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Diário da Cuesta

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Mário de Andrade

Um dos fundadores do Modernismo e praticamente foi quem criou a poesia moderna com a publicação de

PAULICEIA DESVAIRADA/1922.

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Biblioteca Mário de Andrade

Em 1960, recebeu o nome de BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE, em homenagem ao famoso escritor que criou, em 1935, o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Em 2007, passou por grande reforma, sendo reaberta ao público em 2011.

A Biblioteca Mário de Andrade é uma das mais importantes bibliotecas de pesquisa do país. Fundada em 25 de fevereiro de 1925, como Biblioteca Municipal de São Paulo, é a maior biblioteca pública da cidade e a segunda maior biblioteca pública do país, superada, apenas, pela Biblioteca Nacional. Foi inaugurada, em 1926, na Rua 7 de

Abril, com uma coleção inicial formada por obras que se encontravam em poder da Câmara Municipal de São Paulo, em cujo prédio a Biblioteca funcionava. Em 1937, incorporou a Biblioteca Pública do Estado e, a partir de então, importantes aquisições de livros, muitos deles raros e especiais, enriqueceram seu acervo. O crescimento de seu acervo e serviços ocasionou a mudança da biblioteca para o atual edifício, localizado na Rua da Consolação. Inaugurado em 1942, na gestão do Prefeito Prestes Maia e tendo Rubens Borba de Moraes como Diretor da Biblioteca, o novo edifício, projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon, é considerado um marco da Arquitetura Moderna em São Paulo. É Registro Histórico.

Pintura de Lasar Segall

Mário de Andrade

Mário de Andrade foi um dos fundadores do Modernismo e praticamente criou a poesia moderna com a publicação de PAULICEIA DESVAIRADA/1922.

Mário Raul de Morais Andrade nasceu na cidade de São Paulo, no dia 09 de outubro de 1893.

De família humilde, Mário possuía dois irmãos e desde cedo mostrou grande inclinação às artes, notadamente a literatura.

Em 1917, estudou piano no “Conservatório Dramático e Musical de São Paulo”, ano da morte de seu pai, o Dr. Carlos Augusto de Andrade.

Nesse mesmo ano, com apenas 24 anos, publica seu primeiro livro intitulado “Há uma Gota de Sangue em cada Poema”.

Mais tarde, em 1922, publica a obra de poesias “Paulicéia Desvairada” e torna-se Catedrático de História da Música, no “Conservatório Dramático e Musical de São Paulo”.

Nesse mesmo ano, auxiliou na organização da Semana de Arte Moderna trabalhando ao lado de diversos artistas

Com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti del Picchia, formaram o grupo modernista que ficou conhecido como o “Grupo dos Cinco”.

Dedicado à seu grande prazer, a literatura, em 1927, publica a obra “Clã do Jabuti”, pautada nas tradições populares. Nesse

mesmo ano, publica o romance intitulado “Amar, Verbo Intransitivo”, onde critica a hipocrisia sexual da burguesia paulistana. Mário foi um estudioso do folclore, da etnografia e da cultura brasileira. Portanto, em 1928, publica o romance (rapsódia) “Macunaíma”, uma das grandes obras-primas da literatura brasileira. Essa obra foi desenvolvida através de seus anos de pesquisa a qual reúne inúmeras lendas e mitos indígenas da história do “herói sem nenhum caráter”.

Durante 4 anos, (1934 a 1938) trabalhou na função de diretor do “Departamento de Cultura do Município de São Paulo”, na ocasião trabalhou com Alceu Maynard Araújo, folclorista de renome e sociólogo, quando fundaram os famosos Clubes de Menores Operários da Divisão e Recreio, do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo. No período do governo de Armando de Salles Oliveira.

Em 1938, muda-se para o Rio de Janeiro. Foi nomeado catedrático de Filosofia e História da Arte e ainda, Diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal.

