Armando Moraes Delmanto lança “A Pequena Pátria”, livro de memórias de sua infância
Décima terceira publicação de sua autoria, o advogado, jornalista e memorialista botucatuense Armando Moraes Delmanto, diretor do “Diário da Cuesta”, lança “A Pequena Pátria – Memórias de um Menino no Internato: Descobrindo o Caminho da Esperança” , obra que marca também o seu aniversário, no próximo dia 22 de abril, durante as festividades do 170º Aniversário de Botucatu!
“É mais do que a história de um menino, é um convite para que cada um de nós olhe para sua própria história, reconhecendo os desafios, as alegrias e as lições que moldam quem somos”, define o escritor.
Membro de importante clã político de Botucatu, integrado por conceituados médicos e advogados, Armando Delmanto adianta que seu novo livro relata experiências por ele vividas como aluno interno do Liceu Coração de Jesus, de São Paulo, tradicional escola salesiana.
Diagramada pelo artista gráfico Edil Gomes e impressa pela Peabiru Edições Culturais em capa dura com imagem do aluno Armando Delmanto em trajes de gala da fanfarra do Liceu, a obra de 112 páginas traz raras fotografias de família e reproduz várias reportagens do autor. A propósito, faz 60 anos que ele iniciou sua carreira na imprensa, quando retornou à terra à sua “Pequena Pátria” e foi aluno do Colégio La Salle, antes de ingressar na Universidade de São Paulo, onde graduou-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco.
“A Pequena Pátria” apresenta lembranças do autor, a começar do impacto que ele sofreu com a separação de seus pais. “Ao longo do livro os leitores encontrarão temas universais como amor, sacrifício e a luta pela identidade,

Advogado, jornalista e acadêmico relata experiências vividas num colégio interno

que ressoam profundamente em cada um de nós”, adianta Delmanto, que faz parte da Academia Botucatuense de Letras. Tendo ingressado na ABL em 1983 –portanto há mais de 40 anos! – apresentado pelo saudoso Acadêmico Dr. Sebastião de Almeida Pinto, Delmanto tem atuado em jornais, revistas e na edição de livros históricos sobre Botucatu e sobre a Vitória dos Paulistas, em 1934, após a Revolução Constitucionalista de 1932.
O novo livro está disponível na Livrarias São Francisco de Salles (o exemplar custa R$ 50,00) e os interessados poderão obter mais informações online sobre o tema: contato@graficadiagrama.com. br (GJ)
Academia Botucatuense de Letras: um escriba panfletário na ACADEMIA...
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Diário da Cuesta
Entrevista com o autor do livro “A Pequena Pátria”, Armando Moraes Delmanto:
Como começou sua carreira literária?
Este livro mostra exatamente como começou minha iniciação nas letras. E lembro sempre das palavras do professor Agostinho Minicucci: “percebe-se quando alguém começa a sentir os comichões literários que coçam mais do que variola agonizante...” Consegui a publicação do meu primeiro artigo no jornal “Folha de Botucatu”, em 1962 e, em 1963, com a publicação do jornal estudantil, “Tribuna do Estudante”, do Colégio La Salle, consegui a minha primeira realização no jornalismo...
Em 1965 você foi para São Paulo para cursar Direito?
Sim, aconteceu que eu fazia o curso científico no La Salle com o objetivo de cursar Medicina quando houve um teste vocacional para minha classe e, no meu teste, deu Direito e Política. Eu me transferi para o curso clássico e prestei vestibular e ingressei nas faculdades de Sociologia & Política e de Direito do Largo de São Francisco. (USP).
E o jornalismo continuou a ser um grande objetivo?
Eu sempre sonhei em exercer a profissão de jornalista no “Estadão”(Ö Estado de São Paulo). Dizia para os amigos que ainda seria Diretor do “Ëstadão”... rsrsrs. Esse jornal centenário, a meu ver o melhor do Brasil, representava uma verdadeira Universidade da Cultura Nacional. Já havia sido aprovado como Revisor do “Estadão”, em 1967, através de seu então Redator Chefe, Flávio Galvão, quando meu pai me solicitou para representar Botucatu no Gabinete do recém eleito Governador do Estado, Roberto de Abreu Sodré. Mudança radical nos meus projetos...
históricos sobre Botucatu e um estudo que pesquisei muito sobre a Revolução Constitucionalista de 1932: o livro “A História da Vitória Política Paulista: 1934”, de 2020. Hoje, continuo no jornalismo através do Blog do Delmanto e do webjornal “Diário da Cuesta”
E essa história da “Pequena Pátria” e as “memórias de um menino interno que descobriu o caminho da esperança”?

