DIGESTO ECONÔMICO, número 273, julho e agosto 1980

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ECONOMICO

A AGRICULTURA NOS ESTADOS UNIDOS - The Economist

REAJUSTAMENTO E RECOMPOSIÇÃO DE PREÇOS EM CONTRATO ADMINISTRATIVO — Hely Lopes Meirelles

O REGIME DOS BANCOS ESTRANGEIROS NO BRASIL - Amoldo Wald A POBREZA DAS NAÇÕES - Milton Vargas

EM BUSCA DE UMA PAIDEIA — João de Scantimburgo

O CASO DA VALE E A OTIMIZAÇÃO DO MERCADO . - ■*' CAPITAIS — Herculano Borges da Fonseca

^ERRA-WÔ-ôfiA6IL_E^A^NBB — Januario Francisco Megale MARXISTA — ESCREVEU^SlAR*X-«>írTiífl^LivioFerreira——

J ppETA'UÍmrtR?TO‘AMOR, DA NOÍXE E DA MORTE - JaymTde Barro* . RUI BARBOSA, ESSE DESCONHÈCliyO"-:=-:Jo!C?'!5teTT!5í»»^J?^^

LIBERDADE E DETERMINISMOS .SOCIAIS — A. Delorenzo Neto e , ' Regina Vi!Ialva W. R..Hecht > O FINANCIAMENTOiDA EDUCAÇÃO SUPERÍOR Mardlib Marques Moreii‘a k O CASO‘DAS ECONOMIAS DOMINANTES .— Jean Coussy O MAL DASGIDADÉS Paule Fougère ' ‘ '* * ■ BIBLIOGRAFIA \

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A agricultyra nos Estados Unidos

THE ECONOMIST

cultivo da terra é o maior

negócio da America, com uma força de trabalho tão grande quanto as indústrias de aço, carro e transportes juntas. É também a mais bem sucedida. As exportações agrícolas são o do bro das importações. A produti vidade do trabalho cm fazendas aumentou dez vozes nos últimos 50 anos. Tony Thomas. nosso edi tor de negócios americano exa mina como o fazendeiro americano tornou-se um campeão mundial e póde manter o título. como

Os fazendeiros americanos apre sentaram recentcniente outra co lheita exuberante. Todo o mundo é vencedor. Os americanos, porquê exportações agrícolas poderosas expansão, ajudarão a seguinflação, sustentando o dóas e em rar a . lar, que necessita toda a ajuda que pode conseguir. Os não-americanos, porquê, sem os alimentos americanos abundantes e relativa mente baratos para seu gado, porcos e granjas, iriam pagar mais por sua carne e comer menos deia.

O reverso é que os fazendeiros americanos contam mais do que o mercado mundial Em cerca nunca com para sua subsistência, de 110 milhões de acres, um acre em três nos Estados Unidos, está sendo agora cultivado para expor tação, e as chances são de que cerca de dois terços da colheita de arroz do ano passado, três

A autorizada revista inglesa, '‘The Economist”, publicou, em 5-11 de ja7ieiro deste ano, um loiigo ensaio sobre a agricultura nos Estados Unidos. Trabalho de excepcional importância, demonstra que sub metida a agricultura à economia de escala e aos métodos da livre Iniciativa, os Estados Unidos pos suem 0 mais bem cpareí/iado setor primário do mundo. 0 ensaio serve ao Brasil e aos agricultores brasileiros, por suas admiráveis lições, sobretudo neste momento em que circula pelo nosso pais uma pastoral da C.N.B.B.. Confe rência Nacional dos Bispos do Brasil, e declarações de políticos, pregando uma reforma agrária totalmente anacrônica. Com a de vida vênia da importante revista inglesa, traduzimos e adaptamos 0 magnífico ensaio, a fim de ofe recer aos agricultores e aos gover nos federal e estaduais brasileiros os mais modernos subsídios para . estudarem e encaminharem à so lução 0 problema da terra e de sua produtividade. Numa fase his tórica de grande urbanização, de transferência maciça de popula ções do campo para a cidade, impõe-se adotar-se a diretriz con tida no ensaio da revista Economist”. Se forem seguidas as linhas desse trabalho, não temos dúvidas que a agricultura brasi leira registrará grandes progressos.

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a comida que os animais teriam comido.

Agora, quando sua colheita os recepciona, os russos aumentam as importações de sement's dos Estados Unidos para que possam continuar a alimentar seus ani mais, assim como sua gente. É uma decisão racional, A maior parte das terras de cultura russas são marginais e encontram-se numa latitude ao norte dos E;tados Unidos, algumas delas tão ao norte quanto Hutíson Bay, e as colheitas soviéticas sofrem extre mas variações. Produção de ce reais de 240 milhões de toneladas em um ano pode cair 50% outro.

no para compra

rimentarem um transbordamento de colheita, os Estados Unidos te rão tanto milho, soja e trigo que não saberão o que fazer com isso. Os preços cairão e os contribuin tes americanos terão de prestar socorro pagando, novamente, para que milhões de acres sejam reti rados temporariamente da produ ção e para o armazenamento de grãos.

A agricultura americana ainda não se adaptou a estas terríveis e crescentes flutuações da d -man da estrangeira, o que, durante a maior parte dos anos s''tenta con tribuiu para preços irregu'ares e crescentes dos cerrais americanos e, por extensão, para os da carne americana porquê isso aumenta o custo de alimentação dos reba nhos. A brotação 'da demanda estrangeira também está acele rando a controvertida tendência das fazendas mistas de caminha rem para maior especia’ização da agricultura americana, e maiores dimensões pela de terras dos vizinhos por parte dos mais poderosos fazendeiros de cereais que visam a assegurar economias de escala.

Excedentes periódicos são inevi táveis. Quando a maioria das áreas cultivadas do mundo expe¬

A imensa demanda estrangeira para a qual a América cultiva e produz, criou, também, o apar nte páradoxo de que os Estados Uni dos são exportadores tanto da mais moderna tecnologia (avia ção, computadores, armas) como dos gêneros mais básicos, os pro dutos agrícolas “in natura”, en quanto, ao mesmo tempo, conti nua sendo um importador de ma térias primas e de produtos ma nufaturados estandartizados.

Mas, segundo a correta argu mentação do Professor Gale John son, da Universidade de Chicago, isto não é absolutamrnte estranho. A agricultura, na forma em que é praticada nos Estadoso Unides, tornou-se uma indústria de alta tecnologia com excelente re'ação capital/trabalho, rápidas mudan ças em métodos de produção, grande vontade de adotar novas idéias e grande fluxo de recur os em pesquisas. O custo das pes quisas e investimento de capital e vidas aplicados, foi enorm-^. Só os fazendeiros mais astutos sobrevivèram às mudanças. Os outros constituem agora população das capitais e das cidades.

A REVOLUÇÃO AINDA

Nada é mais enganador do que o uso comum da palavra “ conser vador” paru descrever o fazendeiro americano. Pois se “conservador” deve significar um permanente respeito pelo método tradicional de fazer as coisas, então o fazen deiro americano é um extremado radical, mais ardente, mesmo, ao comprar novidades, do que os afluentes caliíornianos. Se esse uso pretende significar a sua fir me determinação de manter a li vre empresa, o rótulo é igualmente enganador, cano tem, como todo mundo, duas caras frente as alegrias do mer cado livre: determinado a manter o nariz do governo fora do seu ne gócio quando os preços estão altos, pende para a intervenção do go verno quando os preços baixam.

dos para matar insetos e hervas claninlias.

Estas duas revoluções mudaram drasticamente, tanto o aspecto como o caráter da agricultura americana.

Viaja-se através do cinturão de algodão do Sul (que agora se estende à Califórnia), do cinturão de arillio do Meio-Oeste ou do cinturão de trigo das Gran des Pianicies e os campos estão v vazios. Máquinas grandes como brontosauros substituiram os ca valos e as'pessoas, conta, as 2,7 milhões de fazendas do país possuíam 4,4 milhões de tratores, novos tratores comprados por fa zendeiros em 1978 correspondia à força de 105 cavalos, uma média Várias

Pela última

A dimensão média dos O fazendeiro amerique tende a ampnar-se. companhias fabricam tratores da ordem de 350 cavalos-força; uma delas vende um monstro de 525 cavalos-força.

os campos, frangos e os porcos são criados fechados. O gado é engordado em confinamento. A maioria dos agri cultores de cereais do Meio-Oeste não tem animais fora gatos e cães domésticos. Costumavam reservar parte de sua colheita para alimen tar seus rebanhos. Em vez disso agora, em vender preocupam-se, os cereais para alimentar animais da Rússia, Europa e Japão.

Os animais também deixaram Cada vez mais os Extraordinária adaptabilidade é sua força real. Em apenas um século os fazendeiros americanos atravessaram duas revoluções. A primeira, que começou por ocasião da Guerra Civil, foi a mudança da força do homem para a força do cavalo; a segunda foi a mu dança da força do cavalo para a força mecânica (o número de tra tores excedeu o número de cava los e mu’as, pela primeira vez, em 1955) juntamente com a introdu ção de melhores sementes melho res rebanhos, a aplicação, correta de fertilizantes e o uso crescente de produtos químicos sofistica-

No Delta do Mississipi, a ausên cia, tanto de animais como de gente, nas plantações é quase per manente, podia-se ver 50 ou 60 colhedores

Não faz muito tempo

A granja é uma dessas ativida des nessas condições. As 60 maio res companhias de assar frangos nos Estados Unidos controlam 90% dos frangos assados. Uma das maiores é a Companhia Federal, com suas centrais em Memph s, . Tennessee. Suas “Fazendas Sa gradas” subsidiárias, mantém a criação de 1.5m de galinhas para obter 5m de frangos assados por semana para seus estabelecimen tos de processamento e está total mente integrada verticalmente: produzindo, chocando, criando, aviando e negociando seus fran gos assados.

Embora as pessoas possam reclafazem, a falta de sabor mar, e o dos frangos produzidos, nesta e outras cadeias de fazendas, sua é evidente. Em 1940 em eficiência demorava-se de 12 a 14 semanas para produzir um frango de 4 Ib

e o frango comia 4 Ib de alimento para cada 1 Ib de peso ganho. Agora o frango do mesmo tama nho é criado cm menos de oito semanas e come apenas 1.9 Ib de alimento para cada 1 Ib que ganha em peso.

