1347

Page 1


Diário da Cuesta

Considerada “obra prima” da música popular brasileira, Águas de Março, de Tom Jobim, eternizada na voz de Elis Regina, marca o fim do verão e o início do outono... Página 2

Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br “Ainda

OSCAR 2025: Produção brasileira ganha como melhor filme internacional. Pela primeira vez na história do Brasil. Vitória do cinema nacional. O Diretor Walter Salles recebeu a famosa estatueta do OSCAR: VITÓRIA DO CINEMA BRASILEIRO!

Águas de Março

Na edição de 20 de março de 1973 do jornal Última Hora, a escritora Rachel de Queiroz (1910 - 2003) dedica uma crônica à canção, descrevendo-a como “coisa bela e estranha, dura; fere o coração com um toque de pedra e depois o afoga na cheia das águas Promete e recorda, memória de infância e angústias da força do homem”. Chico Buarque (1944), por sua vez, sentencia: “É o samba mais bonito do mundo”.

A letra escrita por Jobim, com versos que alternam pessimismo e otimismo, torna-se objeto frequente de análise. “A cada estrofe, a cada verso busca-se um equilíbrio entre extremos”, diz o crítico Augusto Massi. Já seu colega Arthur Nestrovski destaca que prevalece na canção o verbo ser, conjugado na terceira pessoa. “Tudo é, nada faz. Um ou outro fazer, quando aparece, vira qualidade, formulada em gerúndio, quase sempre para sublinhar uma essência: ‘é o vento ventando’, ‘é o pingo pingando’, ‘é uma prata brilhando’”, comenta o crítico. Eis a letra:

“É pau, é pedra, é o fim do caminho

É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o sol

É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira

Caingá, candeia, é o Matita Pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira

É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira

É a viga, é o vão, festa da cumeeira

É a chuva chovendo, é conversa ribeira

Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira

Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão

É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho

No rosto o desgosto, é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego, é uma conta, é um conto

É uma ponta, é um ponto, é um pingo pingando

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando

É a luz da manhã, é o tijolo chegando

É a lenha, é o dia, é o fim da picada

EXPEDIENTE

É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama

É o carro enguiçado, é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã

É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão

É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José

É um espinho na mão, é um corte no pé

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã

É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão

É a promessa de vida no teu coração”

A engenhosidade dos versos acompanha a concepção musical. Os pesquisadores Zuza Homem de Mello (1933) e Jairo Severiano (1927) chamam a atenção para uma estrutura harmônico-melódica que aparenta simplicidade mas possui grande sofisticação. “Essa estrutura apoia uma melodia caracterizada pela obstinada repetição de uma pequena célula rítmico-melódica, construída basicamente com duas notas (a 3ª e a fundamental do acorde de tônica), harmonizada por um encadeamento de quatro acordes, com o uso de inversões e outras diferenças sutis – e é nesse ponto que se situa a parte mais rica da criação de Jobim – que se resolve invariavelmente no acorde de tônica de cada final de frase, ou seja, de quatro em quatro compassos, nada menos que 18 vezes durante toda a peça”, explicam os pesquisadores.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

"Quem poderá dizer das coisas que eu vi?"

Quem sabe o que é a alma? Quem conhece Que alma há nas coisas que parecem mortas. Quanto em terra ou em nada nunca esquece. Quem sabe se no espaço vácuo há portas?" Fernando Pessoa.

Ontem li que o querido Manoel de Barros "amarrou o tempo no poste" na esperança que ele parasse de voar.

Eu fiz diferente me escondi dele atrás da porta e de quando em quando entreabria uma fresta só para atualizar o calendário.

Não logrei diminuir a idade, nem disfarçar a velhice, ou diminuir os cabelos brancos, que na verdade, bem como as rugas eu trago como os simples sinais, troféus da bem-vinda idade que tenho.

A dores de ter aprendido com cada um dos momentos difíceis e os de glória, que ali ficaram sulcados em traços bem feitos do pincel dos dias na minha face.

Aprendi que lamentar debruçada sobre o passado não vai trazer de volta a pele lisa, ou levar embora os quilos a mais, nem endireitar a coluna alquebrada.

Isso eu tento corrigir dia a dia com o cabo da vassoura, ou encostada na parede do pequeno corredor, relembrando ensinamentos da D. Kyioko, mais conhecida como D. Terezinha, que vendia bananas, batatas, cebolas e tomates numa banca do Mercadão, acompanhada de perto do seu marido.

Aprendi muito com ela.

O mais importante que diáriamente prático é agradecer a tudo, a todos e a todas as coisas, o perdão ao próximo e a mim mesma, o culto aos ancestrais para libertar a mim e a minha família, e depois acrescentei por minha conta, abençoar a tudo e a todos.

Não pensem que isso é fácil, nem mesmo com o passar do tempo e a prática aprimorada, ainda estou bem longe dessa perfeição e santidade.