Então você se afastou do jornalismo?
Não. Através do conceituado jornalista Arruda Camargo que fazia Editoriais para os principais jornais paulistas, tive minha inciação como colunista de jornal. Ele foi meu padrinho... Foi no Diário de Comércio & Indústria onde eu tinha uma coluna diária sobre os problemas da juventude, depois passei a ter coluna nos jornais semanais Shopping News e City News, também abordando os temas importantes para a inserção da juventude no exercício da cidadania. Disso resultou o meu primeiro livro: “Ä Juventude: Participação ou Omissão”, em 1971 Com o Arruda Camargo, tive uma experiência inesquecível: ainda calouro da Faculdade de Direito tive a oportunidade de conhecer o poeta Paulo Bomfim... Convidado pelo Arruda Camargo participei, no final dos anos 60 de reunião na casa do poeta, quando fui apresentado por ele à verdadeira “instituição cultural” que era Aureliano Leite e para a “lenda viva”, o “Tribuno da Revolução Constitucionalista”, Ibrahim Nobre... Imaginem o que isso representou para um jovem estudante “botucudo” que chegava à capital cheio de sonhos e encontrava, de uma só vez, “os referenciais maiores da alma paulista...”
E foi o início de sua atuação como jornalista e escritor?
Exato. E vieram outros desafios, outros jornais e uma série de livros
EXPEDIENTE
R- Fiquei empolgado com o resgate desse período de minha vida no final dos anos 50 e início dos anos 60. O mundo todo estava passando por uma mudança radical nos costumes, na música e na arquitetura. Os gênios de Niemeyer e Burle Max iriam sacudir a concepção urbanística brasileira: primeiro na Pampulha, em Belo Horizonte levados por Juscelino Kubitschek, ao depois em São Paulo com o Parque do Ibirapuera levados por Jânio Quadros nas comemorações do IV Centenário e, finalmente, em Brasília novamente com Juscelino, planejando e construindo a Nova Capital com projetos arquitetônicos ousados e maravilhosos... E Botucatu não poderia ficar de fora: primeiro a contrução da “Brasilinha” e a Fonte Luminosa, como ficaram conhecidas as marquises construídas na parte de cima do Bosque nas comemorações do Centenário de Botucatu e, em 1957, a construção de nosso primeiro “arranha-céu”, o nosso primeiro edifício. E surgia o “PEABIRU HOTEL”, orgulho dos botucatuenses. Esse é o cenário do livro “A Pequena Pátria”...
E Botucatu vivia tempos de muitas e ousadas mudanças, não é?
Botucatu recebia os Colonos Belgas vindos do Congo após a independência daquele país e recebia, também, os Irmãos Lassalistas que adquiriram o Colégio Arquidiocesano (hoje, LA SALLE), vindos do Rio Grande do Sul, trazidos pelo então Arcebispo Metropolitano, Dom Henrique Golland Trindade que foi aluno do Colégio La Salle de Porto Alegre. Os Lassalistas eram conhecidos e reconhecidos como excelentes educadores. Em Botucatu eles consolidaram a máxima de Botucatu ser a cidades dos “BONS ARES E DAS BOAS ESCOLAS”... Felizmente pude viver esse período de tantas transformações e ser, eu mesmo, fruto da educação escolar dos lassalistas. No livro, mostro a experiência enriquecedora que foi o Internato do Liceu Coração de Jesus por 2 anos e a busca do meu lugar e o encontro de amigos até o meu retorno à Pequena Pátria. Aqui pude me realizar e me encontrar sempre contando com a minha família, a amizade de meus amigos e a orientação educacional e positiva dos Irmãos Lassalistas. Repito: fiquei empolgado com o resgate desse período de minha vida Esse é o cenário do livro...
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
A busca pela via da esperança na autobiografia de um menino

