



Otropeirismo não é apenas uma memória do passado. Ele é um patrimônio vivo, uma identidade cultural que ajudou a moldar o interior paulista e, especialmente, a região do Polo Cuesta. As trilhas percorridas pelos tropeiros, levando mercadorias e notícias entre vilas distantes, hoje podem ser revitalizadas como caminhos do turismo raiz, conectando história, natureza e tradição.
Olhando para a vocação rural de Botucatu e arredores, é evidente que há um potencial imenso para fortalecer um turismo autêntico, que valorize as antigas fazendas, a gastronomia tropeira e, claro, a música caipira. Angelino de Oliveira, Raul Torres e Serrinha não são apenas nomes de um passado glorioso – sua obra é um patrimônio cultural que precisa ser mais difundido e vivido. Imagine festivais de música raiz ao longo das antigas rotas tropeiras, reunindo violeiros, comitivas e turistas em busca de uma experiência genuína.
O conceito das “Novas Comitivas”, resgatado por pesquisadores e entusiastas da cultura rural, é um caminho viável e promissor. O Diário da Cuesta tem insistido em suas edições na divulgação e pesquisa do Turismo Raiz, do Tropeismo e da Novas Comitivas e do resgate da Música Caipira. Muitas prefeituras, com o apoio do Sebrae, já enxergam no turismo rural um potencial econômico que pode revitalizar áreas que perderam força com a modernização da agropecuária. Mas para que isso aconteça de forma estruturada, é essencial que o poder
público, o setor privado e a comunidade se unam em prol de um projeto consistente.
O Polo Cuesta tem tudo para se consolidar como um destino do turismo raiz. Mas, para isso, é preciso mais do que belas paisagens: é necessário compromisso com a cultura local. Resgatar o tropeirismo e a música sertaneja autêntica não é apenas uma questão de saudosismo, mas uma estratégia para fortalecer a identidade da região e impulsionar seu desenvolvimento sustentável.
Se queremos um turismo que respeite nossas raízes e ao mesmo tempo gere oportunidades, o momento de agir é agora
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
A Direção.
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
Trabalho foi conduzido com metodologia participativa, onde os presentes elencaram os temas possíveis para roteiros e os temas selecionados pelo grupo como prioritários foram gastronomia e música caipira raiz
O escritório do Sebrae-SP em Botucatu realizou no último fim de semana visitas testes dos roteiros turísticos desenvolvidos para Botucatu e cidades do Polo Cuesta. As visitas reuniram empresários, empreendedores e representantes do Sebrae-SP.
A criação de roteiros turísticos faz parte de um projeto piloto do Sebrae-SP, que foi desenvolvido em cinco cidades do Estado. Em Botucatu, a abordagem foi regional em função do consórcio Polo Cuesta. O projeto teve início em agosto de 2024 e foi dividido em duas fases.
“O trabalho foi conduzido com metodologia participativa, onde os presentes elencaram os temas possíveis para roteiros na região – e foram muitos. Os temas selecionados pelo grupo como prioritários foram gastronomia e música caipira raiz”, conta a consultora de negócios do Sebrae-SP, Néia França.
O roteiro gastronômico engloba restaurantes e produtores locais, como vinícolas, cafeicultores e queijos nas cidades de Botucatu, Pardinho e Bofete. Os testes deste roteiro foram realizados em janeiro. Já o roteiro de música caipira envolve as cidades de Botu-
catu, São Manuel, Pardinho e Pratânia. As visitas foram em restaurantes, museus, parques e fazenda de café, no último fim de semana.
Para a Secretária de Turismo de Botucatu e interlocutora regional da Cuesta do Ministério do Turismo, Roberta Sogayar, o programa de roteirização é muito importante como estratégia de comercialização da Cuesta porque a falta de receptivo estruturado é notado pelos estudos realizados. “Então formatar, precificar, como ele funciona no trade, nas operadoras e como isso chega ao turista é fundamental. Os processos feitos pelo Sebrae-SP foram esclarecedores, dinâmicos, mostrou a lógica da operação e da precificação. Foi muito importante para os negócios que participaram para a compreensão de como funciona o processo de precificação e roteirização”, explica.
A consultora conta que a região de Botucatu está desenvolvendo o turismo há 23 anos, desde a formalização do Consórcio Polo Cuesta. “A criação de roteiros é um passo importante para ampliar a visibilidade da região e atrair mais e mais turistas. Com roteiros formatados, estaremos nas “prateleiras” de muitas agências, sem que o turista busque atrativos isolados e possa conhecer um pouco mais a nossa linda Cuesta”, declara.
