Diário da Cuesta
Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br
Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br
De acordo com a pesquisa, Botucatu tem uma taxa de 1,4 assassinatos para cada 100 mil habitantes no período de um ano, abaixo apenas de Valinhos-SP, com 0,9 para cada 100 mil habitantes
Dados do Anuário Cidades Mais Seguras do Brasil 2024 coletados em todo o território nacional pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde, apontam Botucatu como a segunda cidade mais segura para morar e visitar em todo o Brasil. De acordo com a pesquisa, Botucatu tem uma taxa de 1,4 assassinatos para cada 100 mil habitantes no período de um ano, abaixo apenas de Valinhos-SP, com 0,9 para cada 100 mil habitantes. O cruzamento de dados para chegar ao baixo índice apresentado por Botucatu foi feito entre a população de Botucatu, valor analisado pelo IBGE, e os atestados de óbito emitidos na cidade, valor apurado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente (SVSA), agência parte do Ministério da Saúde.
“Quero agradecer a Guarda Civil Municipal, a Polícia Civil e a Polícia Militar, que vêm desenvolvendo um trabalho brilhante em Botucatu, e os resultados estão sendo reconhecidos todos os anos. Os investimentos feitos pelas nossas forças de segurança e pela Prefeitura, entre eles a Muralha Virtual e o COI, formam uma solução integrada que deixa Botucatu cada vez melhor de se viver. Muito obrigado a todos!”, exaltou o prefeito de Botucatu, Fábio Leite. (Tribuna de Botucatu)
Começa a tomar sua forma prevista a Represa Gigante do Rio Pardo “Prefeito Plínio Paganini”. O ex-prefeito Mário Pardini postou em sua página do Facebook o visual atualizado da barragem, após as últimas chuvas. Botucatu terá garantido o seu abastecimento normal de água por 50 anos! AVANTE!
Maria De Lourdes Camilo Souza
Quando minha mãe faleceu, no dia 29, três dias depois do seu aniversário, dia 26 de agosto, eu me lembro bem.
Eu estava com a minha mudança preparada para o dia 04 de setembro, para casa de sonhos, e que tinha todos os requisitos para poder atender melhor a ela.
Só que Deus tinha outros planos mais apropriados, um lugarzinho lá nos jardins celestes e a chamou uns dias antes.
Com a trabalheira da mudança, num primeiro momento e com o apoio da família, eu não senti o baque da perda, como veio a acontecer depois.
Na época estava trabalhando temporariamente no Colégio Gemini.
E lá também trabalhava a Carminha, uma dessas pessoinhas muito especiais: que ora estava na cozinha lidando com os panelões, preparando deliciosas comidinhas para as crianças que lá estudavam, ora estava carregando algum bebê chorão, ora levando um outro no carrinho para uma volta no pátio para pegar no soninho da tarde.
Ora estava na área de serviço lavando roupas.
Os antigos diziam que gente como ela era “pau para toda obra”.
Ela amava as crianças e a escola.
Tinha uma vida familiar sofrida, marido alcoólico e com as comorbidades decorrentes.
Os filhos na época estavam estudando.
Ela foi um poderoso alento para mim naqueles dias doídos da minha vida.
Eu me arrastava pelos comodos da casa durante a noite, chorando feito um rio de lágrimas seguida pelo meu velho cão poodle branquinho, o Nicky, que me seguiu na mudança.
do preparados e ela ora me dava uma canequinha com caldo de feijão recém temperado ou de uma das sopinhas para os bebês.
Esse ritual me remetia aos tempos em que cuidava da minha mãe.
No mesmo horário lá na casa da Cardoso quando se cozinhava músculo para a sopa, eu pegava uma canequinha com aquele caldo e sumo de limão e dava para fortalecer a mãe que se restabelecia.
Achava que era um poderoso aliado na sua recuperação, assim como uma boa colherada do Biotônico Fontoura.
Enquanto batíamos um papinho rápido eu e Carminha, e depois retornava ao trabalho.
Esse intervalinho rápido me ajudava nesse restabelecimento que como me diziam, “ a dor da perda de um ente querido leva pelo menos dois anos a melhorar”.
E a minha “psicóloga de araque”, Carminha ia ajudando a me curar.
Durante as manhãs lá na escola eu não começava o dia sem passar pela cozinha para saudar a Carminha.
O dia ficava diferente com a chegada das crianças, suas vozinhas e risos alegres eram um alento.
Lá pelas 10.30 eu dava outra passada na cozinha da Carminha de onde saia um cheiro tentador das sopas e do arroz e feijão sen-
A roda do tempo passou por nossas vidas mudando tudo. Mas a amizade com a Carminha continua. Minha irmã tem mais contacto com ela, indo muitas vezes até sua casa para uma visita, para levar os netos matarem a saudade, ou para levar uma costurinha para ela fazer, outra de suas habilidades. Esqueci de mencionar que outra são as plantas. Ela tem o dedinho verde. Chegando lá na sua gostosa casa, muito cerca do Lageado, ao passar pelo portãozinho de ferro, sendo recebidos pelos seus cachorros, anda-se por um corredor cheio de orquídeas floridas, um refrigério para os olhos. Esse corredor também passa pela porta de entrada da casa ao lado direito e segue até os fundos onde se vê uma mesa grande retangular onde a família faz as refeições mas que nas visitas sempre tem uma baciada cheia das suas deliciosas cuecas viradas.