* Gesiel Júnior
Ensina-nos Machado de As sis que cada homem vê as coi sas com os olhos da sua idade. Perto de completar 80 anos, com lentes vivazes, o escritor
Armando Moraes Delmanto descreve, em novo livro, as reminiscências da sua puberdade vivenciada por breve período num tradicional colégio interno, longe da terra natal.
Nestas confissões, narradas aberta e sinceramente pelo autor, os leitores são tocados pela corajosa sensibilidade de relatos sem rodeios, próprios do adolescente levado a deixar o seu pequeno universo, por conta, na época, da separação conjugal de seus pais. Tão íntimo choque, traumático até, foi por ele superado paulatinamente na perspectiva de encontrar horizontes novos.
Armando, que nesses textos autobiográficos se descreve na terceira pessoa, negritou o prenome em todas as citações, provavelmente para evidenciar como ele mesmo se via marcado então na arriscada busca pelo sentido vital, alcançado graças à intercessão de três homens admiráveis, os quais ajudaram na sua formação humana, moral e religiosa

Importante mencioná-los, já que a influência se deu através de obras educacionais e de seguidores desse trio. Foram eles: Giovanni Bosco (1815-1888), padre italiano, patrono do colégio paulistano, onde ele foi interno; Jean-Baptiste de La Salle (1651-1719), padre francês, patrono do colégio de Botucatu no qual também estudou; Henrique Heitor Golland Trindade (1897-1974), bispo franciscano gaúcho, que o orientou pessoal e paternalmente.
Livro que pode ser comparado a um pequeno baú de emoções intensas, “A Pequena Pátria” é o belo testamento literário declarado pelo seu autor para expressar o pleno amor à Botucatu, atualmente traduzido como a mais clara manifestação de cidadania, sobretudo nestes obscuros tempos com tantas mentiras digitais.
Sirva a leitura do novo volume do vetusto Armando Delmanto de farol para iluminar as consciências carentes de boas luzes. E seja a conversão daquele menino do liceu salesiano, vista hoje como rota ideal para quem almeja fazer, sem dúvidas, a travessia para dias melhores numa estrada lúcida: a da esperança.
* Cronista e pesquisador, é membro correspondente da Academia Botucatuense de Letras
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Academia Botucatuense de Letras: um escriba panfletário na ACADEMIA...
No distante ano de 1983, tive a grande honra de ingressar, por indicação do saudoso Acadêmico Dr. Sebastião de Almeida Pinto, na ACADEMIA BOTUCATUENSE DE LETRAS – ABL.
“Llmos. Srs. Presidente e demais membros efetivos da Academia Botucatuense de Letras.
Prezados confrades,
É com a maior satisfação, que tenho a honra de propor aos ilustres membros desse Sodalício, para preenchimento de vagas existentes na quadro de membros efetivos da Academia de Letras de Botucatu, o nome do doutor Armando Moraes Delmanto, advogado residente nesta cidade.

O Dr. Armando Moraes Delmanto, bacharel em Direito, escritor com várias obras publicadas, jornalista em franca atividade na imprensa paulistana e local, beletrista apreciado, sentir-se-á muito honrado em pertencer à nossa Academia, onde pretende preencher a vaga do saudoso Prof. Dr. Ignácio Loyola V. Novelli, ocupando a cadeira que tem por patrono o inolvidável Paulo Setubal. Antecipando os meus agradecimentos pela acolhida favorável a esta indicação, apresento
Cordiais saudações, SEBASTIÃO DE ALMEIDA PINTO Botucatu – 5 de Agosto de 1978”.


E na Sessão Solene, presidida pelo fundador da ABL e seu presidente, Acadêmico Dr. Antonio Gabriel Marão, tendo sempre a presença competente da secretária e Acadêmica Elda Moscogliato, apresentei a minha tese, com o traje oficial da ABL à época e dando destaque para o medalhão acadêmico. Foi uma grande realização, com certeza!
Já havia publicado os livros “A JUVENTUDE: PARTICIPAÇÃO OU OMISSÃO”, em 1970 e “CRÔNICAS DA MINHA CIDADE”, em 1976.


