pela crise econômica e o surgimento do fascismo e do nazismo. Durante seu pontificado foi criada a segunda paróquia da cidade, a Sagrado Coração de Jesus, na Vila dos Lavradores, em 1923. No mesmo ano morreu Dom Lúcio. Coube então ao Papa Pio XI nomear os dois bispos seguintes: Dom Carlos Duarte Costa, em 1924, e Dom Luiz Maria de Sant’Ana, em 1938.

= Pio XII – Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli (1939-1958). Liderou a Igreja durante a Segunda Guerra Mundial. Chamado de “Pastor Angelicus”, este pontífice romano excomungou, em 1945, o segundo bispo diocesano, Dom Carlos Duarte Costa, por negar verdades de fé. Em 1943, ele aprovou a sagração da nova Catedral de Botucatu, e em 1948 coube ao Papa Pio XII nomear o quarto bispo diocesano, Dom Henrique Golland Trindade, que em 1953 criou a terceira paróquia da cidade: a de São Benedito. Em 1958, o mesmo pontífice elevou a Diocese de Botucatu à Arquidiocese.

= João XXIII – Angelo Giuseppe Roncalli (1958-1963). Iniciou o Concílio Vaticano II. Este papa recebeu em audiência, em 1960, o arcebispo Dom Henrique Trindade, durante visita Ad Limina Apostolorum (peregrinação que todo bispo faz a Roma a cada 5 anos para se encontrar com o papa).

= Paulo VI – Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini (18971978). O núncio apostólico Dom Sebastiano Baggio, representando o Papa Paulo VI, fez a solene sagração da Catedral Metropolitana, dando-lhe o título de Basílica Menor de Sant’Ana, em 1964. No ano seguinte, 1965, ele nomeou o primeiro e até agora único bispo auxiliar de Botucatu: Dom Sílvio Maria Dario. Paulo VI concluiu o Concílio Vaticano II e enfrentou crises eclesiais, como a do clero botucatuense, que recusou a nomeação de seu segundo arcebispo, Dom Vicente Zioni, em 1968. Mas este, apoiado pelo papa, tomou posse no ano seguinte e foi por ele recebido em 1970 e em 1975, durante as visitas Ad Limina Apostolorum. Nesse pontificado foram criadas em Botucatu as paróquias Nossa Senhora Menina e Menino Deus, e Santo Antônio de Rubião Jr. (1969) e Nossa Senhora Aparecida (1976).

= João Paulo I – Albino Luciani (1978): Teve um pontificado muito curto, de apenas 33 dias.

= João Paulo II – Karol Józef Wojtyla (1978-2005). Foi o primeiro papa não italiano em mais de 500 anos, conhecido por seus encontros com diversas culturas. Polonês, ele recebeu em audiência o arcebispo Dom Vicente Zioni, em visitas Ad Limina Apostolorum em 1980, 1986 e 1990. Durante o extenso pontificado desse papa polonês o mesmo arcebispo criou mais três paróquias em Botucatu: Santa Teresinha do Menino Jesus e Nossa Senhora de Fátima (1980), e São Pio X (1986). Em sua homenagem Dom Zioni abriu em 1981 o Seminário Maior Arquidiocesano João Paulo II, onde vários padres se formaram. Coube a ele nomear, em 1989, o terceiro arcebispo: Dom Antônio Mucciolo, fundador da primeira TV católica do país: a Rede Vida de Televisão. No ano 2000 João Paulo II ainda nomeou o quarto arcebispo de Botucatu: o jesuíta Dom Aloysio Penna, que em 2003 criou na cidade a Paróquia Santíssimo Sacramento.

= Bento XVI – Joseph Aloisius Ratzinger (2005-2013). Coube a este papa alemão nomear em 2008 o quinto e atual arcebispo de Botucatu, Dom Maurício Grotto de Camargo. Teólogo respeitadíssimo, ele renunciou ao papado em 2013, quando recebeu o título de Papa Emérito. Faleceu em 2022.

= Francisco – Jorge Mario Bergoglio (2013-2025) Primeiro papa jesuíta e primeiro papa da América Latina Coube a este carismático pontífice argentino nomear o primeiro botucatuense para o episcopado em 2018: Dom Carlos José de Oliveira, atual bispo diocesano de Apucarana (PR). Em 2022, o Papa Francisco recebeu o arcebispo Dom Maurício Grotto de Camargo, durante a visita Ad Limina Apostolorum, quando dele recebeu relatórios sobre a Arquidiocese de Sant’Ana de Botucatu.

(Quico Cuter/ Tribuna de Botucatu)

Gesiel Júnior, 61, ex-seminarista de Botucatu, cronista e pesquisador, é membro da Academia Botucatuense de Letras e autor de 54 livros sobre a história regional.

“QUERO MENOS”

Já falei do “não gostô faça meio dia” como mandou a dona Frederica. Foi assim que aprendi a não adubá desgosto.

Ensinei meu coração a puxá trecho....há arco-íris e cerejeiras por aí.

