Edição 1218

Page 1


Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br

Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

MASP

MAIOR VÃO LIVRE DO MUNDO

ARQUITETURA REVOLUCIONÁRIA: O EDIFÍCIO É MATERIALIZADO POR UM GRANDE VOLUME ELEVADO E ESTÁ SUSPENSO A 8 METROS DO SOLO. COM EXTENSÃO DE 74 METROS ENTRE OS PILARES, A OBRA CONSTITUIU O MAIOR VÃO LIVRE DO MUNDO EM SUA ÉPOCA. PROJETO DE LINA BO BARDI REPRESENTA UM MARCO NA ARQUITETURA BRASILEIRA. ACHILLINA BO, MAIS CONHECIDA COMO LINA BO BARDI, FOI UMA ARQUITETA MODERNISTA ÍTALO-BRASILEIRA. Página 3

Chateaubriand (04/10/1892 – 04/04/1968) foi um magnata das comunicações no Brasil entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1960, dono dos Diários Associados, que foi o maior conglomerado de mídia da América Latina, que em seu auge contou com mais de cem jornais, emissoras de rádio e TV, revistas e agência telegráfica. Também é conhecido como o cocriador e fundador, em 02 de outubro de 1947, do Museu de Arte de São Paulo (MASP), junto com Pietro Maria Bardi, e ainda como o responsável pela chegada da televisão ao Brasil, inaugurando em 1950 a primeira emissora de TV do país, a TV Tupi. A campanha nacional da aviação, ou CNA, como ficou conhecida a campanha que também foi chamada de Campanha para Dar Asas a Juventude Brasileira ou Dêem Asas ao Brasil, foi organizada no governo de Getúlio Vargas, tendo sido idealizada pelo jornalista Assis Chateaubriand, proprietário da cadeia de jornais Diários Associados Foi Senador da República entre 1952 e 1957

A R T I G O

NOS REFOLHOS DA HISTÓRIA

Aquele que nos anais históricos da monarquia se inscreveu como Pedro II, Imperador do Brasil, recebeu na pia batismal o nome de Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança. Os acontecimentos políticos de 1831 levaram –no as honras antecipadas de Imperador, aclamado unanimemente, com apenas cinco anos de idade.

Com a abdicação de D.Pedro I, já de retorno imediato a Portugal, ficava sob a tutela desvelada de José Bonifácio, o menino que até então brincara feliz e descuidado pelos corredores do palácio imperial, sob os cuidados da amazelosa, D. Mariana Carlota de Magalhães Coutinho, que dele recebia o apelido amoroso de Dadama.

Fora ela sua dedicada mestra das primeiras letras. Assim, navegando em pleno oceano, D.Pedro I já tinha para ele endereçada a primeira cartinha cheia de saudades que o filho pequenino, deixado para sempre no Brasil, lhe enviava num desafogo de mágoa infantil. Órfão de pais muito cedo, presa ainda na infância aos rigores que lhe impunha a condição de herdeiro da monarquia, o jovem conheceu bem no íntimo a tristeza da solidão. O estudo foi a porta ampla que lhe devassou um mundo admirável onde o espírito podia cavalgar livremente nas rédias de sua natureza meditativa e sonha- dora. Teve na adolescência, os melhores mestres da época, selecionados cuidadosamente pelo sábio tutor: para caligrafia e geografia, Luís Aléxis Boulanger; para os conhecimentos elementares de francês, Pedro Renato Boiret; para desenho, Simplício Rodrigues de Sá; para a dança, Lourenço Lacombe, e para a música, foi seu mestre Fortunato Mazziotti.

dio, as respostas sugeridas. Ainda no Colégio, admiravam os alunos a facilidade com que o soberano mantinha diálogo em francês, com o Sr. Albout; em inglês, com o Dr. Motta, em italiano, com os drs. Schiefler, Goldschmidt e Tautphoeus. O imperador poliglota arguia os alunos em todas as matérias. Diante dele se curvavam as autoridades escolares, pois tinham ante seus olhos um mestre autêntico: sábio, humano, justo e bom. É de Pedro II uma frase histórica através da qual é por ele exaltada o papel do professor primário:”Se eu não fosse imperador, queria ser mestre escola. Não conheço missão mais nobre do que essa: dirigir as inteligências moças e preparar os homens do futuro”.