Mas a minha atuação principal havia sido nas lides jornalísticas. Ao fundar o moderno e participativo jornal “VANGUARDA DE BOTUCATU” (http://blogdodelmanto. blogspot.com.br/2016/06/jornalismo-de-vanguarda-em-botucatu_24.html), procurava fazer um jornalismo moderno e atuante, participativo no exercício da cidadania. Pois é negativo para as cidades do interior o jornalismo travestido de independente a traçar os acontecimentos ao bel prazer dos poderosos do momento...


O jornalismo ou a história, nas comunidades interioranas, sempre sofreu com a imprensa “chapa branca”, ou seja, a imprensa que “escreve” a história como a veem os donos temporários do poder Isso faz parte da história mundial: os regimes totalitários SEMPRE quiseram “escrever” a história oficial, a história “chapa branca”... Desde Stalin, Hitler, Fidel Castro e Getúlio Vargas, só para citar alguns notórios ditadores que usaram e abusaram dos “escribas de aluguel”... Mas foi tudo em vão O tempo sempre recompõe a história e traz a verdade dos fatos ao conhecimento de todos
Aqui em Botucatu, nos jornais em que militamos, conseguimos trazer à tona a verdade sobre o 2º Bispado de Botucatu e a atuação de Dom Duarte Costa ao ser excomungado e ter fundado, ao depois, a Igreja Católica Brasileira. A importância do Conde de Serra Negra, a magnitude do Aquífero Guarani (Aquífero Botucatu), o pioneirismo da Casa de Saúde “Sul Paulista”, as Imigrações Americanas, Belgas e Japonesa para Botucatu, etc. E, mais recentemente, a luta através do Blog do Delmanto contra a tentativa de levar o nosso curso de medicina para Bauru, com a atuação omissa de autoridades locais e a atuação perniciosa de alguns docentes da própria UNESP (http://blogdodelmanto.blogspot.com.br/2013/06/gambiarra-na-faculdade-de-medicina-de.html). Isso, acreditamos, foi jornalismo positivo e independente.
Por isso, busquei na minha atuação jornalística o título da minha tese acadêmica:
“A bondosa indicação do Dr. Sebastião ou de como um escriba panfletário chegou à Academia”.
Já em nossa posse na ABL, destacávamos em nosso discurso que:
“Título: A bondosa indicação do Dr. Sebastião ou de como um escriba panfletário chegou à Academia.
“Se me cortam um verso, escrevo outro;
Se me prendem vivo, escapo morto;
E, de repente, eis eu aí de novo,
Exigindo a paz e exigindo o troco”.
As coisas em nossas vidas nunca acontecem por acaso. Fui indicado para a Academia Botucatuense de Letras pelo saudoso médico e professor Dr. Sebastião de Almeida Pinto. Indicado, fui aceito pela gentileza de seus membros para ocupar a cadeira que tem por Patrono o notável escritor Paulo Setúbal
Mas a vida quis, o que muito me honra e sensibiliza, que houvesse um remanejamento, não muito normal em casos que tais, vindo eu a ocupar a cadeira que tem como Patrono o ilustre historiador e folclorista Alceu Maynard Araújo e, como antecessor, exatamente, aquele que me convidou e indicou para fazer parte deste seleto sodalício: o Dr. Sebastião de Almeida Pinto.
É uma dupla honra: suceder a tão ilustre botucatuense e ter como Patrono esse excelente folclorista.
O Dr. Sebastião foi professor de Alceu na sempre tradicional Escola Normal de Botucatu E o Dr. Alceu foi meu professor na Escola de Sociologia & Política de São Paulo. Aqui, abro um parêntese. A festa com que Alceu recebeu um “botucudo”, a atenção que me foi dispensada e os ensinamentos que desse Mestre aprendi, marcaram-me para sempre. Fecho o parêntese.

Alceu e Tião sempre dedicados à história e à pesquisa. Ambos tendo por Botucatu um carinho e uma predileção marcantes. Nosso passado e nossas peculiaridades. Os desbravadores. Os nossos sonhos. As nossas decepções. As vitórias e derrotas da cidade e dos botucatuenses tiveram a atenção e o relato desses cultores
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da nossa história e do nosso folclore.
A eles, sucedo. Às suas qualidades, não tenho a pretensão.
“Se me cortam um verso, escrevo outro; Se me prendem vivo, escapo morto; E, de repente, eis eu aí de novo, Exigindo a paz e exigindo o troco”.
Novamente repito:
A bondosa indicação do Dr. Sebastião ou de como um escriba panfletário chegou à Academia. Do Dr. Alceu, em discurso histórico, o Dr. Sebastião de Almeida Pinto traçou o perfil. Foi esportista, professor, diretor, sociólogo, escritor, Patrono da cadeira nº 02, da Academia Botucatuense de Letras e Membro da Academia Paulista de Letras, juntamente com Hernâni Donato e Francisco Marins.