Agora depois de idas e vindas, de vendê a tropa das inseguranças e de curá as pizaduras da ansiedade, termino por dizê: “quero menos”.

O que é isso agora? Isso é coisa minha. Já que tantos querem tudo eu “quero menos”. Pra mim tá bão só uma caneca, só um prato raso, só um terno surrado, só um afago, um amor só meu. Tá bão assim.

Querendo menos, vivo uma vidinha simples mas gostosa, confortável pro meu coração.

Tenho tempo pro silêncio, pra prosa vadia, pras moda véia, pras cantigas e violas, pra floreá as horas do dia com minha gente, véia ou miúda.

Querendo menos, tenho o que quero e fico felizinho. Se muito quisesse e pouco tivesse, eu haveria de tê tristeza, mágoa, raiva, depressão.

Tudo a me fazê sofrer dos males da alma, infeliz da vida. Mas não! Sofro não!

Ao contrário, tenho querência em mim. Nela, em currais de emoções, aparto pontas de saudades, lotes de gratidão, de ternura, de acolhimento.

E vivendo assim, serenamente, sou, a meu modo, bem feliz até

Andam comigo a fidelidade do Preto, o cão, a mansidão do Baio, o cavalo, o cheiro do café lá de casa na taipa do fogão, feito com ternura por quem muito quero, a dona da pensão e do coração.

Veja, quero menos, mas sei o que quero. Pra mim querendo pouco, tenho muito. Sô um caboclinho de muitos agrados e gosto muito da barra do dia... pra viver como e com quem vivo. Simples assim.

“Os cobradores fantasmas”

Melania e Leila estavam animadas para a festa.

Há muitos anos sem ir a uma festa de casamento.

Depois da pandemia, depois de tantas dores e sofrimento, a tristeza das perdas, a paciência em ver sua liberdade cerceada, finalmente sentiam o prazer de se preparar para uma boda em família.

Antecipavam o prazer do reencontro com os parentes queridos.

Foram preparar a melhor roupa, sapato combinando, arrumar o cabelo e as unhas.

Leila levou o carro para abastecer, verificar o nível do óleo, alinhar os pneus.

Finalmente chegou o dia.

Tomaram um banho demorado, colocaram o vestido e diante do espelho grande miravam se tudo estava bem, colocaram o perfume favorito.

Maquiaram o rosto para mostrar depois de tanto tempo usando máscara.

Apreciaram o resultado sorrindo frente ao espelho.

E na hora combinada partiram para a festa que seria numa cidade próxima.

Umas duas horas de viagem, tudo bem calculado.

Depois de um tempo de estrada avistaram o primeiro pedágio.

Melania pegou na bolsa o dinheiro para pagar a taxa cobrada.

Quando se aproximavam do guichê, viram que estava fechado, luzes apagadas.

Curiosamente a cancela se abriu automaticamente sem que se fizesse o pagamento e seguiram intrigadas a viagem lentamente olhando para todos os lados.

Ninguém trabalhando ali, aquela hora.

Os carros continuaram passando.

Comentaram o ocorrido mas estavam muito animadas para se deter.

Depois de passarem por algumas pequenas cidades, viram aproximar-se o próximo pedágio que igual ao anterior também parecia estar totalmente abandonado.

A cancela abriu-se da mesma forma que a anterior, sem que pudessem pagar a taxa estipulada no cartaz próximo ao guichê.

A surpresa da situação as intrigava.

Mas não iam se deter, pois a hora do casamento estava próxima e não queriam perder nenhum detalhe da cerimônia. Estavam já a poucos quilômetros de chegar, e um novo pedágio chegando.

Dessa vez estava funcionando normal.

Pagaram, deram de ombros pensando, economizamos as taxas dos anteriores.

E sorriram pensando sorte ou azar?

Chegando a cidade foram até a casa dos pais do noivo, com aquela alegria de rever a todos depois de muito tempo.

Na hora prevista chegaram a Comunidade Evangélica onde se realizaria a boda.

Emocionaram-se muito com os cânticos e as bênçãos derramadas ao jovem e lindo casal.

Depois dos votos lidos, a benção dos pastores , a apresentação da cerimônia legal , o beijo dos noivos, aconteceu o jantar delicioso.

Os cumprimentos aos noivos, o bolo de casamento com sorvete e os docinhos e claro muitíssimas e lindas fotos de família, os amigos do noivo correram a gravata.

Cada doação correspondia a um pedaço da gravata.

O dinheiro arrecadado ia ser útil para a lua de mel em Cancún.

A noiva chamou as amigas solteiras para jogar o lindo bouquet.

Chegando a hora da partida despediram-se de todos e se encaminharam para o estacionamento, pegaram o carro para a volta.

Refizeram o mesmo caminho para checar o ocorrido nos pedágios fantasmas na ida.

Estavam funcionando desta vez.

Questionando a atendente, verificou-se que ficaram registradas 2 infrações, que se pagas naquele momento, não resultariam em multa.

E ficou a pergunta que não quer calar: “ onde estavam os cobradores fantasmas?”

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