A direção do Hotel Bedford, em Paris, havia diligentemente providenciado para que tanto no interior da casa com nas ceracan as –ruas e travessas – houvesse naquele entardecer sombrio o máximo silêncio. Era a diferente homenagem – entre tantas – que o peculiar

demonstração de alto e exemplar civismo, de solidariedade e de respeito à família imperial exilada, o encargo das últimas homenagens ao soberano. D.Pedro II estava morto. Desenvolveram – se imediatamente as providências oficiais. O interior do templo da Magdalena revestiu – se solenemente do negro luto dos veludos resplandescentes em brocados dourados. No centro da nave o lampadário de cristal e os altos círios iluminaram o catafalco imperial. As colunas de estilo grego do famoso templo emolduraram pela última vez, a fronte do grande sábio, fervoroso cultor do helenismo e do clássico.

Ali, na calada da noite, levado em pequeno préstito, em esquife real, foi depositado em uniforme militar e dragonas de general o corpo venerando de D.Pedro II. Sua cabeça de perfil sereno repousava agora – conso- ante melancólico testamento – em almofada verde – amarela contendo um punhado de terra do Brasil.

O gosto pelo estudo, acompanhou –o pela vida inteira. Prestes a ser coroado, com apenas quinze anos de idade, Pedro II já traduzia e falava fluentemente os idiomas francês e inglês.Seus estudos iam diariamente até pelas 22 horas, engolfado nas leituras clássicas, de caráter filosófico. D.Pedro II foi um grande incentivador e amigo das ciências e da arte. Durante seu longo reinado, tornaram – se tradicionais as visitas que fazia aos colégios do Rio de Janeiro e quando em viagem pelo império, era para as escolas a visita que constava ao Colégio Pedro II, na Capital do país.

São de Carlos de Laet, as memórias dos tempos de estudo naquele grande e tradicional estabelecimento de ensino. Naquelas visitas, fazia o imperador questão de argüir o melhor e o pior alunos da turma. Ao primeiro, finda a interpelação, felicitava com valor e entusiasmo. Ao outro, o monarca encaminhava as perguntas de tal forma que fáceis se tornavam ao discípulo va-

cavalheirismo francês tributava ao ilustre hóspede.

Numa das suítes do Hotel um venerável ancião lutava em seus últimos alentos. D. Pedro II agonizava. Respiração arquejante, porém, lúcido, doridamente lúcido, passavam – lhe pela mente sofredora doces memó- rias, enternecedoras imagens, cenas queridas do Paço de São Cristóvão, lá longe, as doçuras campestres dos verões na Serra e a amorosa dedicação de seu bom povo, sobretudo, o humilde povo negro por quem perdera ele o trono. A tarde se aproxima. Leve brisa drapeja a seda leve dos reposteiros arrepanhados nos caixilhos. Lá fora a noite chega. Aqui dentro, sem queixume, sem um lamento, corre pelas augustas faces a última lágrima. D.PedroII está morto. Atento e vigilante, o governo francês –sem ferir as primeiras manifestações do Brasil republicano – tomava a si, numa admirável

A natureza de França prestava seu tributo ao sábio e ilustre hóspede. As exéquias, presididas pelo Cardeal Arcebispo de Paris, desenvolveram – se ao som do grave órgão desferindo melodias de Gounod. A ela estive- ram presentes a sociedade e a elite cultural da França. Ao se aproximar a hora, os mais históricos batalhões do Exército Francês postaram –se nas imediações do templo. O esquife recoberto pela antiga bandeira do Brasil trazia apenas um lindo ramalhete de flores: homenagem expressiva da rainha Vitória, da Inglaterra. Ao assomar a escadaria do Magdalena, soou o clarim e imediata- mente ouviu –se uma voz marcial:

—— Portez armes! Presentez armes! A França inclinava – se numa derradeira homenagem ao grande soberano.