Nascido em Piracicaba, Alceu, desde pequeno, foi criado em Botucatu, cidade que considerava como sua. Aqui fez suas amizades e estudos, culminando com sua diplomação pela Escola Normal de Botucatu. Formado Professor, Alceu foi lecionar em Pirambóia. Atento observador foi registrando os usos e costumes, as tradições, as crendices, as esperanças e os antepassados dessa gente boa do interior.
Transferindo-se para São Paulo, Alceu, que sempre foi conhecido como o “peito de ferro”, por seu porte atlético, ingressou na Escola Superior de Educação Física da USP. Formado, lecionou em inúmeras escolas municipais. Na busca do saber, licenciou-se em Sociologia. Lecionou na Escola de Sociologia e Política, agregada à USP, onde tive o privilégio de ser seu aluno. Não satisfeito em sua busca do saber, bacharelou-se em Direito pela tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco - USP. Nesse tempo todo dedicava-se ao folclore: pesquisando, escrevendo artigos para jornais e revistas. Enfim, Alceu dedicou-se inteiramente à cultura, escrevendo, lecionando e dirigindo faculdades. Foi Vice-Diretor das Faculdades Metropolitanas Unidas -FMU, quando era Diretor da mesma, outro grande botucatuense, Mestre de todos nós, o Professor Agostinho Minicucci, Participou da elaboração da Enciclopédia da Cultura e Folclore Nacional, autor de “Medicina Rústica” e”Pentateuco Nordestino”, Alceu teve vida produtiva e granjeou o respeito e a admiração de seus pares. Não tendo nascido em Botucatu, orgulhava-se de ser considerado autêntico “botucudo”
Sendo o primeiro botucatuense a entrar para a Academia Paulista de Letras, logo foi seguido por Francisco Marins e Hernâni Donato
O Prof. Alceu Maynard Araújo, Patrono da cadeira n° 02 de nossa Academia. enriqueceu a cultura botucatuense e tornou-se modelo exemplar para a nossa juventude.
Na verdade, Alceu Maynard Araújo representou, com dignidade e brilho, a cultura nacional. Entre os inúmeros cargos de destaque que ocupou, ressalte-se o de Grande Secretário de Cultura do Grande Oriente de São Paulo.
Na segunda metade dos anos setenta, eu residia na Rua Velho Cardoso, quase esquina com a Cardoso de Almeida. Aos domingos pela manhã, participava do papo matinal defronte à casa do professor Prado e um dos participantes era o saudoso Dr. Sebastião de Almeida Pinto. Belos papos. Neles, só aprendi. A história de Botucatu “corria solta” na informalidade da conversa.
Um dia, o Dr. Sebastião pediu que eu fosse à sua casa. Naquela época já andava doente O assunto se resumia a um pedido: que eu aceitasse a minha indicação para a Academia Botucatuense de Letras. A humildade daquele Mestre me comoveu e eu lhe disse que não me considerava credenciado a ser seu par na Academia, embora honrado pelo convite. O Dr. Sebastião contra argumentou com sua bondade costumeira Resultado: aqui estou por indicação desse ilustre botucatuense Gostaria de abordar várias facetas desse exemplar cidadão botucatuense. De início, no entanto, quero destacar uma característica rara do Dr. Sebastião de Almeida Pinto e, aqui, permitam-me a falta de modéstia, dele e de meu pai, Antônio Delmanto. Ambos farmacêuticos. Ambos médicos-missionários, médicos sacerdotes. Não fizeram fortuna Não enriqueceram com a profissão, dignificaram a profissão médica. Ambos fizeram de suas profissões um meio para minorar os males e proteger os pequeninos da sorte. Meu pai, por 15 anos, foi Diretor Clínico da Misericórdia que naquele tempo ainda era chamada de Santa Casa, e o Dr. Sebastião por muitos anos chefiou a Clínica Médica da Misericórdia. Em “Estórias da Santa Casa”, sob o título de “De Costa Leite ao Dr. Antoninho”, o Dr. Sebastião relata:
