Diário do Comércio - abril 2005

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FINALFELIZPARAANOVELA MP232

A sociedade venceu

O governo decidiu aprovar a MP 232 apenas com a correção da tabela do IR: final feliz para uma novela que se arrastou por 92 dias. Um dos líderes da Frente contra a MP 232, Afif Domingos, encontrou-se com o presidente Lula e comentou: "Sua decisão vem ao encontro dos anseios da sociedade".

Páginas 4 e 5

Carga tributária recorde em 2004

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Papa recebe o último sacramento

A vigília dos fiéis (acima) continua e se torna ainda mais dramática: o Papa tem febre alta e pressão arterial baixa devido a uma infecção urinária. E, pela segunda vez, recebe a extrema-unção.

A primeira foi depois do atentado que sofreu em 1981. Página 18

SÃO PAULO PERDEU

Melhor para Romeu e Julieta

Romeu é corintiano; Julieta, palmeirense. Eles são personagens do filme que gerou três ensaios sobre a arte do futebol na edição do DCultura desta semana. Na foto, Grafite, do São Paulo, disputa a bola no jogo contra a Portuguesa. O tricolor perdeu, não levou a taça por antecipação, e fez a alegria de corintianos e palmeirenses: rivalidade é rivalidade... Ainda o futebol: na estante, uma edição primorosa de cartuns que contam a história do esporte mais popular do Brasil; em imagens, a cinebiografia de astros imortais, entre eles Garrincha e Pelé.

E mais no DCultura

Leitura: a saga da ferrovia Madeira-Mamoré, reconstituída num livro-reportagem.

Adega: o filme Sideways mexe com a cotação do Merlot e do Pinot Noir.

Roberto Schimidt/Reuters
Alessia Pierdomenico/Reuters
Paulo Pinto/AE
Ricardo Stuckert/Presidência da República

O AROUCHE REVISITADO Antigo hotel será spa urbano.

Detalhe de alto relevo no casario da rua Bento Freitas. Futura escola.

Sacada restaurada de uma das casas do Condomínio Caetano de Campos

Frontão de uma das fachadas, com ornamentos e data de construção

Vila de 1897 abrigará escola.

Dois empreendimentos na região do largo do Arouche representam mais um passo na revitalização do Centro. Financiados pela Operação Urbana e por parceiros, os projetos serão concluídos neste ano.

Teresinha Matos

Overde do largo do Arouche sobressai na paisagem.A arquitetura das construçõesde diversas épocasse perfilame vai do tradicional edifício Altino Arantes (Banespa) ao Martinelli. Deum outro ângulo, o destaque fica para o Edifício Itália, o Copan e o beiral doCondomínio Caetanode Campos, uma vila decasas dealuguel, de 1897. Esseolhar privilegiado sobre São Paulo só é possível de um ponto: o terraço do maisnovospaurbano da capital.

Ele deverá começar a funcionar dentrode poucos mesesem pleno largo do Arouche, região centralda cidade, ocupando oprédio que,por muitos anos,abrigou oHotel Atlântico. A menosde duasquadrasdali, no prédio do Condomínio Caetano de Campos –localizadona rua Bento Freitas, 76,esquinacoma rua Santa Isabel –, outra novidade: uma escola profissionalizante ede requalificação, projetodo Sindicato dos TrabalhadoresemEmpresas de Telecomunicações e Operadores de Mesas Telefônicasno Estadode São Paulo (Sintetel).

Restauro

Em cadaum doslados do Arouche, com suas árvores centenárias, duas histórias de esforço pela recuperação o patrimônio arquitetônico dacidade. Em umaponta, herdeiros de uma tradicional família paulista arregaçaram as mangas para manter viva a história do Hotel Atlântico. Na outra, um sindicato de trabalhadores, que representa mais de 130 mil telefônicos, saiuem busca de patrocínio para recuperar avila de1897 que, seassimnão fosse, seria mais um ponto de vendas de drogas no Centro. Osdois imóveisforamos primeiros a utilizar recursosda OperaçãoUrbana Centro. O Hotel Atlântico, prédio dafamíliaSouza Pinto –que, compaciência, venceua burocracia eas mudançasdecomando na Prefeituradacidade –, se beneficiouderecursos da Lei 12.349/97. Foram investidos cerca de R$ 840 mil em sua restauração.

Já o imóvel onde os telefônicostreinarão, em breve, cerca de500alunos, trabalhadores sindicalizados ou não,foi reformadocom recursos da primeiraparcela (R$ 600mil) deinvestimentos oficiais e com o apoio de parceiros. "A burocracia da gestãopassada dificultava o repasse do capital. A solução foifazer umaparceria com a Fundação Telefonica para concluir a obra", explicou o presidente do sindicato, Almir Munhoz.

OSintetelinvestiu mais de R$ 2 milhões no projeto e aindaaguarda R$ 300 mil para conclui-lo. "A idéia era inauguraraescolacomoum presente aos paulistanos pelos63anos dosindicato, comemorados em abril", lamentouMunhoz,jáqueainda serão necessários alguns meses até que a escola possa abrir suas portas.

Conforto e relaxamento

O edifício do antigo Hotel Atlântico foi construído pelos fazendeiros e patriarcas Oscar SouzaPinto eOscar Ferreira Souza Pinto no fim da décadade 20.O objetivo dafamília era disporde uma fontede rendapara os seus descendentes.

O complexo do hotel era compostopor três prédios no triângulo formado pela avenidaSão João,alameda Barão de Campinas e largo doArouche."Comocolapso da BolsadeNovaYork, em 1929, meu avô precisou vender uma parte do imóvel para quitar o financiamento de umbanco alemão", rememorouum dosproprietários,Marcelo Aranhade Souza Pinto. "O projeto possivelmentefoifeitopelo arquiteto RinoLevi, um dos seus primeiros trabalhos como free lancer, apósseu retorno da Europa", disse. O prédiodo hotel,em estilo eclético, passou por um

retrofit – uma requalificação –que manteveasescadas de mármore de Carrara, os amplos halls em granilite decoradoeas janelaseportas empinho de Riga. São cinco andares,além do térreo e de um terraço.

O restauro exigiu o reforçoda estruturapara dotara construção de elevadores modernos, escadas de incêndio, ar condicionado central e um grandereservatório de água.As instalações hidráulica e elétrica foram substituídas e os quartos foram transformados em 60 apartamentos amplos com umavista privile-

Detalhe da cúpula do futuro spa

giada da cidade. O terraço será usado para eventos, recepção e descansodos hóspedese,notérreo,funcionará um restaurante. As paredes brancas e o pisoemgranilite clara contrastarão com as portas e janelaspesadas,feitas depinho de riga.Alguns apartamentos têm sacadas e outros até três janelas. Emdez semanas,asobras estarãoconcluídas.A família Souza Pinto busca parceiros paraconcluir oprojeto dospa urbano no local. "A idéia é oferecertodo tipo de confortoparaquem quiser fazer tratamentoestético ou

Edifício do antigo Hotel Atlântico, onde funcionará o spa urbano

de saúde leve, como massagem, acupuntura, dieta para reduzircolesteroletc",explica Marcelo Souza Pinto. Nãoserádifícil concretizara idéia. Namesma região,já operamo HotelSan Raphael,oSanMicheleuma unidade doFormule1 está em fase final de construção. Profissionais qualificados

O Condomínio Caetano deCampos –tombadopelo Conpresp e Condephaat –ainda está coberto com tapumes.Mas oimóveltem uma história interessante. Tombado em 1998, o condomínionaverdade erauma pequena vila de casas de aluguéis. O Arouche era a periferia da cidadee a elite cafeeira – que residia do outrolado– construíamoradiasparaalugaràclassemédianascente, composta de trabalhadores, artistas e funcionários públicos.

Segundo o jornalista Marco Tinelli, do Sintetel, há muitofolcloreem torno de quemresidiu naquelasmoradias."Comenta-se que Ramos de Azevedo e Caetano de Campos moraram ali. Sabe-se comsegurança que uma dascasas pertenciaao famoso arquiteto", disse. Aarquitetura dascasasé eclética, misturando elementos barrocoseneoclássicos. Asconstruçõestraziam inovações para a época, como o porão, que permitia aventilação eevitava a umidade. Totalmente restaurada, a vila de classe médiaseráumaescolacomcerca de seis salas de aula. Até ofimdo semestre, o Condomínio Caetano de Campos abrirá as portas à comunidade. "A abertura da escola vai contribuir com a revitalização doCentro. Serão mais de 500alunos em trêsperíodos", explicou o presidente do Sintetel, Almir Munhoz.

Hotel Atlântico: no entroncamento da São João com a Barão de Campinas e o largo do Arouche

Fazendeiro acusado de crime

ameaçava agricultores

Missionária assassinada havia encaminhado denúncia ao Ministério Público Federal

Ofazendeiro Vitalmiro Bastos, o Bida,acusado de ser o mandante damorte da missionária DorothyStang, vinha ameaçandoos agricultores ligadosà vítima diasantes do crime. A ameaça está em um documentoencontrado na pastaquea freiracarregavaquandofoi assassinadaa tiros porRayfran das Neves Sales, o Fogoió, dia 12 de fevereiro, em Anapu. Ela havia entregue a denúncia aoMinistério Público Federal.

A revelaçãocomplicou a situação dofazendeiro, que vem negandoqualquerinteressenamortede Dorothy. "O documento demonstra o terrorque o Bida causava naregião ea preocupação da missionária comos assentados",disseo promotor Lauro Freitas Júnior. Para ele, fica cada vez maisclaroqueBida "tinha interesse na morte dela".

Defesa –O advogado Américo Leal, defensor do fazendeiro, acredita que o documento não acrescente nada na acusação a seu cliente. "OBida não estava no localdocrime enem na área quandoa denúnciafoi entregue à procuradoria da República." Lealdisseque estão fazendo muito "disseme-disse" para tentar incriminar o fazendeiro.

Bidaconfessou,em depoimento, que já respondeu a um processo judicial por porte ilegal de arma,mas não repetiua estratégiade acusar policiais por suposta proteção que eles estariam

dando na região a outros fazendeiros.

Acareação - Nos próximosdias, aJustiça deverá colocarfrentea frente,numa acareação, os quatro acusados pelo crime.Os pistoleirosRayfrane Clodoaldo Batista anteciparam queirão "contaraverdade" sobre a participação do fazendeiro no crime. Também estápresoo comerciante Amair Feijoli da Cunha, suposto intermediário.

OjuizLucas deJesusdecidiu juntar novamente os dois processoscriminais contra os quatro acusados. Apesar deo MinistérioPúblico ter oferecido denúncia única, o magistrado desmembrouo processoem duas açõespenais paraacelerar os procedimentos judiciaisemrelaçãoaos três que já estavam presos.

ComoBida seentregouà PolíciaFederalno dia27de

março, o juizachou melhor reunificar as ações,pois todosestão à disposiçãoda Justiça.

Testemunhas – Na quarta-feira, emPacajá,foram interrogadas astestemunhas Afonso Bolz, funcionário de Amair Feijoli (o Tato), eLucivaldoRodrigues da Silva. As outras duas testemunhas arroladas por Tato não foram encontradas pelooficial de Justiçapara receberem a notificação de que deveriam comparecer ao fórum. Clodoaldo e Rayfran não apresentaram testemunhas. Omagistrado abriuprazodetrêsdiaspara adefesa apresentarasduas testemunhas, ou substituílas por outras duas.

Opromotor LauroJúnior considerouas declarações deAfonsoBolzimportantes para a acusação. Em depoimento,Bolz afirmouque Tato eClodoaldo mantive-

ram contato na noite de sexta-feira, 11de fevereiro,dia anterior ao crime.

A testemunha disse tambémque Rayfranestavana fazenda, perto do local onde se encontravam Tato e Clodoaldo, mas estaria aguardandoà distância,no barracão da fazenda. Clodoaldo e Tato negaram, nos interrogatórios já prestados às PolíciasCivil eFederal e em juízo, que mantiveram contato antes do crime.

CPI –A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do CongressoNacional, presidida pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) chegouaoParáontem paraa realização de audiências públicas nos municípios de Parauapebas, Santarém e Altamira.

Onzefazendeiros dessas regiões, suspeitos de crimes, de encomenda no estado serão ouvidos. (AE)

O prefeitoJosé Serra (PSDB) fez ontem duras críticas à AES Eletropaulo, que desligou aenergiade85 prédiospúblicos na cidade de São Paulo. Mencionou os empréstimos tomados pela empresa no Banco Nacional deDesenvolvimento Econômicoe Social (BNDES) comodeterminantes paraa decisão da Eletropaulo contra a atual gestão, oquelevouo presidente do BNDES, Guido Mantega, a ameaçar o prefeito com uma interpelação judicial. A Eletropaulo religou a energia dos prédios ontem, enquanto, nos bastidores,as negociações entre a Prefeitura e a empresa foram retomadas em três reuniões intermediadaspela Comissãode Serviços Públicosde Energia (CSPE) e com a presença de integrantesdaAgência Nacionalde EnergiaElétrica (Aneel). No começo da noite, Serra eMantegaconversarampor telefone e desfizeram os mal-entendidos.

BNDES socorreu a AES após privatização da Eletropaulo e tornou-se acionista da empresa. Serra atribui o corte de luz a motivos políticos.

nheiro público, e eles não podiam na gestão anterior fazer qualquer represália contra a verdadeira Prefeitura que lhes deu calote." Em entrevista a uma rádio,Mantega acusouoprefeito de fazer exploração política do episódio e ameaçou cobrarexplicaçõesna Justiça."OBNDESé acionista minoritárioda Eletropaulo, tem 49% das ações, ele não se envolve na gestão da empresa", assegurou. "O BNDES teve de fazer a reestruturaçãoda Eletropaulo porquenogoverno anterior, do qual o prefeito Serra fazia parte, houve a privatização."

Dívida –A decisão de cortar as luzesnogoverno de Serrae poupar o de Marta, segundoaEletropaulo,deve-seao acordo de renegociaçãoda dívidaassinado pelaexprefeita em setembro passado.Adívida domunicípio comaEletropauloéde R$ 630 milhões, valor que se acumula desde 1996.

Discussão – Serrafoiduroemsuas declarações."A dona da Eletropaulo é a AES,uma empresamaladministrada, virtualmente quebrada", afirmou. "O BNDES socorreu aempresa, é hoje donode 49%,socorreu esalvoua empresacomdi-

Marta Suplicy negociou o parcelamento de parte da dívida – de R$ 530 milhões –em 12 anos. A primeira parcela venceria apenasem agosto deste ano. No acordo,a Prefeiturasecomprometia em pagar as contas de luz do município, que somam R$ 19 milhões mensais, em dia. (AE)

Associação Comercial de São Paulo

REUNIÃO PLENÁRIA

INFORMAÇÕES, DEBATES E BUSCA DE SOLUÇÕES.

IExame e votação da ata da reunião anterior (21/03/2005)

IIExpediente

IIIComunicações do Presidente

IVApresentação dos novos diretores e conselheiros

VAprovação do Regimento Interno do Conselho de Câmaras

VIMP232:consideraçõessobreomovimento. Ações no Congresso Nacional

VIIOutros assuntos

Dia 04 de abril, às 17 horas, edifício-sede da ACSP

Rua Boa Vista, 51 - 9o andar - Plenária

OPORTUNIDADES

Vasos e varizes; Cãibras; Formigamentos; Menopausa; Stress e Fadiga; Cansaço Físico e Mental; Perda de Memória e Concentração; Impotência Sexual (masculina).

Maiores informações:

(011) 6198-6656

Age como depurativo sangüíneo tratando: Átila Augusto dos Santos e-mail: atilastos@hotmail.com ADVOGADO 6862-1650 9857-8836 6143-8008

Bida presta depoimento à Justiça do Pará. Ele é acusado de ser mandante do assassinato de Dorothy Stang.
Ricardo

Distrital Pirituba tem novo superintendente

A luta da ACSP contra a MP 232 e pelo fim da burocracia do Estado foram destaques nos discursos da posse, na noite de quarta-feira.

Sergio Leopoldo Rodrigues

"Temosque ter orgulho de pertencer à Associação

Comercial deSãoPaulo (ACSP) que, coma liderançado seu presidente, Guilherme AfifDomingos, tem levado a entidade a grandes mobilizações nacionaisna defesadosdireitosdoscidadãos". Com essas palavras, o vice-prefeito de São Paulo e vice-presidentedaACSP, Gilberto Kassab (PFL), alertou para a importância das distritais daACSPnoprogresso da nossa cidade.

Durante a posse de José Roberto MaioPompeuna superintendência da Distrital Pirituba– no lugar de Bortolo Calovini –, para o biênio 2005-2007, Kassab elogiou o comando de Afif na luta contra a MP 232 (que aumenta impostos para o setor de serviços).

"Foi ele (Afif) que chamou a atenção detodos para o queestava acontecendo,logo na viradado ano novo", contou Kassab, para uma platéia de mais de 500 pes-

NOTAS

TRT BUSCA DADOS

SOBRE GREVE DE PERUEIROS

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT)determinou ontem arealizaçãodediligências embusca denovos dados antes do julgamento do dissídio coletivo de greve dos perueirosde SãoPaulo. A previsão é que esta apuração dure aproximadamente 15dias. No último dia16, a paralisação da categoria prejudicou cercade2milhões de pessoas. Os perueiros querem receber um repasseequivalentea 40%do totalarrecadado, de R$ 220 milhões, em média. Porém,osempresários de ônibus alegam que elestêmdireitoa apenas 30% do total, que é referente àreceitageradapelacategoria. Durante a sessão ocorrida ontem, os representantes de cooperativas de perueiros pediram que o TRT embargasse receitas daPrefeituraparacompra de combustível, mas o pedido foi negado.

soas, na noitede quarta-feira. Paraele, a mobilização contraa MP232é apenaso começo de uma grande mudança noBrasil:"Umcidadãomais conscientedos seus direitos contra um Estado que pensa apenas em arrecadar mais".

Frentes –O vice-prefeito lembrou opapel dasdistritais, agindoem duas frentes:numa, como ponto de encontro dos empreendedores para discutir os grandes problemasdobairroe da cidade, e levar soluções para opoder público."De outrolado, participar da mobilizaçãoem favor das grandesbandeiras lideradas pelo presidente Afif", enfatizou Kassab.

Valmir Madázio, coordenadordas distritais, recebeu um quadro de Firmo Francocomo homenagem aopresidente Afif– queestava em Brasília participandodomovimento contra a MP232.Representando o presidente, Madázio garantiu que"o nosso líder não apenas agradece, mas desejasucesso aonovosuperintendente José Pompeu e a

PARQUE DO IBIRAPUERA SERÁ DOS CÃES AMANHÃ

APrefeiturarealiza amanhã o primeiro passeio de cães noParque doIbirapuera, zona sul.O eventoinclui apresentaçãode cãesadestrados, vacinaçãoanti-rábicagratuita eemissão deregistro de animais. Os cães receberão prêmios, como o "troféu simpatia". Dois passeios estãoprogramados comroteiros estabelecidos pelas secretarias municipais do Verde e Meio Ambiente e da Saúde.

O evento pretende ainda divulgar a legislação sobre a condução deanimais emlocais públicos. Cães das raças pit bull, rottweiller, mastim napolitano, americanstaffordshire terrier, ou de raças mestiças, devemser conduzidoscomcoleira,guiacurta, enforcador e focinheira. Outras raçasdevem serconduzidas com guia e coleira. O evento vai durar das 10h às 16h e a concentração será no portão 3 do parque.

todosos diretoreseconselheiros da Distrital Pirituba, que enfrentarão ainda grandes batalhas pela frente".

Desafios – Madázio recordou as palavras de Afif sobre o momentopolítico e econômicoque vivemos, cheio de desafios para o empreendedor. "Estamos todos engajados para mostrar ao cidadão que ele não é súdito, quepaga impostos, participa e deveexigir melhoresserviços dopoder público", afirmou. Para Valmir Madázio, é preciso também barrar aação da burocracia do estado que ameaçaodesenvolvimentodosetor privado no Brasil.

Walter Shindi Iihoshi, sub-coordenador dasdistritais e subprefeito do Jabaquara,acrescentou queo enorme crescimento da carga tributáriaestá preparando, "uma nova inconfidência" – referindo-se à InconfidênciaMineira,querejeitou a cobrança do "quinto", os 20% de taxa sobre o ouro, para a coroa portuguesa. "Hoje pagamos o dobro disso, ou seja, 40% de impostos que a sociedadenão supor-

INTERVENTOR DE HOSPITAIS SOFRE AMEAÇAS NO RIO

O coordenador da intervenção federal em hospitais do Rio, Sérgio Côrtes, e o consultor jurídicodo Ministério da Saúde, Adilson Batista, receberam ameaças anônimas demorte estasemana, caso não interrompam ainvestigação deirregularidades nos processos de licitações do Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into).