Por: José Alberto Conte Junior (Tribuna de Botucatu)
JOSÉ MARIA BENEDITO LEONEL
Na serra da Bocaina, o peru do morro não gluguleja no assobio do vento, mas beija seu vizinho, um riozinho marrento, que brinca de esconde esconde por entre as pedras, ladras de seu leito. Depois dele a serra deita, se ajeita e se esparrama numa estrada de areia sem graça, sem vida, mirrada, que volta e meia, serpenteia cheia de si e de nada. Eis que surge um arruado, um vilarejo, velho, uma aldeia ilhada, sufocada por eucaliptos esguios, vazios, frios e mentecaptos, unidos e perfilados como soldados de um forte exército neste deserto verde, chamado morte. No passado pastavam por ali cabras, bodes e cabritos e era tudo tão boni -
to. O que trago desse arrumado? Meu passado! O que levo comigo do meu lugarejo? Levo meu pejo! E dessa aldeia? A minha alma! Pouca coisa tem minha aldeia além de areia. Tem galos que cantam doidos, cachorros que trocam latidos nas noites de lua cheia, de melancolia e ais. E tem canários da terra nos quintais...e tem mais: tem gente de valia que deles tratam todos os dias. Não se mata, não se caça, não se prende, não se espanta Aqui se acolhe o filhote que pia, o canário que canta. Canta, expia, para. É Piapara . Sem alçapão e gaiolas, doce ponteado de viola pro meu coração. Canta, expia, para. É Piapara . Já tô em casa de novo. Abraços.
José Maria Benedito Leonel
Meu pai dizia pra nóis, “no pulo de burro, não perca a cabeça”.
E ele continuava o conselho, se perdê a cabeça, você cai, machuca, quebra e até morre. Sabe o que é? Burro/mula que pula feio, esconde a cabeça entre os membros anteriores ou seja,entre braços e cascos. E daí o bicho pega.
Vi burro pulando muitas vezes,derrubando gente da lida, peões de nome e anônimos querendo fama.
Vi burro veaco, chasqueando duro, pulando de corrupio, urrando na espora, querendo arrancá o peão e o cutiano.
Vi burro refugá e pulá feio,no sol do meio dia, barrigueira frouxa. Foi, já que pulô, cortado de espora. Eu era criança mas vi. Quem tava nele era meu pai. Foi ali na invernada dos Pessoa, perto da Água do Corvo. «Não perca a cabeça», ele dizia.
Lá se foram os anos. Peguei outro rumo na vida e embora goste, sou de pouca valia na lida. Ando no meu cavalo com quem me entendo. Nóis se gosta e zela um do outro.
Matinando penso, será que o pai mandava não perdê a cabeça do burro ou a minha? Burro pulando é hora dura na vida, onde o equilíbrio e a coragem andam juntas, encangadas. Nas horas amargas da minha vida, quando lido com os
preconceitosos, com os excludentes, com os segregadores, com os arrogantes, com os desonestos intelectuais, com os violentos e infames, lembro do pai falando, “não perca a cabeça”. Agora, nesse caso, a cabeça é minha e preciso de muito equilíbrio emocional e paciência.
Não, não posso excluí-los e praticar a prática deles. Minha régua é outra ou, como já ouvi dizê, sou de outra enfermaria.
Preciso respeitá-los e com tolerância, acolhê-los. Não, não é fácil, mas a saudade da civilidade e das falas serenas são justas. Ainda acredito na humildade e nas pessoas afáveis. Simples assim.
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
Antes das estradas de ferro, e muito antes dos caminhões, o comércio de mercadorias era feito por tropeiros, nas regiões onde não havia alternativas de navegação marítima ou fluvial para sua distribuição As regiões interioranas, distantes do litoral, dependeram durante muito tempo desse meio de transporte por mulas. Desde fins do século XVII, as lavras mineiras, por exemplo, exigiram a formação de grupos de mercadores no comércio interiorano. Inicialmente chamados de homens do caminho, tratantes ou viandantes, os tropeiros passaram a ser fundamentais no comércio de escravos, alimentos e ferramentas dos mineiros.
Longe de serem comerciantes especializados, os tropeiros compravam e vendiam de tudo um pouco: escravos, ferramentas, vestimentas etc. A existência do tropeirismo estava intimamente relacionada ao ir-e-vir pelos caminhos e estradas, com destaque para a Estrada real -via pela qual o ouro mineiro chegou ao porto do Rio de Janeiro e seguiu para Portugal. O constante movimento, o ir-e-vir das tropas, não só viabilizou o comércio como também se tornou elemento chave na reprodução econômica do tropeirismo.
TROPEIRO
Tropeiro é a designação dada aos condutores de tropas, assim designadas as comitivas de muares, e cavalos entre as regiões de produção e os centros consumidores, a partir do século XVII no Brasil pelos Bandeirantes. Mais ao sul do Brasil,
também são conhecidos como carreteiros, pelas carretas com as quais trabalhavam.
Num sentido mais amplo também designa o comerciante que comprava tropas de animais para revendê-las, e mesmo o “tropeiro de bestas” que usava os animais, para além de vendê-los, transportar outros gêneros para o comércio nas várias vilas e cidades pelas quais passava
Além de seu importante papel na economia, o tropeiro teve importância cultural relevante como veiculador de ideias e notícias entre as aldeias e comunidades distantes entre sí, numa época em que não existiam estradas no Brasil.