Tais negócios são ricos e devm realmente dispensar apoio para sua própria pesquisa. Mas poucas áreas de fazendas são tão concen tradas, ou tendem para tal con centração, continua sendo o sustentáculo em muitos setores da agricultura, e beneficia íortemente do sist‘'ma de extensão colegial das terras concedidas.

dos distritos urbanos, dispendem economia do esforço maior na Ensina-se às pessoas da ci dade como fazer geléia ou Pmpar jardim. No outro extremo, um livro na mais fina tradição amede investigação, chamado tempos duros”, lar”. 0 ricana “Tomates duros, provocou grande agitação no Con gresso quando disse que o s stema de expansão colegial das terras concedidas tinha se tornado o serdos interesses comerciais A fazenda familiar vição agrícolas. O autor, Jim H^ghtc.w r, critica Incisivamente instituições financiadas por fundos públicos para trabalhos de pesquisa que beneficiam aqueles que as pode ríam fazer por si próprios.

se americanos, particularmente ideólogos capitalistas da Escola de Chicago, não gostam, em geral, de encarar o fato, mas não é por as duas ma's Os

os coincidência que bem sucedidas indústrias de expor tação — agricultura e defesa — são aquelas em relação às quais governo é um generoso patrão. o

O LEGADO DE LBJ

A população agrícola diminuiu menos de 4% da população Seus votos são decisi- para americana, para a eleição de apenas 40 vos 50 membros da casa dos represen tantes, apenas 10% do total. Apssar disso os fazendeiros ainda ganham muito mais lutas legis lativas no Congresso do que as perdem.

O fato é que todos os 50 esta dos, inclusive, o Alaska e o Hawaü, têm alguma agricultura e cada

geira e alta inflação nos preços do alimento, as 20 milhões de pessoas dp programa do selo de fazendo alimentos fossem abandonadas à fome.

Pode-se prever que elas iriani, então, pedir uma redução nos pre ços de alimentos. O CJongresso iria escutar. Primeiro, porque os rece—

eventual declínio da produção,

ram a terra marginal não mais aproveitável, fora de cultivo.

senador tem, assim, interesses agrícolas a proteger. Os fazendei ros fortificaram ainda mais ssus músculos de "lobbing mais campanha em favor dos stus interesses por intermédio de sim ples corporações de mercadorias, como a Texas Cattle Feeders Association, do que através de corpo rações gerais tais como a American bedores dos selos de alimentos Farm Bureau Federation. a Na- superam o número de fazendriros tional Farmers Union ou a Natio- em proporção do que a de dois nal Farmers Organisation, apren- para ura. Segundo, porque todos deram que minorias aptas a votar os eleitores que não são fazendeia favor ou contra um congressista ros acham, sempre, os preços de numa única oportunidade, seja alimentos ultrajantemente altos, aborto, controle de armas, quotas os preços agrícolas recuariam, em de importações de carne barata consequência, impondo-se quotas da Austrália fora de qualquer pro- à exportação americana de aliporção com o seu número. mentos. Isto causaria runa queda Mas o melhor amigo legislativo imediata da renda agrícola e um do fazendeiro em Washington con tinua sendo o programa do selo uma vez que os fazendeiros piode alimento, um esforço paternalístico do governo distribuindo se los que podem ser trocados pof O sr. Nixon fez exatamente esse alimentos por gente pobre. Mui- erro quando, em julho de 1973, tos fazendeiros não pererb^-m isto. pôs um embargo parcial sobre as Os americanos têm uma aversão exportações de soja dos Estados particularmente forte por gente Unidos. Similarmente as políticas que ganha algo que não m-rece de curta visão são endêmicas no 6 os fazendeiros, como todo o terceiro mundo, ouviram histórias sobre recentemente

Como noticiou mundo. 0 professor Earl gente que, conduzindo brilhantes Heady do Estado de lowa: Cadiliacs usavam os selos de ali mentos para comprar pernas de lagostas, filet mignon ou salmão defumado da Nova Escócia.

Quando se impôs aos fazendei ros egípcios entregar quotas de trigo, milho, arroz, e algodão ao governo a preços baixos controla dos, eles tran?ferírãm maior volu me de recursos para frutas, vege- fazendeiros não ponderam o que tais e rebanhos, que escapavam pode acontecer se durante um período de forte demanda estranNaturalmente ocorrem abusos. Mas ao reagirem contra eles, bs

aos controles de preços. A pre visão alimentar total da popula-

fazendeiro pode simplesmente, en- mestiços subindo e clientes estrantregar a garantia ou seja, o cereal, geiros cujas demandas são quase em pagamento da dívida e terá, insaciáveis porque, embora paainda, direito a um pagamento de guem em média preços muito mais deficiência que é a diferença entre elevados do que os americanos por o preço do empréstimo e o preço sua comida, seus preços não potabelado. dem flutuar alinhados com as mudanças do suprimento interno. Os produtores de cereais rece bem a opção adicional de aceita rem do governo, um empréstimo por três a quatro anos sobre o cereal, armazenando o grão com o governo pagando os custos da armaeznagem e, depois do primei ro ano, isentando-se o produtor óo pagamento de juros sobire o empréstimo, Mas desde que o fa zendeiro entre em tal acordo, não tem permissão para retirar livre-

para

mente o cereal da reserva vendê-lo até alcance “preço de liberação” (que, para trigo, em 1979, era de 140% do preço do empréstimo). A de bolsa (para o trigo 175% do preço do empréstimo) o governo pode exigir do fazendeiro bolso do empréstimo. Essa medida não compe'e o fazendeiro a ven der o cereal estocado, mas lhe im põe forte pressão financeira fazê-lo, porque terá de tomar prestado dinheiro a taxas de cado para o reembolso. que

Esta política inteligente provisória deve durar apenas quanto o mundo não experimentar duas ou três colheitas pobres e seguidas, mente acontecer os Estados Uni dos verão, de novo, como aconteem 1972/73, os reservatórios mas enQuando isto, eventual-

Então, e provavelmente não até então, os Estados Unidos serão compelidos a pressionar seus clien tes e compartilharem a carga de manter uma reserva mundial de cereais, participando de contratos de compra a longo prazo e, eles próprios estocando parte do cereal americano excedente, quando suas compras excederem seu apetite. Uma imensa confusão entre os fazendeiros americanos e qualquer um administração que esteja no poder o seria então inevitável. Como mi neiros, os fazendeiros sempre suum preço põem, que o mundo está se orga nizando contra eles. Verão os contratos a longo prazo, como uma o reem- esquálida conspiração do governo para manter seus preços baixos justamente quando estão final mente preparados para realizar para um bom golpe ã moda antiga. Os em- compradores estrangeiros dos cemer- reais americanos também resisti rão a compromissos de compra a longo prazo posto que serão obri gados a regular a demanda inter na, deixando que os preços respon dam melhor às flutuações no su primento.

A administração e o Congresso, entretanto, não terão escolha. Fa zendeiros constituem menos de 4% da população. ceu de cereais vazios, com preços do- Os 96% dos ame-

ricanos que não vivem em fazen- sementes de mamona, 4i Ib; e das não tolerarão por muito tempo sementes de capim, 14 Ib. as variações extremas que resul tam de um mercado agrícola relativamente livro para eles e outro relativamentc controlado para to- barrica de tabaco de Maryland dos os demais.

CONFUSÃC

480 Ib de algodão e 200 Ib de lúpulo são vendidas por fardo;abricô e abacates por “pano”. Uma

NOTA:

Não fizemos o conversão dos pesos <l

c medidas, pois o que, efetivamente, interesso nesie notável ensaio 6 o seu conteúdo. No é de 60 Ib; para o milho entanto, pam os interessados na comparação dn nossa produtividade com a americana, da mos o correspondente respectivo, no B^-osil: 1 hcct.nrc tem 2.471 acres; 1 dólar conver er ã cotação do dia; I millia quadrada tem 259 hectares: 1 onça tem 0,286 gramas e 1 libra peso icm 0,453 gramas.

pesa 775 Ib, de tabaco refinado 950 Ib, de tabaco de Burley, 975 Ib, de tabaco negro tratado, 1,350 Ib, de tabaco fino tratado de KentuOs relatórios sobre as colheitas cky e Tennessee, 1,500 Ib. A folha nos Estados Unidos continuam de fumo para charutos vem em maravilhosamente complicados. Os caixas (250 Ib a 365 Ib) ou em fazendeiros desconfiam do sistema fardos (150 Ib a 175 Ib). As coumétrico e preferem confiar num ves de Bruxelas são medidas por sistema basicamente de medidas tambor, aipo por engradado, uvas inglesas que às vezes parece de- por “pano”> ou cesta. Cebolinhas liberadamente estabelecido para são vendidas em sacas de ma’has, confundir o leigo. O “biishel” de 50 Ib, e résteas de cebolas por (medida de quantidade) é a me- engradado, 70-80 Ib. dida mais comum. Trata-se de uma festa versátil. Para a soja, 0 trigo e as batatas brancas, um bushel (maize), o centeio, o grão de sorgo e as sementes de linha, 56 Ib; cevada, trigo sarraceno e maçãs, 48 Ib; sementes de papoula, 46 Ib;

EUROPA:

— UM FIO DE FILAMENTO TÊXTIL COMPLETAMENTE NOVO — A Enka desenvolveu um novo fio de 5,0 Tex (5,0 g/1.000 m de fio), conhecido como Ultra Diolen, a partir de dois componentes dife rentes de polímero. Tal fio consiste em 15 segmentos finos, cada um aeles contendo seis filamentos superfinos de poliéster que são embutidos durante o processo de fiação numa matriz de poliamida 6 (segundo Enka, este é um processo especial de dois componentes) A matriz oe poliamida, que é responsável por 15% do fio, proporciona protenção aos filamentos superfinos (cerca de 0,05 Tex cada um) durante o pro- cesso de urdidura. Depois disso, eles são liberados da matriz mediante tratamento com cloreto de metileno (que faz com que o poliéster encolha enquanto a poliamida permanece inalterada) ou com água a SS^^C. A nova tecnologia da Enka é tida como a primeira a facilitar a produção de filamentos de poliéster tão finos como seda e duas vezes tão finos como os mais finos filamentos de poliéster produzidos por métodos convencionais.

ring reeditou-o para conliecimen-

tuará, adotando a maneira mais to dos estudiosos, porque esses terrível do que nunca.” Surpreenartigos não constam das “Obras de o vigor com que Marx expõe as Completas” de Marx publicadas ambições de conquista do “paneslavismo”, fenômeno sócio-politico denominado hoje “expansionismo soviético”. Diante d sse pelos editores russos.