Retorna à sua cidade natal, em 1940, onde começa a trabalhar no Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).

Poucos anos depois, sua saúde começa a ficar frágil. No dia 25 de fevereiro de 1945, aos 51 anos de idade, Mário de Andrade falece em São Paulo, vítima de um ataque cardíaco.

Principais Obras

Mário de Andrade deixou uma vasta obra desde romances, poemas, críticas, contos, crônicas, ensaios:

• Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917)

• Paulicéia Desvairada (1922)

• A Escrava que não é Isaura (1925)

• Primeiro Andar (1926)

• Clã do Jabuti (1927)

• Amar, Verbo Intransitivo (1927)

• Macunaíma (1928)

• O Aleijadinho de Álvares de Azevedo (1935)

• Poesias (1941)

• O Movimento Modernista (1942)

• O Empalhador de Passarinhos (1944)

• Lira Paulistana (1946)

• Contos Novos (1947)

• Poesias Completas (1955)

• O Banquete (1978)

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

“100 anos da Semana de Arte de 1922”

Um grupo de artistas brasileiros: poetas, pintores, escritores reuniram-se no período de 13 a 22/02/1922, num evento cultural, que se realizou no Teatro Municipal de São Paulo inspirados na nova estética da arte europeia.

O mundo recém saído da 1a Guerra Mundial caminhava para mudanças sociais , políticas, economicas, e no Brasil não era diferente.

A industrialização chegando.

A crescente urbanização, a imigração estrangeira vinda de tantos países, que geraram miscigenação de povos, idiomas.

Muitos nomes se destacaram tais como: Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Villa Lobos, Clarice Lispector, Cecília Meirelles, Carlos Drumond de Andrade, Guiomar Novaes.

Alguns dos seus objetivos eram: romper com o formalismo da sociedade paulistana, popularizar a arte, criar uma cultura e arte autenticamente brasileira valorizando sua identidade.

Criticar a arte acadêmica engessada em seu modelo rígido.

Novos experimentos estéticos, aproximar-se da linguagem popular.

Uso de temáticas cotidianas e nacionalistas. Enfim, corajosamente romper formalismos das artes vigentes.

Contaram com o apoio do governador na época:

Washington Luís.

Naquela auspiciosa semana, cada dia contava com novas apresentações nas diferentes artes.

Tudo se passou dentro de um cenário político delicado da chamada política Café com leite.

O Brasil carecia desse movimento pois não havia quem o representasse, levasse ao mundo sua identidade própria

E ficou marcada na história de São Paulo e do nosso país com um movimento chamado Modernismo.

Quebrou paradigmas.

Respiravam novos ares, entusiásticos tempos de uma mudança necessária.

Foi o estopim de uma verdadeira renovação nas mais diferentes formas de arte no país. Ficará para sempre lembrada como a necessária alavanca para a sociedade que se transformava.

LEITURA DINÂMICA

1

– Os intelectuais Mário e Oswald de Andrade foram os grandes líderes do Movimento Modernista que culminou com a Semana de Arte Moderna de 1922.

2

– Mário de Andrade participou da Semana de Arte Moderna que inaugurou o Modernismo no Brasil. Buscou divulgar, em seus textos, elementos da Cultura brasileira e criar um sentimento de identidade nacional. Seu livro mais conhecido é Macunaíma que traz como subtítulo: “o herói sem nenhum caráter”. Destaque para a publicação do famoso “Prefácio interessantíssimo” do livro “Paulicéia Desvairada”, de 1921.

4

– Com certeza, “Macunaíma” consagrou a carreira artística de Grande Otelo. Um exemplo de “anti-herói” clássico da literatura brasileira é Macunaíma, de Mário de Andrade. Não por acaso, o romance tem, como subtítulo, a expressão “herói sem nenhum caráter”. Iniciada de modo irônico: – “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente”.