O secretário deAtenção à Saúde, Jorge Solla, disse que o Ministério da Saúde não vai se intimidar comas ameaças de morte. Côrtes já sofreu ameaças anteriores. Elas teriam começado desde que ele assumiu o Into, em 2002,e desmontou um esquema de fraudes. Côrtes já teveogabineteinvadidopor desconhecidos, que retalharam seu paletó.Emoutra ocasião,ele foiferido deraspão porum tiro, emum dos acessos àponte Rio-Niterói, perto da favela do Sabão.

José Roberto Maio Pompeu,

lembrou o papel exercido pelas distritais como ponto de encontro dos empreendedores para discutir os grandes problemas do bairro, e na mobilização em favor das grandes bandeiras lideradas por Guilherme Afif Domingos.

ta mais", enfatizou Iihoshi. Ao tomar posse na Distrital Pirituba, José Roberto MaioPompeu deixouclaro que estará alinhado com o presidenteAfif "nassuas batalhas em favordocidadão, contra o peso do estado e da sua burocracia". E prosseguiu:" manteremosadefesa intransigente do empreendedor quebusca progresso emelhorqualidade de vida para a nação".

José Roberto Maio Pompeulembrouquearegiãode Piritubatemmaisdeummilhãode habitanteseprecisa ser ouvida "porque já é a segunda região eleitoral da cidade deSãoPaulo".E alertouque adistrital temmais de mil sócios dispostos a incrementar a participação da ACSP, junto comoutras entidades, nas decisões do poder público municipal.

Homenagem – Bortolo Calovini,quedeixoua superintendência, foi homenageado por sua atuação "para expandir a distrital no bairro,com suasidéiase mobilizações". Ele lembrou os desafiosenfrentados.

"Mas cumprimos a missão demelhoraravida naregião de Pirituba". Calovini disse que a Distrital Piritubafoi sempreum pontode encontro dos empreendedores,"dispostos adar o melhor para o desenvolvimento econômico e social do bairro".

Marcarampresençanacerimônia de posse quase todosos superintendentes das 15distritais,vereadores, representantes das polícias civile militar,além dos subprefeitos de Pirituba, AmauriLuiz Pastorello; da FreguesiadoÓ;Odair Ziollie de Perus, Nilton Elias Nachle.

AUTODATA

ONOFF & ON OFF& ONOFF &

RESULTADO 1

Depois de sucessivos prejuízos, a fundição Wetzel fechou o balanço do ano passado com lucro de R$ 4,2 milhões. A receita operacional bruta apresentou alta de 47,8%, alcançando R$ 186,1 milhões diante dos R$ 125,9 milhões do exercício anterior.

RESULTADO 2

Após quatro anos de atuação no Brasil, a ZF LemförderTecnologiadeChassisparaVeículoscomemoraresultadoobtido:expansão de 1854% no faturamento, quesaltoudeR$2,2milhões, em 2001, para R$ 43 milhões,em2004.

NO VIZINHO

Acompanhando os bons ventos da recuperação do mercadoargentino,aAgrale,semoferecerpormenores, está na fase final de definiçãodamontagemde estruturacomercialprópria nopaísvizinho.

FIAT

Com o fim da joint venture GM-Fiat WWP, a montadora italiana criou a Fiat Powertrain Technologies, nova atividade industrial responsável pela produção de motores e câmbios. Com sede

em Turim, Itália, a empresa estará aberta a todo mercado automotivo.

PARCERIAS

Apósquatroanosdeatuação no ramo de estampagem de peças e armação e montagens de componentesnoBrasil,aMagnettoestádispostaaampliarsuagamadeserviços.A idéia é formar parcerias paraprojetar,desenvolver eproduzirrodas,segmentonoqualaempresajáatua emoutrospaíses.

INVESTIMENTOS

AHenkelanunciouinvestimento de US$ 1 milhão a ser aplicado na compra de equipamentos e transferência de tecnologia para a sua primeira linha de peças butílicas, componentes usados para reforço da estrutura de um automóvel e para melhorar a acústica do veículo.

EVENTO

Em 25 de abril, no Hotel Gran Meliá WTC, em São Paulo, SP, acontece oSeminário SAE Brasil TecnologiasAutomotivas: Investindo emGestão e Inovação para Competir.As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo site www.saebrasil.org.br.

INTERNACIONAL Depois da parceria com empresaindiana,aRenaultanun-

ciaquenegociacomachinesa DongfengAutomobileaproduçãodoLogannaquelepaís.

ALTERNATIVA AO MODERCARGA

Depois do fracasso do Modercarga, programa de financiamento operacionalizado pelo BNDES e criado para facilitar a renovação da frota nacional de caminhões, o banco DaimlerChrysler recorre, com sucesso, ao Modermaq, criado para aquisição de máquinas e equipamentos, comoopçãodevendafinanciada.Atéomomentoainstituição tem oito contratos assinados para 73 veículos no valor de R$ 6,8 milhões. Desse total o BNDES já aprovouquatrocontratosde quatorze caminhões, que somam R$ 2,1 milhões. As condições são, sem dúvida, mais atrativas. Enquanto no Modercarga a taxa de juros é de 17% ao ano, com aprovação pelo BNDES, nível de participação de 70% e prazo de carência de três meses, no Modermaq a taxa fica em 14,95% a.a, com aprovação de crédito automática, financiamento de 90% do bem e prazo máximo de carência de seis meses. Xavier Accariès, diretor comercial da instituição, alerta, porém, que um

programa não substitui o outro. A grande diferença está na limitação dos grupos de clientes: “Pelos critérios estipulados no Modermaq o caminhão é considerado máquina somente para alguns setores como para a indústria extrativa, de construção e usinas, não importando qual será sua função depois de adquirido”. Já no outro programa qualquer empresa ou mesmoosautônomospoderiam recorrer ao financiamento, ainda que a burocracia e as taxas de juros fossem limitadoresnaturais.

Ainda assim, o executivo ressalta a importância do Modercarga e a urgência da revisão de seus critérios: “Estamos participando de algumas reuniões com a Anfavea para alteração do programa. Esperamos que seja recuperado e viabilizado”. De acordo com informações da associação, já existe diálogo com o BNDES para que as condições sejam revistas, mas não há nenhuma proposta oficial até o momento.

Walter Iihoshi, Valmir Madázio, Gilberto Kassab e Bortolo Calovini (na foto à esquerda) durante a cerimônia de posse na Distrital Pirituba. O vice-prefeito Kassab (acima)
Marcos Fernandes/Agência Luz

2 a 1: São Paulo perde da Lusa e coloca Corinthians no páreo

O time do São Paulo só precisa de um empate no jogo de domingo, contra o Santos, em Mogi Mirim, para conquistar a faixa de campeão. O Corinthians, que ontem venceu o Guarani, tem chances, embora muito remotas, de superar o tricolor e levar o título do Campeonato Paulista.

Wladimir Miranda

Estava tudo preparado para a festa são-paulinano estádio do Pacaembu. A torcidacompareceu em massa, oadversário era a desacreditadaPortuguesa, que luta para fugir do rebaixamento. Bastava uma vitória para o Tricolorconquistar o 20º título paulista desua história.Nofim,a frustração. Descontrolado, perdendomuitosgols,oTricolorfoiderrotado por2a1 pela Lusa. Além de perder a chance de fechar o campeonatoontem,oSãoPauloaindaperdeuainvencibilidade na competição.No entanto, nem tudoestáperdido. Agora, o São Paulo precisa só de um empate no clássico de domingo,contra o Santos, em Mogi Mirim, para ficar com o título.

Com oresultado, oTricolorcolocouo Corinthians no páreo. Para ficar com o título, otime do técnicoDaniel Passarella, que derrotou o Guarani, à tarde, por 2 a 0,terá devencer ostrês jogos que vai disputar, contar com três derrotas do São Pauloe aindatirarumadiferençade13 golsqueoTricolor tema seu favor.A diferença depontos do São Paulo paraos vice-líderes Corinthians eSantos agora é de nove pontos. O Santos vencia oUnião SãoJoãoemAraras,masdeixou a vitória escapar no final da partida. William e Deivid marcaram para o Santos e Juliano fez os doisgolsdo União.Comoresultado,otimesantistaficouforadaluta pelo título,já quenão poderá mais alcançaro Tricolor no número de vitórias, que é o primeiro critério de de-

sempate.Nooutrojogo da noite, o Atlético Sorocaba goleou a Ponte Preta, em Sorocaba, por 4 a 2. Com muita marcação e jogadas pelas lateraisdo gramado, a Portuguesa foi uma elogiável surpresa no primeirotempo. Osjogadores da Lusa seguiam asordens do técnico Gibapara não deixar o Tricolor tocar a bola. E apesar de todos os cuidados defensivos, foi da Lusa a primeira chanceparamarcar. Aos14minutos, Washington apareceu sozinho na frente do goleiro Rogério Ceni e cabeceou no travessão. Eramtantas asdificuldades queo SãoPaulo tinha paraatacarqueasuatorcida começou a ficar impaciente.

Além da chance de se sagrar campeão ontem, o São Paulo também perdeu a invencibilidade no Campeonato Paulista

Os torcedores são-paulinos depositavam sua fé nas cobranças de faltas de Rogério Ceni. Aos 18 minutos, ele atendeu os pedidos dos torcedoresebateu faltanotravessão do goleiro Gleguer. O São Paulo fazia pressão e tentavaencurralar a Portuguesa em seu campo quando sofreuo golaos 22 minutos. A bola foi cruzada da esquerda e Washington, de pé esquerdo, deu um toque sutil e acertou o canto esquerdo de Rogério Ceni. O gol animou ainda maisa Lusa,que passou ase soltar,em buscado segundo gol. Coma vantagemnomarcador,aLusaatacavae assustavao SãoPaulo. Oproblema era que a sua zaga co-

Hugo brilha mais que as estrelas do Parque

O meia Hugo, o mais baratoreforço compradopela parceria MSI-Corinthians, foi o destaque da vitória corintiana sobre o Guarani, ontem àtarde, em Campinas, por 2 a 0. Substituto do badalado Roger, afastado dotimeporestarforadeformafísicae também por ter entrado em conflito com o técnico Daniel Passarella, Hugo fez um gol e deu o passe para ovolante Edson marcar ooutro. Coma vitória,o Timãochegouaos 32 pontos no Paulistão e segue com remotaschances de conquistar o título. Hugo chegou ao Parque São Jorgeofuscadoporestrelas milionárias como Carlitos Tevez, Carlos AlbertoeRoger.Só para trazer Calitos, aparceriade-

sembolsou cerca de US$ 20 milhões.Por MarceloMattos, volante do São Caetano, o Timãopagou US$ 2,5 milhões. Para ter Hugo, Kia Joorabchian, representante no Brasilda MSI, pagou US$ 500 mil. Masontematarde foide Hugo. Logo aosoito minutos dejogo, eledisparou do meio-de-campo coma bola dominada, foi à linha de fundoe cruzouna medida paraEdson fazer1 a0.O Guarani, que precisava vencerpara fugirdoperigo do rebaixamento, tentava explorar oscontra-ataques, masseusatacantesEvandro Roncatto e Catatau erravam muito nos arremates. O perito corintiano continua sendoHugo. Antes do intervalo, após uma co-

brança deescanteio,ele apareceu livre na área, mas cabeceou para fora. Na segundaetapa,o Corinthians continuou melhor nogramadoesónãochegou à goleada por causa das boasdefesas deJean. Ogoleiro do Guarani evitou gol certodoCorinthians numa jogada em que Tevez apareceusozinhoàsuafrente.Minutos depois,Tevez deixou Gil pronto para o arremate, mas Jean salvou o Guarani outra vez.

O placar foi definido aos 32minutos.Edson cobrou escanteio e Hugocabeceou forteno canto direito.O Guarani ainda insistiu no ataque e poderia ter diminuídoomarcadoraos34minutos. Cidimar foi lançado pela direita e chutou na saí-

da de FábioCosta, acertando a trave esquerda. Hugovirou ocentrodas atençõesdepois dapartida. Mesmo satisfeito pelaboa atuação, o meia não quis falar como titular da equipe. "Primeiro, temosde pensar no jogo contra o Ituano (domingo).Só depoisé quevamos pensar no Cianorte, que éaguardado portodos aqui",disse ojogador,referindo-se ao confronto com a equipe paranaensequartafeira pelaCopado Brasil. Nessa partida, o Corinthians terádevencerpor quatro golsde diferençaparaavançarnacompetição. No jogo de ida, no Paraná, o Corinthians foi derrotado por 3 a 0, partidaque marcouaestréia do técnico Daniel Passarella no comando do time. (WM)

metia faltas seguidas,dandochanceparaasbatidasde Rogério Ceni. Mas aos40 minutosnão foiogoleiro são-paulinoque cobrou infração pelo ladoesquerdo. Mesmo posicionadoparaa cobrança, o goleiro cedeu a vezao lateral-esquerdo Júnior, que acertou o canto esquerdo de Gléguer. EmersonLeãomexeu no São Paulo novestiário. Trocou Marco Antonio por Souza.Aidéia eradarmais velocidadeaoTricolor no setor ofensivo.A Lusatambém voltou modificada. O atacanteOliveira entrouno lugar do volante Silas. O São Paulo estava afoito demais, erravapasses fáceis. ALusacontinuava bem noaspecto tático. Marcavabem esaíacom velocidadeparao ataque. Aos 13 minutos, atorcida são-paulinatevea segun-

da decepção. Após cruzamento da direita, Washington cabeceou no ângulo esquerdo de Rogério Ceni, quenemsemexeu.O desespero tomou conta do Pacaembu. A Portuguesa percebeu odescontrole do adversário e quase marca o terceiro gol aos 17 minutos, com Oliveira. Otécnico Leão colocaJosué em campo. O objetivo era deixaro SãoPaulo com mais criatividade nas jogadasofensivas. Odescontrole, no entanto, tomava conta até de Rogério Ceni. Ele, quenãocostuma errar cobranças de faltas da entrada da área,bate mal aos27 minutos eacertouabarreira. Leão,irritado, pediacalma, mas seus jogadoresestavam nervosos demais.

Aconquista dotítuloestavaadiada, para decepção dos são-paulinos.

Hugo disputa bola com defensor do Guarani, em jogo em Campinas
Ernesto
Rodrigues/AE
Danilo, do São Paulo, em lance durante a partida de ontem contra a Portuguesa, no Pacaembu. O Tricolor perdeu de 2 a 1. Para se sagrar campeão terá de empatar com o Santos, no domingo.

(Continuação da página anterior)

LEGISLAÇÃO•DOUTRINA•JURISPRUDÊNCIA ORIENTAÇÃOLEGAL

AGENDA TRIBUTÁRIA – MÊSDE ABRILDE 2005

DATADEVENCIMENTO: DATAEMQUESEESGOTAOPRAZOLEGALPARAPAGAMENTODOSTRIBUTOSECONTRIBUIÇÕESFEDERAIS

DATA DETRIBUTOS/CONTRIBUIÇÕES CÓDIGOPERÍODO DO VENCIMENTO DARFFATO GERADOR (FG)

principalmente para transporte de pessoas ou de mercadorias;1097”

87.11Motocicletas (incluídos os ciclomotores) e outros ciclos equipados com motor auxiliar, mesmo com carro lateral; carros laterais.1097”

11Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ)

Pagamento Unificado - Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias4095Março/2005

IRPJ - Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias4112”

11Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

Pagamento Unificado - Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias4095Março/2005

CSLL - Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias4153”

11Contribuição para o PIS/Pasep

Pagamento Unificado - Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias4095Março/2005

PIS/Pasep - Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias4138”

11Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)

Pagamento Unificado - Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias4095Março/2005

Cofins - Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias4166”

11Simples - Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas (ME) DARF e Empresas de Pequeno Porte (EPP) Simples Março/2005 13Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

Rendimentos de Capital

3 a 9/Abril/2005

Títulos de renda fixa - Pessoa Física80532ª Semana de Abril Títulos de renda fixa - Pessoa Jurídica3426”

Fundo de Investimento - Renda Fixa6800”

Fundo de Investimento em Ações6813” Operações de swap5273” Day-Trade - Operações em Bolsas8468”

Ganhos líquidos em operações em bolsas e assemelhados5557”

Juros remun. do capital próprio (art. 9º da Lei nº 9.249/95)5706”

Aluguéis e royalties pagos à pessoa física3208”

Rend. de partes beneficiárias ou de fundador3277”

Demais rendimentos de capital0924”

Rendimentos do trabalho

Trabalho assalariado0561”

Trabalho sem vínculo empregatício0588”

Resgate previdência privada3223”

Rendimentos decorrentes de decisão da Justiça do Trabalho5936”

Rend. de residentes ou domiciliados no Exterior ”

Aplicações Financeiras - Fundos/Entidades de Investimento Coletivo5286” Aplicações em Fundos de Conversão de Débitos Externos/Lucros/Bonificações/Dividendos0490”

Juros de Empréstimos Externos5299”

Outros rendimentos

Prêmios obtidos em concursos e sorteios0916”

Prêmios obtidos em bingos8673”

Remuneração de serv. prest. por pessoa jurídica1708”

Pagamentos de PJ a PJ por serviços de factoring5944” Pagamento PJ a cooperativa de trabalho3280” Juros e indenizações de lucros cessantes5204” Multas e vantagens9385”

Vida gerador de benefício livre - VGBL6891” Indenização por danos morais6904” Rendimentos decorrentes de decisão da Justiça Federal5928” Demais rendimentos8045”

13Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

3 a 9/Abril/2005

IOF-Operações de crédito - Pessoa Jurídica11502ª Semana de Abril

IOF-Operações de crédito - Pessoa Física7893”

IOF-Operações de câmbio - Entrada de moeda4290”

IOF-Operações de câmbio - Saída de moeda5220”

IOF-Aplicações Financeiras 6854”

IOF-Factoring (art. 58 da Lei 9.532/97)6895”

IOF-Aquisição de títulos e valores mobiliários7905”

IOF-Seguros3467”

IOF-Ouro, Ativo Financeiro4028”

13Contribuição Provisória sobre Movimentação

Financeira - (CPMF)

31/Mar a 6/Abril/2005

CPMF- Operações de lançamento a débito em conta 58691ª Semana de Abril

CPMF-Operações de liquidação ou pagamento sem crédito em conta5871”

CPMF-Devida pela instituição financeira, na condição de contribuinte5884” 13Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

IPI-Cigarros do código 2402.20.00 da Tipi10201º a 10/Abril/2005

IPI-Bebidas do capítulo 22 da Tipi0668”

15Contribuição para o PIS/Pasep

PIS/Pasep -Faturamento8109Março/2005

PIS/Pasep -Folha de salários8301”

PIS/Pasep -Pessoa jurídica de direito público3703”

PIS/Pasep -Entidades financeiras e equiparadas4574”

PIS-Fabricantes/Importadores de veículos em substituição tributária8496”

PIS-Combustíveis6824” PIS-Não-cumulativo6912”

15Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Cofins-Entidades financeiras e equiparadas7987Março/2005

Cofins-Demais Entidades2172”

Cofins-Fabricantes/Importadores de veículos em substituição tributária8645” Cofins-Combustíveis6840” Cofins-Não-cumulativa5856”

15Cide - Combustíveis - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural, exceto sob a forma liquefeita, e seus derivados, eálcool etílico combustível9331Março/2005

15Cide - Remessas ao Exterior - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a remessa de importâncias ao exterior nas hipóteses tratadas no art. 2º da Lei 10.168/2000, com a alteração introduzida pelo art. 6º da Lei 10.332/2001.8741Março/2005

15Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) IPI-Cigarros do código 2402.90.00 da Tipi5110Março/2005 IPI-Todos os produtos, com exceção de bebidas (Capítulo 22), cigarros (códigos 2402.20.00 e 2402.90.00) e os das posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da Tipi5123”

20Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) Rendimentos de Capital

DATA DETRIBUTOS/CONTRIBUIÇÕES CÓDIGO PERÍODO DO VENCIMENTO DARFFATO GERADOR (FG)

Ganhos líquidos em operações em bolsas e assemelhados5557” Juros remun. do capital próprio (art. 9º da Lei nº 9.249/95)5706” Aluguéis e royalties pagos à pessoa física3208” Rend. de partes beneficiárias ou de fundador3277” Demais rendimentos de capital0924” Rendimentos do trabalho Trabalho assalariado0561” Trabalho sem vínculo empregatício0588” Resgate previdência privada3223” Rendimentos decorrentes de decisão da Justiça do Trabalho5936”

Rend. de residentes ou domiciliados no Exterior ”

Aplicações Financeiras - Fundos/Entidades de Investimento Coletivo5286”

Aplicações em Fundos de Conversão de Débitos Externos/Lucros/Bonificações/Dividendos0490” Juros de Empréstimos Externos5299” Outros rendimentos