Assim, em meiados do século XIX a Europa estava em plena despertar violento do fenômeno crise política. Sob o pretexto de proteger os cristãos ortodoxos em Jerusalém, o Czar Nicolau l.° pro jetava expulsar os turcos do con tinente europeu e de impor o do mínio imperialista russo aos então principados danubianos. A fim de se oporem a essas pretensõrs expansionistas, a França e a In glaterra enviam tropas para a Turquia. Daí a origem da guerra dirigido contra a Europa, anularia da Criméia, que veiu a terminar com a derrota russa em 1856. Nesse ano, os exércitos françoinglês trancaram

Europa a Xeste. mais tarde, o Czar vermelho Stalin realiza os projetos do Czar branco Nicolau I. E, com a assistência passiva dos exércitos estaduniden se, francês e inglês, o exército so viético instala os seus quartéis de verão nas barbas dos ahados do Oeste, em plena Europa central.

russo, a partir de 1850. Marx es creve: “Ao ter que defender, pela primeira vez, esta unidade, a raça eslava ver-se-á levada a declarar guerra sem quartel contra as ra ças latina, céltica e germânica que até agora têm dominado o continente. O paneslavismo iião a.spira somente a independência nacional: é um movimento que, os frutos de milênios de história. Não poderia prosseguir os s”us objetivos sem apagar do mapa da as portas da Europa a Hungria, a Turquia, e Noventa an?s boa parte da Alemanha. E. fmalmente, para os manter, deveria submeter a Europa. O que era apenas uma ideologia tornou-se hoje um propósito, ou melhor dito, uma ameaça política que se apoia em 800.000 baionetas.” (Os grifos são meus.) Tão claramente pre visto por Marx, o programa dos Czares brancos foi efetivado pelo Czar vermelho Stalin, noventa É interessante saber o qu", pleno século XIX, o filósofo-economista Marx pensava da Rússia, quando escreve: “Não se trata de estabelecer quem governará Cens* tantinopla (hoie Istambul), mas

em anos mais tarde sob a ameaça permanente das bombas atômicas inventadas pelos Estados Unidos. Marx não se limita a denunciar a ambição de espaço vital da Rússia, quem reinará sobre toda a Europa mas enfoca igualmente a tática e O problema é este: se a cu’tura a metodologia do pan-es!avismo ocidental cederá passo à bizantina, para impor-se aos países ocidenou se o seu antagonismo se acen- tais, pela “ astúcia, a intriga, a

corrupção, o envio contínuo, exasperante e cansativo de notas ciploniáticas, a intimidação.” Marx revela conhecer bem a estratégia do velho lobo das estepes. E hoje os soviéticos mandam para o Oes te tropas cubanas e russas para a Rússia autodeterminadamente dominar povos africanos e asiá ticos.

Nesse duelo permanente entre a Rússia e a Europa, o papa do comunismo entrevê nas sombras do futuro a Rússia preparar-se para o assalto ao Ocidente. Marx a’inlia-se ao lado do Ocidente e alerta a Inglaterra e a França para a fraqueza e a pusilanimldade de ambas, advertindo: mear o terror é a tática dos rus sos; eles não pensam seriamente em fazor a guerra; ameaçam com ela, obtendo todas as vantag'"ns Só o va^or pode detê-los; a fra queza moral dos adversári''s é que prouocíi a audácia dos 'bandi dos.” (O grifo é meu.) Ver ficase como a polít’ca russa int rnacional não muda, no pess'do, no pres''iite e no futuro. Compreen de-se agora porque Marx tenha declarado antes de morrer: “Não sou marxista”. Embora não o expl’casse, teve o fatal pr-ssentimento de que os bandi-^oe (?ie) russos seriam os seus primeiros discípulos a renegarem, cr-mo r''negaram, a doutrina soc'al estru turada por ele. Lenine t‘’nta rom per o nevoento misticismo g rmânico da filosofia marxista para superar o mestre, ultrapassando-o.

0

Marx cuidou apenas

Empolgado pelo poder, Lenine reduz5 brutalmente, ferozmente, sanguinariamente, o povo russo a ní vel da expressão vagamente dcs gnativa de "ditadura de op-rários e camponeses” decapitaaa pelo ● sabre piedoso dos generais do exército vermelho, sob o comando dos marechais Tiotski, Sialin e Brejhnev para dar ao planeta o modelo do comunismo at.u e ma terialista onde 0 indivíduo ignara 0 valor moral e cívico da palavra Liberdade, naturaimente, porque catecismo soviético reza que da “liberta das implacáveis

ção do homemdo capitalismo judá co, B I garras a mulher não era conta do rosá rio marxista, declara Lenine, o Moisés do povo russo.

trata da plus valia

Logo, não se da Liberdade humana, porque a ideologia do partido comunista não cogita dela, segundo se v rifica na U.R.S.S. internacionais onde o comuninno burocrático impera repressiva eirracionalmente. Nessas países, homens e mulheres morreram para a Liberdade e não pela Lib*r:'ade, porque esse vocábulo não tem sen tido onde não existe o Direito 6 Justiça e a alma da Lib-rdade é greco-latina. Somente os povos da Latinidade sabem sentT e res pirar a atmosfera oxigenada e sadia da Liberdade inrolável. E a Liberdade greco-latina não exis te nem subsiste onde não há Lar, não há Família, nem Gente, nem Povo, nem Pátria.

e nas massa*

ESTADOS UNIDOS:

NOVO PROCESSO PARA OBTER ÁLCOOL DA CELULOSE — Uma prensa originariamente destinada a produzir pro-

dutos de plásticos está convertendo uma tonelada de jornais e serragem em um xarope de rico conteúdo contendo 600 quilos de glicose. O pro tótipo, em pequena escala, íoi desenvolvido pelos pesquisadores da Universidade de Nova York. Pelo fato de poder transformar continuadamente esses refugos de celulose em glicose que, por sua vez, pode ser facilmente fermentada para fornecer o álcool — a máquina da UNY poderá representar uma saída para a produção econômica de combustível a partir da biomassa. Segundo a UNY, este processo talvez seja chave para a utilização da celulose como fonte de álcool, sendo que o potencial para o emprego do processo é enorme, milhões de toneladas de material baseado em celulose vão, a cada ano terminar nas latas de lixo do a

Estima-se que 500 O projeto da UNY teve início há pais. cinco anos, quando os pesquisadores pamento industrial que pudesse encontraram o que há muito plásticos.

começaram a procurar um equiser usado para processar a celulose e procuravam nas máquinas de prensa de Elas usam torniquetes para fundir, misturar plásticos — sob temperaturas transformando-os e prensar os e pressões cuidadosamente controladas — era » Produtos como, por exemplo, os canos. A idéia e Rug? doZ Lmn. f adaptaram a prensa de modo que a celulose e fragmentada pelos torquinetes. A água em excesso é removida ® aquecida até quase 200 graus e uma pressão dé 500 psi é aplicada. Pouco antes do material ser injetado pela máquina acido sulfurico enfraquecido é adicionado para desencadear que quase instantaneamente converte a celulose em glicose, ácido não

uma reaçao Porque o é injetado até que termine ele à prensa é minimizado. processo o dano causado por Agora a UNY está fazendo estudos de viao bilidade para algumas companhias. Além da International Paper, a Crown como a CPC International, Cargill, até a Reuben H. Donnelley, a maior impressora comercial do país, gostariam de encontrar um modo de utilizar as enormes quantidades de aparas de papel que acumula. E a APM, -que doou à UNY mais de USS 350.000 em 1979, está agora arregimentando um grupo de companhias e agên cias federais para experimentarem o processo. A fábrica-piloto, que processaria até 100 toneladas de resíduos de celulose por dia, fabriZellerbach, bem como outros, caria álcool como produto final.

O poefro do mar, do amor, da noife e da morte

ira hora indecisa do entardecer, hora cm que, no verso do poe ta de Ravenna, a saudade invade o coração do novo na vegante, quando o sol, na linha do horizonte, desmaia e morre. Hora de fugas impossíveis, de mis teriosas evocações, hora de cinzas, de transfigurações, hora dos poe tas mortos. Mas não a hora de mergulhar “naquela apagada e vil tristeza”, de que fala Camões. É. sim. hora de acender uma outra luz, hora de prece, de meditação, hora de ressurreição.

Já não é mais dia e ainda não é noite. Começaram apenas a espalharem-se sobre o mar as pri meiras sombras. Nuvem branca desenha, no espaço azul, linhas ondulantes de um movimento rít mico de dança, A luz imprecisa foge, perseguida pelo manto da noite, e, no alto, acende-se a lu minária dos astros.

A noite é o abismo, o começo do mistério, o pórtico do desconhe cido, o limiar da morte. Em seu seio, germinam idéias, florescem sonhos, escondem-se loucas saturnais, nascem mundos, surge a luz de um novo dia.

Na casa silenciosa, espalhados sobre a mesa, diante da .janela aberta, livros de Augusto Frederico Schmidt: Canto ãa Noite, poema-

Quinze anos depois de sua morte, Schmidt; inquieta. Memória de um dos grandes poetas órasileiros conteinporâneos.

chave da extraordinária obra poé tica, toda ela escrita sob a inspi ração dos astros, da noite, do mar, do amor, da música e da morte, A Estrela Solitária, O Galo Branco. O Pássaro Cego. Aqui está, tam bém, uma crônica de Alceu Amo roso Lima, um dos homens que mais bem escrevem no Brasil, evo cando, a propósito deste último livro, o perfil do poeta.

Dera-me rebate o coração, lem brando-me a promessa feita pouco antes de sua morte. Embaixador em Praga, telefonara-me Schmidt, certa manhã, de Roma, para dizer que queria ver-me, mas não con seguiría visto no passaporte: “Ve nha sem ele, estarei no Aeroporto”.

Hospedado na Embaixada, ao acordar, vinha logo ao meu gabi nete. Naquele dia, com ar som brio, disse-me: “Sei que vou mor rer breve. Não se esqueça do com promisso comigo, quando morreu Antonio de Alcântara Machado. Se não puder falar diante do meu túmulo, escreva um artigo".

A fúnebre promessa resultara de imperativa exigência, ao ler o discurso proferido, em 1935, em São Paulo, diante do túmulo do inesquecível e admirável autor de Braz, Bexiga e Barra Funda.

Perturbado, ao ouvir-lhe as dra máticas palavras, respondi-lhe, sorrindo,' que lhe exigia idêntico compromisso, e levei-o à janela para mostrar-lhe a longa fila de crianças conduzidas, todas as ma nhãs, às creches do Estado, onde ficavam até que os pais voltassem do trabalho.

Logo se confrangeu o coração do poeta. Olhou longamente o melancólico desfile, sentou-se à mesa e escreveu um dos seus últi mos poemas: Eu Via a Lua de Praga, em que evoca a triteza das crianças privadas do carinho e do calor maternal em seus lares pobres.

Agora, somente agora, passados tantos anos sobre a morte do poeta, consigo, a custo, cumprir a triste promessa. Aqui estão, sobre a mesa, livros com velhas dedica tórias, que o tempo vai apagando. Só não se apaga, antes se reaviva e se reacende, o alvoroçado entu siasmo das primeiras leituras. Do fundo da noite, que já envolveu, no seu manto de estrelas, a terra e 0 mar, vem a música destes versos:

“Ouvi o cântico da noite! Eu ouvi o cântico da noite! Chegou dos vales profundos e distantes Depois de se terem acendido as estrelas.”

Neste poema, de largo ritmo, desenvolve-se um dos temas pre feridos e insistentes da poesia de Augusto Frederico Schmidt. É den tro da noite que mais alto se eleva sua voz. Coníunde-se, em belas interações e transferências sensoriais, a noção das coisas. Não ouve, vê a música e a transporta para No encantamento

os seus versos, e no devaneio do sonho, só d sperta ao canto dos galos, mistu rado às vozes que anunciam a alvorada:

“Os galos estão cantando insistentemente com suas vozes luminosas na madrugada, Os galos estão chamando pela aurora!”