“Em São Paulo foi Adjunto da Santa Casa (terceira cirurgia de mulheres) Fez o curso de aperfeiçoamento de clínica cirúrgica da Faculdade de Medicina de S. Paulo. Frequentou cursos de cirurgia, ginecologia e obstetrícia da Associação Paulista de Medicina, convivendo com mestres notáveis. Quando aqui chegou estava apto para praticar com brilho a ciência e a arte de Hipócrates. Entrou logo para a Misericórdia, onde foi cirurgião, chefe de clínica e Diretor Clínico, mostrando dinamismo, competência, dedicação e espírito humanitário. Foi pelas suas mãos que reingressei no Corpo Clínico da velha Santa Casa de onde me despedira alguns anos antes por motivo (mas isto já é outra estória).”
Com referência à sua experiência na Misericórdia, o Dr. Sebastião retrata bem, em artigo de 1968, o que era a pratica da medicina naquele tempo e como era difícil praticá-la e quanta dedicação e espírito humanitário eram precisos para exerce-la:
“Nesses trinta e dois anos de clínica, nas minhas observações diuturnas na velha Santa Casa, tenho visto coisas extraordinárias. Doentes de enfermaria, indigentes, foram curados espetacularmente de moléstias gravíssimas. Intervenções cirúrgicas, de prognóstico sombrio, terminaram magnificamente. Recuperações impressionantes fazem lembrar a PROVIDÊNCIA. Lembram a figura de JESUS, o protetor dos humildes e pequeninos, a passear pelas enfermarias”.
Assim era o Dr. Sebastião de Almeida Pinto: médico-missionário. Não enriqueceu na profissão mas deixou seu nome gravado em ouro na história de Botucatu. Humilde, alegre e dedicado. Animava todas as rodas e a todos tinha uma palavra amiga. Assim era o velho Mestre Tião.
Descendente do Capitão José Paes de Almeida, chefe político de Botucatu, que
juntamente com o general Ataliba Leonel, de Piraju e Antonio Evangelista (Tonico Lista) de Santa Cruz do Rio Pardo faziam o tripé do poderoso PRP na região. E é de lembrar que àquela época esta região era uma das principais senão a principal do Estado.
Seu pai, Sebastião Pinto Conceição era o administrador da Fazenda Aratu, de propriedade da Condessa de Serra Negra, de onde o menino Tião e o mano Jayme vinham à pé para a escola
Depois, seu pai veio a ser o Tabelião do 1º Tabelionato. Era músico (flautista), tendo ensinado piano à menina Eunice. Com ele Tião pegou gosto pela música Tião tocava flauta e saxofone, tendo deixado sua marca na época, quer em serenatas quer animando bailes no então importante “Lampião Vermelho”.
Como esportista, Tião deixou a sua participação como capitão do “Arranca-Toco” que sempre combatia o “Flamengo” onde hoje está situada a Associação Atlética Botucatuense
Tião não era menino quieto e nem, ao depois, rapaz acomodado Era briguento e aprontador de “surpresas”. Maneco Paes de Almeida, mais jovem do que ele mas seu tio, contou-me as suas peripécias. Do “Arranca-Toco” ao “Lampião Vermelho”, Tião marcou sua presença em Botucatu como um jovem bem relacionado, de muito bom humor, grande contador de piadas e “causos”.
Após a sua formatura na Escola Normal, Tião estudou farmácia em Pindamonhangaba onde era conhecido por “Mato Grosso” por retratar o tipo caboclo e brincalhão. Formado, comprou a farmácia São José (localizada na antiga rua Riachuelo, hoje rua Amando) de seu tio Alfredo Pinto. Não foi bem. Não cobrava dos humildes e não cobrava bem dos que podiam pagar.
O “Pai Cidade”, como era conhecido o Capitão Zé Paes, chefe do PRP, conseguiu a nomeação do Tião como Secretário da Escola Normal. Posteriormente, Tião veio a ser Vice-Diretor e Diretor, além de lecionar várias matérias, quer como titular da cadeira quer como substituto.
Formou-se médico pela Faculdade Fluminense de Medicina, tendo exercido a medicina como verdadeiro sacerdote, destaque que demos linhas atrás.
Falamos do esportista, do músico, do farmacêutico, do professor e do médico. Mas existem outras facetas na vida de Sebastião Pinto. O jornalista e o escritor
A figura hoje lendária do Capitão Zé Paes, o “pai cidade”, marcou a infância e juventude do menino Tião que era o preferido de seus netos.
Novamente o “Pai Cidade” entra na vida de Tião. O conhecido botucatuense, líder político de então, Nenê Cardoso, tinha um material gráfico parado. Tião e Maneco Paes queriam montar um jornal. O “pai cidade” falou com o Nenê Cardoso e este, atendendo ao pedido do Capitão Zé Paes (que era sempre irrecusável), entregou a Tião o maquinário.