Prêmios obtidos em concursos e sorteios0916” Prêmios obtidos em bingos8673” Remuneração de serv. prest. por pessoa jurídica1708” Pagamentos de PJ a PJ por serviços de factoring5944” Pagamento PJ a cooperativa de trabalho3280” Juros e indenizações de lucros cessantes5204” Multas e vantagens9385” Vida gerador de benefício livre - VGBL6891” Indenização por danos morais6904” Rendimentos decorrentes de decisão da Justiça Federal5928” Demais rendimentos8045” 20Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

10 a 16/Abril/2005

IOF-Operações de crédito - Pessoa Jurídica11503ª Semana de Abril

IOF-Operações de crédito - Pessoa Física7893” IOF-Operações de câmbio - Entrada de moeda4290” IOF-Operações de câmbio - Saída de moeda5220” IOF-Aplicações Financeiras 6854” IOF-Factoring (art. 58 da Lei 9.532/97)6895”

IOF-Aquisição de títulos e valores mobiliários7905” IOF-Seguros3467” IOF-Ouro, Ativo Financeiro4028” 20Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira - (CPMF)

7 a 13/Abril/2005

CPMF- Operações de lançamento a débito em conta 58692ª Semana de Abril

CPMF-Operações de liquidação ou pagamento sem crédito em conta5871”

CPMF-Devida pela instituição financeira, na condição de contribuinte5884” 20Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Posição na Tipi Produto 87.03Automóveis de passageiros e outros veículos automóveis principalmente concebidos para transporte de pessoas (exceto os da posição 87.02), incluídos os veículos de uso misto (“station wagons”) e os automóveis de corrida;06761º a 10/Abril/2005 87.06Chassi com motor para os veículos automóveis das posições 87.01 a 87.05;0676” 84.29“Bulldozers”, “angledozers”, niveladores, raspo-transportadores (“scrapers”), pás mecânicas, escavadores, carregadoras e pás carregadoras, compactadores e rolos ou cilindros compressores, autopropulsados;10971º a 10/Abril/2005

84.32Máquinas e aparelhos de uso agrícola, hortícola ou florestal, para preparação ou trabalho do solo ou para cultura; rolos para gramados (relvados), ou para campos de esporte;1097”

84.33Máquinas e aparelhos para colheita ou debulha de produtos agrícolas, incluídas as enfardadeiras de palha ou forragem; cortadores de grama (relva) e ceifeiras; máquinas para limpar ou selecionar ovos, frutas ou outros produtos agrícolas, exceto as da posição 84.37;1097”

87.01Tratores (exceto os carros-tratores da posição 87.09);1097”

87.02Veículos automóveis para transporte de 10 pessoas ou mais, incluindo o motorista;1097”

87.04Veículos automóveis para transporte de mercadorias; 1097”

87.05Veículos automóveis para usos especiais (por exemplo: auto-socorros, caminhõesguindastes, veículos de combate a incêndios, caminhões-betoneiras, veículos para varrer, veículos para espalhar, veículos-oficinas, veículos radiológicos), exceto os concebidos principalmente para transporte de pessoas ou de mercadorias;1097”

87.11Motocicletas (incluídos os ciclomotores) e outros ciclos equipados com motor auxiliar, mesmo com carro lateral; carros laterais.1097”

22Contribuição para o PIS/Pasep

Retenção de contribuições - pagamento de PJ a PJ de direito privado (Cofins, PIS/Pasep, CSLL)59521º a 15/Abril/2005

PIS/Pasep - Retenção - pagamentos de PJ a PJ de direito privado5979”

22Contribuição para o Financiamento da Seguridade

Social (Cofins)

Retenção de Contribuições - pagamentos de PJ a PJ de direito privado (Cofins, PIS/Pasep, CSLL)59521º a 15/Abril/2005

Cofins- Retenção - pagamentos de PJ a PJ de direito privado5960”

22Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

Retenção de contribuições - pagamentos de PJ a PJ de direito privado (Cofins, PIS/Pasep, CSLL)59521º a 15/Abril/2005

CSLL - Retenção - pagamentos de PJ a PJ de direito privado5987”

CSLL-Retenção - pagamentos a PJ fornecedora de insumos ou transportadora de carga que geram direito a crédito presumido3877”

22Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

Outros Rendimentos

Pagamentos a pessoa jurídica fornecedora de insumos ou transportadora de carga que geram direito a crédito presumido38421º a 15/Abril/2005

Pagamentos a pessoa física fornecedora de insumos ou transportadora de carga que geram direito a crédito presumido3850”

26Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

IPI-Cigarros do código 2402.20.00 da Tipi102011 a 20/Abril/2005

IPI-Bebidas do capítulo 22 da Tipi0668”

27Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

Rendimentos de Capital 17 a 23/Abril/2005

10 a 16/Abril/2005

Títulos de renda fixa - Pessoa Física80533ª Semana de Abril

Títulos de renda fixa - Pessoa Jurídica3426”

Fundo de Investimento - Renda Fixa6800” Fundo de Investimento em Ações6813” Operações de swap5273” Day-Trade - Operações em Bolsas8468”

Títulos de renda fixa - Pessoa Física80534ª Semana de Abril

Títulos de renda fixa - Pessoa Jurídica3426”

Fundo de Investimento - Renda Fixa6800” Fundo de Investimento em Ações6813” Operações de swap5273” Day-Trade - Operações em Bolsas8468”

(Continuação da página anterior)

LEGISLAÇÃO•DOUTRINA•JURISPRUDÊNCIA ORIENTAÇÃOLEGAL

AGENDA TRIBUTÁRIA – MÊSDE ABRILDE 2005

DATADEVENCIMENTO: DATAEMQUESEESGOTAOPRAZOLEGALPARAPAGAMENTODOSTRIBUTOSECONTRIBUIÇÕESFEDERAIS

DATA DETRIBUTOS/CONTRIBUIÇÕESCÓDIGO PERÍODO DO VENCIMENTO

DARFFATO GERADOR (FG)

Ganhos líquidos em operações em bolsas e assemelhados5557”

Juros remun. do capital próprio (art. 9º da Lei nº 9.249/95)5706”

Aluguéis e royalties pagos à pessoa física3208”

Rend. de partes beneficiárias ou de fundador3277”

Demais rendimentos de capital0924”

Rendimentos do trabalho

Trabalho assalariado0561”

Trabalho sem vínculo empregatício0588”

Resgate previdência privada3223”

Rendimentos decorrentes de decisão da Justiça do Trabalho5936”

Rend. de residentes ou domiciliados no Exterior ”

Aplicações Financeiras - Fundos/Entidades de Investimento Coletivo5286”

Aplicações em Fundos de Conversão de Débitos Externos/Lucros/Bonificações/Dividendos0490”

Juros de Empréstimos Externos5299”

Outros rendimentos

Prêmios obtidos em concursos e sorteios0916”

Prêmios obtidos em bingos8673”

Remuneração de serv. prest. por pessoa jurídica1708”

Pagamentos de PJ a PJ por serviços de factoring5944”

Pagamento PJ a cooperativa de trabalho3280”

Juros e indenizações de lucros cessantes5204”

Multas e vantagens9385”

Vida gerador de benefício livre - VGBL6891”

Indenização por danos morais6904” Rendimentos decorrentes de decisão da Justiça Federal5928” Demais rendimentos8045”

27Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

17 a 23/Abril/2005

IOF-Operações de crédito - Pessoa Jurídica11504ª Semana de Abril

IOF-Operações de crédito - Pessoa Física7893”

IOF-Operações de câmbio - Entrada de moeda4290”

IOF-Operações de câmbio - Saída de moeda5220”

IOF-Aplicações Financeiras 6854”

IOF-Factoring (art. 58 da Lei 9.532/97)6895”

IOF-Aquisição de títulos e valores mobiliários7905”

IOF-Seguros3467”

IOF-Ouro, Ativo Financeiro4028”

27Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira - (CPMF)

14 a 19/Abril/2005

CPMF- Operações de lançamento a débito em conta 58693ª Semana de Abril

CPMF-Operações de liquidação ou pagamento sem crédito em conta5871”

CPMF-Devida pela instituição financeira, na condição de contribuinte5884”

29Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF)

Recolhimento mensal (Carnê Leão)0190Março/2005

Ganhos de capital na alienação de bens e direitos4600 ”

Ganhos de capital na alienação de bens e direitos e nas liquidações e resgates de aplicações financeiras adquiridos em moeda estrangeira8523”

Ganhos líquidos em operações em bolsa6015”

Quota única ou 1º quota do imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual0211Ano-calendário/2004

Ganho de capital na alienação de moeda estrangeira mantida em espécie8960”

29Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Posição na Tipi Produto

87.03Automóveis de passageiros e outros veículos automóveis principalmente concebidos para transporte de pessoas (exceto os da posição 87.02), incluídos os veículos de uso misto (“station wagons”) e os automóveis de corrida;067611 a 20/Abril/2005

87.06Chassi com motor para os veículos automóveis das posições 87.01 a 87.05;0676”

84.29“Bulldozers”, “angledozers”, niveladores, raspo-transportadores (“scrapers”), pás mecânicas, escavadores, carregadoras e pás carregadoras, compactadores e rolos ou cilindros compressores, autopropulsados;109711 a 20/Abril/2005

84.32Máquinas e aparelhos de uso agrícola, hortícola ou florestal, para preparação ou trabalho do solo ou para cultura; rolos para gramados (relvados), ou para campos de esporte;1097” 84.33Máquinas e aparelhos para colheita ou debulha de produtos agrícolas, incluídas as enfardadeiras de palha ou forragem; cortadores de grama (relva) e ceifeiras;

DATA DETRIBUTOS/CONTRIBUIÇÕESCÓDIGOPERÍODO DO VENCIMENTO

DARFFATO GERADOR (FG)

máquinas para limpar ou selecionar ovos, frutas ou outros produtos agrícolas, exceto as da posição 84.37;1097”

87.01Tratores (exceto os carros-tratores da posição 87.09);1097”

87.02Veículos automóveis para transporte de 10 pessoas ou mais, incluindo o motorista;1097”

87.04Veículos automóveis para transporte de mercadorias; 1097” 87.05Veículos automóveis para usos especiais (por exemplo: auto-socorros, caminhõesguindastes, veículos de combate a incêndios, caminhões-betoneiras, veículos para varrer, veículos para espalhar, veículos-oficinas, veículos radiológicos), exceto os concebidos principalmente para transporte de pessoas ou de mercadorias;1097”

87.11Motocicletas (incluídos os ciclomotores) e outros ciclos equipados com motor auxiliar, mesmo com carro lateral; carros laterais.1097”

29Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Devido pelas microempresas (ME) e pelas empresas de pequeno porte (EPP) não optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições (Simples). IPI-Bebidas do capítulo 22 da Tipi0668Março/2005 IPI-Cigarros dos códigos 2402.20.00 e 2402.90.00 da Tipi1020” IPI-Todos os produtos, com exceção de: bebidas do Capítulo 22, e cigarros dos códigos 2402.20.00 e 2402.90.00 da Tipi1097”

29Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) Rendimentos de Capital Fundos de Investimento Imobiliário5232Março/2005

29Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

PJ que apuram o IRPJ com base no lucro real

Entidades Financeiras

Balanço trimestral (1ª quota)2030Janeiro a Março/2005

Estimativa mensal2469Março/2005

Demais Entidades

Balanço trimestral (1ª quota)6012Janeiro a Março/2005

Estimativa mensal2484Março/2005

PJ que apuram o IRPJ com base no lucro presumido ou arbitrado (1ª quota)2372Janeiro a Março/2005

29Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ)

PJ obrigadas a apuração com base no lucro real

Entidades Financeiras

Balanço trimestral (1ª quota)1599Janeiro a Março/2005

Estimativa mensal2319Março/2005

PJ obrigadas a apuração com base no lucro real

Demais entidades

Balanço trimestral (1ª quota)0220Janeiro a Março/2005

Estimativa mensal2362Março/2005

PJ não obrigadas a apuração com base no lucro real

Optantes pela apuração com base no lucro real

Balanço trimestral (1ª quota)3373Janeiro a Março/2005

Estimativa mensal5993Março/2005

Lucro presumido (1ª quota)2089Janeiro a Março/2005

Lucro arbitrado (1ª quota)5625Janeiro a Março/2005

IRPJ-Lucro Inflacionário3320Março/2005

IRPJ-Renda Variável3317Março/2005

IRPJ-Finor/Balanço Trimestral - Opção art. 9º da Lei nº 8.167/91 (1ª quota)9004Janeiro a Março/2005

IRPJ-Finor/Estimativa - Opção art. 9º da Lei nº 8.167/919017Março/2005

IRPJ-Finam/Balanço Trimestral - Opção art. 9º da Lei nº 8.167/91 (1ª quota)9020Janeiro a Março/2005

IRPJ-Finam/Estimativa - Opção art. 9º da Lei nº 8.167/919032Março/2005

IRPJ-Funres/Balanço Trimestral - Opção art. 9º da Lei nº 8.167/91 (1ª quota)9045Janeiro a Março/2005

IRPJ-Funres/Estimativa - Opção art. 9º da Lei nº 8.167/919058Março/2005 29Programa de Recuperação Fiscal - Refis

Refis-Parcelamento vinculado à receita bruta9100Diversos Refis-Parcelamento alternativo9222” Refis-ITR/Exercícios até 19969113” Refis-ITR/Exercícios a partir de 19979126” 29Parcelamento Especial (PAES) PAES-Pessoa física7042Diversos PAES-Microempresa7093” PAES-Empresa de pequeno porte7114” PAES-Demais pessoas jurídicas7122” PAES-ITR7288”

Prazos de entrega: dia em que se esgota o prazo legal para apresentação das declarações, demonstrativos e documentos sem a incidência de multa. PRAZO DEDECLARAÇÕES, DEMONSTRATIVOS E DOCUMENTOSPERÍODO DE APURAÇÃO ENTREGA

De Interesse Principal das Pessoas Jurídicas

7 DCTF Mensal-Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais MensalFevereiro/2005

25 DCide-Combustíveis - Declaração de Dedução de Parcela da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico Incidente sobre a Importação e Comercialização de Combustíveis das Contribuições para o PIS/Pasep e CofinsAbril/2005

29 CPMF - DIC-Declaração de Informações Consolidadas da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMFMarço/2005

29 CPMF-Declaração Trimestral da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza FinanceiraJaneiro a Março/2005

29 CPMF-Medidas JudiciaisMarço/2005

29 DIF Bebidas-Declaração Especial de Informações Fiscais relativa à Tributação das BebidasMarço/2005

29 DIF Cigarros-Declaração Especial de Informações Fiscais relativa à Tributação de CigarrosMarço/2005

29 DIF Papel Imune-Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel ImuneJaneiro a Março/2005

29 DNF-Demonstrativo de Notas FiscaisMarço/2005

29 DOI-Declaração de Operações ImobiliáriasMarço/2005

PRAZO DEDECLARAÇÕES, DEMONSTRATIVOS E DOCUMENTOSPERÍODO DE APURAÇÃO

ENTREGA

De Interesse Principal das Pessoas JurídicasDe Interesse Principal das Pessoas Jurídi

29 Dacon-Demonstrativo de Apuração de Contribuições SociaisJaneiro a Março/2005

29 Decef-Declaração de Exercício em Cargo, Emprego ou Função Pública FederalAno-calendário de 2004

De Interesse Principal das Pessoas Físicas

29 DIRPF-Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física Ano-calendário de 2004

29 Declaração Inicial e Intermediária de EspólioAno-calendário de 2004

Diário Declaração Final de EspólioSessenta dias contados da data do trânsito em julgado da decisão judicial da partilha, sobrepartilha ou adjudicação dos bens inventariados.

Diário Declaração de Saída DefinitivaData da saída do Brasil, no caso de residente no País que se retirar em caráter permanente; ou trinta dias contados da data em que completar 12 meses consecutivos de ausência do País, no caso de residente que se retirar em caráter temporário DOU - 30/03/2005

TOME NOTA: A Amcham Campinas

Passe-livre pára o centro da cidade

Mas a Prefeitura e a Transurc dizem que não podem subsidiar os estudantes

Cerca de dois mil estudantes foram para asruas do centro namanhã de ontem parareivindicarpassagens gratuitas (passe-livre)no transporte públicodacidade.Os manifestantes - a maioriaestudantes do segundo grau- chegarama bloquear otrânsito das avenidas que dão vazão aos ônibusque entram e saem do Terminal UrbanoCentral, e conseguiram invadiram emcoletivosquepassavampelolocal. Porvolta domeio-diaaconteceram confrontoslocalizados com a Polícia Militar (PM) na avenida Miguel Vicente Cury. Trêsestudantes acabaram detidos por depredação e desacato.

A PM dispersou os envolvidos com uso de spray depimenta. Estudantes,que nãoquiseram darnomes ao DC alegando ainda não terem uma liderança constituída, acusaram a polícia de abusar da força. O capitão Costa, do 8° Batalhão, da PM, nega ter havido agressões. “Eles(osestudantes)estavam parando o coração da cidade, tivemos que liberar o trânsito”, diz.Além dasdetenções, segundoo oficial, um passageiro de ônibus foi ferido por estilhaços de vidro de um ônibus depredado. A vítima foi encaminhada para o Mário Gatti.

Os alunostentaram reivindicaro passe-livrediretamente com o prefeito Hélio dos Santos no início damanifestação.Segundoaassessoriadeimprensa daprefeitura, osecretáriode Transportes,Gerson Bittencourt, sedispôsareceberpessoalmente os alunos nosaguão doPaço Municipal,mas nenhuma liderança do movimento teria se apresentado para dialogar.

Os estudantesacabaramentregandoumacarta reivindicando a gratuidade a representantes da

AS ÚLTIMAS

empresa". Representantes de 13 estados norte-americanos relatarão suas experiências em

exportação e relações comerciais. No Premium Norte Hotel, às 8h. Tel.: 3294-4646.

A invasão

Cerca de 2 mil estudantes param o centro segundo a PM Três estudantes detidos por desacato e vandalismo

Um ônibus depredado e um passageiro ferido Trânsito lento

Os confrontos com a PM ocorreram na avenida Miguel Vicente Cury: “Os estudantes estavam parando o coração da cidade, tivemos que liberar o trânsito” , justificou o capitão Costa, do 8º Batalhão.

Prefeitura.A cartajustificavao passe-livrealegando ser abusiva a tarifa de R$ 2 cobrada na passagem de ônibus.

A Transurc (Associação das Empresas Permissionáriasdo Transporte Coletivode Campinas), diz ser impossível oferecer agratuidade aos estudantessem quehaja subsídioaosistema detransporte ou aumentoda tarifa.Hoje, osistema operacom o que arrecada dos passageiros pagantes, cerca de R$ 17,5milhões aomês. Nãohaveriarecursos daPrefeitura para ajudara custearo subsídio. Segundo Paulo Barddal,diretordeComunicaçãodaTransurc, o sistema é deficitário. “Em 2004, nossa dívida era de R$39 milhões. Se apontaremuma forma de custear a gratuidade que os estudantes querem, tudo bem”, diz.

Osmanifestantes tambémconseguiram tomaro Terminal Urbano Central. A Emdec (Empresa MunicipaldeDesenvolvimento deCampinas),órgão da Prefeituraque gerenciaos terminais,interrompeua circulaçãode ônibusno local.O embarquee desembarquedepassageirospassouaserrealizado naavenida FranciscoTeodoro.“Vouter queandar quaseumquilômetroparapegar oônibus. Tudo bem manifestar, mas poderia ser em outro lugar”, diz o aposentado Mário Máximo, de 79 anos. Houveatrasode40minutos naslinhasque passavam pelocentro e quase cinco quilômetros de trânsito lento na região.

Otransporte coletivodeCampinas garantedesconto de 60%nas passagens de alunos de escolas públicas eparticulares até oensino médio.O objetivo do movimento é também levar o benefício a escolas técnicas e para universitários. Renato Carbonari Ibelli

O diretor regional da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Marcos Alexandre Cavichiolli, apresentou os números do setor supermercadista na RMC: o setor faturou R$ 8,75 bilhões em 2003 e em 2004 chegou a R$ 9,5 bilhões, um crescimento de quase 10%. A Apas tem cerca de 1.200 associados em todo o estado; em Campinas são 299 lojas.

POLUIÇÃOAVIAÇÃO

Paulínia é o terceiro maior emissor de ozônio no Estado. Mas a Cetesb comemora: os índices estão estáveis há dois anos.

Paulíniaéaterceiracidade doEstadodeSãoPaulo com maior pico de emissãode ozônio.

A constatação foi feita pelaCetesb –CompanhiadeTecnologiadeSaneamento Ambiental, quedivulgouontemorelatório anual sobre qualidade do ar. Em 2004 Paulíniaultrapassou em 30 vezes o padrãode qualidade determinado pela Cetesb, que éde 160 microgramaspor m3 de ozônio porhora. Eem 11

oportunidades a cidade esteveemestadodeatenção, com picos superioresa 200 microgramas por m3. Apesar disso, a Cetesb de Paulínia comemora, já queesses níveisestão estabilizados há pelo menos doisanos. “Nesteperíodo nós tivemos umaumento de fontes geradoras de poluentes, mas asconcentrações médias ficaramestabilizadas”, explica Mário FonsecaPereira,gerente da Cetesb de Paulínia.