A morte, como o mar, é outra obsessiva presença, não só nos poemas, também na prosa do autor de A Estrela Solitária. Ein O Galo Branco, livro de memórias, onde encontramos algumas páginas an tológicas, como as sob o título Vm Rei, um Fantasma Talvez, a idéia angustiante reponta a cada momento. Schmidt não precisaria recolher-se àquele convento onde a saudação habitual era: “Pensai na morte, irmãos!” Ainda assim, para melhor pensar nela, encer rou-se nos primeiros anos da mo cidade, no Colégio Anchieta, em Friburgo, com um grupo de ami gos. O objetivo específico do re tiro espiritual consistia em pro curar saber o que era o homem, por que não conseguia suportar a dolorosa convivência com a morte

e encontrar resposta à indagação sobro a própria sobrevivência.

Vê-sc logo que a concepção schmidtiana do trágico problema se opunha àquela outra de Da Vinci, ao considerar a morte a maior injustiça contra o homem, pois ele traz consigo, ao nascer, a consciência de sua imortalidade.

“Olho”, escreve Schmidt, “na foto grafia, as fisionomias dos que se foram: esses já sabem tudo; mes mo os que nos pareciam mais sim ples já conhecem o mistério que procuramos em vão descobrir. Es tão na posse do segredo inviolável que os mais sábios não deslintíam com nenhuma de suas fórmulas nem atingem com nenhum de seus instrumentos de pensar e de calcular.

Saberão mesmo? Estarão, real mente, de posse do terrível segre do? Não será ele inviolável até para os mortos? Mesmo admitindo a existência de um outro lado da vida, no grande vale das sombras, quem pode assegurar que, lá, “me mória desse mundo se consente”? Se assim for, nem os mortos esta rão livres dos desesperos e das aflições terrenas.

Mais tranqüila era a concepção daqiiele filósofo grego, ao ensinar aos discípulos que “viver ou mor rer é indiferente”. E, quando um deles lhe perguntou por que não se suicidava, respondeu: “Porque é indiferente.”

Também podemos repetir sem pre, em reação inversa, os versos de Verhaeren:

Ou pour toviber et pour viourrir, queHmporte! Ouvrir ou se casser les poings contre la porte! ii if

A obsessão de desvendar os se¬ gredos da vida e da morte, de descobrir o sentido dessa longa jornada sobre a terra, que nos impele

“Para as mesmas incertas cami nhadas mistério das encruzilhadas. para o de que fala Raul de Leone, aumen ta a angústia ,de viver. Pouco im porta. Os atrevidos mosqueteiros de pluma ao vento, sempre em busca de aventura e de combate, C’est encore plus beau II exclamam: puisque c’esí inutüe!

Nos cânticos de Schmidt, onde encontramos imagens bíblicas e ouvimos vozes proféticas, a morte não é “um desastre para a alma”, queria Da Vinci, ao separarse do corpo, seu maravilhoso ins trumento de expressão. O autor de Canto da Noite, quando se de tém nesse momento de transfi guração, revela sentimento bem diverso: iS como

“O meu corpo não será mais meu! “O meu espírito não levará lembranças.”

“Mãos estranhas levarão meu corpo!”

Ele insiste na certeza da libera ção da alma, que voltará, sem lembranças “à clara pureza dos céus!”. O drama terreno está en cerrado na irreparável imobilidade

If

Apagadas to¬ da matéria marta, das as reminiscências, esquecidas todas as aflições, a alma correra, livre, nos espaços.

Diante do túmulo do poeta, co mo certa vez em Paris, senti que os cemitérios só significam algu ma coisa pelos grandes mortos que abrigam. Lá estão, na França, Balzac, Verlaine, Baudelaire, Malarmé, Anatole France, Gide, Chopin, Debussy, Monet, Manet, Renoir, Vlaminck. Aqui, Machado de Assis, Bilac, Alberto de Oliveira, Ronald de Carvalho. Manu'l Ban deira, Guimarães Rosa, Portinari, Villa-Lobos, Henrique Cavailero, Visconti. Apenas eles “se vão da lei da morte libertando.”

Agripino Grieco, sobre quem pesa, depois de sua morte, o mes mo injusto silêncio que envolve Augusto Frederico Schmidt, Ronald de Carvalho, Raul de Lione. mostrou que, “embora o refrão de ciuc abusa o poeta do Canto da Noite não seja sempre um autên tico efeito musical”, tudo, em seus livros. “ parece nutrir-se de sica.”

Pode-se observar acentuada evo lução da poesia de Schmidt em

“Seios túmidos, reais, seios mór bidos, pequenos, Seios de sol e espuma, infinitos Seios para os grandes saltos soli tários!!” amargos de severo

Se os motivos prediletos reapa recem, surgem, com outro ímpeto.

Não só a morte, também a noite, o mar, o amor e a música marcam o ritmo de toda sua obra. Não fossem esses motivos a eterna fonte em que vão beber os postas. Os pensamentos de Schmidt são sempre expressos em forma musi cal. Não era sem razão que o va lho Carlyle dizia que, onde há Manuel Bandeira pôs em con- “verdadeira música”, também se traste “a poesia magra” de Carlos encontra “alguma coisa de proDrummond de Andrade, com “a fundo, poesia gorda” do autor da Estrela Solitária. A comparação pitores ca tem sentido exato. A poesia a Estrela Solitária, onde os transde Schmidt. caudalosa, opulenta, bordamentos incontidos, o pród go transbordante de imprevistas cx- desperdiçar de palavras, o tumu to pressões verbais, rica de imagens, de idéias cedem lugar a formas lembra as águas de um grande rio definitivas de expressão. D'sapacorrendo para o mar. A de Drum- recem os sentimentos metafís cos, mond, que só agora solta as con- o estilo, mais claro, expande-se tidas rédeas de seu corcel a'ado em sensualismo viril: em poemas eróticos — “Sou um cavalo solto no seu leito” — ma gra, ascética, seca, decantada nos filtros de uma inteligência habi tuada a dominar os excessos de imaginação, a disciplinar os ins tintos, e, por vezes, a esconder a sensibilidade dentro controle mental e de certa usura de palavras.

ein vibração gens nítidas, cie claras ressonâncias:

“Vejo o olhar da morte sobre as ondas, Vejo flámulas soltas, no negror da noite!”

menos difusa, ima- tíndo-a a cada momento e acari ciando-a como se fôra uma liber tação, afligia-se ao pensar que não o compreenderíam nunca e que resultaria inútil “a luta no mar de palavras” em que se de batia. Envolvido em surda hosti-

<( lidade, exasperava-se. Sua dupla personalidade de homem de letras e empresário, irritava. Henrique Pongetti, extraordinário cronista, grande escritor, que acaba de de saparecer, observou que não per doavam a Schmidt o ser rico. Enriquecera-se mais de poesia do que de dinheiro. Riqueza que ti nha, na verdade, a envolve-la. muita fantasia. Mas ser notável poeta e escritor e ostentar exage rada opulência, era demais.

Em A Literatura no Brasil, diri gida por Afrânio Coutinho, Péricles Eugênio da Silva Ramos não se esforçou para penetrar na com plexidade, no mistério, no drama filosófico e religioso, no sentido profético da obra de Augusto Fre derico Schmidt. Preferiu julga mentos frios de falso historiador literário, que se mostra, às vezes, bem mais sensível na apreciação de poetas menores, sem luz pró pria, satélites de Manuel Bandei ra. de Drummond, de Vinícius, e cujos poemas, só podem ser deci frados se reencontrarmos a chave perdida de secretos cód’gos poé ticos. São pálidos reflexos da luz solar de outros sistemas plane tários.

Nos seis volumes de A Litera tura no Brasil, muitos julgamen tos inspiram-se evidentemente na simpatia ou antipatia dos diver sos colaboradores, supervisionados por Afrânio Coutinho. Críticos onicientes, profissionais em tudo — poesia, romance, conto, teatro, crônica, jornalismo conceitos precipitados com a so berba e fátua convicção de qne lavram sentenças irrecorríveis.

Schmidt que não temia a morte, antes convivia com ela, pressen-

Um amigo, também poeta, e dos melhores, disse-me há pouco que país de um só poeta.

na

somos um E eu acrescento: país que teme a sombra dos mortos. Mesmo assim, já agora podemos dizer que a projeção de Schmidt literatura brasileira venceu a conspiração do silêncio em que tentaram envolve-lo. O que se não explica é que a sociedade fun dada por seus amigos, a exemplo daquela outra dos “Amigos de Pegui”, existente na França, fa vorecesse essa conspiração. Inaugurou-se sua sede em dependên cia do Parque Lage, onde se ins talou sua preciosa Biblioteca, doa da pela esposa, e nunca mais se falou .nisso.

emitem A propósito de Pegui, revejo agora Schmidt ajoelhado, rezando, no túmulo do poeta dos CAHIERS

e na Igreja em que ele tôra bati zado e onde também rezara até a hora de partir ao encontro da morte. Eu levara Schmidt a essa viagem sentimental ao Loiret, per to de Orleans, para junto daquele que tanta influência exercera em sua poesia. A glória do autor de Canto da Noite há de ser igual a de quem o levou a chorar e a rezar sobre o seu túmulo, a escre ver versos que trazem, por vezes, a mesma inspiração.

Ergo os olhos e vejo que a estre la da manhã apareceu no cimo azul de um monte. Ainda ouço a gravação da Sonata de Beethoven para piano e violoncelo, executada por Howrosvisky e Casais.

Vale a pena viver nessa absurda c maravilhosa nave planetária onde tem sido possível criar tanta poesia e tanta beleza. Pouco im porta o fim. Senhor, Tc saúdam. Os que vão morrer,

do Estado de Sao Paulo
Pauto Maluf
São Paulo, vida nova.

Rys Barbosa, esse desconhecido

EM 1932, a atual Avenida Antô nio Carlos, no Centro do Rio de Janeiro, chamava-se Aveni da Santos Dumont. De repente mudou de nome: passou a cha mar-se Avenida Aparicio Borges.

Por esse tempo, o Barão de Ita raré, que se chamava Aparicio To no Gabinete do Dr.

O grande baiaiio, que empolgou o Brasil durante varias décadas, sus citando entusiasmos não igualados, é, praticamente, desconhecido das novas gerações. É o tema do artigo do acadêmico Josué Montello. relli, apareceu Rodolfo Garcia, na Biblioteca Na cional e confidenciou a este velho amigo que, neste nosso país de glójá tinha resolvido o

— E de modo muito simples. Vou substituir a placa da Avenida Aparícío Borges com outra que traga meu nome: Avenida Aparicio Torelli. Tanto faz uma quanto outra. Nin guém vai dar pela mudança.

E baixando a voz, conservando o ar grave:

— São dois desconhecidos...

