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O interior também era “una piccola Italia...”

O pesquisador e historiador botucatuense, Trajano Carlos de Figueiredo Pupo (revista “Peabiru”, nº 13/1999), registrou que em 1914, eram grandes a importância das Bandas para as comunidades interioranas e também a movimentação popular a favor da ajuda oficial para essas bandas. E um pequeno jornal, ”O Riso”, em 1914, publica o desabafo de Juó Laranjére, representando a vontade da colônia italiana que era muito expressiva e atuante:

“Signor Preffeto. Salute e figli maschi. Io vegno intó apidi in nomi delle signori-

ni fitêre di facer la bandigna dello Lazigno vegna una altra volta atocá nu giardino uns dumingo. Io credo Signor Preffeto chi si o signor inda anamurasse dava tutos os fiorins da Câmera pra u Lasigno atocá. Má, esta falta di miglioramento é pur causa dus giornale. U “Curreio” é vostro, u “butucatuenze” ta cum mico na caxola purque illo qué una altra volta ristaurá amunarchia nisto Brasile chiinho di Hermeses i di Pigneroses i di Ruyses. U “Curreio Du Sud” é mezimo um cureio só parla di prete frate vescove e tutta a bella compagnia. Ma in tuttos caso noi no abbiamo musica nu giardino. Nu carnavale us moços chiriam afazê uma vacca pra cumpra um rigalegio é i atucá nu giardino. Ma a vacca num dêo lette i si dessi ficava feígno pro Preffeto. Io pido agora pru signore no si azangá perchê nu papele e na tinta inda num chegô a crisi. Di Vostra Excellenza, Criadino. Juó Laranjére.”

E junto com os dois escritores, um antes e o outro durante e após a Semana de Arte Moderna, temos a figura ousada, criativa e brilhante de Oswaldo de Andrade. Assim, ao registrarem o “dialeto macarrônico ítalo-paulista”, tanto Alexandre Ribeiro Machado (Juó Bananére) quanto Antônio de Alcântara Machado, estavam traçando, com perfeição, o per-

fil dos imigrantes italianos que vieram para o Brasil em busca de seus sonhos e, carregados de esperanças e com muito trabalho, souberam realizar a grandeza da nossa Paulicéia.

Juó Laranjére é o Juó Bananére de Botucatu...

A referência no texto ao personagem Juó Laranjére, que faz com humor e de forma típica autênticas reivindicações da população às autoridades da época, é mostra indiscutível da influência cultural da Capital nas cidades do interior. O personagem Juó Laranjére era inspirado no famoso Juó Bananére – popular morador do Bexiga ! – criação do poeta e jornalista Alexandre Ribeiro Machado que veio de Pindamonhangaba para estudar engenharia na Escola Politécnica da Capital. Chegando a São Paulo, notou que era muito expressiva a presença dos imigrantes italianos que trouxeram toda a sua alegria e entusiasmo para a nova Pátria... Notou também que tinham grande dificuldade para se fazerem entender em português e, nesse esforço, criaram um inusitado dialeto. Esse personagem criado era “CAV.UFF.ON JUÓ BANANÉRE: poeta, barbiére i giurnaliste. Membaro da Gamedia Baulista di Letteras i Socio da Palestra Intália...”

Em seu vocabulário próprio, Juó Bananére chamava São Paulo de Zan Baolo e a Pátria saudosa passava de Itália para Intália...

Botucatu, como a Capital, possuía nos primeiros anos deste século uma das maiores e mais expressivas colônias italianas do interior, possuindo também o 5º parque industrial (formado principalmente pelos pioneiros imigrantes). Tinha o Teatro Santa Cruz (Espéria), a Società Italiana, a Escola Dante Alighiere, a Loja Maçônica Italiana e, entre outras atividades, a Banda Italiana...

Juó Laranjére, com seu inusitado dialeto, fazia sucesso na Botucatu do início do século passado, e banda virava bandigna, o maestro Lazinho virava Lazigno, tudo isso registrado no “Curreio” (jornal “O Correio de Botucatu”) e no Butucatuense (jornal “O Botucatuense”). (AMD)

É bom saber O artista plástico e conhecido webdesigner botucatuense Marco Antonio Spernega, foi quem idealizou a Cuesta de Botucatu estilizada e com todo o seu simbolismo: a escarpa, o verde representando as nossas matas e o azul do céu... A criação do Spernega valorizou a nossa CUESTA que teve, em sua estilização, o impacto que as obras dos grandes artistas tem. Vejam no Expediente o logotipo do Diário da Cuesta! Marco Spernega tem exposto seus trabalhos em concorridas exposições. Esta ilustração é uma obra de arte e de simbolismo histórico!