A Jet Aviation escolheu Viracopos para instalar seu centro de manutenção, gerenciamento, vendas e suporte em terra para as aeronaves executivas.

Logística de Viracopos favorece a instalação de empresa de manutenção de jatos executivos

AJet Aviation, a maiorempresa do mundo em manutenção e administraçãode jatosexecutivos, está se preparando para construirseu primeiro hangar na América Latina.O anúncio foi feitoontem àtarde durante aLabace– LatinAmérica Bussiness Aircraft Convention & Exhibition,em São Paulo.A basedaempresa será instalada em Viracopos.

Diário do Comércio Rua José Paulino, 1111, 4º andar, Campinas, SP CEP 13013-001 (19) 3736-9014/15 ribelli@dcomercio.com.br

O Serviço Central de Proteção ao Crédito é a maior base de informações de crédito de pessoa física do país, formado por vários bancos de dados, alimentados com informações dos próprios associados.

SCPC – Banco de Dados scpc@acicnet.org,br (19) 3736-9150 SCPC - Atendimento ao público

Rua José Paulino, 1.119 Segunda à sexta-feira: 8h às 18h Sábados: 8h às 12h

Escritório Regional da Jucesp Abertura, alteração e cancelamento de empresas. Parceria com a Receita Federal para os registros no CNPJ. (19) 3736-9030/ 9013/ 9008 jucesp@acicnet.org.br

Cursos, palestras, assessoria e consultoria na Acic. (19) 37369009/ 9045/ 9049 cursos@acicnet.org.br

Diretoria Executiva (2004 - 2007) Guilherme Campos Júnior Presidente Gilberto Rocha da Silveira Bueno

A construção do hangar, que vai custar entre US8 milhões e US10 milhões, deve começar dentrode3 meses. Serão8.400m2de área construída. Para o Secretário Municipal de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo, Guilherme Campos Júnior, isso mostraaqualidade de serviços deCampinas: “A cidade éreceptiva e esperamos que aempresa tire proveito da logística daqui."

SP CEP 13013-001 PABX: 3736-9012

Durante duas horas os secundaristas bloquearam o trânsito em torno do terminal urbano Fotos: Marcos Peron/Virtual
Os estudantes entregaram carta reivindicando a gratuidadeTrês estudantes foram detidos por depredação e desacato.
Antonio Scorza/AFP

Duas comédias e um drama subterrâneo

Warner Bross/Divulgação

Miss do FBI

M issSimpatia2 -Armada e Poderosa (Miss Congeniality 2:Armed and Fabulous, EUA, 2005), deJohn Pasquin.A atriz Sandra Bullock volta àcomédia, depoisdecinco anos, de novo no papel de Gracie Hart, a detetive do FBI que solucionou um crime nos bastidores do concurso Miss América. Transformada em celebridade pelo episódio, o problema agora é o seqüestro de seus amigos (Heather Burns e William Shatner), que Gracie tentará resolver comajuda daparceira Sam Fuller (Regina King).

Poder do acaso

Questão de Imagem de Agnès Jaoui (Commeune Image, França/Itália,2004)éuma comédiasobreo acaso. Comoem O Gosto dos Outros dirigido porela em 1999, prevalece o destino. Lolita (Marilou Barry), gordinha infeliz,toma aulasdecanto lírico com Sylvia Millet (Agnès), briga com o pai, o famoso editor literário ÉtienneCassard (JeanPierreBacri).Masa publicação do novo livro de Pierre Millet (Laurent Grévill), maridode Sylvia, vai mudara trajetórianormal da vida de quase todos. Sob a terra

E melogiada atuação, FelipeCamargo é Martín, homem que determina umtrajeto parasi e,ao entrarem umvagão dometrô,escolhe uma mulher que o atraia. A partirdaí,espera queelafaça omesmo caminhoque ele. Nesse jogo, algumas mulheres vão mudar a vidadeMartín.Recheadade medos, desconfianças, paixõeseobsessões, segueatrama de Jogo Subterrâneo (Brasil,2005),dirigidopor RobertoGervitz. Com Daniela Escobar, KathiaBisoli,MaitêProençae Vera Vilela. (LHC)

Buena Vista/Divulgação

Sideways e a Pinot Noir

Personagem se recusa a beber Merlot e faz cair a venda do vinho

Sideways é apenas mais umfilmeque temo vinhocomotema, masao contrário dos demais, paradoxalmente, um filme secundário teve umagrande repercussão, pelo menos na mídia e até no mercado norte-americano.Essa repercussão devese, possivelmente, ou pelo menos em parte, à premiação do roteiro do filme no pasteurizado Oscare noIndependent Awards, prêmio do cinema independente dos Estados Unidos.

Palavrões

Oprotagonistado filme, Miler, é um professor divorciado einfeliz,vividopor Paul Gramatti, queviaja com um companheiro Jack (Thomas Church). A dupla encontra uma estudante, VirginiaMadsen,que os acompanha a um roteiro vinícola nas proximidades de Los Angeles. Até aí o roteiro é prosaico e banal.

Ocorre,porém, queMiles é um fanático por vinhos de PinotNoir e,como todo enochato, passa a ditar regras e conceitosaos companheiros, louvando seus Pinote recusando-se a beber Merlot, com palavrões. Como todo enochato - dono da verdade, tem algumas "pérolas" - que o bouquet do

Pinoté"omaisassombrosoe excitante e sutil e antigo no planeta" e quetais.

Bobagens à partese variedades de vinhos não se comparamentresi,ecadaumbebe o que quer(e o que pode pagar), mais difícil de entenderéporque oconsumidor comumseguea opiniãode um ficcionista.Lembre-se aqui que O Código Da Vinci, também uma ficção, já vendeu mais de 20 milhões de exemplares. Nocaso do livro,porém, ofundopolicial ébem escrito,tem mistério e os persona gens universais, os maiores bestsellers da história...

ticas à Merlot, fez cair muito a venda dos últimos vinhos. Ora, como ninguém cultiva uma única variedade,o aumento de venda de uma delas compensará aqueda da outra, mesmo porque, como diriam nossosancestrais lusitanos, "para quem é, bacalhaubasta",isso no tempoem queobacalhau abundavae se destinava aos menos favorecidos.

No caso do vinho, oPinot Noir calif or ni an o, correntecomoa imensa maioriadessesvarietaisproduzidos forada Borganha, poucodizem.Mesmo na Borgonha, de onde provém todasas Pinot(Noir, Blanc, Gris, Meunier), boa parte dessesvinhossãomedianos. Por outro lado,os grandes borginhões, todosdePinot Noir,estãoentreosmelhores vinhos do mundo.

manifestações violentas contra o vinho Merlot

Cremos, assim, que a alteração domercado vinícola americano (denominado "efeito S ideways") seja passageiro, um modismo, causado pela circunstância deum filme secundário, mas p re m i a d o , abordar um vinho também secundárioe influenciar o consumidor secundário por algumtempo. Sabemos todoscomo omercado e as bolsas são volúveis, imprevisíveis e sensíveis até a boatos...

Turismo

Voltando a Sideways, diz a notícia que o apreço do protagonistaa PinotNoir ecrí-

Dizaimprensaqueofilme causou mesmo alterações noturismo daregião. Se o fez, pouco afetouo do país. Ninguém vai aos Estados

HAPPY HOUR

Unidos por seuvinho, a não ser os profissionais do ramo, que os compram e vendem e que não são turistas. Também visitam as vinícolas profissionais de imprensa, mas como convidados oficiais dos órgãosde turismo ou dos vinhateiros,que não criticarão seusprodutos. Restaoturismolocal,oturista que passeia,fotografae bebe o que se lhe oferecer.

Modismo

Lembre-se queatendência do consumo de vinho nos países tradicionalmente produtores é de baixa, enquanto nos de vinicultura maisrecente, o chamado Novo Mundo do vinho, vem crescendo, sendo o fato possivelmente umadas razões, entre outras, da repercussão do Sideways Como modismo,passará. Tudopassa. Esperamosentretanto, com fé e confiança, quenossa sedee nossacondição de bem satisfazê-la, custe a passar.

Sérgio de Paula Santos é médico e crítico de vinhos. Membro-Fundador da Federação Internacional dos Jornalistas e Escritores do Vinho (FIJEV), é autor de livros sobre vinhos, o último dos quais, O Vinho e suas Circunstâncias, Senac, São Paulo, 2003.

Erudito

Arenovada Orquestra Sinfôniade Campinas,sobaregênciadeHenrique Lian, toca o Concerto Duplo para Violino e Violoncelo, de Brahms (foto). Amanhã (2),21h, edomingo (3), 17h.Teatro do CentrodeConvivênciaCultural (Praça Fluminense, s/n, Cambuí). Ingressos: R$ 8,00. Fone: 3232-4148.

Rock

e pop

Abanda paulistana ReminDreviveorock eopopdosanosde1960e 1970, destacandoclássicos dos Beatles (foto). Mas reservaespaço para invençõesdoLedZeppeline até dos Mutantes. Casa do Lago, Unicamp (Rua Érico Veríssimo,s/n). Fone: 3788-7017). Hoje (1), 21h30 e 18h. Grátis.

Teatro russo

Em cartaz, Noites Brancas,baseada na obra de Dostoievski.Produzida e estreladapor DéboraFalabella (foto), jáesteve em salas deSão Paulo eRio de Janeiro Hoje(1)esábado (2), 21h; domingo(3), 19h. Teatro Castro Mendes (PraçaCorreiade Lemos,s/n). Fone: 3272-9359. Ingressos: R$ 4O,00 e R$ 20,00.

Café Filosófico. A vida em transformação.

O Café, no Espaço Cultural da CPFL, é um estimulante ponto de encontro com a arte. Cristiane Prezotto

Ouarta-feira à noite. Aos poucos asmesas do Café Filosófico vãosendotomadaspor casaise gruposde amigos.A músicaambiente, ailuminação,o cardápio bem elaborado, tudocolabora para compor um clima intimista, propício para um bom batepapo. Mas o local é muito mais do um simples bar. Profissionais liberais, professores, músicos, estudantes universitários eaposentados se misturam no Café Filosófico para apreciar arte. O Café, anexo ao Espaço Cultural da CPFL, tem uma programação bem diversificada.Este ano,dentrodo projeto ‘Novas identidades, A Vidaem Transformação - Conhecimento/Sabedoria/Felicidade’, o Café Filosófico apresentará saraus, shows de música popular brasileira e palestras sobreos mais variados temas.

“Istoaqui éum centrode efervescência cultural.Há contatoentreartistas, inte-

lectuais, apreciadores de arte”, resume o coordenador do projeto Sarau, Carlos Willian Valverde, estudante de antropologia emúsico nas horas vagas.

OEspaçoCultural CPFL dividiuas atrações do Café Filosófico em três módulos. Àsquartas-feirassão apresentados saraus, onde violeiros, mágicos, dançarinas, poetas eatores de clown se encontram. Nestasnoites o públicopode interagircom os artistas. Poetas,músicos ousimples contadoresde histórias que estejam na platéia podem subirao palco e mostrar sua arte.

Às quintas-feiras oespaço apresenta o módulo MPB – Os caminhos da resistência, sob curadoria do compositor Arrigo Barnabé.

Jáàs sextas-feiraso Café Filosófico traz uma série de palestras.

O módulo ‘A construção da identidadeno mundo atual –Culturado excesso, sobrecargasealternativasdevida‘,tem a curadoria do professor

Renato JanineRibeiro evai debater os mais variados temas.

Foi nesta programação queopsicanalistaFlávioGikovate, por exemplo, pôde desenvolver apalestra-papo sobre Construir o simples: emagrecer. Temlugarmais estimulante para pensar sobre isso?

A idéiado Caféparece simples: oferecer umespaço único quecomporte culturas variadas. Esta premissasimplesmente nãoexiste em outros locais na cidade.

Os freqüentadores do Café sãounânimesemdizer: apesar de ser uma cidade da vanguarda acadêmica, falta em Campinaslocaisque abordemuma happyhour assim.“Campinas étãogrande e temos tão poucos espaçosculturais”, acreditao médicoJoaquim Bustorff. “Campinascomporta mais uns cinco espaçoscomo este”, decreta em outra mesa a professora universitária Débora Kirschbam. E pelo jeito eles têm razão.

O CaféFilosófico,comcapacidade para acomodar 250 pessoas, estavalotado nanoite de quarta-feira. E muita gente em pé para curtir umpouco daarte disponível em Campinas.

CAFÉ FILOSÓFICO

Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1.632, Chácara Primavera. Tel.: (19) 3756-8000. Endereço do site: www.cpflcultura.com.br. Novas propostas em música, nas discussões e no cardápio.

Cardápio diversificado de atrações e frequentadores dispostos a conhecer propostas inovadoras

ADEGA
Miler (Paul Gramatti), o enochato, e Jack (Thomas Church) em festa
pelos Estados Unidos: roteiro banal
Protagonistas entre vinhedos:

João de Deus. Um Brasil comovido apelidou o papa

Das 102 viagens que João Paulo IIfez,em 26anos depontificado,três tiveramcomodestino o Brasil. Nas duas primeiras, em 1980 e 1991, o papa percorreuoPaísde norteasul,para visitar 23cidades,todascapitais de Estados, com exceção apenas de Aparecida (SP), ondeconsagrou oSantuárioNacionalde NossaSenhoraAparecida, dando-lhe otítulo e os privilégiosdebasílica.Aterceira viagem, em outubro de 1997,restringiu-seaoRio,sede do 2º Encontro Mundial do Papa comasFamílias. Rio, Brasíliae Salvadorforam as três cidades que entraram duas vezes no roteiro.

Karol Wojtyla, que havia assumido o governo da Igreja em outubro de1978,era um homem de porte atlético e jovialquandose ajoelhoupara beijar a terra no aeroporto de Brasília,em30de junhode 1980. Eraumpolonêsde 60 anos que falava português com desembaraço, capaz de interromper seusdiscursoscom improvisos jocosos que levavamasmultidões aodelírio.

João Paulo II esteve no Brasil três vezes e percorreu o País inteiro. Ainda jovial, marcou presença ao beijar o solo em Brasília, em junho de 1980. Era o início de uma peregrinação de 12 dias, que levou multidões eufóricas a praças e estádios. O papa voltou ao Brasil em 1991 e, depois, em 1997. Na última visita, já mostrava o peso da idade.

(CNBB) como "o corpo episcopal mais numeroso do mundo". A CNBB, entãosob a presidênciaded.Ivo Lorscheiter recebeu apoio e solidariedade dopapa, mas tambémouviu reprimendas. Na reuniãode Brasília, recomendou cautela contra excessos da Teologia da Libertação e advertiu para os riscos de manipulação política do evangelho.

Em encontro com flagelados da seca, o papa comoveu-se: "Meu Deus, o povo passa fome. Gostaria de espalhar a chuva".

Recebido por João Figueiredo, o último general-presidente do regime militar,passou por cima do protocolo diplomático para dar umrecado aos governantese fiéisdo maiorpaís católico do mundo.

Celebrou uma missa campal na Esplanada dos Ministérios e saudou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Era sóo começo deuma peregrinação que, nos 12 dias seguintes, lotaria praças eestádios, de Porto Alegre a Manaus, onde quer que João PauloII aparecesse.Opapaera uma grande novidade, pois estava fazendo ainda asua sétima viagem apostólica ou visita pastoral fora da Itália. De Brasília, elevoou para Belo Horizonte eRio de Janeiro,doispontosaltosdaprogramação. "Oh, que belo horizonte!",exclamou opolonêspoliglota no alto das Mangabeiras, interrompendo a homilia para contemplaro pôr-do-solna capital de Minas. "A bênção,JoãodeDeus", cantarammaisde400 milcariocas no Aterro do Flamengo, noRio, lançando um comovente refrão que ecoaria País afora.NoMorro doVidigal,o papa tirou seu anel de ouro do dedoeodeudepresente aos moradores da favela. São Paulo,a etapaseguinte, marcoua programação com imagens contrastantes. Após a apoteose doCampo deMarte, que atraiu 1 milhão de pessoas

Paulo

Índios cumprimentam o papa durante encontro em Cuiabá, em outubro de 1991, na segunda visita do pontífice. Acima, acena, do papamóvel, para a multidão que tomou as ruas de Belo Horizonte.

para umaalegrecelebração oficial, o cardeal d. Paulo Evaristo Arnsapresentou aJoão PauloIIum deseuscolaboradores, ojurista DalmoDallari, então presidente da Comissão Justiça e Paz, que havia sido seqüestrado e espancado, na véspera,por agressoresnãoidentificados.Umareunião com operários no Morumbiaumentou oconstrangimento. Ao receber um grupo de trabalhadoresnoestádio, entreos

quais sedestacava LuizInácio Lula da Silva, então líder sindicaldoABC,opapaabraçouum metalúrgico que havia sido torturado pela ditadura. Nesse climade denúncias,eledefendeu a liberdade sindical no discurso que fez no Morumbi e insistiunorespeitoaosdireitos humanos.JoãoPauloII voou depois para PortoAlegre e, na volta, parou em Curitiba, onde cantou em polonês com uma delegação de imigrantes. Em

Salvador, conheceu a miséria da Favela de Alagados e abençoou uma mãe-de-santo. No Recife, d. Helder Câmara recebeul Wojtyla como "irmão dos pobres" e lhe mostrou um mapa com 63 favelas ameaçadas.

No vôo para Belém, onde visitouumacolônia dehansenianos,JoãoPaulo II fezuma escala em Teresina para um encontro com flagelados da seca."MeuDeus,o povopassa fome. Gostaria de espalhar a chuva", comoveu-se. Antes de despedir-se, emManaus, com uma procissão no Rio Negro, o papafoiaFortaleza,cidadeque registrou o único incidente grave da viagem – a morte de 3 mulheres,quando umamultidão de30milpessoas tentou invadir o estádio Castelão para assistir a uma celebração.

"A primeira visita do papa ao Brasilreforçou aposiçãoprofética da Igreja na sociedade", escreveu frei Clodovis Boff (irmão doteólogo Leonardo Boff, o ex-frade franciscano que deixou o sacerdócio e a vida religiosaapós tersido condenado ao silêncio pelo Vaticano), num artigo publicado em 1997, poucos meses antes de JoãoPaulo IIvoltar aoRio para o Encontro Mundial com as Famílias. A segunda viagem, queincluiu dezcidades,ocorreu num "contexto restaurador", conforme frei Clodovis.

"Posição profética", porque o papa denunciou injustiças sociais gritantes, e "contexto restaurador",porqueele voltou a insistir na defesa de valores tradicionais, como ocelibatodospadres eaautoridade de Roma.

do Cristo Redendor, no Rio. O papa esteve também na Basílica Nacional de Aparecida, onde segurou a imagem da santa.

Praças e estádios lotados

Ovigorosoebrincalhão

Karol Wojtyla da primeiravisita não era mais o mesmo em 1991. Carregava seqüelasdo atentado sofrido em maio de 1981. Apesar disso, enfrentou umaárdua programação entreo desembarque em Natal e a despedida emSalvador, com escalasem outras oito capitais. EmGoiânia, foi aclamado por 150 mil no EstádioSerra Dourada, aolembrar atragédiadasvítimasdecésio.Emsua passagemporVitória,pisouna lama para conhecer a pobreza da favela Nova Palestina.

A maratonade dezdias custou caro a Wojtyla, então um homem de 71 anos comproblemas de saúde. Ele não disfarçava o cansaço, pois parecia cochilar durante as celebrações, embora ainda fosse capaz de interromper os discursos paraimprovisar. Foio quefez em Salvador,ao receber2.500 crianças, na ladeira da Igreja do Senhor do Bonfim. Choro - "O papadeve chorar?", perguntou, comovido com a canção "Amigo", de RobertoCarlos. "Não",respondeu a criançada em coro. "Mas o papa está chorando em seu coração", insistiu, sem esconder as lágrimas.

Seis anos depois, o papa veio ao Rioparao 2º Encontro MundialdoPapacomasFamílias. Ao falar para 190 delegações de 76 países no Riocentro, elecondenou oaborto,odivórcio eainfidelidadeconjugalcomotrêsmalesdasociedade moderna. Voltouao tema no Maracanã,onde 115 mil pessoasparticiparam doencerramento do encontro.

Na missa da catedral, a emoçãoficou porconta doencontro com d. Hélder Câmara, arcebispoemérito deOlinda e Recife. "Irmão dos pobres, meu irmão", disse o papa, desviando-se da caminhada em direção aoaltar paraabraçar o amigo.Muito debilitadoem seus 88 anos, d. Hélder beijou a mãodopapaerecebeudeleum beijo na testa. Domingo, últimodia davisita, a missa foi no Aterro do Flamengo, onde cerca de 2 milhõesdepessoasrezaramecantaram nomesmocenárioem 1980. Roberto Carlos subiu ao altar para cantar seu maior sucesso, ‘"Nossa Senhora", e reprisou"Jesus Cristo",acanção de queo papa tantogostara na primeira viagem.