Lembrei-me deste episódio, que me foi contado por Mestre Garcia, ao receber da Casa de Rui Barbosa o discurso com que Mestre Rui sau dou Anatole France, na Academia Brasileira, a 17 de maio de 1909.

maitre, considerava como a extre ma flor do gênio latino?

O tempo, à medida que vai fluin do, deixa-nos sempre esta lição de humildade: esmaga e pulveriza as glórias mais retiunbantes. Quando Paii morreu, um jornal do Ri,o anun ciou-lhe a morte com esta manche te de primeira página: Apagou-se o Sol. E ninguém riu, toda gente re conheceu que sim, que de fato o Sol se tinlia apagado, porque Rui, naquele momento, era a figura na cional por excelência, no esplendor cio seu ocaso.

De mim para mim, íiquei a pen sar se Rui e Anatole France, para as novas gerações brasileiras, não serão dois desconhecidos, como os dois Aparícios da pilhéria do Barão. Presumo que sim. Que é que sabem os moços de hoje sobre a vida e a obra do grande baiano? E que notícia terão daquele a quem um de seus contemporâneos, Jules Le-

Hoje, não nos iludamos: a obra de Rui somente será conhecida pela geração mais antiga, ainda sensível abs valores que a singularizam. Mi nha geração ainda alcançou o Rui das antologias escolares, traços de união entre gerações sucessivas. Que sentido terá, agora, para os mo ços, a Oração aos Moços? Ou a Prece de Natal? Ou o Estoiro da Boiada?

Porque a verdade é que não se chega de improviso à obra de Rui Barbosa, que está ligada a seu temrias precarias problema de sua avenida:

sariamente, abrangente no espaço, identilicando-se, de certa maneira, com 0 conceito mais global ainda de cultura, e permanente no tem po, em forma continua ou inter mitente, como função revitaiizadora presente ao longo de toda a trajetória do homem, desde os primórdios do pré-escolar, cuja relevância cada vez ganha mais reconhecimento até, e inclusive, a aposentadoria, que está perdendo a sua característica de ócio, esté ril ou melancólico mesmo que me recido, para ganhar nova dimen são enriquecedora do individuo, de sua família e da sociedade.

A iniciativa privada que é um dos setores responsáveis pela vita lidade da sociedade pluralista e aberta a que todos aspiramos, so bretudo numa época marcada pela relevância da inovação e pelo ines perado da incerteza, não podería, pois, deixar de estar presente, de maneira ampla e marcante, nesse jtrocesso educativo no sentido lar go, tal como o concebemos acima.

São conhecidos os estudos como os de Denison ou Theodore Schultz nos Estados Unidos, ou o de Strumlin já em 1919 na Rússia, apontando a educação como fator preponderante, mais do que a pró pria acumulação do capital, para explicar tanto o crescimento agre gado do produto nacional, quanto 0 diferencial de rendimento dos indivíduos.

Se tais estudos tiveram o enormérito de realçar a prioridade da educação para qualquer esforço coerente de desenvolvimento eco nômico, em que os gastos para o me

setor passaram a ser considerados como investimentos reprodutivos cm vez de despesas correntes, cian do nascimenio ao conceito de capital humano, levaram, por outro laao, à tenraçao de concuur se por uma correlação por demais estrei ta e mecânica entre educação e mercado de trabalho, assim como entre treinamento e aumento ae produtividade industrial. São, sem dúvida, aspectos que devem ser tidos em alta conta, mas, tanto do ponto de vista do pais, quanto da empresa privada não esgotam 0 interesse no fomento à educação.

Tais considerações são amda mais pertinentes para países em desenvolvimento, como os latinoamericanos, em que a combinação de recursos limitados face a enor mes necessidades de 7não de obra qualificada, ou melhor, de cérebros capazes de compreender e enfren tar as tarefas que se nos ante põem, exige seleção rigorosa de prioridades, racional austeridade na aplicação das escassas disponi bilidades e a eliminação drástica de desperdícios.

Esta demanda exigente acabou por dar crédito a certas proposi ções que, aparentemente derivadas de análise custo-benefício, repre sentam visão ainda mais estreita do que a acima comentada. Psssou-se a propugnar uma educação técnica em vez do que seria o veio humanista de nossa educação: de fendeu-se um planejamento de va gas e carreiras nas universidad'‘s a partir de previsões da procura de mão de obra; passou-se a pre ferir uma especialização que aten-

vez

dn. a necessidades precisas em de uma educação geral e, enfim jntroduziu-se o conceito do ensino perderam o seu st(vtus de vsrdaprof issioiudizante ram a ser cada vez mais contes tadas frontalmente, ou ao menos

contraste des incontrastáveis. com a alegada tendência bacharelesca de nossa instrução, mente. juIgou-se que a simples uniem

Assim é que: 1) a propalada Pinai- dícotomia entre humanismo de um lado e técnica de outro, está ultraversalização da educação seria o passada ou sempre foi espúria, meio mais racional de se atacar eis que tanto histórica quanto o problema da desigual disfcr-bui- ontológicamente o humanismo é ção de reíida, pois estar-se-ia ata- a matriz legitima tanto da cíêní-ando o nial pela raiz, atuando cia quanto da tecnologia modernas; sobre as suas “causas” em vez de 2) a tentativa de prever neces sidades de i^ão de obra do amaDentro desse quadro, o papel nhã para planejar a educação de . primordial que deveria caber à hoje passou a ser considerada fúempresa privada era o de fsT- til, senão contra-producente. As mar a demanda futura de p'ssoal mutações inerentes à moderniqualificado, o de custear o treina- dade, as incertezas típicas de uma mento especializado para atender economia em evolução e a mobíli as suas necessidades mais imedia- dade social e geográfica que caractas e a de financiar prioritariamen- terizam uma sociedade em desente os estudos técnicos, quer a'ra- volvimento, significam que aquela vés de escolas especializadas, qu i* tentativa representa, de fato, esem cursos isolados ou no próprio tarmos preparando, hoje, com cri térios de ontem, o aluno de amaComo reflexo da reavaliação nhã, isto é, estaríamos encarando agôn’ca por que está passando a a educação com um espelho retrocivilização industrial moderna no visor; limiar de uma nova era que se 3) a mobilidade, incerteza e muanunciava como nuclear — o que danças referidas também aconsenão veio a mater?alizar-se — mas lhariam a ênfase sobre uma edu que S3 revela proteica, ora cib~r- cação geral — e as pesquisas de nética, tecnotrônica, ou pós-indus- Leibenstein e Harbison são elotrial, ora marcada pela busca de quentes em favor do ensino geral valores culturais redefinidos e p?la e não especializado, pai’ticu:arredescob°rta do sagrado, ora pela mente em países em desenvoiviconsciência ecológica aguçada, pe. mento la procura de fontes alternativas para que possa raciocinar, comuÜe energia, revolução informática abrangente, extensão generalizada der, sempre visando à aquisição do s^^tor de serviços e aplicação de uma cultura básica, mas sóbda de tecnologias doces e descentra lizadas, aquelas proposições passasobre seus “ efeitos”.

local de trabalho.

que prepare o aluno nicar-se, imaginar, inovar, apreene sintonizada com as realidades concretas da comunidade a que

lógico que estes resultados fossem relacionados com as análises do impacto da extraversão .sobre os países ricos (que, nesse quadro, presume-se que enriqueçam abso luta ou relativamente). Ir-se-ia redescobrir, assim, nos países do minantes efeitos desfavoráveis da extraversão (criação de seteres internos tendo os mesmos interêsses que o estrangeiro ou a criação de grupos de rendas incompressiveis), efeitos que seriam, aliás, facilmente aplicáveis aos fenôme nos i>ostos em evidência peles estudos de vulnerabilidade.

“Um certo abandono da lógica do monopólio bilateral” é atual mente perceptível nas teorias ge rais das relações Norte-Sul. Não parece ter sido suficientemente marcado nas análises das conse quências da extraversão posto que estas últimas não fazem qualquer referência à concorrência entre os países dominantes (31); o pro blema de uma autonomia coletiva do Terceiro mundo deveria ainda ser discutido em termos de rup tura de relações entre dois blocos homogêneos?

A insuficiência ãas teorias

ão Estado

tente e pronto a refletir unica mente as necessidades do domifoi corrigido nante (e isto não pelas análises da vulnerabilidade mais froquontemente. t.~ma- que. ram o Estado como um ator cujas determinações não importam para o modelo).

Parece ser. dc agora cm diante, necessário (aliás cm relação com a evolução endógena das teorias da dependência) recolocar a ques tão do papel do Estado da econo mia dependente extravertida. De ver-se-ia, sem dúvida, rcintroduzir a possibilidade — e até mesmo a necessidade Estado, de testemunhar seu poder em relação ao exterior. tal para um Pode-se, muito sumariamente, registrar:

1. O reforço, através da extra versão. dos meios do Estado. A extraversão aumenta as receitas fiscais e aduaneiras que consti tuem 0 essencial dos meios finan ceiros estatais; orienta os fluxos econômicos para lugares onde são centralizáveis e mobilizáveis Estado; eleva as rendas da explo ração das minas as quais são cilmente apropriáveis pelo Estado; este encontra, assim, à sua dispo sição, receitas que nunca existi ram nas experiências anteriores de desenvolvimento, e pode, múltiplos países onde as exigên cias das massas não se impõem ao poder, servir-se destes fundos para fins exclusivos de poder exte rior (armamento) e de poder in terno (polícia e grupossociais).

Sem ceder à moda atual de explicar todas as dificuldades teó ricas pela ausência de uma aná lise do Estado, é necessário lem brar que as primeiras teorias da dependência, considerar o Estado do país extra vertido dependente, como impoem acostumaram-se a “corrupção” de Isso não retira

todo valor às descrições criticas da extraversão, relativas à perda dc poder do Estado (este é submciido às pressões dos produtores estrangeiros da renda e. às vezes, é constrangido a escolher formas retardadas de manifestação de po der. etc.) . Mas parece, pelo me nos. necessário não negligenciar, “a priori-'. os problemas de poder estático das economias extravertidas:

2. A criação, pela extraversão. dc Estados interessados unicamen te na partilha internacional do Nos primeiros tempos do mo modo, os Estados dos países não industrializados desenvolvefilosofia da Nova ordem ram uma econômica internacional que se orienta, antes de mais nada, na direção do crescimento de sua par te da renda; seria ingênuo acre ditar que tudo não passa de simu lacro e negligenciar que os con flitos com 0 estrangeiro e as ma nifestações de independência e de poder, são essenciais a Estados que os têni como fundamento da sua legitimidade.

3. A necessidade, para Estados de economias pobres extravertidas, de refletirem os conflitos entre as lucro, desenvolvimento extravertido, o Estado tira seus recursos do cres cimento das rendas e não de um processo de acumulação.