TARSILA DO AMARAL

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

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Semana de Arte Moderna e os Italianos de São Paulo!

Juó Bananére e “Brás, Bexiga e Barra Funda”

Estamos comemorando os 100 Anos da SEMANA DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO (1922/2022). Então, nada mais apropriado do que focarmos a realidade de São Paulo na década que antecedeu ao grande evento e na década seguinte

E era na revista dirigida por um dos principais organizadores da Semana de Arte Moderna, Oswaldo de Andrade, que era retratada a sociedade paulistana – com um percentual de 35% de imigrantes ou descendentes de italianos – além, claro, dos imigrantes de outras nacionalidades, que dariam vida aos “arquétipos populares”, como o português da padaria, o espanhol do ferro-velho, o sírio das prestações, o japonês da tinturaria... A revista era “O Pirralho” (1911/1917), onde Oswaldo de

crônicas do cotidiano com o pseudônimo de Annibale Scipione.

“Migna terra tê parmeras / Che ganta inzima o sabiá”...

A italianidade de uma São Paulo em grande transformação urbana foi, com os chamados ítalo-paulistas (interior) e os ítalopaulistanos (capital), nas primeiras décadas do Século XX, fontes de inspiração para dois jovens escritores do Modernismo no Brasil:

Alexandre Ribeiro Machado, em 1915 (“La Divina Increnca”) que se firmou com pseudônimo de Juó Bananére, e Antônio de Alcântara Machado, em 1927, por seu livro “Brás, Bexiga e Barra Funda”. Ambos se dedicaram a retratar os imigrantes italianos. “Juó Bananére”, apresentado como “poeta, barbieri e soldato”, que escrevia sátiras famosas de obras famosas.

A “Canção do Exílio”, por exemplo, de Gonçalves Dias ganha, em uma língua macarrônica, grande popularidade:

MIGNA TERRA (Juó Bananére)

Migna terra tê parmeras, Che ganta inzima o sabiá, As aves che stó aqui, Tambê tuttos sabi gorgeá.

A abobora celestia tambê, Chi tê lá na mia terra, Tê moltos millió di strella Chi non tê na Ingraterra.

Os rios lá sô maise grandi Dus rio di tuttas naçó; I os matto si perdi di vista, Nu meio da imensidó.

Na migna terra tê parmeras, Dove ganta a galligna dangolla; Na migna terra tê o Vapr’elli, Chi só anda di gartolla.

O personagem Juó Bananére ficou famoso e muito popular, afinal mostrava, com bom humor e criatividade, a aculturação dos imigrantes italianos que se expressavam, tanto na linguagem falada como na escrita, misturando as duas culturas, a italiana e a brasileira

Para esse sucesso, a criação artística do personagem era indispensável. E foi o ilustrador e chargista João Paulo Lemmo Lemmi (1884/1926) – imortalizado como VOLTOLINO ! – que criou a imagem de Juó Bananére Seria dele, também, as primeiras charges do pai da boneca Emília, Monteiro Lobato, que datam da década de 1910. (AMD)

LEITURA DINÂMICA

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– Os intelectuais Mário e Oswald de Andrade foram os grandes líderes do Movimento Modernista que culminou com a Semana de Arte Moderna de 1922.

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– Mário de Andrade participou da Semana de Arte Moderna que inaugurou o Modernismo no Brasil. Buscou divulgar, em seus textos, elementos da Cultura brasileira e criar um sentimento de identidade nacional. Seu livro mais conhecido é Macunaíma que traz como subtítulo: “o herói sem nenhum caráter”. Destaque para a publicação do famoso “Prefácio interessantíssimo” do livro “Paulicéia Desvairada”, de 1921.

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– Em 1922, ano em que eclodiu a Semana de Arte Moderna, Oswald de Andrade estreou com o romance “Os Condenados”, época também em que se casou com Tarsila Amaral.

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– Tarsila Amaral é uma referência para a criação da Antropofagia modernista brasileira, ou Movimento Antropofágico , que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil. É um quadro que tem a digital da pintora e reúne traços comuns que já haviam sido testados em “A Negra” e “Abaporu”.