3

– Escrita por Mário de Andrade, teve grande impacto na literatura brasileira, principalmente por ter sido o autor um dos pioneiros do Modernismo no Brasil, tendo sido um dos responsáveis pela Semana de Arte Moderna de 1922, marco do início do movimento modernista brasileiro. “Macunaíma” tem como uma de suas características a renovação da linguagem brasileira, ao tratar tempo e espaço como entidades arbitrárias...

5

– ALCEU MAYNARD DE ARAÚJO E MÁRIO DE ANDRADE. Na Capital, entre tantas atividades, Alceu Maynard de Araújo – botucatuense de coração! - fundou com Mário de Andrade os famosos Clubes de Menores Operários da Divisão de Educação e Recreio do Departamento de Cultura, da Prefeitura Municipal de São Paulo. Atuando na ACM e na Prefeitura, em seu Departamento de Cultura, Alceu tomou vivo entusiasmo pela educação e preparo da juventude dentro de nossa realidade sócio-cultural. Foi um dos mais destacados folcloristas brasileiros e ocupou cargos de destaque como o de GRANDE SECRETÁRIO DA CULTURA DO GRANDE ORIENTE.

Momentos Felizes

TEMPO DE APRENDIZAGEM

Naquela tarde ele olhou para o céu e ficou espantado com o azul plúmbeo. Nuvens em longitudinal aguardavam o por do sol para encontrarem o repouso, repouso este só imaginado na amplidão sem limites. Ouvia-se no longínquo o som dos trovões, coriscos flamejantes davam sinais de que imenso regador iria molhar as plantas, as casas, os passarinhos, homens e mulheres e também aqueles que andam pelo mundo sem teto e sem rumo, sem ter aonde chegar. Na sua introversão achava ser o momento adequado para reflexões e falar com os seus botões.

um “não” e sentia-se seguro para aceitar as críticas diretas ou veladas.

Queria conhecer os meandros da felicidade. Ele não aceitava um céu tão lindo ao entardecer livre das tempestades; não entendia também deixar de reconhecer a existência de estradas cheias de buracos, ladeiras íngremes, trabalhos de todos os tipos isentos de cansaço e as relações humanas sem decepções. Ele não era infeliz! - Ao contrário, contentava-se com o pouco e era feliz.

Acreditava piamente que ser feliz não era uma fatalidade do destino, senão uma conquista de quem sabe viajar e ele viajava muito para dentro do seu próprio ser. Acreditava ser o autor da sua história de vida e não vítima de seus problemas. Vez por outra ouvia

Nas injustas ou feitas no calor das paixões ele as ouvia e, como num atravessar do deserto ele era capaz de encontrar um Oásis nas profundezas de sua alma para perdoar, reconhecer seus erros e equívocos e também criar coragem para pedir perdão. Em sua longa vida e nas encruzilhadas das estradas tomava algumas vezes o caminho errado. Sentia a falta de uma bússola, sentia a falta da mão amiga e solidária. De tanto andar um tanto sem rumo, sentia dores pelo corpo e sofria com os obstáculos. Quando isto acontecia e acontecia sempre ele parava, orava e pedia a proteção de Deus para lhes abrir as janelas da inteligência. Não desejava perder, em nenhum momento o espetáculo da vida proporcionada pela exuberante beleza da natureza. Recomeçava sua caminhada... tinha aprendido que ser feliz não era comemorar o sucesso senão aprender as lições do fracasso. Assim ruminando as idéias aprendeu encontrar alegrias no anonimato e passou a usar de cautelas nos eventuais aplausos. Aprendeu finalmente que ser feliz não é ser titular de uma vida perfeita, sem máculas, senão usar as lágrimas para irrigar a tolerância, a paciência e aproveitar-se das falhas para esculpir a serenidade. As chuvas anunciadas, as primeiras chuvas de março chegaram refrescando a natureza, orvalhando as flores e acalentando os homens na quietude da noite.

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