Um dos marcos iniciais do tropeirismo foi quando a Coroa Portuguesa instalou em 1695 na Vila de Taubaté, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina Real dos Quintos. A partir de então, todo o ouro extraído das Minas Gerais deveria ser levado a esta Vila e de lá seguia para o porto de Parati, de onde era encaminhado para o reino, via cidade do Rio de Janeiro
Ao longo das rotas pelas quais se deslocavam, ajudaram a fazer brotar várias das atuais cidades do Brasil. As cidades de Taubaté, Sorocaba, Viamão, Santana de Parnaíba, Castro, Cruz Alta e São Vicente são algumas das pioneiras que se destacaram pela atividade de seus tropeiros. (Wikipédia, a enciclopédia livre)
A exploração das áreas de antigas fazendas, sítios e Vilas Rurais para atividades turísticas está sendo tratada com a seriedade própria de empresários que sabem que aí está um filão muito pouco explorado e que pode render muito para regiões que entraram em decadência após o ciclo produtivo de seu meio rural. Muitas Prefeituras, com a ajuda e orientação do Sebrae, promovem seminários e fornecem orientação e assessoria aos interessados em ingressar nesse novo ramo empresarial.
Assim, procurando definir o perfil rural de uma típica cidade que vivenciou
o TROPEIRISMO é que fomos buscar na história de Botucatu, os elementos para que possa ser “adotado” o novo conceito das NOVAS COMITIVAS. E para que possamos planejar o nosso turismo rural explorado empresarialmente é preciso que o Poder Público estabeleça as regras para o trabalho em parceria com a iniciativa privada
Além de visitação a tudo o que tenha em termos da cultura de café, como o Museu do Café e as antigas Fazendas , é preciso que se tenha um projeto inicial para a exploração empresarial do turismo rural, do turismo-raiz na cidade de Botucatu/SP.
A ideia das Novas Comitivas surgiu exatamente para incorporar a tradição rural de Botucatu que é tipicamente RAIZ na atuação dos tropeiros e das comitivas do passado.
Assim, somando à atuação das comitivas temos a música sertaneja-raiz, a chamada música caipira, mais uma vez Botucatu é privilegiada: os maiores expoentes da implantação e divulgação da música caipira são de Botucatu. Os nomes de Angelino de Oliveira, Raul Torres e Serrinha, estão gravados definitivamente na história da musica caipira, da música sertaneja-raiz. (AMD)
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– Amigos e educadores de Botucatu, o prof. Agostinho Minicucci e o prof. Vinício Aloise fizeram inúmeros trabalhos juntos
2
– O livro escrito por Minicucci e Vinício retrata a Botucatu rural/ ecológica, com suas comitivas, seus tropeiros e a Piapara (Alambari) que era rota do progresso...
4
– Continua uma promessa o aproveitamento turístico de Piapara (Alambari). A exploração da água mineralizada de Piapara está a merecer do Poder Público o devido apoio e implantação viabilizando, assim, o grande sonho dos botucatuenses do passado.
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– Encontro literário em evento da ABL – Academia Botucatuense de Letras
– Ilustração das Três Pedras do mestre Vinício Aloise em seu livro “Uma História Desenhada”
No último sábado, 15 de fevereiro, Botucatu recebeu grande público no Teatro Municipal Camilo Fernandez Dinucci para a estreia do terror musical "Gosto de Terra", dirigido por Lucas Procópio e estrelado por Isabela Prado e Vinicius Turk. Além de atriz, Isabela também é a produtora do curta, que trata da temática de relacionamentos abusivos. Informações sobre o filme: Instagram @gostodeterrafilme
No último sábado dia 15/02, aconteceu a primeira edição do “Carna Saci”, no salão social da AAB. O evento Open Bar, organizado por Giu Dal Farra e Biro Pilan foi sucesso total com venda 100% dos abadás. A festa contou com a animação das bandas ABR3, Acaso 102, DJ e muita animação dos foliões.
O Concerto Abertura da OSMB – temporada 2025 no domingo, 16, sob a regência do Maestro Fernando Ortiz de Villate foi um verdadeiro espetáculo mágico. O evento emocionou a todos com mistura
de música clássica com popular, danças, apresentações especiais, incluindo a Corte do Carnaval 2025, Fanfarra da Cuesta levando o público presente a uma noite de arte, cultura e alegrias.
Amanhã, 23 de Fevereiro o Bloco da Associação Atlética Botucatuense se concentrará no Posto são Paulo, as 15:00 horas. Em seguida o bloco subirá até o clube esparramando música, alegria, cores e fantasias. E, a partir das 19:00 horas, na tenda da AAB o Conjunto “Mão no Samba” dará o show de bateristas da AAB.