Mais ao fundo da para sua sala de costuras, e de lá já se avistava o enorme quintal com uma horta e árvores frutíferas.
Desse lar amoroso sempre se sai com o coração costurado pelo seu carinho e uma muda de uma planta ou orquídea.
Visita na Carminha é como dia de festa.
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
Bahige Fadel
Falar corretamente não é frescura. Não é esnobismo. Falar corretamente tem vários objetivos. Um deles é respeitar o idioma com o qual você se expressa. Outro objetivo é preservar a língua. Se todos falassem do jeito que quisessem, um dia (muito distante), não teríamos mais línguas. Teríamos uma infinidade de dialetos, o que dificultaria a comunicação fora daquele grupo do dialeto. Pois bem. Disseram-me que era frescura esse negócio do verbo HAVER, com o sentido de existir, ocorrer. Só que não é frescura. É o respeito às normas da língua portuguesa. Vamos esclarecer. O verbo haver, com o sentido de existir, ocorrer, é IMPESSOAL. O que quer dizer isso? Ele não tem as pessoas do discurso: primeira, segunda e terceira pessoas do singular e do plural. Essas pessoas, sintaticamente, funcionam como sujeito da oração. E o verbo concorda com o sujeito (com a pessoa). Se o verbo HAVER, com o sentido de existir, ocorrer, não tem pessoa, não tem sujeito. Assim, não tem com quem concordar. Por isso, deverá ficar sempre na terceira pessoa do singular. Exemplo: HOUVE uma prisão; HOUVE várias prisões. Não importa se PRISÃO está no singular ou no plural. pois não é sujeito de HAVER. É objeto direto. Você se lembra de quando aprendeu objeto direto? E se eu trocar o verbo HAVER por existir, ocorrer? Aí a história é outra. O verbo HAVER é impessoal; o verbo EXISTIR (ou OCORRER), não. Para facilitar, a gente poderia memorizar uma frase simples: Objeto direto do verbo HAVER é sujeito de existir (ocorrer). Então, quando eu falo ‘Ocorreu uma prisão’, o verbo está no singular, porque o sujeito (prisão) está no singular. Se eu passar para ‘prisões’, o verbo deverá ir para o plural, porque o verbo concorda com o sujeito: ‘Ocorreram várias prisões.’
‘Havia vários leões, no zoológico.’ - oração sem sujeito; vários leões = objeto direto
‘Existiam vários leões, no zoológico.’ - vários leões = sujeito (verbo concordando com o sujeito)
Mais de sessenta anos!... independentemente do tempo ele guardava na memória o dia em que habitou uma casa grande no endereço antigo. A cidade estranha ainda guardava os bons ares por ser, naquela época, ainda bastante provinciana com vocação para metrópole. Naquela tarde, final de outono, reuniu a família dizendo-lhe da necessidade de mudança daquele lugar para um outro aparentemente melhor. Se assim falou, a seguir colocou a tralha sobre um caminhão com carroceria aberta levando daquele lugar as saudades, esperançosos e com a disposição para o trabalho incansável. Seguramente iriam encontrar, não só os bons ares como também as boas escolas para as crianças, para ele e para a esposa.
Roque Roberto Pires de Carvalho
lar, das pautas e dos sons. Gradativamente foi desafinando perdendo toda sua magia, sua marca e seu verniz de outrora. A sala de jantar, em muitas ocasiões ficou repleta de familiares e amigos, quando dos aniversários e nas festas de fim de ano. Em um ano qualquer, meados de abril, era preciso dizer adeus à casa grande com seus pertences. Ele já tinha visto alçar voo sua filha e filhos, neto e netas para lugares distantes deixando o ninho vazio. Havia experimentado momentos mais dolorosos com a perda de pessoas tão queridas e agora era chegada a hora de despojar-se das coisas materiais que ao longo do tempo foram amealhadas com muito amor e carinho e regadas com orvalho na testa de uma vida laboriosa. À hora do crepúsculo, quando a noite desce sobre a Terra ele sentia-se momentaneamente só! Estaria mesmo só?
O novo lar situava-se em uma rua movimentada e a casa nova tinha aparência de ter sido anteriormente um armazém de secos e molhados; portas de ferro e janelas envidraçadas. A ampla garagem deu lugar à uma modesta biblioteca com jornais, revistas e livros para jovens e adultos local bem adequado ao aprimoramento de todos. De tão movimentada era a rua que seus moradores acrescentaram o carinhoso apelido de “rua do pito aceso”. Os demais cômodos abrigaram uma família feliz.
O piano perdeu sua primeira e única pianista e por falta de uso emudeceu, encostado à uma parede sofria as ausências da Titu-
- Não...não estava! Pela palavra esclarecida de Léon Denis, a noite é apenas a véspera da aurora assim como ao acabar o verão e ao deslumbramento da primavera vai suceder o inverno taciturno, e após no outono acorda o escrivinhador para ver chegar, de mansinho os momentos de nostalgia. Para ele restava consolar-se com os pensamentos voltados à sua família e para outras pessoas tão queridas. Olhar também para o jardim quando chegada a primavera. A própria lei da natureza substituía uma estação pela outra, desgarrando-se também uma da outra no processo permanente de evolução e renovação de todas as espécies viventes no planeta Terra.