JOÃO PAULO II
João
II, como um pop star, é saudado por católicos ao chegar ao Maracanã, em 1980. No alto, ao desembarcar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e orando aos pés
Arquivo AE
Monica Zarattini/AE

Afresco de Rafael (no alto) mostra São Pedro, na Sala de Constantino, no Vaticano. Segundo a história oficial da Igreja Católica, foram 264 os papas. O pescador Pedro teria sido o primeiro. Acima, o trono da sala de audiências, vazio.

Brasileiro tem chance

Os sucessos e os insucessos que marcaram o pontificadode João PauloIIvãocondicionaraeleição de seu sucessor. "Será um grandedesafio",prevê Marco Politi, um dos vaticanistas maisrespeitados daItália.Autorde umapolêmica ereveladora biografia de João Paulo II – "Sua Santidade" –, Politi escreve para o jornal italiano "La Repubblica". Em seu livro, deu ênfasesobretudo ao papel do papa polonês na queda do bloco comunista.

O senhor acredita que os cardeais terão dificuldade para escolher o novo papa?

Com Karol Wojtyla, o papa deixou de ser apenas um líder religiosopara setransformar numa figura internacional, porta-voz dos direitos universais do homem. Ganhou capacidade de falar em nível global, o que é absolutamente inédito. Diante disso,escolherumsucessorserá um grandedesafio. Os cardeais terãoque encontrarumlíder forte, capaz de falar a todas as raças e religiões e ao mesmo tempo realizar reformas internas na Igreja.

Qual o principal problema que João Paulo II vai deixar? Um dos mais graves é a crise

da participação religiosa. Na Europae nosEstadosUnidos, ondea presença doscatólicos diminui, poucosvão àmissa, confessam ou comungam. Na AméricaLatina, háo grande problema das seitas fundamentalistas protestantes, que se expandem rapidamente – e Wojtylatem umaparte deresponsabilidade nisso, devido aos ataques que fez às comunidades eclesiais de base (Cebs).

A geografia também vai influenciar a escolha?

A internacionalizaçãona IgrejaCatólicaé irreversível. Tanto que não se fala só de um possível papa latino-americano. Há quem fale num papa africano. Durante o conclave, deverá ser analisado quanto é importante descentralizare reorganizar a Igreja. Caso os cardeais dêemprioridade às reformas, pode ser importanteum italiano,queconheça bema máquina dacúria romana. Acredito quehá 50% de chances da eleição de um italiano.

Por que o senhor acha que possa ser eleito um cardeal da América Latina ou da África?

Antes de mais nada, pela internacionalização da Igreja –fenômeno irreversível. Apostas feitas na Inglaterra indicam

Cardeais isolados. Até a escolha de um sucessor.

Onovo líderda Igreja Católica seráescolhidoporum grupode 117cardeais,representando52 países. Formamo chamado colégiocardinalício, do qual não podem participar cardeais com mais de 80 anos de idade. Os cardeais,tambémchamados de príncipes da Igreja, constituem uma elite, um dos principais símbolos da monarquia absoluta que éa Santa Sé, com regulamentose rituais milenares como o do conclave. Se a Igreja Católica "não é uma democracia",como jádisseo própriopapa João Paulo II, o único momentoem que mais seaproximadelaénoconclave, onde os cardeais exprimem a própria vontade.

Vigilância - O conclave é realizado sob um clima de absoluto segredo.Oscardeaiseleitores sereúnemnum prazomáximode20diasapósa morte do pontífice, para assistir à missa votiva "pro eligendopapa". Sob estreita vigilância, paranão secomunicarem com ninguém no caminho, vão em procissão até a Capela Sistina. No trajeto, os cardeais invocama inspiração do Espírito Santo com o cântico Veni Creator.

O conclave no qual os cardeais elegerão o novo papa é feito sob segredo absoluto, tendo como cenário os afrescos da Capela Sistina. Do lado de fora, uma secular chaminé concentra as atenções do mundo. Se a fumaça sair preta, quer dizer que ainda não há um novo pontífice. Já a fumaça branca é sinal de que o nome foi finalmente escolhido.

cheguem a um acordo, depois detrêsdiasdeescrutínioscompletos, com duas votações pela manhã e duas à tarde, será feita umapausa. Sepermanecer o impasse, sãoprevistas três sériesde sete escrutínios com uma pausa apóscada uma delas. Nãose obtendoresultado, passa-se à eleição por maioria absolutaentre os doisnomes mais votados. Ocardeaisdevemmantersegredo absoluto sobre tudo o que diz respeito ao conclave. A palavra,usadadesde o século 13, quando foi instituído o isolamento para avotação, vem do latime querdizer "sobchaves" ou "quarto fechado". O sigilo continua valendo, apesar dos séculos,e foi reforçado por João Paulo II na constituição apostólicade1996, quetratadasucessão. Quem não respeita o segredo corre o risco de ser excomungado. Antes de iniciar a votação, os cardeaisjurammantersegredoaté mesmo depois de encerrada a eleição.Apreocupaçãoé tão grande que, antesdo início da votação, a Capela Sistina é minuciosamentevasculhada, à procurade eventuais sistemas de gravação secretos. Paraevitarqualquercontato com oexterior,aoscardeais é vetado o uso de telefones celulares,computadores e gravadores. E para não serem influenciados nem perderem a concentração,sãoproibidosde ler jornais, ver televisão e ouvir rádio.E devem suspender a correspondência.

264 papas, começando por Pedro

que um candidato dos países emdesenvolvimento, com probabilidadede serum latino-americano,teria 6chances contra 4 de um italiano.

Quais seriam os candidatos latino-americanos favoritos?

O cardealmexicanoNorberto Rivera Carrera, que tem grandecapacidadede comunicação, uma carga defépopulistaeao mesmotempoé defensor tradicional da doutrina. O cardeal de São Paulo, d.Cláudio Hummes,que representa uma linhamoderada,abertaà possibilidade de reformas na Igreja e, ao mesmo tempo, atenta aos problemas sociais. A candidatura de d.Cláudio deve-setambémà importância dadioceseque lhe foi confiada e do episcopadobrasileiro.Enfim, ocardeal OscarRodríguez Maradiaga, de Tegucigalpa, capital deHonduras.É umapessoa aberta às reformas, que dedicagrande atenção àquestão social.

O arcebispo de Salvador, d. Geraldo Majella Agnelo, não está na lista dos papáveis? Não estarnuma dessaslistas não significa que não tenha chances. Ébomlembrarque ninguém falava de papa Luciani - João Paulo I, em 1978.

A Capela Sistina, sede dos conclaves desde que foi construída no século 15,é a capela particular dos papas e o ambiente mais célebre dos palácios vaticanos. Durante as reuniões de votação, os cardeais se distribuem em duas filas laterais. Cada um tem uma poltrona de madeira com escrivaninha coberta de feltro.

Na frente doaltar,sobo afresco"O JuízoFinal", deMichelangelo, sãocolocadas três mesas: umapara a urnae duas para os escrutinadores. A estufaondesãoqueimadasascédulas depois da contagem dos votos fica no fundo da capela. A queima é feita junto com os papéis usados pelos cardeais para anotações, isto para impedir que se conheçam os alinhamentos políticos. Do lado de fora, a chaminé concentra as atenções do mundo inteiro,poiséatravésdela que aspessoas acompanhama votação eficamsabendo seo novopapa jáfoi eleito.Se afumaça sair preta, quer dizer que ainda não há um novo pontífice.Quandoos cardeais escolhem o nome,a fumaça tornase branca simplesmente acrescentando palhaumedecidaàs cédulas queimadas. Eliminadasas antigas votações por aclamação e por compromisso,osucessor deJoão Paulo II será eleito por voto escrito –escrutínio coma maioria dedois terços. É interesse do Vaticano que o conclave seja rápido, para evitar que a opinião públicapense quese travam durasbatalhas,oquede fato pode ocorrer.Caso não

Gregório XI (1370-1378) De Avignon a Roma

Sisto V (1585-1590)

Júlio II (1503-1513)

Pio XII (1939-1958)

João XXIII (1958-1963)

Cubículos - Pode parecer muito rigoroso, masnão é nada em comparação com os tempos passados, quando os eleitores dos papas eram confinados em cubículos sem aquecimento eserviços dehigiene. O conclave queelegeu Gregório X,em 1271,demorou três anos e os cardeais só chegaram a um acordosob tortura: ficaram semcomida edepois sem hospedagem. E era inverno. O conclave que elegeu João Paulo II também não foi o máximodoconforto,apesardeter sido em 1978. Os 111 eleitores ficaramalojados noPalácio Apostólico,ondeseadaptaram escritórios da Secretaria de Estado, corredores esalas, criando celas sem janela nem banheiro. O refeitório foi improvisado nadamenos doque nas magníficas salas de Rafael.

Para a eleição de seu sucessor, Karol Wojtla decidiu que o conforto seria importante e estabeleceu normas precisas para isso. Oscardeais ficam hospedados na CasaSanta Marta, um hotel de 4 estrelas com 120 apartamentos– umparacada cardeal. Ohotel ficadentro do Vaticano, próximo da Sala Paulo VI,ondeo papa fazas audiências públicas das quartas-feiras durante o inverno. Reformado em 1993 especialmenteparaoconclave,nele se alojavam, naépoca medieval, os peregrinos que vinham visitar otúmulo deSão Pedro. Oproblemaé queestáa200 metrosda CapelaSistina,percurso que os cardeais vão fazer a pé ou de ônibus. Será preciso garantir a segurança.

Tony Gentile/Reuters

"O Santo Padre voltou para a casa do Pai", disse arcebispo

uinzehoras depoisde o arcebispo Leonardo Sandri aparecerà frente damultidão na Praça São Pedroe anunciar "NossoSantoPadreJoãoPaulo voltouparaa casadoPai",o corpo do pontífice foi colocado em exposição. Com vestimentacarmesimebrancaeum chapéutradicional debispo, ele foi colocado em um altar na sala de afrescos do Vaticano. A face do papa parecia ao mesmotemposerenae dolorida, mostrando claramente ossinais do sofrimento físico que o atingiu nos últimas dias de vida. Assessores pessoais, cardeais, bispos, freiras, dignatáriose funcionáriosdoVaticano passaram na frente do homem aquem serviram e amaram durante maisde um quarto de século.

O velório do papa João Paulo II, na Basílica de São Pedro, deverá permanecer aberto ao público por, pelo menos, três dias

Ainda hoje, após a primeira congregação geral de cardeais, o Vaticano deve confirmar a data exata do funeral solene

Acabeçadopapa está encostada em travesseirose sua cruz de prata pastoralposicionada sobre o braço. Um rosário de madeira foicolocadoem suas mãos.Ocorpo foiabençoado com águabenta eserá levado paraaBasílicadeSãoPedropara visitação pública por volta das 17h de hoje (12h de Brasília).

Praça de São Pedro– As palavras dopapa João Paulo2º soaram na Praça de São Pedro, onde milhares defiéis do mundo inteiro se reuniram para uma missaontem. Algumaspessoas choraram quando um arcebispocomeçou aler umadeclaraçãoqueo papapreparouparaa missa regular de domingo, concentrada na esperança queos cristãoscolocamnamortedeJesus e na ressurreição. "Para toda a humanidade, que hoje parece tãoperdidae dominada pelo poder do mal, egoísmo e medo, nosso Senhorressuscitadonos dá seu amor que perdoa, reconcilia e reabre a alma para a esperança'', dizia a mensagem. "Eu ovi... elemorreu coma serenidade dos santos'', disse o cardeal Angelo Sodano, secre-

tário deEstadodo Vaticano, que presidiu a missa. Na homilia preparadapara amissa, Sodano chamou o papa de ''João Paulo 2º, ou melhor, João PaulooGrande'', unindo-seaoutros homens da igreja que sugeriram otítulo aopontífice polonês,que rompeudiversosrecordes em 26 anos de papado. Funerais– O Vaticano, Roma e o próprio governo da Itália se preparam para receber aproximadamente 2 milhões de pessoas, a partir dehoje, que irão prestarasúltimashomenagens ao papa. O Vaticano não comenta os preparativos e protocolosque serãoorganizados para o enterro por uma questão de "ética" mas já confirmou alguns atos dos ritos fúnebres de João Paulo II. Aprimeira congregação geralde cardeais se reúne hoje às 10h (5h de Brasília) no Palácio Apostólico do Vaticano para preparar ofuneral solene,que não aconteceráantesdequinta-feira, dia 7 de abril. OvelórionaBasílicadeSãoPedro deverá permanecer aberto ao público por, pelo menos, três dias. Aindahoje o Vaticano deve confirmar a data exata do funeral solene. A segundafeira, dia 11 de abril, é o último dosnove diasde lutodecretadospelo Vaticano. O domingo, dia 17, marca o início do período de cinco dias em que pode ser convocado o conclave que elegerá o novo papa. Causa da morte – O papa João Paulo II morreu de choque séptico e de falência cardíaca, segundooatestadodeóbitoassinado pelo médico pessoal do pontífice. "Eu certifico que sua Santidade João Paulo II morreu às 21h37 (horário local, 16h37 no horário de Brasília) de 2de abril de 2005, emseu apartamento no Palácio Apostólico do Vaticano,de choque sépticoe falênciacardiocirculatória irreversível'',informou o atestado.

A morte de um servidor da fé

Como há de ser para todos nós, para opapa João Paulo II acaba dechegar a"indesejável das gentes", como duramente dizia Manuel Bandeira,ou "a nossa irmã morte", como docemente cantava São Francisco de Assis. Os católicos - para ser mais exato, o mundo inteiro - aguardaram essa notícia inexorável, embora sempre adiada para a surpresa e o alívio de todosquantos ele evangelicamente seduziu,durante muitos, longos e dificílimos anos.Na linguagemreligiosa, a Igreja nos ensina que "sua vida não foi tirada, mas transformada, e se lhe é destruída a

morada desta habitaçãoterrestre,está-lhe preparadanos céus uma habitação eterna, brilhando para ele a luz da feliz ressurreição".

Permanece a fé -jamaisescondida por qualquer ideologia - de que, pelos misteriosos caminhos de Deus, esse Santo Padrecontinuarávivo. Nãofoio que escreveu Walter Benjamin: "vivernãoésomenteexistir"?O sucessordo pescadorCéfas-Pedro,aquemJesusconfiouaguia do seu minúsculo rebanho, deixoupara aposteridade um exemplo luminoso e de impressionante robustez. Quanto mais frágil fisicamente, mais se avultava a estatura moral. Não

desperdiçou um minuto sequer para a superação das diversas formas de opressão, para o diálogo, promoção da paz, as mais exigentes propostas de vida para os jovens, o intermitente testemunho de um convívio com a transcendência. "Servus servorum Dei" (ServodosservosdeDeus),otítulo que mais convém a um papa. A expressão vem de Gregório Magno, no século VI. Que serviço pode prestar a Igreja?Umsantoespanhol,DomingosdeGuzmán,navelhoséculo XIII, sintetizouqual o serviço que se deve esperar da Igreja: "negotium fidei et pacis" (um empreendimento de fé e de

paz).DaIgrejase supõe, mas não sedeve esperar necessariamente as competências de ordem terrena. JoãoPaulo II, efetivamente e durante27 anos, contagiou o mundo com uma açãodeordem políticaesocial. Ninguém há de negar-lhe esse mérito. Mas ele não saiu da rota que lhefoi traçadapelo carpinteiro Jesus de Nazaré. João Paulo II, pela consistência da sua vigorosa fé e pela entrega total de sua vida de homeme de pastor, numnível queatingeas fímbriasdo heroísmo, foium verdadeiroservo da fé e da paz.

(*)DomingosZamagnaéjornalista e professor de Filosofia.

O corpo do papa João Paulo II foi velado ontem na Sala Clementina, abaixo dos apartamentos onde o papa morreu
Milhares de fiéis do mundo todo assistiram à missa fúnebre na Praça de São Pedro, um dia após a morte do papa
JOÃO PAULO II
Andreas Solaro/AFP
Tony Gentile/Reuters
Massimo Sambucetti/Reuters Pool
Domingos Zamagna (*)

Pena atrasada

Caiu sobreJoséSerra

uma herança de Marta Suplicy, umadívida coma Eletropaulo que obrigou a concessionária deeletricidade aimpor àMunicipalidade apena decortede energia elétrica.

Ficando no escuro, sem poder trabalhar, umnúmeroelevado de funcionários colhidos pela sanção dafornecedorade energia elétrica,que não teve alternativa para receberoque lheédevidosenão o corte, ainda que brutal para os funcionários e os consumidores que estavamna sede dainadimplenteeoutros.É mais uma de Marta Suplicy, com aqual não contava o prefeito José Serra.

Escrevemos muitasvezes que o mal do regime, deparcom oquetemde bom, está em escolher não importa quem para os mais altos cargos,ainda queo candidatonomeado não esteja capacitado para exercer as funções que lhe forem delegadas.

Aítemosum legadode Marta Suplicya fazerJosé Serra pagar pelo desbarato das finanças municipais, tendocomo conseqüência o calote na Eletropaulo,que, noentanto, é poderosa, comoimediatamente provou, com o corte do fornecimento de energia elétrica paraos serviços municipais.

É provável que a ex-pre-

feitatenhadadorisadas,tenha esfregadoas mãos,tenha,enfim, feito gestos contraJoséSerra, portero prefeitoatual pagopelo que não fez. O prefeito José Serra tem meios de se defender em casos como esse. Evidentemente.Masquem deveria punira ex-prefeita deveria ser o Tribunal de Contas do Município. Poderesoórgão tem,mascomo éconstituídoporapaniguadosda prefeitaede outros mandatários que passaram pela Prefeitura, não fazem nada. Épor essase outrasque já escrevemos contra os tribunais de contas, que são apenas órgãos auxiliares dasrepresentações, quando deveria ter autonomia e ser, efetivamente, umtribunalcom poderes para punir sempre que for o caso.Esse deSão Paulo, seria um deles, para que os políticos não dêem razão à ONU, quecita oprotecionismopolíticocomo uma das falhas do regimeem vigor no Brasil.

Enfim,oprefeito José Serra temmais umabacaxi, que lhe deixou a ex-prefeita MartaSuplicy,que ocupou a Prefeitura sem estar preparada para enfrentaros deveres que o cargo exige.

João de Scantimburgo é membro da Academia Brasileira de Letras – e-mail: jscantimburgo@acsp.com.br

editor@dcomercio.com.br

O caso Terri Schiavo

"Amorte ea vulgaridadesão os dois únicos fatos no século XIXquenão podemserexplicados de forma satisfatória."

AOscar Wilde (1891)

do num hospital. Pode-se perceber comoo paradoxo da vida/morte pode ser impregnadoporconcepçõesreligiosas– muitasvezes conflitantes ao longo do tempo, mesmo dentro de uma única denominação.

A preservação da vida nem sempre éposta em primeiro plano dentro de certas circunstâncias paraalgumas religiões. AsTestemunhas de Jeová, por exemplo, se recusama receber transfusão de sangue e não raramente morrem em decorrência desse dogmareligioso.

É razoável desligar os aparelhos com a morte cerebral? Ou deve-se esperar por um milagre?

O DC e aMP 232: prós e contras

Deploro as tentativas do governo, qualquer governo, em aumentara carga de impostos,já absolutamente escorchante.

O DC, entretanto, a meu ver,estáutilizandoessaluta para claramente promover o Sr.Guilherme Afifa candidato ao governodo Estado. Nada contra ele, mas apenas contraa insistência decolocarseu nomeemtodas as colunas do jornal. Outra estranhezaminha éa forma comoo DC apresentao Sr. Severino Cavalcanti,comoo paladinodaluta contraosaumentos de impostos, sem nunca ter mencionado quem realmente ele é, seus cheques sem fundo, sua arrogância de coronel do sertão, suaganância por cargos para parentes e assim por diante.

Na edição de hoje,por exemplo, sai naíntegra, o discurso do "Cel.Severino", vangloriando-sede serumpoupadordo dinheiropúblico. Creioque o correto seria, com o mesmo destaque, ojornal indicarquaisprojetosforam aprovados nacurtagestão Severino, que oneram absurdamente os cofres públicos.