Movimentou – se o préstito. Um frêmito de emoção sacudiu a massa parisiense que rendia seu tributo: ao lado do esquife, entre as autoridades civis e militares, e as mais expressivas inteligências da França, destacava – se um homem de cor preta, cabelos brancos de neve, corretamente encasacado. Era brasileiro, vivia em Paris e fora antigo criado do Imperador.

Acompanhavam o esquife, em seu habitvert – uniforme da Academia Francesa de Letras, solenes e emoci- onados Lecomte de Lisle, François Coppée, Sardou, Bertrand, Charcot, Alexandre Dumas Filho, Ambroise Thomas, Gounod e, mais próximo à carreta, o grande amigo do morto: Pasteur. Os embaixadores do Espírito, da Cultura e da Ciência de França, rendiam reverentes sua homenagem ao vulto que partia. Já na gare, ao se aproximar o esquife, a figura mais brilhante de Portugal em Paris, juntou –se ao séqüito, cabisbaixa e respeitosa. Era Eça de Queiroz.

Museu de Arte Moderna de São Paulo

Considerado uma das mais importantes instituições culturais brasileiras. Localiza-se, desde 7 de novembro de 1968, na Avenida Paulista, cidade de São Paulo, em um edifício projetado pela arquiteta ítalobrasileira Lina Bo Bardi para ser sua sede. Famoso pelo vão de mais de 70 metros que se estende sob quatro enormes pilares, concebido pelo engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz,[3] o edifício é considerado um importante exemplar da arquitetura brutalista brasileira e um dos mais populares ícones da capital paulista, sendo tombado pelas três instâncias de proteção ao patrimônio: IPHAN, Condephaat e Conpresp Instituição particular sem fins lucrativos, o museu foi fundado em 1947, ao longo de sua história, notabilizou-se por uma série de iniciativas importantes no campo da museologia e da formação artística, bem como por sua forte atuação didática. Foi também um dos primeiros espaços museológicos do continente a atuar com perfil de centro cultural, bem como o primeiro museu do país a acolher as tendências artísticas surgidas após a Segunda Guerra Mundial O MASP possui a mais importante e abrangente coleção de arte ocidental da América Latina e de todo o hemisfério sul, em que se notabilizam sobretudo os consistentes conjuntos referentes às escolas italiana e francesa. Possui também extensa seção de arte brasileira e pequenos conjuntos de arte africana e asiática, artes decorativas, peças arqueológicas etc., totalizando aproximadamente 8 mil peças. O acervo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O museu também abriga uma das maiores bibliotecas especializadas em arte do país

sentou sua obra, em exposição na abertura do museu, à monarca inglesa. O encontro, registrado numa fotografia, gerou grande orgulho para a artista. “Ela mandou a fotografia para todos os parentes no Japão, que não acreditavam que ela fosse uma pintora conhecida”, conta, aos risos, um dos filhos de Tomie, o arquiteto Ricardo Ohtake, que hoje dirige o Instituto que leva o nome da mãe, em São Paulo.

Foi com a presença ilustre da Rainha Elizabeth II e do Príncipe Philip que o novo prédio do Museu de Arte de São Paulo foi inaugurado, em 7 de novembro de 1968, no coração da Avenida Paulista Os fundadores do museu, Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi, acompanharam a visita, ao lado de Lina Bo Bardi, arquiteta ítalo-brasileira responsável pelo prédio e esposa de Pietro, do então prefeito da cidade, José Vicente Faria Lima e do governador do estado, Roberto de Abreu Sodré.