Por outro lado, isto o torna liquanto ao emprego dos seus massas e o estrangeiro. As análises da extraversão ten dem a simplificar muito o pro blema do Estado, ao considerado simples agente de negócios ,rvre fundos posto que estes não têm, os lucros de empresa, que reinvestidos (32); só entram como das camadas compradoras: se a extraversão cria tais camadas, cria também camadas que entram cons tantemente em conflito com o estrangeiro e isto cada vez mais nitidamente depois que as formas atuais de internalização do capital coloca massas crescentes na presença fí sica do estrangeiro, com seu modo de vida e com seu posto na pro dução. É no nível da vida coti diana que nasce, atualmente, um nacionalismo econômico que, annível como ser em jogo ^ pressão, menos precisa nionos constrangedora, da conentre as nações e a e corrência pressão, muito desigual, da ideolo gia do desenvolvimento e das ne cessidades das massas. O Estado tem portanto uma certa largueza utilizar sua renda para fins e conscientemente, para de consumo ostentatório e mani festações de poder.

Por outro lado. os Estados vèmatribuir, como uma de suas fun ções essenciais, a intervenção na partilha das rendas. O que é si multaneamente a causa de seus compromissos com o estrangeiro e a causa de suas relações conflituais com o estrangeiro. Do mes-

tes, permanecia apenas no dos produtores ameaçados pela concorrência. se

Situado no coração desta con tradição, 0 Estado pode, certa mente, representar todos os pa péis, desde o de agente da repres-

(que os paises estrangeiros não poderíam mais efetuar dire tamente) até o de representante das massas contra o estrangeiro. Mas não pode evitar-se que ele seja atravessado por esta contra dição e até mesmo evitar-se que ele se sirva dela como instrumen to de poder; os próprios Estados estrangeiro.

deruvam perigosa a cxinivcrsão, paia os pai ses dependentes e sublinhavam frequente mente, ao contrário, as vantagens desta extraversão para os países ricos. Temores, entre tanto, Unham sido expressos (notadamente nos meios políticos) sobre a estralégin dc expansão das sociedades petrolltems.

(2) Tinbergcn ().), “Técnieas modernas da política econômica'’, Paris. IJunod, lyblsao

ça do seu

mais enfeudados ao utilizam, constantemente, a ameadesmoronamento, como instrumento de chantagem relação ao estrangeiro; e não

(5) Pam a exposição sistemática destas tecConlablliciade nacional Paris, nicas Cf. J. Uénard e modelos dc política econômica'". PUF, 1972.

(4) E. dominados.

(5) E verdade que, cm certos casos, a aceitação dos objetivos nacionalistas ern so bretudo destinada (por exemplo cm H. G. Jolinson) a mostrar os cusios destes objetivos.

(6) Assim SC viram os pariidários de uma volta da França ao protecionismo, não hesi tarem em usar slogans niaoistas ("Contar com suas próprias forças”).

frcqucnlemcnte, piiiscs para os um com se privam, com relação ao que é de sua competência, de assegurar sua legitimidade (e de mascarar sua subordinação) por manifesta ções (às vezes puramente compen satórias) de poder. Desse modo o Estado é levado a tomar essas de\ (7) Cf. GRESI. Iho”, por exemplo os traballios do A divisão iiuenuiciunal do iraba^Estudos dc política industrial n.os 9 e 10, Paris, La Docunienlation française, ly^d.

cisões “agressivas”, das quais, só estudos de "vulnerabilidade se OS preocuparam, até agora.

Parece que as teorias da extraeconômica dos países de-

(8) Cf., por exemplo, "Uccsiruluracao do aparelho produtivo francês", DATAK, 'Traba lhos c pesquisas dc prospecliva, n.os 65 e bb, 1 fins La Documentation frnnçnisc 197b. versão pendentes não podem mais persis tir em negligenciar a existência dessas contradições propriamente políticas, criadas pela extraversão.

Seriam elas as únicas a se satis fazerem com uma construção inte lectual que tende a representar o mundo como uma composição de Estados homogêneos e dominados por camadas “cosmopolitas” numa época que se caracteriza pelas contradições do nacionalismo e/ou do populismo (33).

cria

(9) No quadro das teorias da dependência, a vantagem atual da troca para um país pocle, alêm disso, igualincnic atual, na medida cm que o lucro e mantém as eamadas privilegiadas e lhes dá os meios dc defenderem seus privi légios (c a vontade dc defendê-los no ciuadro de uma dependência conseniicla.). custo ser considerada como iini

(10) Curiosiimcnle, aliás, a ligação vantagem atual c custo potencial, poucas zes ou nunca foi sublinhada c, em vez colocar-se cm evidência a ambivalência cie toda relação com o exterior, assisliu-sc a um diálogo de surdos (às vezes voluntário) entre aqueles que sublinhavam as vantagens atuais 0 aqueles que sublinhavam os custos poten ciais, sem precisar que eles tratavam do-.mesmos efeitos cia extraversão. E a iloutrinn rrequentemente tratou dc "esquizofrênteos” os comportamentos dos .Fstados que tomavam eiiive vedc

(1) Recordemos que. até agora, os textos liberais celebravam, quase extraversão (denominada exterior”) e que os sem reservas, a "abertura para o textos críticos só consl-medidas simulffmeamentc favoráveis c desfa-

vorávcii ii -Lxira\crsiiü, soni levar cm coma que csla cbnuizofrcnia reflete apenas uma ambivalência üos latos.

uma vintena de anos ou a estratégia do alinha mento do Egilo nosseriano.

(17) Cf. os trabalhos do GRESl citados(11) Esta polarização sobre uma lornui muito particular da teoria de conflitos lez atê cüin iiuc se negligenciasse bastante mui tos instrumemos de análise dos estudos de conflitos: atê inesino os estudos dc vulnera bilidade foram frcciucnlcinenic menos proiundos do quo poderíam ser c sc contentaram cm colocar algarismos arbitrários na matriz dos ganhos c das perdas dos jogadores. A desatenção aos ensinamentos da teoria do.s conflitos, foi particularmentc marcada no tratamento da quanto a uma acima.

questão das represálias: en teoria dos conflitos desenvolveu análise das represálias multo mais lina dos cconoiiiistiis, poucos progressos lofeitos neste ponto e sc continua, com muita frequência, seja a negligenciar (como mcrcaniilistas) a existência dc represálias, seja supor (como os clássicos) n existência de represálias suficicntcnicnte eficazes para que, qualquer decisão tomada contra um país se veja seguida de uma decisão idêntica do pais vítima c que a sucessão dc represálias pro voque o empobrecimento dc todos, i-lnverla quanto tomar emprestado ás teorias dos conflitos, o conhecimento preciso das possibilidades téc nicas de que a ram os a esse ponto grande interêsse cni

(18) Cf. os comentários de Samir Amm no volume 10 da mesipa coleção. “Estudos de política industrial”. Paris, La Documentation française, 1976.

(19) Sem dúvida subsiste a possibilidade d? intervenções militares breves mas a solu ção da guerra do Vietnam e o jogo das alian ças no seio do Terceiro mundo, fazem apa recer, como mais prováveis, as intervenções de países menos ostentatoriamente dominan tes (ajam eles ou não, por sua própria coma).

(20) Particularmente representativo desta representação da vulnerabilidade, e mesmo da dependência, t o texto de T. de Montbrial, “A desõrdem econômica mundial". Pa ris, Calman-Lé\7, 1974.

(21) PÔde-sc, assim, utilizar o modelo FUi para calcular o impacto de uma alta dos preços das importações ou dc uma baixa da imigração na França.

(22) O sub-desenvolvimento foi até mesmo caracterizado , (por C. P. Klndlebergen) como a ausência de flexibiUdade.

represália, a existência de represágraduadas, a existência de “regras do no emprego dns represálias (c as vlolias jogo loções destas regras do jogo), a existência de represálias proibidas por tabús sócio-culturnls preocupações diplomáticas, etc.

ou

(12) Os trabalhos mais aprofundados neste sentido, na França, são os dc C. Stofínês, “A grande ameaça iiulustrial”, Paris, CalmanLévj', 1978.

(13) Cf. Th. C. Schclling, "The strategy of conflict", Oxford Univcrsily Press, 19b3.

(14) Desde o aparecimento dos Estados-nações as estatísticas são construídas a par tir destes; os que decidem são identificados cora os como de intervenção político citados na literatura oficial são os que pertencem, juridicamente, aos aparelhos dc Estado, etc.

Estados; estes últimos são tratados entidades não contraditórias; os melos

(23) A recusa cm indicar normas náo pode ser definitiva. E ao insistir unicamente so bre os mecanismos que determinam os deci sões, é-se conduzido, em sequência, a aceitar ou recusar em bloco estes mecanismos. E por isso que as análises da extraversão fornecidas pelas teorias dn dependência conduzem, seja ô aceitação de uma fase transitória de desen volvimento dependendo (sem grande espe rança de reformas), seja, multo mais frequen temente, no elogio dns rupturas e da introversão. A negação inicial de toda liberdade política dos países dependentes e a recusa declarada de toda recomendação normativa preparam, apesar das aparências, n afirmação terminal de que o Terceiro mundo é livre de romper totalmente e a conclusão multo nor mativa: “é preciso” romper.

(24) Cf. A. C. Peixoto, art. cit.

(15) Se não pela volta descrito adiante, aos postulados liberais sobre a superioridade da troca frente a niisência de troca.

í U A (16) Pode-BC, cordar a para convencer-se disto, reestratégia monetária dos EU.A há

(25) Supondo frequentemente, aqui ainda, efeitos cumulativos: os efeitos dos diferentes fIu.xos são considerados como convergentes e cumulativos.

(26) O que o levou, às vezes, a ahrmai seu caráter nfio quantitativo e a utilizar fte-

quenlememe indicadores de dependência anti gos e Inferiores aos dos estudos setoriais: déficit exterior, coeficiente de Imporiaçao, volume da ajuda exterior, etc. Parafraseando a frase dc Keynes sobre as teorias antigas, não se pode dizer que o interesse essencial cm conhecer as novas técnicas quantíiativas 6 o de não mais utilizar, inconscicnicinenic. técnicas quantitativas antigas ultrapassados?

(27) O que lhes evitaria religar a redução da independência dos países europeus unica mente ã evolução espetacular das relações com o Terceiro mundo e lhes proibiría esque cer as relações dc dependência duradouras com relação aos listados Unidos.

toUü, (;ncünlrümo●no^ Oiniiic il.: iicccssldadc dc Cbluüar a evolução simuliãnca das lormas de poderes, das representações do poder e dn« suas interdependências verificados.

(50) '1'endü lido demasiado tarde a "A dialética da dependência’, uiilizá-ia na eonstrude A. Tiano, Paris, P.U.r. 1477, paia ção deste balanço devemo.s pi obra responde a várias das questões colocados neste texto (pela sua aplidáo, noiadamcnte, em desvelar a racionalidade das políticas dos isar que esto indicadores ptiíses dependentes.)

(28) £f portanto, sem ilusão que tentamos, às vezes, neste texto, proceder a uma tra dução mútua que arrisca muito ser recusada por cada uma das parles (mesmo sem a exis tência dc erros de tradução, pelos quais so mos os únicos responsáveis).