Heitor Bolanho, heitorbol@yahoo.com.br

■ Cumprimentos ao Sr. Afif Domingos, presiden-

datilografados. CARTAS

te daAssociação Comercial de São Paulo, pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo paraevitaroaumentoda carga tributária (MP232), e,em especial, pelo rebate às críticas do deputado Carlito Merss.Conheço pessoalmente o deputado, relatorda MP. Soutestemunha de que ele é de extrema ignorância, não passando de instrumento do Comandante Daniel Dinis. Com certeza o cidadão catarinense não reelegerá o deputado Carlito Merss. . Francisco Anéas, São Paulo, SP aneas@aneascestas. com.br

■ Somos da ONG Eco Cerrado Pantanal e trabalhamos com EducaçãoAmbietal na região do Pantanal. Temos um espaço juntocom oMinistériodo Meio Ambiente, chamado Sala Verde,destinado a promover aeducação ambiental em nossa região. Gostaríamos de receber estepreciosojornal, que enfatiza aluta pelademocracia e ajuda a construir a cada diacidadãos mais conscientesdeseus direitos e deveres. Wilson Antonio Weis, MS salapantanal@yahoo. com.br

opinião pública mundial acompanhou nas últimas semanas os desdobramentos de uma tragédia que durou quinze anos.Todo este tempo anorte-americana Terri Schiavo levou uma vida "vegetativa"sobre umleitohospitalar. Seu marido lutou para quea sondaque aalimentava fosse retirada,provocandolhe amorte por inanição, abreviando, assim, o sofrimento. Os pais de Terri, entretanto, não concordaram com o atoe também bateram nos tribunais para que a filha continuassecomsuportemédico, na esperança talvez de que um novo tratamento pudesse restituir-lhe a saúde. O casoapresenta enorme complexidade, pois envolve dogmas religiosos importantes ou fundamentais. Como é sabido, os cristãos,em geral, e a Igreja Católica, em particular, são contrários a qualquer práticaque possainduziràmorte umdoente,mesmo que terminal ou que esteja sobenorme sofrimento.O exemplo do Papa nos dias de hoje é da maior eloqüência sobrecomooVaticano vêa questão.Mas, paradoxalmente, nem sempre esse foi o entendimento dos cristãos emgeral. Quandoamedicinaintroduziu importantes avançoscomo, porexemplo, a anestesia e a assepsia, houve muitos religiosos que lhes foram contrários. Aanestesia foicompreendida (corretamente) como uma forma deminimizar o sofrimento humano, o que contraria a idéia de que a dor expia os nossospecadose, conseqüentemente, nos ajuda na libertação.A assepsia, poroutrolado,foivistacomo uma intromissão indevida nos desígniosde Deus, pois ela aumentou significativamente as chances de sobrevivênciadeumdoenteinterna-

Há algumas vertentes fundamentalistas de grandes religiões cujos princípios podem abreviar significativamente avida dos doentes. Recentemente, os meiosdecomunicação mostraram como mulheres muçulmanas em regiões dominadaspor radicaisislâmicos praticamente não têm acesso a médicos. Essa situação traz ainda uma agravante: como ocorreem áreasde altastaxas denatalidade,é grande o númerode mulheres que morremde parto ou complicação na gravidez. Hojeváriosgruposreligiosos conservadoresno Ocidente continuam divididos sobre oslimitespara tratamentosmédicos e avanços científicos. Ao mesmo tempo que são contrários a pesquisascom células-tronco que envolvam embriões, defendiam que Terri Schiavo continuasse a ser artificialmente sustentada poruma sonda nasogástrica. Aqui éimportantefazer umadistinção entreeutanásia ativa e passiva. A primeira ocorre quando médicos (ou qualquer pessoa) praticam um ato que leva à morte do paciente, como ocorreu com Terri. Na segundamodalidade,o tratamento do pacienteésuspensoeadoençaou incapacidadetoma o seu curso normal, cabendo aomédicoapenasminimizar o sofrimentocom a utilização de analgésicos eoutros medicamentos.

Se a tragédia de Terri ocorresse na Holandaou Dinamarca, por exemplo, elanão precisaria morrer de inanição depois de 2 ou 3 semanasde sofrimento.Os médicosnaqueles países poderiam simplesmente ministrar um medicamento letal e abreviar o processo paraa morte. Comoa legislação americana não permite talprocedimento, o único caminho que sobrou foi a retirada do tubo nasogástrico e aguardar o lento definhar da paciente. O caso deTerri apresenta aindadoisfatores queotornaram mais complicado: 1) a ausência de uma manifestação por escrito de que ela não desejaria sermantida viva nas condições emque se encontrava(emesmoqueelativesse deixado instruções claras,alguémpodeexigir que terceiros tirassem sua vida?); 2) visões conflitantes entre os pais e o marido de Terri. Embora este último tenha a tutelada mulher,é razoávelatribuir aospaisumdireito naturaldeopinareatéinterferir numa decisãoenvolvendo a vida ou morte de um filho. Paraaquelesquetêmalguma convicção religiosa, a vida éum dom aser preservadoa todo o custo.Os constantesavançosdamedicina–muitas vezes vistos quando descobertoscomo manifestação satânicas –atestam a importância que as sociedades emprestam ao valor vida. Mas ao mesmo tempo queessas conquistasmédicasprolongam emelhorama qualidadedevida de todos,elas tambémtrazem novosquestões.Hojeépossível manter doentes vivos, mesmodepois quenãoexista mais atividadecerebral. É razoável desligar os aparelhos nessahora? Oudeve-se esperar por ummilagre? Umapessoaemestadovegetativo, como Terri, deve ser alimentada artificialmente, ou pode ser deixada morrer de inanição?Há alguma diferença intrínseca entre um respirador artificial euma

sonda nasogástrica? Entre morrersufocadooudeinanição? Adecisão sobreaté que pontopodeseprolongaravidadeveficarexclusivamente nasmãos dos pacientes, ou familiarespodem decidirna ausência de manifestação do doente? Osmédicosdevem teralgum poder nesses casos?O Estadodeve impor que todas as pessoas recebam, mesmo contrariadas, tratamentos médicos que prolonguem ao máximo a sua existência?

Se o paciente não se manifestou, não podem médicos ou familiares decidir pela vida que não lhes pertence.

Uma coisaé certa:a medicinadesenvolveu-seextraordinariamente nos últimos 150anos.Mas acapacidade dohomem de perscrutar os mistériosda vidacontinua praticamente igual, daí a perplexidadediante dessas novasrealidades.Oprimado da vida,da liberdadeindividual e da autonomia de vontade num Estado laico apontaparaum limite:opaciente poderecusar-searecebertratamento médicoe exigirque seu sofrimento seja reduzido aomínimo. Masnahipótese emqueapessoanãoexplicita a suavontade, ninguémtem a autoridadepara decidiros limites para o tratamento médico(ouseja,quandodesligarumamáquinaouretirar um tubo). Há nisso um paralelo com a doação de órgãos, quando omorto deixa instruçõesnegandoo gesto. Nem mesmo familiares podem dar autorização para uma doação de órgãosnessascircunstâncias. Assim, se o paciente não manifestoua suavontade para que um tratamento seja suspenso,não podemos médicos, ostribunais, oumesmo familiares,decidir pela vida que não lhes pertence. Aquestão éde fatocomplexa e talvez nos reste, por enquanto, apenas o consolo das palavras de Jonathan Swift,proferidas em 1728: ‘É impossívelque qualquer coisa tão natural,tão necessária e tão universal como a morte tenha sido concebida pela Providência como um mal para a Humanidade’

Superintendência de Marketing e Serviços: Fone: 3244-3691

Superintendente: Roberto Haidar

UNPF - Unidade de

Consumidor fica menos otimista

Crescimento mais lento da economia leva brasileiros a ficarem inseguros com o futuro. Intenção de consumo também começa a se acomodar, revela pesquisa.

Oc on sum id or brasileiro está menos otimista do quenofinal de2004 por acreditarque o desemprego deve voltar a crescer, com oritmo mais lentodaeconomia.Éo que constatouo ÍndiceNacional deExpectativadoConsumidor(Inec), elaboradotrimestralmente pela ConfederaçãoNacional daIndústria(CNI).Quandomaisalto oInec, melhoraexpectativa dos consumidores.

O índice do primeiro trimestredeste ano, divulgado ontem,caiu 2,2%em relação a dezembro de 2004.

A CNIressalvouque o percentualainda é1,2%superior ao do primeiro trimestre doanopassado e atingiu o valor mais alto para o períodode início de ano, desde que a pesquisa começou aserfeita,em 1996. Oquedeterminou a queda em relação ao trimestre anteriorfoi aforte deterioração na expectativa quantoàevolução dodesemprego em geral na economia.Esseindicador caiu 8,9%em relaçãoao finaldo ano passado. Paradoxo – De forma paradoxal, melhorou o indicadorreferenteao medo do

ALTERAÇÃO DE CONTRATO

desemprego,ouseja, otemorqueas pessoas têm de ser despedidas. Esse índice, queé focado na situação pessoal dos entrevistados, subiu 2,4% em relação ao último trimestre de 2004. "O consumidor parece acreditar que a economia está entrando num ritmo mais lentoqueo esperado,oque certamente terá impacto nas contratações e, conseqüentemente, no desemprego", diz notada CNI."Por outro lado, o consumidor não espera uma ruptura, uma reversão dos bons resultados obtidos em 2004,deforma queasegurançanoemprego

mantém-se elevada."

Consumo– O Inec indica ainda uma tendência de acomodação doconsumo. Em relação ao fim de 2004, a intenção de compra dos consumidores caiu1,5%. Essa tendência reflete as expectativas das pessoas quanto à evolução da sua rendapessoal, quesemantiveram estáveis sobretrimestre anterior. ParaaCNI, esse"éumfatorquepreocupa, umavez quese esperaque aretomada do consumo interno seja um dos mais importantes motores parao crescimento da economia este ano". (AE)

COMUNICADOS

Companhia Brasileira de

PROBIOTICA LABORATÓRIOS LTDA torna público que requereu na Cetesb, a Atualização dos Equipamentos Contidos na Licença de Funcionamento nº 33001630, para a fabricação de produtos farmacêuticos e suplementos alimentares, àAv. João Paulo I nº 1795 - Jd. Santa Bárbara - Embu - SP, mediante Processo de protocolo nº 33007446 de 26/01/2005.

Comércio e Indústria Têxtil

Conforme informação da Distribuição Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, foram ajuizados no dia 31 de março de 2005, na Comarca da Capital, os seguintes pedidos de falências:

Requerente: Daniel Dante CaricolRequerida: Rodancar Indústria e Comércio Acessórios Peças para Veículos Ltda-EPP - Rua Severa, 477 - 16ª VaraCível

Requerente: Schenectadt Crios S/A - Requerida: Wetterfest Company Divisão deTintas e Vernizes Ltda. - Rua Euzebio de Paiva, 68 - 02ª VaraCível

Requerente: Indukern do Brasil Química Ltda.- Requerida: Holda Industrial e Comercial Ltda.- Avenida Interlagos, 475 - 08ª Vara Cível

Requerente: Europa Couros Ltda.Requerida: Persa Indústria de Móveis Ltda. - Rua Malmequer do Campo, 1.213 - 18ªVaraCível

Requerente: Flamex Comércio Importação e Exportação Ltda.Requerida: Indústria de Produtos Químicos Alca Ltda. - Avenida Marquês de São Vicente, 546 - 28ª VaraCível

Requerente:NewTork Recursos Humanos Ltda. - Requerida: Tech Projetos e Construções Ltda.Rua Manoel Alonso Medina, 355 – 22ª VaraCível

Requerente: Helena SokolovskyRequerido: LSO Artigos de Couro Ltda.-EPP - Rua José Paulino, 140 - 41ª VaraCível

Requerente: Laboratório Químico Farmacêutico Bergamo Ltda.Requerida: Oncofarma Comércio Atacadista de Medicamentos Ltda.- AvenidaVereadorJoséDiniz, 3.300-conjunto606–33ªVaraCível

Requerente: Comercial Dimel Ltda. - Requerida: Estação Informática Prest. Serviços Ltda. - Avenida Robert Kennedy, 2.055 - 17ª Vara Cível

Política Eyma

ESCURIDÃO

osé Serra denuncia mais uma dívida herdada da ex-prefeitaMartaSuplicy:R$600milhõescorrespondentes a contas de luznão pagas à AES Eletropaulo.Inclua-seno roldainadimplência,segundo aempresa, trêsmeses dagestão Serraigualmente não quitados: janeiro, fevereiro e março. A bem da verdade a dívida não foi feita apenas por Marta Suplicy: ela vem rolando desde 1996; portanto, pegatambém a administraçãode CelsoPitta. A conseqüência da inadimplência é que a empresa resolveu reagir ecortar o fornecimento deenergia à Prefeitura. Resultado: escuridão em mais de 80 prédios da municipalidade.

Serra briga com a AES Eletropaulo devido ao corte deluz;Marta Suplicyresponsabilizao tucano pela faltade pagamento. Nobojo das acusações surge a denúnciados tucanosdequea empresateriaarrecadado cerca de R$ 25 milhõesda cobrança da taxa de luz e de não ter repassado a verba à Prefeitura. Durma-se com um barulho desses.

A Prefeitura nãonegaadívidadeR$ 600milhões,mas alega que não tem dinheiro parapagarequeestáfazendo o escalonamento parao resgatedas faturasatrasadas.A SecretariadeFinançasgarante que aAES Eletropaulo entrou na fila de credores, mas sem ter qualquer privilégio.

A assessoria deMarta defende a ex-prefeita e, a exemplo de pronunciamentosanteriores,afirmaque ela deixou dinheiro em caixapara pagar os atrasados.A justificativa da ex-prefeita é rebatida de pronto pelo secretário de Finanças, Mauro Costa.

O balanço queaequipede JoséSerra fez do último ano daadministração de Marta Suplicy aponta uma dívida herdada de mais deR$ 500 milhões. A peça foi encaminhada ao Tribunalde Contas do Município. Marta é acusada de ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal.

M ais uma vez,aex-prefeita contesta obalanço da equipe tucana. Marta adverteque suaassinaturanão consta dovolume enviado ao TCM.Marta Suplicypromete processar judicialmenteossignatários dodocumento,entreos quaisopróprio prefeito.

S e for verdadeira a informação de que deixou dívidas aosucessor, Marta Suplicy pode serpunida pela Lei de Responsabilidade Fiscal,cuja pena podechegar àsuspensão de direitospolíticos poroitoanos.Neste caso, a ex-prefeitanão poderiaparticipar das eleições do ano que vem.

L ula começou a incluir na comitiva presidencial que visita cidades do interior paulista pré-candidatos do partidoaogoverno estadual.Os dois primeirosque foramincluídosna comitiva foram Aloizio Mercadante eJoão PauloCunha. Oprimeiro tem a simpatia do Planalto.

P or enquanto, Marta Suplicy, a outra pré-candidata à sucessãode Alckmin,ainda nãofoi incluídanacomitiva. Masa ex-prefeitacontinuará sua sériede viagens pelointerior caitituando votos de petistas caipiras.

F oi poucoamistoso oprimeiro encontro deAlckmin

comonovopresidente da AssembléiaLegislativa, o pefelistaRodrigo Garcia.O governador procurou ser protocolar aoreceber de uma só veztodos os membros da mesa diretora do Legislativo estadual.

O objetivo de Rodrigo Garcia é o da boa vizinhança com o governador Geraldo Alckmin. Mas,parece queo governador não está para muita conversa. Alckmin ainda não assimilou a derrotade seucandidatoà Mesa daAssembléia,Edson Aparecido.

O PFL, partido de Garcia, tem uma bancada de nove deputados que, invariavelmente, vota com o governo. Além de aliadoao PSDBno Legislativo,o PFLparticipa da administração Alckmin. Deveserlembradoaindaque o vice-governador, Cláudio Lembo, é do PFL.

O governo Lula micou com a epopéia da Medida Provisória232, que atualiza a tabela do Imposto de Renda masque simultaneamente aumenta osimpostosde empresasprestadoras de serviços.

A não votação da MP 232 é um exemplo de que a base do governo no Congressoestá esfacelada. Lula não conseguiuagrupar o mínimo de 257 votos (metade mais 1 dos 513 deputados) para aprovar a MP. Parece que ter perdido apresidência daCâmarapara Severino Cavalcanti foi um desastre para Lula.

L ula tem confessado a petistas que convivem com ela no PaláciodoPlanalto ter-se surpreendido com a movimentação da sociedade, responsável peloinsucesso dogoverno. Omovimentoa quese refereLula foi iniciado pelaAssociação Comercialde SãoPaulo, cresceucomo fermento efoi oinstrumentoque pressionou osdeputados para que não aprovassem a MP 232.

O presidente da Câmara de São Paulo,vereador Roberto Tripoli,entrou comrecurso na Justiçapara derrubara liminardo Tribunalde Justiça que suspendeu a lei que trata da criação e funcionamento do Conselho de Representantesjunto acada uma dassubprefeiturasda cidade.

A liminar foi obtida através deAçãoDiretadeInconstitucionalidadeda lei do ConselhodeRepresentantes,proposta peloMinistério PúblicoEstadual. A eleição dos integrantes do conselho deveria serfeita ainda neste ano.

Lula responde a vaias com defesa da reforma universitária

Lula afirmou que vai criar 4 universidades e disse que o País tem que exportar "inteligência e conhecimento"

Vaiadoporcercade 200 estudantes que protestavam contra a reforma universitária,o presidente

Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem, em São Carlos, a 230 quilômetrosdeSão Paulo, um rápido mas contundente discurso em defesa da política educacional. Ao ouvir quea reformarepresentava "a privatização do ensino" e que suas promessas "eram mentira",Lulagastou sete minutos para explicar que asações do governo vão melhorara educaçãono País e devem permitir, neste século,"exportar inteligência,conhecimento evalor agregado".

Alheios ao queo presidente dizia, os estudantes, usandofantasias enarizde palhaço, continuaram a gritar slogans como "Lula / presta atenção/ essareforma / é privatização". "Eu tinha dito, antesda eleição, que era preciso um torneiro mecânicoser eleitopresidente para resolver o problema, nãoapenas doensino fundamentalemédio, mas também das universidades", discursouele,em visita ao canteirodeobras

O papel do meu governo é fazer tudo aquilo que não foi feito

onde será construídoum hospital-escola municipal. Exportar inteligência –"Nós queremos, neste século, e eu tenho dito que o século 21 será o século do Brasile daAméricado Sul,exportar inteligência, conhecimento e valor agregado", disse, destacando que areforma tem o apoio dos reitoresdas universidadesfederais. Lula prometeu aos manifestantesque ohospitalescola de São Carlos estará pronto ainda em2005. Nesse momento, os estudantes deram uma trégua e aplaudiram.O presidente aproveitoue cobroudosfuturos alunos que, após formados, se dediquem à medicina so-

cial. Lula afirmou ainda que opapeldeseugoverno"éfazer tudo aquiloque não foi feitonahistória doPaís".E ressaltou que seu governo está criandoquatro universidades federais e 13 extensõespara regiõespobresincluindosua terra-natal,Garanhuns (PE).

O presidente também visitou as instalações da Tecumseh, maior empregadoradacidade, commaisde7 mil funcionários. Ao falar sobre exportações, Lula adiantouque emmaiovisitará oJapãoe vai trabalhar para vendercarne a esse país. "Já faleipara o embaixador:pode preparar uma churrasqueira. Vamos levar

umas picanhas e costelas". Em Araraquara, na segunda etapa de sua visita, Lula voltou a afirmar que os brasileirosprecisam terauto-estima paratransformar o País numa nação que "respeite a si mesma". Ao discursar nainauguração da fábrica de software da Electronic Data Systems (EDS) em parceria com a TAM, em Araraquara,ele disse: "O problema do Brasilnão são os outros, somos nós mesmos".

Gafe – Opresidente cometeuum equívoco,aopedir para empresáriosdo setorautomotivoque sepreparem para produzir "alguma coisa" utilizando o biodiesel. "Logo, logo, vamos ter que produzir alguma coisa movida a biodiesel noPaís",afirmou Lula,na inauguração dafábricade softwares. Naverdade, não é necessária a construção de um novotipodemotor ou mesmo aadaptação dos propulsores. Ocombustível, desenvolvidoapartir de uma planta oleaginosa e o álcool, éusado diretamente nosmotoresa diesel, em substituição ao diesel de petróleo. (AE)

Câmara: base fracassa em abrir sessão

Olíder do governo na Câmara, vereador José Anibal, bem que tentou ontem demonstrar que as coisas estão sob controle e tentou abrir a sessão legislativa apenas com os votos da base governista. Mas a tentativa fracassou: com apenas 16 vereadores, além do presidente da Casa, não houve quórum, pois são necessários pelo menos 19 vereadores em plenário. A sessão foi derrubada, para deleite dos vereadores da oposição. Nenhum projeto foi votado até agora. "Se vocês quiserem nós emprestamos alguns votos", dizia o vereador Antônio Carlos Rodrigues, líder do PL, em tom de brincadeira.