Naquela época, Tião, Maneco e Romeu Levy, entre outros, lançaram o jornal “O Momento”. Com Tião na direção ele chegou a bi-semanário. Ao depois, passou a tri-semanário. Naquela época Botucatu era uma cidade líder na região.
Nas oficinas de “O Momento”, foi impresso o primeiro livro de Tião, “Impressões de Viagem”, que retratava as suas observações em viagem feita ao interior do Estado e a cidades de outros Estados. Posteriormente, em 1957, amigos mandaram imprimir “Botucatuenses no Setor Sul”, em comemoração ao 25º aniversário da Revolução Constitucionalista. Tião participou como Tenente-Médico do Batalhão Universitário “Fernão Salles”, que operava no setor sul. Nesse trabalho, Tião escreve:
“Integrado na Revolução, também me apresentei como voluntário. Com meus irmãos, meus parentes, meus companheiros de trabalho, com meus amigos e muitos desconhecidos, todos irmanados no ideal de paulistanismo e brasilidade, abandonamos interesses, família, comodidade, atiramo-nos à luta. Do quartelzinho na casa do Silvio Galvão, eu me lembro, partiram José do Amaral Wagner, Luiz Pinho de Carvalho, Jayme de Almeida Pinto, Américo de Souza e Silva, Brasílio Damato, Oscarlino Martins, Jorge Barbosa de Barros, Orlando Pinheiro Machado, Lucídio Paes de Almeida, Germinal Serrador, Maneco Paes, Sinésio de Oliveira, Julião Pires de Campos Filho, Antonio Piccinin, Antonio Augusto Pedro (Guarantã), Silvio Galvão, Olavo Ponciano, Edward Paes de Camargo, Salvador Assunção e inúmeros outros, cujos nomes infelizmente me escapam
O Exército Constitucionalista integrado por centenas de milhares de homens, vibrantes de entusiasmo e patriotismo, não tinha armas e nem munições suficientes Mas, tinha patriotismo, civismo e ideal, para dar e sobrar”
Publicou, ainda, “A Tuberculose nos meios escolares”; “Escolas especializadas para crianças hospitalizadas” e “No Velho Botucatu”.
Deixa para publicação três livros: “No Cinquentenário da Escola Normal”; “Estórias da Santa Casa” e “Tempo de Dante, Gente de Hoje”.
Na política, Tião também marcou a sua presença Tendo o saudoso Dr. Jayme de Almeida Pinto como Deputado Estadual e, depois, Secretário de Estado da Agricultura, havia a necessidade de a família ser representada a nível municipal. Sairam candidatos a vereador o Tião e o Maneco. Maneco e o Dr. Jayme obrigaram o Tião a sair candidato. Tião foi o vereador mais votado Foi presidente da Câmara Municipal, mas nunca gostou de política, ou melhor, nunca gostou de ser político.
Finalmente, Tião como exemplar pai de família Ele e sua companheira e esposa fiel, Dª Lali, educaram democraticamente a grande prole. A liberdade imperava nas decisões familiares. Belo exemplo de homem íntegro e de pai de família estimado. Essa é uma visão rápida da vida de Sebastião de Almeida Pinto
Do saudoso Dr. Sebastião. Do saudoso Tião
Hoje, esposa, filhos, filhas, noras, genros, netos e netas continuam a levar por todos os cantos um pouco do Tião
Eu o substituo nesta Academia, sem o seu mérito e sem o seu brilho.
Novamente repito na dúvida:
A bondosa indicação do Dr. Sebastião ou de como um escriba panfletário chegou à Academia.
No entanto, deixo uma certeza a honrar meu patrono e meu antecessor:
“Se me cortam um verso, escrevo outro;
Se me prendem vivo, escapo morto; E, de repente, eis eu aí de novo, Exigindo a paz e exigindo o troco”. (Blog do Delmanto – 03/07/2016)
1
LEITURA DINÂMICA
– As atividades jornaísticas do Delmanto remontam aos chamados anos mágicos: final dos anos 50 e início dos anos 60. O mundovivia mudanças profundas nos costumes, na música e no urbanismo das cidades.
2
– A dupla genial: Niemeyer e Burle Max criaram a Pumpulha, ao depois o Parque do Ibirapuera e chegaram e construiram Brasília... Botucatu não poderia ficar fora desse processo. Assim, tivemos a “Brasilinha”e a Fonte Luminsa no alto da Praça do Bosque e, em 1957, a inauguração de nosso primeiro ärranha-céu”!