(29) Recordemos, para não voltar atras, a necessidade, para a teoria assimétrica dos efeitos da extraversão, de efetuar pesquisas empíricas que possam enfraquecer suas hipó teses e não SC deixar fechar num método que, por mais esclarecedor que possa ter sitlu para desvelar as metamorfoses da desigual dade e do poder, apresenta o inconveniente principal de reduzir o papel da pesquisa dos fatos em favor do enriquecimento do con teúdo das hipóteses dc trabalho Iniciais, p verdade que uma vez abandonado este me-

ESTADOS

obra

(31) Este esquecimento d:i concorrência, e geral no tratamento do problema das feréndas de tecnologia e exterior enquanto o não industrializados faz cie iigora em diante, jogar a concorrência entre países capitalistas e, ccrtamcntc, a concorrência entre estes e os países comunistas. Há, nesse ponto, um atraso considerável dos teóricos sobre os que decidem, atraso que torna incompreensíveis políticas tais como a política argclinna.

(52) Esla particularidade de um país que vive dc renda c não dc lucro foi sublinhada por Samir Amin a propósito dos beneficiá rios privados da renda na América Lalin.a. Mas a análise comportamentos dos Estados capitalistas em outros países do mundo.

utilizável para estudar parece os

rcvoluciol.c Scuil, Mitos i’nrls.

(33) Cf. Clialiand (G.), iiários do Terceiro mundo", 1976. transdo financiamento mais íracü dos Estados

—O—

UNIDOS: — NÂO-TECIDOS USADOS COMO VEÍCULOS DE FRAGÁNCIA Um novo uso para os não-tecidos de poliéster foi desenvolvido pela Earth Industries que lançou o Fachet, uma síntese de não-tecido e sachê. O Fachet é manufaturado por meio de um processo de microencapsulação em cooperação com a Appleton Papers Inc. A técnica consiste em envolver gotículas de fragrância com uma camada de polímero, formando microcápsulas que são então unidas ao substrato do material. Sob pressão, as paredes das cápsulas se rompem, liberando a fragância desodorante. Este processo traz algo de realmente novo no campo dos produtos de papel anteriormente usados. O Fachet acres centa a dimensão de tecido, isto significa que mais cápsula estão contidas no substrato, de maneira que a fragância dura muito mais tempo, até anos e o material pode ser lavado^ As aplicações comerciais do Fachet são numerosas. Por exemplo, no campo automotivo e da aviação, o Fachet pode ser incorporado nas guarnições descartáveis usadas no respaldo dos assentos; em produtos destinados a animais de estimação, em forros de almofadas e cestos; o Fachet também pode ser incorporado em cabides acolchoados, talvez servindo de proteção contra ^ traçaá enquanto libera suave perfume.

O mal das cidades

Fadifja ou astenia? \

Os médicos dizem que a metade das consultas são motivadas péla fadiga, sem nenhum outro sin●● Estou exausto... Não Estou no fim toma. aguento mais... da linha... escutam sem parar. Parece que o cansaço tornou-se o mal do século. Mas não se trata de qualquer fadiga, pois a verdadeira não é doença; é o resultado normal esforço físico ou intelecO músculo se carrega de são as frases que ij

uma cie um tual.

La Fontaine já descrevera em "O Rato da Cidade e o Rato dos Cam pos’’ esta espécie de instabilidade que domina os cidadãos, impedin do-os de apreciar as alegrias mais simples da existência. Inquietação e cansaço. È a chamada doença urbanose” na sua forma crônica e. quando exasperada, ‘‘citadinite". Nos dédalos kafkianos das eidadescogumelos, o homem, às vezes, se7ite-se preso “como um rato”. Uma angústia sem objeto apertalhe a garganta. Uma voz imagi nária convence-o da sua pequenez e da inutilidade de seus esforços. É O que a-autora focaliza.

ácido lático e suas contrações tornani-se menos vigorosas. O sis tema nervoso satura-se e já não deixa passar informações. O des portista, o burocrata que rea’izaum trabalho considerável sai ram bem que é hora de parar.

O cansaço real é reversível. A gente descansa. Vai dormir. E. silêncio da noite, o organismo obriga a restabelecer a alqui mia complicada dos músculos e do cérebro. Amanhã, o cansado desta noite atacará um novo dia com forças regeneradas.

cedida de um esforço ou é despro porcionada em relação a este esforço. O repouso não a anula, ou demora demais para restabe lecer 0 organismo em seu estado original.

Este cansaço não é reversível. Reencontra seu cliente ao ama nhecer e acompanhá-lo-á sem tré guas através das confusões de Pa ris. Adivinha-se que o psiquismo entra em grande parte na sua composição.

Mas nosso cansaço — este do qual falamos atualmente, não é um cansaço normal. É máu, e não hesitamos, em virtude de seu ca ráter francamente patológico, em qualificá-lo de “astenia”. Reco- O “mal dos grandes conjuntos nhece-se a astenia por diferentes critérios que provam sua ilegiti midade. Aparece sem ter sido preno se i 1 »

É certo que vivemos sob agres são perpétua, e não queremos alu-

passar os limites da cidade põem. ainda, sua esperança na mudança de emprego, de casa. Há alguns esboça-se um esforço cm fa- anos vor de construções menos desu manas. Desliza o tempo sobre as torres de Babel onde os ocupantes —O—

scntcm-se mais suliiários, por esta rem mais cercados. Gira o vento nos corredores artificiais criados pelas paredes de argamassa. As modas passam c a cxisiência per manece. interessante na medida em que a gente so aplique a vivê-la.

ESTADOS UNIDOS: — METANO DAS ALGAS GIGANTES

Beach, Califórnia, foi submersa uma gigantesca estrutura metálica, na verdade uma pequena granja marinha, a primeira no gênero e que inicia uma experiência para produção de metano à base de algas gigan tes, pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). Os cientistas de Caltech decidiram que a alga mais adequada para ser cultivada e explorada na granja devia ser a “Macroceystis pyrifera'', uma espécie pardo gigante que pode crescer até mais de 100 m. Os campos onde crescem parecem selvas virgens e acredita-se que, de todos os vegetais do planeta, é o que mostra mais velocidade de crescimento, podendo chegar, segundo especialistas, em certa etapa de seu desenvolvimento, até 30 cm por dia. A planta cresce e se reproduz em abundância e dela^ obtem-se colóides utilizados para fins industrial, alimentício e far macêutico. Um dos pesquisadores de Caltech instalou pequenos labo ratórios em diferentes partes e a distintas profundidades na costa cali- forniana, para analisar melhor o comportamento da alga selecionada. Descobriu que a água a profundidades de 300 a 500 m é especialmente rica em nitratos de fosfatos de cobre, zinco, ferro e manganês, elementos indispensáveis para o desenvolvimento das algas. Observou também que seus brotos aderiam às cordas que sustentavam os laboratórios, onde prosperavam facilmente. Concebeu-se, então, a primeira granja ma rinha, como o esqueleto de um imenso guarda-chuva aberto, que devia ser colocado invertido no mar. Essa é a forma da granja que está atada a três bóias ancoradas. Na parte superior da estrutura, onde esta ria o cabo do guarda-chuva, estão os compartimentos das bombas e as escotilhas de entrada. Sob o nível da superfície estão os tubos de irrigação e mais baixo, os depósitos para os motores que acionam as bombas. Tais bombas, por meio de um longo tubo de polietileno, succionam água de profundidades de 400 m que por sua riqueza em minerais são empregadas para regar as algas continuamente, a razão de 3.000 litros por minuto. As plantas foram semeadas em cabos que esqueleto da copa do “guarda-chuva”. A colheita é conduzida laboratório, onde é picada e tratada. Logo, a mescla é transformada por fermentação anaeróbica em dejectos e metano. Os resíduos são empregados como nutrientes para animais ou como adubo. Esta pe- ^ quena granja marinha permite até agora o cultivo das algas numa área de 1.250 m2.

Em Long unem o ao !

INTKODLÍLU) À CIÊNCIA POLÍ

TICA, outros. íTrad. de Marco Aurélio de Matos) Rio de Janeiro: Agir, 1977. 2 vols. Bí)0p.

questões para estudo dirigido, como HP técnica de aprendizagem. A bibiiografia é específica do tema tratado t em cada capítulo tendo a caracte- j rística de ser bem recente, deixando m de lado citações ou referências aos O livro é de autoria de quatro clássicos da política. J professores da Universidade Sou thern Califórnia. Ê composto de 21 clássico, sequer se preocupa dos ^ textos enquadrados no seguinte es quema: Gap: 1 — Natureza e obje tivo da ciência política; Primeira Parte — Conceitos e ideologias: Na tureza do Estado, Formas de go verno, Lei e governo. Liberalismo e democracia, Marxismo e comunisIdeologias da esquerda, do

1 ralismo, do marxismo e socialismo, J Q das ideologias diversas. Os componentes do poder e a análise da '1

ropa Ocidental e URSS nos dão ^ uma visão ampla da política internacional e da situação política > interna destes países. Os partidos-í políticos, os sistemas partidários, os grupos de pressão, a opinião públi-H ca são vistos em sua importância r dentro da estrutura de poder que ■« caracteriza a política.

O livro não traz nenhum texto fundamentos históricos da ciência \ política. Ê apenas um bom instru- j mento informativo sobre a com- > plexa realidade social, da qual o elemento poUtico é um dos elemen-' tos constitutivos. Aqui encontramos 5 os componentes da ciência política 1J ao lado de seus conceitos, seguidos ,i de exemplos ilustrativos. A atuali- ^ dade política internacional é focali zada dentro dos conceitos do libemo, centro e cia direita; Segunda parte Introdução à política compara da: Revolução ou democracia está vel, A política nos EEUU, na GrãBretanha, na Europa Ocidental, o Governo na União Soviética: polí tica ou anti-politica, a Organização política nos EEUU, Inglaterra, Eu- *5 do povo: os partidos políticos, o Impacto da ciência e da tecnologia: novos desafios e novos problemas, a Administração pública: execução cias tarefas do Estado Moderno, Na tureza da Política Externa, As rela ções entre os Estados: o sistema internacional, Direito Internacional e Organização Internacional.

A obra, como um todo, procura dar ao leitor uma visão da política 1 como algo dinâmico e em sua fase j contemporânea, não se prendendo

Cada capítulo traz a sua biblio grafia e tem a sua divisão interna de modo a atender tanto ao con teúdo do programa como a apren dizagem do leitor ou aluno. Neste ao passado, mas a este se reportan- í duplo objetivo os autores colocam do em exemplos que elucidam a no final de cada capítulo algumas conjuntura atual.

O valor didático da obra se pren de: 1) ao conteúdo do programa elaborado pelos autores, que abran ge a totalidade dos aspectros da ciência política. Apenas pequenos detalhes técnicos, como o voto dis trital, não são vistos. 2) À clareza de exposição, ã bibliografia especí fica dos temas em foco, e às ques tões formuladas para discussão e fixação da aprendizagem.