Por lá também estava a pintora nipo-brasileira

Tomie Ohtake, que apre-

O paraibano Assis Chateaubriand, fundador e proprietário dos Diários Associados - à época o maior conglomerado de veículos de comunicação do Brasil – foi uma das figuras mais emblemáticas desse período Comandava um verdadeiro império midiático, composto por 34 jornais, 36 emissoras de rádio, uma agência de notícias, uma editora (responsável pela publicação da revista O Cruzeiro, a mais lida do país entre 1930 e 1960) e se preparava para ser o pioneiro da televisão na América Latina - e futuro proprietário de 18 estações. Dono de um espírito empreendedor, Chateaubriand manteve uma postura ativa no processo de modernização do Brasil e utilizava-se da influência de seu conglomerado para pressionar a elite do país a auxiliá-lo em suas iniciativas, quer fossem políticas, econômicas ou culturais. Em meados dos anos quarenta, criou a “campanha da aviação”, que consistia em enérgicos pedidos de contribuições para a aquisição de aeronaves de treinamento a serem doados ao aeroclubes do país. Como fruto da iniciativa, cerca de mil aviões foram comprados e doados às escolas para formação de pilotos. Terminada a campanha, Chateaubriand iniciaria uma nova e ousada empreitada: a aquisição de obras de arte para formar um museu de nível internacional no Brasil.

Prefeito Faria Lima, Pietro Bardi, Rainha Elisabeth e Governador Abreu Sodré

“O poder da amizade”

“Um dia acreditei que vencer na vida era ter uma boa casa, boas roupas, um carro e algum dinheiro. O tempo não para, a gente amadurece, passa a ver tudo diferente.

Hoje sei que vencer na vida é, sobretudo, estar em paz onde quer que a gente esteja.’’ Ahmad Serhan Wahbe.

A gente passa a vida correndo atrás de coisas que pensamos ser necessárias para nossa vida.

Estudamos para ser alguém.

Ter um bom emprego, uma casa, algum dinheiro.

A vida vai passando.

Algumas metas conseguimos outras não.

Um belo dia paramos e olhamos para trás e vemos toda a luta.

Pensamos as vezes: poxa para que tanta correria?

Para que fiquei horas a noite sobre os livros, quando tinha mais silêncio.

E na verdade o cansaço não pemitia assimilar muito.

Trabalhei muitas horas extras nos meus empregos, achando que estava construindo uma carreira, mas inúmeras vezes não fui beneficiada com uma promoção.

Sabe quando senti que tudo tinha valido muito a pena?

Dias atrás um grupo de aposentadas que participo reuniu-se para a confraternização de final de ano.

Nesse dia apesar de não estar muito bem, insisti em participar.

Era um almoço na Churrascaria Tabajara.

Eu cheguei um pouco atrasada.

Ao entrar no salão cuja porta foi aberta por uma jovem muito gentil, e fechada em seguida a minha entrada para segurar o ar condicionado.

Parei, olhei e ouvi muitas vozes me chamando e o sorriso e o carinho das amigas ao me verem chegar!

Naquele momento o tempo parou.

Meu coração sentiu-se afagado.

Muitas se levantaram e vieram me receber; evitamos os abraços por causa do retorno do vírus do Covid.

Aí eu percebi que tudo valeu a pena.

O almoço foi um sucesso enorme, delicioso, bem organizado, bem atendido.

Ainda tivemos a surpresa no final com muitos presentinhos distribuídos.

As arteiras do grupo juntaram-se para fazer os pequenos mimos e doaram seu tempo e os trabalhinhos com carinho.

Tinha até um bolo doado por uma padaria local e era alvo da atenção de muitas.

E quando foi sorteado para uma das amigas trouxe a ela tanta felicidade que chegou a dançar de alegria.

Imagem muito gratificante aquela alegria genuína.

Muitas amigas doaram caixas de leite e fraldas para serem entregues a uma instituição que atende idosos.

O prazer da companhia e a amizade que nos une vale mais que qualquer bem material amealhado durante a vida.

Traz paz e serenidade aos nossos corações e mentes.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
Edição 1218 by diariodacuesta - Issuu