3
– Botucatu crescia e a vinda dos colonos belgas para a Fazenda Monte Alegre marcou época. Também no início dos anos 60 a vinda dos conceituados Irmãos Lassalistas, quando compraram o Colégio Arquidiocesano e consolidaram a máxima: “Botucatu Cidades dos Bons Ares e das Boas Escolas”

4
– A presença dos lassalistas no setor educacional botucatuense marcou época. E, em 1962, a formatura da primeira turma do ginasial sob o comando dos lassalistas. Foi um marco. Entre os homenageados, o Prefeito Emílio Peduti, o Arcebispo Metropolitano, Dom Henrique Golland Trindade e o Professor Pedro Tôrres.
5

– Os quartanistas, externos e internos, comemoram com Noite de Gala, Missa e Baile.






6– Em 1963, alunos do Curso Científico e do Curso Comercial lançaram o jornal estudantil –porta voz oficial do La Salle – “TRIBUNA DO ESTUDANTE”. Foi uma conquista: jornal estudantil impresso em papel jornal... Na “Pequena Pátria” a realização idealista de jovens estudantes.
7
- Foi o início da atividade jornalística do Delmanto. E, depois, vieram mais jornais, revista e sites e blogs na internet, culminando com o lançamento do DIÁRIO DA CUESTA em 10 de novembro de 2020. AVANTE!
& EVENTOS

Notas&Fotos Adelina Guimarães
Médico de Botucatu presencia 1º transplante cardíaco robótico nos EUA

Dr. Marcello Felício, Coordenador Cirúrgico do Transplante Cardíaco do Hospital das Clínicas da Unesp Botucatu, acompanhou, durante o mês de março, o Serviço de Cirurgia Cardíaca do Instituto de Cardiologia do Texas, em Houston—um dos maiores e mais reconhecidos centros de cardiologia do mundo.
Ele testemunhou um marco histórico no transplante cardíaco global:
Aniversário de Botucatu

A prefeitura de Botucatu promoverá vários eventos para a população comemorar os 170 anos cidade. Acontecerão na Avenida do Fórum. Já começaram ontem, dia 4 com shows de artistas locais e Praça de Alimentação. Acontecerão até dia 14, segunda-feira com o mega show de Fernando e Sorocaba.

a realização do primeiro transplante de coração nos Estados Unidos feito por um robô, no dia 10 de março. A cirurgia foi conduzida pelo Dr. Keneth Liao, Diretor de Cirurgia Cardíaca do Texas - EUA, e sua equipe. Dr. Marcello destacou a im-
portância de ter presenciado esse avanço revolucionário na medicina, além de ter vivenciado o dia a dia do instituto e acompanhado outros procedimentos, como implantes de corações artificiais e dispositivos mecânicos cardíacos.
Comemoração na academia
Ontem, 4 de abril foi a comemoração da aluna Márcia Patrício, Dal´laqua na Academia que frequenta. Para
combinar com sua alegria teve bexigas, bolo, velinhas, parabéns a você e muitos flashes.