Botucatu: Shopping Amando chega ao fim. Imóvel será transformado em galeria sob nova administração

A movimentação no comércio de Botucatu ganha um novo capítulo com a negociação milionária que culminou na venda do Shopping Amando, agora sob a administração do Fundo Cuesta, um fundo de investimentos imobiliários de Santa Catarina. Anunciada em novembro de 2024, a aquisição do imóvel promete transformar o local e sua dinâmica de comércio.

Em entrevista, o diretor João Eduardo Demathé destacou que vão implementar mudanças significativas na operação. Após uma análise minuciosa do comércio regional e do perfil da população, foi evidenciada a necessidade de uma reformulação completa, dado que a proposta anterior não se conectou adequadamente com o público-alvo.

“Identificamos que a administração anterior concebeu um produto que não se integrou à região, razão pela qual optamos por uma reformulação integral”, afirmou Demathé.

A nova nomenclatura reflete uma estratégia clara: transformar o espaço em uma Galeria, aproveitando sua proximidade com a Praça do Bosque, um local que deve favorecer a experiência de compra.

O diretor Gleybson Santos revelou que o Fundo Cuesta trará um mix de produtos importados de alta qualidade a preços acessíveis, focando em tendências globais e a experiência do consumidor.

Entre as inovações, o Fundo pretende oferecer produtos que atualmente estão disponíveis apenas online, garantindo aos compradores uma experiência de compra segura, com pronta entrega e suporte.

A transformação não para no interior do imóvel. Os diretores en-

fatizam a importância de melhorias no entorno, como ampliação das vagas de estacionamento e melhor iluminação pública, além da presença de segurança 24 horas na Praça do Bosque.

Além das melhorias imediatas, o Fundo Cuesta também está em diálogo com a administração municipal para revitalizar a Praça do Bosque, com o objetivo de torná-la um espaço atrativo para lazer e compras. Nos próximos dias, ocorrerá uma apresentação exclusiva para empresários locais interessados em participar dessa nova fase.

“Estamos contando com a colaboração da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que tem fornecido informações valiosas sobre o comércio, ajudando a moldar um empreendimento que atenda às necessidades de Botucatu”, acrescentou Santos.

O Fundo tem como prioridade incluir pessoas e empresas locais nas operações, reforçando a relação de pertencimento com a comunidade. A expectativa é que, seguindo o cronograma de melhorias, a Galeria será reinaugurada em abril, coincidentemente com as comemorações do aniversário da cidade.

Em relação ao setor de alimentação, o Fundo está buscando operadores para suas instalações já equipadas, oferecendo condições vantajosas para novos negócios, especialmente nos locais anteriormente ocupados por estabelecimentos como o Fair Play e o Vino.

As adaptações e a seleção de colaboradores estão previstas para acontecer durante o mês de março. Para mais informações sobre as oportunidades, os interessados podem contatar o canal do empreendedor pelo telefone (47) 984935105. (Jornal Leia Notícias)

& EVENTOS

MEMÓRIAS CINEMATOGRÁFICAS

Amanhã, dia 15 o Teatro Municipal, às 19:00 horas sediará o aguardado documentário "Botucatu - Território Cinematográfico".

O filme narra a história de Botucatu como polo de distribuição de filmes entre as décadas de 20 até os anos 70, com a presença de escritórios de diversas grandes empresas do cinema como Fox, Universal e Warner.

O controle desse mercado foi comandado pelas famílias Peduti, Araujo e Passos. `A sessão` ocorrerá a partir das 19:00 horas e ingressos gratuitos já distribuídos. Douglas Iglesias dirigiu o filme e Daniel Kojak, foi o produtor e o documentário foi inspirado no livro dos escritores Adriana Donini e Luiz Roberto Coelho Gomes.

RITMO DE CARNAVAL

Notas&Fotos

Adelina Guimarães

O REBOLADO DO REBOLA

A Associação Desportiva Rebola Botucatu, conhecida como Rebola, completa 44 anos de história e tradição em Botucatu. Fundada por um grupo de amigos apaixonados por futebol, a associação cresceu e promove eventos sociais e beneficentes na cidade ao longo do ano. Recentemente, o Rebola realizou seu sexto pré-carna-

val, que reuniu mais de 350 pessoas na Associação Atlética Botucatuense. A noite foi marcada por música, dança e muita alegria. Com sua sede própria no Green Valley, o Rebola continua a ser um importante ponto de encontro para os sócios, familiares, amigos e convidados da comunidade de Botucatu."

Alegria geral no meio do salão
Fotos
cedidas por Plinio Genta Filho

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