O líder do PSDB, Juscelino Gadelha, acabou irritando os vereadores do Centrão (bloco formado por vereadores do PL, PTB, PMDB, PC do B e PP) ao insinuar que eles estavam fazendo oposição para

conseguirem cargos. Rodrigues, em resposta, revelou que o governo fez várias ofertas de cargos aos vereadores do Centrão na tentativa de cooptar votos para conseguir a maioria na Câmara. "Se os vereadores estivessem atrás de cargos já teriam fechado com o governo. Há cerca de 40 dias, os líderes do Centrão se reuniram com o secretário de Governo em um hotel na rua Bela Cintra. Ele ofereceu cargos e tenho os líderes como testemunhas", afirmou. O

líder do governo nega sistematicamente a prática. Projetos – O Centrão, aliado com os vereadores do PT, pretende aprovar na próxima semana projetos que não são do interesse do prefeito José Serra, como um que cancela o parcelamento do pagamento das empreiteiras até 2012. Para tentar unir a base governista, o secretário de Governo, Aloysio Nunes Ferreira, deve se reunir com o grupo na próxima segunda-feira.

Manifestação – Os vereadores do PT preparam para hoje, às 12h30, uma manifestação na praça Ramos de Azevedo contra Serra, que ainda não completou cem dias de governo. "Nada melhor do que o dia da mentira para lembrar as promessas não cumpridas pelo prefeito", afirma o líder do PT, vereador João Antonio. O fim da taxa da luz (embora Serra tenha dito que iria acabar com ela apenas em 2006), a integração do bilhete único com o metrô e a construção do hospital de M’Boi Mirim são algumas das promessas que serão cobradas. Um boneco com mais de dois metros de altura imitando o prefeito vai ser colocado na praça. Será o 'Serranóquio', uma resposta à 'Martaxa', personagem criada pelos vereadores tucanos contra a ex-prefeita Marta Suplicy depois que ela criou várias taxas e elevou impostos. Fernando Lancha

Um grupo de 200 estudantes recebeu o presidente, em São Carlos, com slogans como "Lula/presta atenção/essa reforma/é privatizaç
José AnibalAntonio Carlos Rodrigues
Fotos:
na história do País
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente
Juca Varella/AE

Governo recua e vai aprovar só a correção da tabela do IR

Nova medida provisória assinada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva revoga os demais artigos da MP 232

Ogoverno recuou e decidiu ontem aprovar apenas a parte da Medida Provisória 232 que corrige em 10% atabela do Imposto deRenda da Pessoa Física (IRPP),sem a contrapartida imediatade aumentodeimpostos paraarcar como reajuste. Opresidente LuizInácio Lula da Silva assinou ontem umanovamedida provisóriarevogando osartigos da MP 232 que aumentam impostos para os prestadores de serviço e mudam a tributação de outros setores da economia,como odeagricultura e de transportes.

Comessa decisão,nãoentrará mais em vigoro aumento de 32%para 40% da basedecálculodaContribuição Socialsobre oLucroLíquido (CSLL) e do Imposto de Rendaparaos prestadores de serviço que declaram pelolucropresumido."Claro que éum recuodo governo. Mas não existe derrota. O que existe é compreensão. Háumanoção do governo deatenderaosanseiosdapopulação",afirmouo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Em sua avaliação,o governoagiu com"bom senso"aodesistir daparte impopulardaMP 232."Foiumpasso muito acertado daPresidênciaem mostrar que estava errada."

Com adecisão derevogar a parte impopulardaMP 232, o Palácio do Planalto está confiante deque esvaziaráodiscursodospartidosde oposição. Desde o início, os oposicionistas foram favoráveissomenteàcorreçãoda tabeladoIR, elutaram na Câmara ao longo da semana para aprovaraproposta, sem a parte do aumento de impostos para os prestadores de serviço. "Não íamos dar discurso para a oposição de que foi ela a responsável pela correçãodatabelado Imposto de Renda", resumiu o líder do governona Câmara, Arlindo Chinaglia

(PT-SP), ao anunciarno Ministério da Fazenda a decisão de aprovar apenas a correção databela doIR. "Agora a base aliada vai comandar a votação e a oposição terá de votarcom a gente. Caberáà oposição votar com o governo."

Bandeira- A preocupação dos líderesaliados foi evitarquea bandeirada correçãodatabela doIR ficasse nas mãos dos partidos de oposição.Por isso,durantedois dias consecutivos,os governistasobstruíram a sessão da Câmara que iriavotarorequerimentodo PFL e do PSDB de desmembramento da MP 232. Com o apoio departe dabase aliada,a oposição pretendia aprovar somente a correção do IR."O governosimplesmentenão quispassarrecibode queaposição daoposição era correta e optou por umasaída emque saiuperdendo menos", disse o vicelíder doPFL, deputado Pauderney Avelino (AM).

Alémde revogar os artigosdaMP232quetratamdo aumento de impostos, a medidaprovisóriaassinadaontem pelopresidente também terá um artigo que vai permitir aoscontribuintes com ações inferiores ao valor de R$ 50 mil, e citados pelaReceita Federalnoperíodode 1º de janeiroa 31de março deste ano,interpor recursovoluntário aosConselhos de Contribuintes. A MP 232impedia que as ações inferiores a R$ 50 mil fossem contestadas.

Chinaglia: "Não íamos dar discurso para a oposição de que foi ela a responsável pela correção da tabela."

Nas páginas do Financial Times, a necessidade de corte nos gastos

Aderrota que o governo do presidente Luiz

O governopretende aprovarna semana que vem, no plenário daCâmara, a MP 232, com a correção da tabela doIR.Até lá,oslíderesaliados vão negociar e discutir com suas bancadaso projeto de leique seráenviado ao Congresso com medidasde combate à sonegação e elisão fiscal,queservirãoparacompensar empartea quedade arrecadação com a mudança no Imposto de Renda. (AE)

Inácio Lula da Silva sofreu ao desistir da MP 232 foi o destaque da edição de ontem do "Financial Times". De acordo com o jornal britânico, a derrota reflete o "crescente descontentamento com os impostos que dispararam para financiar um setor público inchado, considerado ineficaz".

Nas últimas semanas, lembro ou "FT", ocorreram-

marchas de protesto e lobbies juntoacongressistas contra a proposta de lei. A queixa da classeempresarialé quenovosaumentos de impostosvão "sufocaro crescimento econômico e desgastar acompetitividade internacional do Brasil".

"Acargafiscal doBrasiljá aumentouparacercade37% do PIB, uma das mais altas entre os países em desenvolvimento", disse o diário.

Fortalecidos pela derrota da MP,grupos deempresas e direitos do consumidor

podem agora"forçar o governo a enxugara máquina públicaecortargastos de maneira mais agressiva".

Já sem a liderança na Câmara dos Deputados e sem a reforma ministerial que iria ajudar a consolidara "frágil" maioriaque ogovernotem noCongresso, o "FT"disse ainda que a falta de poder de fogo do Executivo pode aindacomprometer a aprovaçãodeoutros doisprojetos caros à administração Lula: a autonomia parao BCe areforma sindical. (Agências)

Nova tributação para agricultura e setor de serviços

O ministro interino da Fazenda, Bernard Appy, anunciou ontem que um projeto de lei definirá a nova tributação para as empresas prestadoras de serviços e do setor agrícola e confirmou que o governo desistiu de aumentar a carga para o setor de serviços e profissionais liberais. O anúncio foi feito na companhia do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), depois de uma reunião de mais de quatro horas.

Os setores que terão modificação no pagamento de impostos – agricultura e serviços prestados entre empresas – foram também beneficiados com a mudança da MP 232.

O texto do projeto de lei, que será divulgado até segunda-feira, definirá que as transações com empresas prestadoras de serviços – transporte rodoviário de carga, médicos, engenheiros e publicidade e propaganda – passam a recolher na fonte uma alíquota de 1,5% de PIS-Cofins e CSLL.

O setor agrícola também teve a carga abrandada: o produtor passa a reter na fonte 1,5% do Imposto de Renda que incidirá somente na parcela que exceder R$ 17.460. As empresas que tiverem ganho acima de R$ 5 mil passam a recolher 1,5%. Antes, a parcela de isenção era de R$ 667,00. Appy disse que, se as medidas não garantirem uma receita suficiente para cobrir os R$ 2,5 bilhões que o governo deixará de arrecadar com a correção da tabela do IR, o governo lançará mão de cortes no Orçamento. Ele reconheceu, no entanto, que, se o inverso ocorrer –se confirmar a tendência de crescimento da economia e aumento na arrecadação –, o governo poderá adotar medidas de desoneração para outros setores.

O Ministério da Fazenda não desistiu de, no futuro, aumentar os impostos para o setor de serviços e profissionais liberais. O projeto inclui duas novidades: taxação de IR (15%) de todos os resgates em previdência complementar e um pacote de estímulo às empresas prestadoras de serviço de tecnologia da informação voltadas para a exportação. (AE)

Lula Marques/Folha Imagem

Estudos mostram carga tributária recorde em 2004

Para o PSDB, carga fiscal chegou a 36,64% do PIB. Para o IBPT, atingiu 36,74%.

Dois estudos divulgados ontem com base novalor oficial doProduto InternoBruto (PIB)colocam em xeque o compromisso assumido pelo governo de que não haveria aumento da carga tributáriaemsuagestão. Um levantamento do Instituto BrasileirodePlanejamento Tributário (IBPT) mostraquea carga fiscal atingiu, no ano passado, 36,74% do PIB. O valor aproxima-se doresultado encontradono estudoelaborado pela liderançadoPSDBna Câmara dos Deputados: tributosalcançaram 36,64%do PIB.Paraostucanos,ovaloré um recordehistórico, jáque, em 2003,a cargabateu em 35,23% doPIB (34,88, de acordo com a Receita) e, em 2002, último ano do governo FHC, alcançou 35,80% (oficialmente, 35,53%).

Para o governo,no entanto, a carga tributária em 2004 émenorem relaçãoaoúltimo ano da gestão tucana: 35,45% do PIB. "Foi constatadoexatamente oque a gentediziae o contráriodo que vinha sendo dito pelos ministros Palocci (Fazenda) e José Dirceu(Casa Civil): o governo Lula aumentou a carga tributária", afirmou ontem, o líder do PSDB na Câmara, Alberto Godman. Deacordo comolevantamento dos tucanos, 69,5% do aumento de 1,41 ponto percentual da carga bruta entre 2003 e 2004 foi puxado pelaUnião, eo restantepor estados e municípios.A arrecadação federal subiu no ano passado de 23,90% do

PIB para 24,87%, com destaquepara o aumentodas contribuições sociais (de 8,34% para 9,31%).

IBPT - De acordo com o IBPT,nostrêsníveisde governo, a arrecadação de impostos alcançou R$ 650, 15 bilhões. Desse total, os tributosfederais participaram comR$ 451,42bilhões, osestaduais comR$ 168,82 bilhõeseosmunicipaiscomR$ 29,91 bilhões. O estudo do IBPT também mostra que, em relação ao PIB, houve aumento naparticipaçãodos tributos cobrados pela União, passandode 25,13%, em2003, para25,52%em 2004. "Ocidadãobrasileiro paga odobrodo quintodos infernos,ouseja, Tiradentes foi esquartejado porquelutou contra o quinto do ouro (20% de tudo que era produzidonoBrasil sedestinavaà Coroa Portuguesa) e hoje a carga tributária interna (excluindoas exportações )ultrapassa a 40% do PIB", criticou opresidente daentidade,o tributarista Gilberto Luiz do Amaral. Rebate - O secretário-executivo do MinistériodaFazenda, Bernard Appy, contestouo estudotucano,ao apresentar números indicando que a receita federal teriacaído de16,34% doPIB em 2002,nogovernoanterior, para16,21% em 2004. "Isso confirma o nosso compromisso de que,se houvesse aumento da carga tributária, isso seriacompensado por medidas de desoneração",disseAppy.Essenúmero, porém, não é comparável com odivulgado pelostuca-

nos,porquenãolevaemconsideração a arrecadação da Previdência e nem o FGTS. Os dadosdivulgados por Appylevam emconta ovalor líquidoda arrecadação tributária, descontando as restituições do Impostode Renda, porexemplo. Usando como base o valor bruto, a arrecadação da Receita Federal cresce de 18,05% do PIB em 2002 para 18,23% em 2004. Onúmerooficial da carga tributáriaque será anunciado pelaReceita utilizará os valores brutos da receita, descontandoapenasos pagamentosdejuros

Foi constatado exatamente o que a gente dizia e o contrário do que vinha sendo dito pelos ministros Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil).

e morasque incidem sobre parcelasatrasadas. Areceita do FGTS e da Previdência também entraráno cômputo. Desta forma, dificilmenteo governoconseguirá descaracterizar oaumento da cargatributária,a menos que ovalordefinitivo do PIBde 2004a serdivulgadono segundosemestre pelo IBGE sejamaior do queo atual. Issojáaconteceu no anopassado, fazendo com que as projeções iniciais da cargade 2003 caíssem abaixo de 2002. Sílvia Pimentel/AE

Primeiro, o processo administrativo

Receita publica portaria que impede julgamento de contribuinte antes de decisão na esfera tributária

A Receita Federal publicou portaria que impede que o contribuinteseja julgadoporcrime contraaordem tributária antesde haver decisãodoprocessona esfera administrativa.De acordo com o advogado Maurício Silva Leite,do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados, aPortarianº 326,publicada naediçãode terça-feirado DiárioOficial da União, éuma conseqüêncianatural dadecisão

do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 2003, definiu que fiscaise Ministério Público só poderiam oferecer denúncia depois que o processo administrativo fosse extinto.

"Essa portaria acaba com o constrangimentopelo qual os contribuintes passavam numprocessocriminal.Muitos foram condenados criminalmente e depois absolvidosnos processostributários",afirma oadvogado."O

fato deocontribuintedever aoFisconãoquer dizer que ele é um sonegador. Algumas vezes,dependedo créditotributário, quesósereconhece depois de julgado."

Desde a publicação da portaria, alguns juízes, de ofício, já estão suspendendo o curso do processo criminal em primeirainstânciamesmo antes de a parte pedir. Até recentemente, Leite conta queo contribuinte tentava obterumhabeas

corpus e suspender o processo criminal, o que demorava de três a quatro meses. De acordo com o advogado,oSuperiorTribunal de Justiça (STJ) começou a conceder habeas corpus há dois meses. Até então, os advogados recorriam ao STF. Hácerca de três meses, o governo paulista editou lei que vetaa representação criminalantesdojulgamento na esfera tributária.

Adriana David

União terá de indenizar Luiza Brunet

A União foi condenada a pagar R$ 180 mil a modelo e empresária Luiza Brunet por danos à sua imagem, prejudicada com uma fiscalização feita em sua empresa num sábado, por volta das 22h. A operação, além de envolver os agentes da Fazenda Nacional, contou com a presença de repórteres.

A 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, determinou a indenização

após constatar que a empresária não cometeu atos ilícitos contra a ordem tributária e que foi constrangida com a publicação das imagens por ser uma pessoa pública. O caso aconteceu em 1994, em Búzios (RJ). A relatora, juíza federal convocada Gilda Maria Carneiro Sigmaringa Seixas, concluiu que os agentes desrespeitaram o princípio da discrição, exigido por lei, de atos de servidor público

– mais especificamente o de servidor vinculado ao Fisco. Em sua decisão, o TRF-1 considerou que o administrador público deve ter propósitos claros e definidos, no caso o de fiscalizar, o que não ocorreu. Também considerou que ao permitir a presença da imprensa, houve a intenção de que o ato servisse como exemplo para que outros não praticassem infrações tributárias. (Agências)

Luiza Brunet: R$ 180 mil por danos à sua imagem
Alberto Godman (PSDB)
Arquivo DC
Arquivo DC Amaral: contribuinte paga o dobro do quinto dos infernos

FINALFELIZPARAANOVELA MP232

Estudantes querem passe-livre.

A sociedade venceu

O governo decidiu aprovar a MP 232

apenas com a correção da tabela do IR: final feliz para uma novela que se arrastou por 92 dias. Um dos líderes da Frente contra a MP 232, Afif Domingos, encontrou-se com o presidente Lula e comentou: "Sua decisão vem ao encontro dos anseios da sociedade".

Páginas 5 e 6

Carga tributária recorde em 2004

Página 7

Papa recebe o último sacramento

A vigília dos fiéis (acima) continua e se torna ainda mais dramática: o Papa tem febre alta e pressão arterial baixa devido a uma infecção urinária. E, pela segunda vez, recebe a extrema-unção. A primeira foi depois do atentado que sofreu em 1981. Página 18

SÃO PAULO PERDEU

Melhor para Romeu e Julieta

Romeu é corintiano; Julieta, palmeirense. Eles são personagens do filme que gerou três ensaios sobre a arte do futebol na edição do DCultura desta semana. Na foto, Grafite, do São Paulo, disputa a bola no jogo contra a Portuguesa. O tricolor perdeu, não levou a taça por antecipação, e fez a alegria de corintianos e palmeirenses: rivalidade é rivalidade... Ainda o futebol: na estante, uma edição primorosa de cartuns que contam a história do esporte mais popular do Brasil; em imagens, a cinebiografia de astros imortais, entre eles Garrincha e Pelé.

E mais no DCultura

Leitura: a saga da ferrovia

Madeira-Mamoré, reconstituída num livro-reportagem.

Adega: o filme Sideways mexe com a cotação do Merlot e do Pinot Noir.

Roberto Schimidt/Reuters
Alessia Pierdomenico/Reuters
Paulo Pinto/AE
Ricardo Stuckert/Presidência da República
Em Campinas

Na festa dos libaneses, aplausos à decisão

Guilherme Afif Domingos diz ao presidente Lula que o governo foi ao encontro dos anseios da sociedade ao desistir da MP 232

Opresidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, disse pessoalmente ao presidente Luiz InácioLula da Silva que o governo foiao encontrodos anseiosdasociedade ao desistirda MP 232 e decidir manter apenas a correção databela do Imposto de Renda daPessoa Física (IRPF).

A conversa entre Lula e Afifocorreu ontemànoite, em São Paulo, durante a cerimônia de comemoração dos 125 anos da imigração libanesa no Brasil, com a presença de ministros, políticos, dos governadores deGoiás, Marconi Perilo,da Bahia, Paulo Souto,do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, de São Paulo, Geraldo Alckminedoprefeito José Serra, além doconsul geral do Líbano em São Paulo, Joseph Sayad, representando o presidente do Líbano, Emile Lahoud.

ministro RaafikHariri,assassinado recentemente, a quem, emocionadamente, chamou de "companheiro" "Todos sabem o que ele poderia representarnoprocesso de democratização do Oriente Médio",destacou Lula que criticou "todos os radicalismos intolerantes, aviolência eosextremismos."

Todos sabem o que ele (Hariri) poderia representar no processo de democratização do Oriente Médio.

Opresidente Luladestacou otalento dopovo libanêsparao exercíciodademocracia, da tolerância e dapaz,sem esquecer seu forte espírito empreendedor. Enfatizou que Brasil eLíbano "nunca estiveramtão perto" e que ele foi o único chefede estado brasileiro avisitaro Líbano "desde Dom Pedro".

Presidente Luiz

Inácio Lula da Silva

Os principaisoradores da noitenão falaramde assuntos domésticos políticos, econômicos ou sociais. Lula(PT), Alckmin(PSDB) e Serra(PSDB) destacaram a influência dos libaneses na construção da nossa sociedade plural ederam ênfase ao esforço que o Líbano atual vem fazendo para restabelecer suaindependência política no mundo árabe e se refazer dos danos de décadas de guerra.

Lula elogiou o espírito humanista do primeiro-

O governador Geraldo Alckmin definiu o povolibanês como "a marca da coragem" e lembrou as inúmeras contribuiçõespara São Paulo,entreelas,oexemplo de dedicação na construção doHospitalSírio Libanês, "um centro de excelência de ensino e pesquisa".

O prefeito José Serra disse que São Paulo tem muito a aprender com Beirute e acrescentou: "Ela serve de bomexemplo,especialmente paraanossa regiãocentral,pois representa umesforçonotável de reconstrução de seu patrimônio histórico."O consuldo Líbano, Joseph Sayadfalouda "dedicação e lealdade inegociáveldos migrantesaoBrasil" eda"afeiçãoeamor"entreos dois povos. Sergio Leopoldo Rodrigues

Oposição e situação comemoram

A oposição se declarou vitoriosa e comemorou a decisão do governo de enviar ao Congresso uma nova medida provisória revogando o aumento de impostos para os prestadores de serviço previsto na MP 232, mantendo apenas a correção da tabela do Imposto de Renda em 10%.