Existem textos clássicos dos teó ricos da ciência política que pode rão servir de complemento a um

curso introdutório de ciência polí tica, seja para alunos de ciências sociais, economia, direito, história, seja para alunos de outras áreas. A Editora Nacional lançou, em 1979, o primeiro volume de “Política & Sociedade

vão Quirino e Maria Thereza Sadek R. Souza. São Paulo: T. A. Queiroz. — 1980. 432p (Bibl. básica de C. Sociais, série 2, Textos, v. 2)

O alentado livro compõe-se de 18 capítulos ou textos que comentam as obras dos cinco clássicos: 2 so bre Maquiavel, 5 de líobbes, 4 de Locke, 4 de Montesquieu e 3 de Rousseau. A antologia tem por ob jetivo complementar a leitura dos próprios clássicos. A escolha destes autores se prende a tradição dos cursos de ciência política.

O primeiro texto é um estudo so bre a interpretação de Maquiavel segundo A. Gramsci. primeiro artigo como o segundo são de Claude Lefort e mostram ambos a riqueza da análise de Ma quiavel sobre a estrutura de poder.

Tanto este organizado pelos Pro fessores F. H. Cardoso e C. E. Mar tins. Trata-se de uma coletânea de textos clássicos, dividida em quatro partes: 1) Conceitos básicos; 2) O Estado: 3) Os regimes políticos, e 4) Os processos políticos. Isto in felizmente é uma necessidade atual do ensino, uma vez que nossos alu nos, salvo raras exceções, não lêem 0 texto integral dos clássicos. Isto é um mal necessário. Outra cole ção que completa este livro-texto é “Os pensadores”, de Abril Cul tural, já há algum tempo no mer¬ cado.

O PENSAMENTO POLÍTICO CLÁS

SICO: MAQUIAVEL, HOBBES, LO CKE, MONTESQUIEU, ROUSSEAU.

Coletânea organizada por Célia Gal-

Os textos sobre Hobbes iniciamse com três tipos principais de in terpretação de suas idéias: 1) o caso tradicional, ou interpretação orto doxa de Hobbes, segimdo o qual este clássico é um materialista que aplica as teorias e os métodos da ciência natural para a formulação de sua teoria civil e ética; 2) o caso da lei natural, segundo o qual a base e a verdadeira natureza de pensamento de Hobbes deriva es sencialmente da tradição da lei na tural cristã, e 3) o caso individua lista ou nominalista, que rejeita am bas as atitudes anteriores, defen dendo que Hobbes repudiou explí cita e firmemente a tradição da lei natural, estado e a religião, o mecanismo so cial no estado civil.

Os artigos seguintes: O O indivíduo àMJk.

e o Estado, e Os fundamentos eco nômicos da política de Hobbes com pletam o primeiro ensaio no que se refere ao pensamento hobbesiano. Os quatro artigos sobre Locke tratam de; Indivíduo e Comunidade, A teoria de Locke sobre a proprie dade, A separação de poderes e so berania, A teoria política e social dos 'Dois Tratados sobre o Gover no”. O segundo destes artigos é bem significativo no contexto das apuradas discussões atuais sobre a reforma agrária e posse da terra. O documento ● Igreja e problema da terra” surgido como conclusão da 18.a Reunião Geral da CNBB (fev-80) encontra neste artigo o seu fundamento bem explicitado. O último texto sobre Locke merece a atenção por seu caráter de aná lise de conteúdo da obra “ Dois Tra tados”.

a

O quarto autor clássico é comen tado, primeiro por Durkheim, sobre classificação das sociedades por Montesquieu: a república, a monar quia e o governo despótico. O se gundo explora as idéias de governo c de lei como bases das teorias de Montesquieu, que foi o teórico da liberdade política. Os outros dois também tratam do pensamento po lítico de Montesquieu.

Rousseau é visto nos três líltiraos artigos, de autoria de Durkheim, Cassirer, Bertrand de Jouvenel, com os respectivos títulos: O con trato social e a constituição do cor po político, A questão de Jean-Jacques Rousseau e A teoria de Rous seau sobre as formas de governo. O primeiro discute a soberania da

vontade geral, soberania esta que só pode ser inalienável e indivisível, sendo exercida sem controle, pois a ●●vontade geral é sempre correta e tende sempre à utilidade pública”.' A seguir, a lei em geral e as leis políticas em particular são focali zadas como instrumento do poder. O último texto nos mostra Rous seau como o grande expoente da mudança social, precedendo Condorcet, Saint-Simon, Comte, Marx e Engels na sistematização da dinâ mica social. A evolução das formas de governo foi o ângulo escolhido por Rousseau para explicar a mu dança social,

Este precioso volume, tão útil nos cursos de política, é hoje complementado por dois lançamentos tam- ‘ bém recentes. O primeiro, de 1979 da Nacional Política e Sociedade, V. 1 — de F. H. Cardoso e CE. Martins. O segundo, que trata ape nas da teoria, de 1977, da Agir — Introdução à ciência política, de C. C. Rodee e outros, traduzido em dois volumes.

ETAPAS DAS IDÉIAS ECONÔMI

CAS NO BRASIL. Antonio Estevam de Lima Sobrinho. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasília: UnB. 1978. 136p - (Biblioteca Tempo Uni versitário; 53)

O livro é um manual de doutri nas econômicas com destaque no Mercantilismo e no Fisiocratismo. Tem 0 mérito de comentar textos difíceis de se encontrar em ma-

nuais: dois de Alexandre de Gus mão (1695*1703) e quatro de José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho (1742*1821). Para o autor o “objeto da história das doutrinas econômicas ou da evolução do pen samento econômico é a explicação causai dos processos, concepções e teorias referentes à “vida econômi ca”, através dos tempos, como uma das componentes dos processos de evolução que ocorrem na iníraestnitura socioeconômica das socie dades. Também se ocupa da análi se crítica das teorias e métodos de pesquisa como fatores secundários na “vida Econômica”, como uma das malhas da densa rede da evolu ção do pensamento, isto é, das iõéias.” (p. 21),

O autor descreve-nos o mercanti lismo cuja essência consiste na acu mulação do capital, para cujo pro cesso a burguesia se une a média nobreza no intuito de limitar o po der excessivo dos principados feudais. Peito isto, parte o autor para 0 estudo do mercantilismo no Brasil, iniciando com a Carta de Caminha, seguida pelas idéias de Al.exandre de Gusmão, em dois de seus trabalhos publicados: Cálculo sobre a perda do dinheiro do Reino, e Apontamentos políticos, históricos e cronológicos. Um breve comen tário sobre o Tableau Economique, de P. Quesnay (1694-1774) é seguido de nota biográfica sobre Azeredo Coutinho e comentários sobre suas obras: Memória sobre o preço do açúcar, Ensaio econômico sobre o comércio de Portugal, Discürso so bre o estado atual das minas do

Brasil, e Análise sobre a justiça do comércio o do resgate dos escravos da costa da África. Aqui a liber dade de comércio é defendida bem como a posição de Portugal com uma marinha de comércio e de guerra respeitável. O retorno à ati vidade agrícola é estimulado: “O homem pode viver sem ouro, e até viver sem vestidos: tais como os

índios do Brasil; mas como nin guém pode viver sem alimentos, necessariamente a nação agricul tora, e que mais abundar dos gê neros de primeira necessidade, será relativamente a mais rica, e dela serão todas dependentes.” (p. 80).

Este livro é fonte preciosa para a compreensão das doutrinas eco nômicas no Brasil, sobretudo no pe ríodo colonial. Repercutiram aqui as idéias econômicas formadas na Europa. A bibliografia enriquece a obra que termina com um Apêndice: A lei de Gresham e as idéias mone tárias de Copérnico, onde as obras de Copérnico sobre a moeda são analisadas. Mais tarde, Thomas Gresham (1519-1579) usou a lei de Copérnico sobre a moeda, o que fez com que o economista inglês HenrjDunning Macleod batizasse com o nome de lei de Gresham, para a má moeda, a lei formulada ante riormente por Copérnico.

—o—

RUMO À VIDA. São Paulo: Símbolo. 1979. 108p.

Olga Papadopol.

Este pequeno livro é a descrição da perseguição, da fuga de aventu-

ras numa vida desumana e do re encontro com a paz e a liberdade.

sições divergentes, mas que não vi sem ao totalitarismo ou a algum Descreve, um fenômeno ainda bem ideal de raça superior, próximo de nós — A Segunda Guer ra Mundial O nazismo enquanto visão po- . . A narração começa lítica baseada numa superioridade em 1938, quando vários partidos na zistas se instalam na Romênia. A racial com o objetivo de aniquilar uma cultura (o judaísmo) e o des caso governamental ou a política indígena mal orientada, contrária ultima pagina, com a memória viva ã cultura tribal, têm ambos o mesna reconstituição dos fatos, uma vez que estes fatos foram por ela condenáveis, uma vez que vão con vividos, num desejo ardente e agres- tra a pessoa humana, sivo de sobreviver. A despedida do próprio pai: "Não se preocupem comigo, já vivi a minha vida, sou velho e só poderia atrapalhá-los... ” serviu de estimulo aos filhos e pa rentes na fuga, numa esperança messiânica de sobrevivência e de um futuro feliz.

autora consegue prender a atenção cio leitor, desde a primeira até a

mo defeito e são do mesmo modo 1

Possa esta leitura fácil e atraen te — embora muito triste — cons cientizar o leitor nesta época em que a propaganda política, aliada aos meios e ideais carentes de uma visão humanistica, seja no consumo supérfluo de bens, seja na visão

A chegada na Rússia, o trabalho política de um estado totalitário, e as privações, o apoio das organi zações internacionais UNRA

JOINT, sobrevivência em condições muito precárias, a desconfiança, en fim, tudo o que demais vil há no homem perseguindo o seu semelhan te: eis o relato do drama vivido por inúmeras famílias de judeus pelo simples fato de sua etnia, de sua cultura e religião. seja nos preconceitos raciais ou de e classes.

O caso Dreyfus na França, o caso dos Rosenberg na Rússia, por moti vos de raça e religião, e o caso Sacco/Vanzetti nos EUA, por moti vos políticos e econômicos: eis algims exemplos das grandes injusti ças históricas, injustiças estas liga das a preconceitos e à perseguição injusta na busca de um bode ex piatório.

Em plena época do avanço ver tiginoso da ciência e da tecnologia, a humanidade manchou-se com o genocídio, traindo ao que de mais humano há nos valores sociais: o direito de cada indivíduo ou de cada grupo social escolher o seu estilo de vida dentro de uma visão humanística. Política e religião são di. reitos humanos, ao lado do dever correspondente de acatar outras poj

Januário Francisco Megale —0— Arnold Wald, OBRIGAÇÕES E CONTRATOS, 5.* edição, Revista dos Tribunais, S. Paulo, 1980, 436 pág.

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