Mas vamos persistindo hora a hora, dia a dia.

Agora a grande briga é o aprendizado do não julgamento.

Antes mesmo de policiar os pensamentos a mente já faz o pré julgamento instintivamente. E aí...reticências...O julgamento foi feito e ..

As emoções vêm a tona, ás vezes muito fortes e .. pronto todo o trabalho foi perdido. E lá vamos nós com os 108 ho'oponopono!

"Sinto muito

Me perdoe

Eu te amo

Eu sou grata."

Voltando os pés na terra, ainda vivi para ver o Brasil levar um Oscar de melhor filme internacional, e nome do filme é:- "Ainda estou aqui".

Dia memorável para o cinema brasileiro, para a nossa cultura.

"Uma sociedade poderá ser melhor se a imaginarmos melhor"

Afonso Cruz

ÁGUAS DE MARÇO

“Águas de Março” é uma música icônica da Bossa Nova, composta por Tom Jobim, um dos principais nomes do movimento, e interpretada em dueto com Elis Regina, uma das maiores cantoras da música popular brasileira. A canção foi lançada em 1972 no álbum “Elis & Tom”, que foi um grande sucesso de crítica e público. A música é conhecida por sua letra poética e melodia suave, que captura a essência da estação das chuvas no Brasil. “Águas de Março” é considerada uma das melhores canções brasileiras de todos os tempos e um dos pontos altos da carreira de Tom Jobim e Elis Regina.

Elis Regina, uma das maiores cantoras da música popular brasileira, inicialmente não se sentia confortável com a Bossa Nova, um gênero que surgiu na década de 1950 e que valoriza a suavidade e a sofisticação musical. No entanto, com o passar do tempo, Elis Regina começou a se interessar mais pela Bossa Nova e,

em 1972, gravou o álbum “Elis & Tom” com o compositor e pianista Tom Jobim. A gravação de “Águas de Março”, uma das músicas mais emblemáticas da Bossa Nova, foi um marco na carreira de Elis Regina e mostrou que sua voz poderosa e expressiva podia se adaptar perfeitamente ao estilo. A interpretação de Elis Regina em “Águas de Março” é considerada uma das melhores de sua carreira e um dos pontos altos do álbum “Elis & Tom”.

Momentos Felizes

EM BUSCA DA PAZ

Leitor de jornais e revistas. Assistente diário das manchetes e dos breves comentários dos jornalistas, dos entrevistados e vozes das ruas onde invariavelmente são abordados os desacertos políticos, violências urbanas e conflitos entre as nações.

O mundo globalizado em permanente ebulição! Não obstante, multiplicam-se conferências e examinam-se acordos que garantam a concórdia na guerreira família universal. Ainda quando criança ouviu falar pela primeira vez em guerra mundial. Sequer imaginava que ao longo de sua vida iria continuar ouvindo falar aqui e acolá da existência de outras guerras, urbanas ou rurais, entre os povos das diversas nações em guerras de conquista. Um espírito envenenado pelo ódio, sem fuzil que lhe obedeça as determinações, ferirá com os próprios braços e, se estes lhes faltam, desferirá execráveis vibrações dilacerantes e esmagadoras, como aguçados estiletes de morte.

doméstico, pelo agrupamento, pelo partido ou pela nacionalidade, representa uma coleção de indivíduos e, por isso mesmo, sem a melhoria do homem, regendo os processos de trabalho, na intimidade do lar e do povo, é inútil a sistematização de reformas exteriores, impostas por revoluções, decretos e guerras destrutivas.

Eis porque o problema da harmonia espiritual nunca será resolvido por ordenações exteriores. Mas também não bastam leis benignas. Requisitam- se caracteres elevados que as respeitem e cumpram. Não valem somente princípios enobrecedores. São necessários corações valorosos que aceitem as condições imprescindíveis à moralização dos costumes. A simples clarinada da guerra não atende aos interesses da paz! É imperioso ambientar o amor e a paz, na própria vida.

Quando Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores (742) do Livro dos Espíritos “que é o que impele o homem à guerra”, teve como resposta “tratar-se da predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões”. Para o homem nessas condições são infrutíferas todas as medidas restauradoras do mundo que não atinjam a personalidade humana, necessitada de dignificação. A sociedade, constituída pelo organismo

Enquanto não se capacitar o homem da grandeza da herança que o universo lhe reserva à condição de filho de Deus, é impossível a sublimação da humanidade. Das angústias coletivas, entretanto, surgirão claridades renovadoras e quando as nuvens de aflição houverem passado, quando as tormentas e copiosas chuvas lavarem os céus, uma voz, lá no fundo das consciências dos atuais e temporários dirigentes do mundo será ouvida - “Bem-aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus!” Buscando a consideração de pacificadores ele passou a entender, a compreender que a paz verdadeira não surge, espontânea, de vez que é e será sempre fruto do esforço de cada um.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.