O discurso de vitória foi usado também pelos partidos aliados afirmando que o governo reafirmou o compromisso de corrigir a tabela do IR. "O governo já foi derrotado nessa questão. A edição de uma medida provisória não era necessário, bastava aprovar apenas a correção da tabela do IR na MP 232. É querer ter uma vitória onde não existe", afirmou o líder do PFL na Câmara,

Rodrigo Maia (RJ). O líder ressaltou que o seu partido analisará com muito cuidado o projeto de lei que o governo pretende enviar para combater a sonegação fiscal. "O que tiver de aumento de carga, o PFL não negociará", afirmou Maia. A oposição avaliou que o governo não soube faturar as atitudes positivas da semana, como a não renovação do acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI), e se manteve no tema em que já foi derrotado: o aumento de impostos. "O governo começou a semana como anti-imperialista e terminou com a vitória da oposição", disse o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). (AE)

Frente continuará articulada e de olho na carga tributária

AFrente Brasileira contra a MP 232 comemora o final feliz da novela do tsunami tributário e anuncia uma nova fase do movimento que reuniu mais de 1.500 entidades para derrubar a medida. "O poder teve que ceder o que a sociedade queria. A vitória não foi nem do governo, nem da oposição, mas da sociedade", afirmou Guilherme Afif Domingos, presidente da Associação

Comercial de São Paulo (ACSP), um dos líderes da mobilização. De acordo com Afif, agora começa a segunda etapa. "Vamos ver o que eles vão apresentar porque estamos preparados para discutir", disse, referindo-se ao projeto de lei que o governo prometeu enviar à Câmara, depois de desistir da MP 232. O presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Luiz Flávio Bordes D' Urso, informou ontem que os líderes da Frente vão se reunir na próxima quarta-feira para traçar estratégias para a aprovação da emenda constitucional que impede a edição de MPs em matéria tributária. "A Frente continua articulada", ressaltou. Ele lembrou que com a manutenção da correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF),

consolidam-se os valores em vigor desde o mês de janeiro.

De acordo com Antônio Marangon, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis no Estado de São Paulo (Sescon-SP), o movimento, que receberá outro nome, deverá ser permanente. "Vários assuntos deverão ser acompanhados de perto, como a redução da carga tributária, a ampliação dos prazos para pagamento de impostos, redução da burocracia, os gastos públicos e, sobretudo, o novo projeto de lei em gestação pelo governo", adiantou. Ele informou, ainda, que os integrantes da Frente estão dispostos a colaborar com o governo para que estas coisas aconteçam.

O presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nese, comemorou a

derrubada da MP 232, mas diz que o ideal seria o governo, já na nova medida provisória, acrescentar dispositivo determinando que alterações tributárias futuras serão tratadas em projeto de lei. "Seria uma forma de demonstrar auto-controle do governo no que diz respeito ao aumento de carga tributária", disse. "A desistência do governo em levar adiante a MP 232 é uma vitória da sociedade e um marco histórico na relação fiscocontribuinte", afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), Gilberto Luiz do Amaral. O tributarista criticou, entretanto, a decisão do governo de inserir no projeto de lei artigo instituindo a súmula vinculante nos Conselhos de Contribuintes. "É inconstitucional, pois

uma lei ordinária não tem competência para alterar dispositivo da Carta Magna", explicou. Amaral afirmou também que os princípios basilares do processo administrativo são os mesmos do processo judicial, como a ampla defesa, o contraditório e o duplo grau de jurisdição. "É necessária uma emenda constitucional nos moldes da reforma do Judiciário." Para o presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS), José Carlos Abrahão, o espírito agora é o de que qualquer alteração de carga tributária seja discutida no Congresso Nacional. "Esperamos que o governo tenha conseguido assimilar que a sociedade não suporta mais a carga tributária do País." Laura Ignacio/Sílvia Pimentel

No Clube Monte Líbano, autoridades do Brasil e do Líbano comemoraram os 125 anos da imigração libanesa
Nese: alterações tributárias só por projeto de leiMarangon: Frente terá em breve outro nome Arquivo
Luludi/Agência LuzRicardo Stuckert/Presidência da República

Pena atrasada

Caiu sobreJoséSerra

uma herança de Marta Suplicy, umadívida coma Eletropaulo que obrigou a concessionária deeletricidade aimpor àMunicipalidade apena decortede energia elétrica.

Ficando no escuro, sem poder trabalhar, umnúmeroelevado de funcionários colhidos pela sanção dafornecedorade energia elétrica,que não teve alternativa para receberoque lheédevidosenão o corte, ainda que brutal para os funcionários e os consumidores que estavamna sede dainadimplenteeoutros.É mais uma de Marta Suplicy, com aqual não contava o prefeito José Serra.

Escrevemos muitasvezes que o mal do regime, deparcom oquetemde bom, está em escolher não importa quem para os mais altos cargos,ainda queo candidatonomeado não esteja capacitado para exercer as funções que lhe forem delegadas.

Aítemosum legadode Marta Suplicya fazerJosé Serra pagar pelo desbarato das finanças municipais, tendocomo conseqüência o calote na Eletropaulo,que, noentanto, é poderosa, comoimediatamente provou, com o corte do fornecimento de energia elétrica paraos serviços municipais.

É provável que a ex-pre-

feitatenhadadorisadas,tenha esfregadoas mãos,tenha,enfim, feito gestos contraJoséSerra, portero prefeitoatual pagopelo que não fez. O prefeito José Serra tem meios de se defender em casos como esse. Evidentemente.Masquem deveria punira ex-prefeita deveria ser o Tribunal de Contas do Município. Poderesoórgão tem,mascomo éconstituídoporapaniguadosda prefeitaede outros mandatários que passaram pela Prefeitura, não fazem nada. Épor essase outrasque já escrevemos contra os tribunais de contas, que são apenas órgãos auxiliares dasrepresentações, quando deveria ter autonomia e ser, efetivamente, umtribunalcom poderes para punir sempre que for o caso.Esse deSão Paulo, seria um deles, para que os políticos não dêem razão à ONU, quecita oprotecionismopolíticocomo uma das falhas do regimeem vigor no Brasil.

Enfim,oprefeito José Serra temmais umabacaxi, que lhe deixou a ex-prefeita MartaSuplicy,que ocupou a Prefeitura sem estar preparada para enfrentaros deveres que o cargo exige.

João de Scantimburgo é membro da Academia Brasileira de Letras – e-mail: jscantimburgo@acsp.com.br

editor@dcomercio.com.br

O caso Terri Schiavo

"Amorte ea vulgaridadesão os dois únicos fatos no século XIXquenão podemserexplicados de forma satisfatória."

AOscar Wilde (1891)

do num hospital. Pode-se perceber comoo paradoxo da vida/morte pode ser impregnadoporconcepçõesreligiosas– muitasvezes conflitantes ao longo do tempo, mesmo dentro de uma única denominação.

A preservação da vida nem sempre éposta em primeiro plano dentro de certas circunstâncias paraalgumas religiões. AsTestemunhas de Jeová, por exemplo, se recusama receber transfusão de sangue e não raramente morrem em decorrência desse dogmareligioso.

É razoável desligar os aparelhos com a morte cerebral? Ou deve-se esperar por um milagre?

O DC e aMP 232: prós e contras

Deploro as tentativas do governo, qualquer governo, em aumentara carga de impostos,já absolutamente escorchante.

O DC, entretanto, a meu ver,estáutilizandoessaluta para claramente promover o Sr.Guilherme Afifa candidato ao governodo Estado. Nada contra ele, mas apenas contraa insistência decolocarseu nomeemtodas as colunas do jornal. Outra estranhezaminha éa forma comoo DC apresentao Sr. Severino Cavalcanti,comoo paladinodaluta contraosaumentos de impostos, sem nunca ter mencionado quem realmente ele é, seus cheques sem fundo, sua arrogância de coronel do sertão, suaganância por cargos para parentes e assim por diante.

Na edição de hoje,por exemplo, sai naíntegra, o discurso do "Cel.Severino", vangloriando-sede serumpoupadordo dinheiropúblico. Creioque o correto seria, com o mesmo destaque, ojornal indicarquaisprojetosforam aprovados nacurtagestão Severino, que oneram absurdamente os cofres públicos.

Heitor Bolanho, heitorbol@yahoo.com.br

■ Cumprimentos ao Sr. Afif Domingos, presiden-

datilografados. CARTAS

te daAssociação Comercial de São Paulo, pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo paraevitaroaumentoda carga tributária (MP232), e,em especial, pelo rebate às críticas do deputado Carlito Merss.Conheço pessoalmente o deputado, relatorda MP. Soutestemunha de que ele é de extrema ignorância, não passando de instrumento do Comandante Daniel Dinis. Com certeza o cidadão catarinense não reelegerá o deputado Carlito Merss. . Francisco Anéas, São Paulo, SP aneas@aneascestas. com.br

■ Somos da ONG Eco Cerrado Pantanal e trabalhamos com EducaçãoAmbietal na região do Pantanal. Temos um espaço juntocom oMinistériodo Meio Ambiente, chamado Sala Verde,destinado a promover aeducação ambiental em nossa região. Gostaríamos de receber estepreciosojornal, que enfatiza aluta pelademocracia e ajuda a construir a cada diacidadãos mais conscientesdeseus direitos e deveres. Wilson Antonio Weis, MS salapantanal@yahoo. com.br

opinião pública mundial acompanhou nas últimas semanas os desdobramentos de uma tragédia que durou quinze anos.Todo este tempo anorte-americana Terri Schiavo levou uma vida "vegetativa"sobre umleitohospitalar. Seu marido lutou para quea sondaque aalimentava fosse retirada,provocandolhe amorte por inanição, abreviando, assim, o sofrimento. Os pais de Terri, entretanto, não concordaram com o atoe também bateram nos tribunais para que a filha continuassecomsuportemédico, na esperança talvez de que um novo tratamento pudesse restituir-lhe a saúde. O casoapresenta enorme complexidade, pois envolve dogmas religiosos importantes ou fundamentais. Como é sabido, os cristãos,em geral, e a Igreja Católica, em particular, são contrários a qualquer práticaque possainduziràmorte umdoente,mesmo que terminal ou que esteja sobenorme sofrimento.O exemplo do Papa nos dias de hoje é da maior eloqüência sobrecomooVaticano vêa questão.Mas, paradoxalmente, nem sempre esse foi o entendimento dos cristãos emgeral. Quandoamedicinaintroduziu importantes avançoscomo, porexemplo, a anestesia e a assepsia, houve muitos religiosos que lhes foram contrários. Aanestesia foicompreendida (corretamente) como uma forma deminimizar o sofrimento humano, o que contraria a idéia de que a dor expia os nossospecadose, conseqüentemente, nos ajuda na libertação.A assepsia, poroutrolado,foivistacomo uma intromissão indevida nos desígniosde Deus, pois ela aumentou significativamente as chances de sobrevivênciadeumdoenteinterna-

Há algumas vertentes fundamentalistas de grandes religiões cujos princípios podem abreviar significativamente avida dos doentes. Recentemente, os meiosdecomunicação mostraram como mulheres muçulmanas em regiões dominadaspor radicaisislâmicos praticamente não têm acesso a médicos. Essa situação traz ainda uma agravante: como ocorreem áreasde altastaxas denatalidade,é grande o númerode mulheres que morremde parto ou complicação na gravidez. Hojeváriosgruposreligiosos conservadoresno Ocidente continuam divididos sobre oslimitespara tratamentosmédicos e avanços científicos. Ao mesmo tempo que são contrários a pesquisascom células-tronco que envolvam embriões, defendiam que Terri Schiavo continuasse a ser artificialmente sustentada poruma sonda nasogástrica. Aqui éimportantefazer umadistinção entreeutanásia ativa e passiva. A primeira ocorre quando médicos (ou qualquer pessoa) praticam um ato que leva à morte do paciente, como ocorreu com Terri. Na segundamodalidade,o tratamento do pacienteésuspensoeadoençaou incapacidadetoma o seu curso normal, cabendo aomédicoapenasminimizar o sofrimentocom a utilização de analgésicos eoutros medicamentos.

Se a tragédia de Terri ocorresse na Holandaou Dinamarca, por exemplo, elanão precisaria morrer de inanição depois de 2 ou 3 semanasde sofrimento.Os médicosnaqueles países poderiam simplesmente ministrar um medicamento letal e abreviar o processo paraa morte. Comoa legislação americana não permite talprocedimento, o único caminho que sobrou foi a retirada do tubo nasogástrico e aguardar o lento definhar da paciente. O caso deTerri apresenta aindadoisfatores queotornaram mais complicado: 1) a ausência de uma manifestação por escrito de que ela não desejaria sermantida viva nas condições emque se encontrava(emesmoqueelativesse deixado instruções claras,alguémpodeexigir que terceiros tirassem sua vida?); 2) visões conflitantes entre os pais e o marido de Terri. Embora este último tenha a tutelada mulher,é razoávelatribuir aospaisumdireito naturaldeopinareatéinterferir numa decisãoenvolvendo a vida ou morte de um filho. Paraaquelesquetêmalguma convicção religiosa, a vida éum dom aser preservadoa todo o custo.Os constantesavançosdamedicina–muitas vezes vistos quando descobertoscomo manifestação satânicas –atestam a importância que as sociedades emprestam ao valor vida. Mas ao mesmo tempo queessas conquistasmédicasprolongam emelhorama qualidadedevida de todos,elas tambémtrazem novosquestões.Hojeépossível manter doentes vivos, mesmodepois quenãoexista mais atividadecerebral. É razoável desligar os aparelhos nessahora? Oudeve-se esperar por ummilagre? Umapessoaemestadovegetativo, como Terri, deve ser alimentada artificialmente, ou pode ser deixada morrer de inanição?Há alguma diferença intrínseca entre um respirador artificial euma

sonda nasogástrica? Entre morrersufocadooudeinanição? Adecisão sobreaté que pontopodeseprolongaravidadeveficarexclusivamente nasmãos dos pacientes, ou familiarespodem decidirna ausência de manifestação do doente? Osmédicosdevem teralgum poder nesses casos?O Estadodeve impor que todas as pessoas recebam, mesmo contrariadas, tratamentos médicos que prolonguem ao máximo a sua existência?

Se o paciente não se manifestou, não podem médicos ou familiares decidir pela vida que não lhes pertence.

Uma coisaé certa:a medicinadesenvolveu-seextraordinariamente nos últimos 150anos.Mas acapacidade dohomem de perscrutar os mistériosda vidacontinua praticamente igual, daí a perplexidadediante dessas novasrealidades.Oprimado da vida,da liberdadeindividual e da autonomia de vontade num Estado laico apontaparaum limite:opaciente poderecusar-searecebertratamento médicoe exigirque seu sofrimento seja reduzido aomínimo. Masnahipótese emqueapessoanãoexplicita a suavontade, ninguémtem a autoridadepara decidiros limites para o tratamento médico(ouseja,quandodesligarumamáquinaouretirar um tubo). Há nisso um paralelo com a doação de órgãos, quando omorto deixa instruçõesnegandoo gesto. Nem mesmo familiares podem dar autorização para uma doação de órgãosnessascircunstâncias. Assim, se o paciente não manifestoua suavontade para que um tratamento seja suspenso,não podemos médicos, ostribunais, oumesmo familiares,decidir pela vida que não lhes pertence. Aquestão éde fatocomplexa e talvez nos reste, por enquanto, apenas o consolo das palavras de Jonathan Swift,proferidas em 1728: ‘É impossívelque qualquer coisa tão natural,tão necessária e tão universal como a morte tenha sido concebida pela Providência como um mal para a Humanidade’

Superintendência de Marketing e Serviços: Fone: 3244-3691

Superintendente: Roberto Haidar

UNPF - Unidade de

Quem deve pagar o IPTU: o inquilino ou o proprietário de imóvel alugado?

Tudo depende do que prevê o contrato de locação, dizem especialistas. Partes podem discutir quem fica com a atribuição.

Arcar com o pagamento do imposto Predial e Territorial Urbano(IPTU)éatribuiçãodoinquilino ou obrigação do dono de um imóvel que está alugado? Tudodepende do que diz o contrato de locação assinado entre o proprietárioeo inquilino,dizemespecialistasemdireito imobiliário.

A Lei8.245,de 1991, que regeo setor, dizque aresponsabilidade da quitação do tributo seria do proprietário.Mascomo otextonão faz restrições ao repasse por meio decontratoassinado entrelocador elocatário,o mercado imobiliário mantém a tradição deatribuir mais essa despesaao inqui-

HSBC reduz juros de financiamentos de imóveis novos

O banco HSBC anunciou esta semana a redução, em até 2%, dos juros cobrados de pessoas físicas no financiamento de imóveis novos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Para os imóveis que tenham valores entre R$ 60 mil e R$ 100 mil, os juros anuais caíram de 12% para 10%. Na faixa entre R$ 100 mil e R$ 150 mil, a taxa do financiamento diminuiu de 12% ao ano para 11%. O prazo máximo da operação é de 15 anos. (DC)

lino. O quefaz, segundo o advogado Jorge Henrique Zaninetti, doescritório De Goeye eVenturiAdvogados Associados,a prática ser legal. "A disposição contratual é umanegociação livre, ouseja, aspartes aceitam se quiserem. Por isso, depois que assinar o contratoo inquilinonãopodefazer reclamações naJustiça se não quisermais cumprir o que está estabelecido", explica o advogado. A mesma opiniãotem Jaques Bushatsky,diretordo Secovi-SP (sindicato que representa as empresas de compra, vendae administração de imóveis no estado). Segundo ele, o interessado em alugar um imóvel deve ficar bem atento para

Creci-SP: vendas à vista dominam no mercado de usados

As vendas com pagamento a vista dominam o mercado de imóveis usados na capital paulista,mostram números de pesquisada seção paulistado Conselho Regional dosCorretoresde Imóveis(Creci-SP). De acordo como levantamento,feitocom 388imobiliárias que atuam na cidade de SãoPaulo, emfevereiro as vendas a vista representaram 68,9% do total. Nas vendas financiadas, foi marcantea presença da Caixa Econômica, que em-

verificar sea atribuição do pagamentodo IPTUconsta do contrato. "Seporalgum motivo o proprietárioesqueceudeacrescentar essa cláusula no contrato,o inquilinoperdea obrigação

de arcar com o valor do impostoe poderecorrerjudicialmente", afirma. Em São Paulo,ainserção noscontratos de cláusula que obriga o inquilino a pagar oIPTU éuma exigência bastante comumdesde a época em que havia muita procurae pouca quantidade de imóveis para locação — quando opoder de barganha estava nas mãos dos donos de imóveis. Hoje a situação é inversa, o que garanteao candidatoainquilino mais força na negociação do valor do IPTU. Sem pagamento — Segundo o advogado Otávio Andere, orepasse daresponsabilidadedo pagamento do IPTU ao inquilino nãoimpedequeaprefeitura

Governo paulista libera R$ 365 mi para habitação

cobre judicialmente oproprietário seo imposto não for pago. Nesse caso, o locador não poderá usar o contrato de locação como documento de defesa para alegar que aresponsabilidadedo pagamento era do locatário. "Odonodo imóveldevefazer constar em contrato que o IPTU está acargo do inquilino em contrato. Assim, poderá processar o locatário se ele, o dono, for acionado pelaprefeitura porfalta depagamento", dizoadvogado. Umaalternativa para oproprietárioéreterocarnê do IPTU erepassar ovalor das parcelas ao boleto do aluguel. Dessa forma,o dono doimóvel podeter controle do pagamento. Márcia Rodrigues

Muita gente pode nem desconfiar, mas ao contratar um seguro residencial corre o risco de estar pagando desnecessariamente por duas, ou até três, coberturas iguais. É o que acontece, por exemplo, com moradores de condomínios, que são obrigados pelo novo Código Civil a terem uma apólice coletiva que assegure a integridade dos imóveis. Nesses casos, vale ficar atento: é possível baratear o seguro residência eliminando as coberturas em duplicidade.

O presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic), Cláudio Felippe Anauate, diz que a obrigatoriedade do condomínio consiste em contratar um seguro contra incêndio e reconstrução da parte física, ou seja, que garanta a integridade dos imóveis. "É comum, no entanto, os condomínios complementarem suas apólices incluindo garantias contra danos elétricos, responsabilidade civil, vendaval, impacto de veículos e vidros", afirma Anuate. As dúvidas sobre quais as coberturas que o seguro do condomínio oferece ou não devem ser esclarecidas diretamente com o síndico ou a administradora.

Caso o imóvel em questão ainda esteja sendo pago por financiamento, é provável que esteja incluso no contrato o chamado "seguro habitação", que, assim como a cobertura paga obrigatoriamente com o condomínio, também visa segurar o proprietário contra danos físicos no imóvel — incêndio, explosão, desmoronamento total ou parcial, ameaça de desmoronamento, destelhamento, inundação ou alagamento. Nesse caso, não há como eliminar a duplicidade. Vanessa Jaguski

prestou recursos para viabilizar18,29% das operações de venda.Os consórciosrepresentaram 0,61%.

Segundo o Creci-SP, no último mês de fevereiro foram vendidos na capital paulista164imóveis usados, sendo75 casase 89 apartamentos. (DC)

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou ontem a liberação de R$ 365 milhões para obras de Habitação. Os recursos serão utilizados para a construção de 17.148 unidades habitacionais na capital e início da urbanização da Favela Pantanal, que reúne em torno de oito mil famílias. Cerca de R$ 19 milhões serão empregados nas obras da primeira etapa desse projeto. (AE)

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Tradição de passar o IPTU para o inquilino vem da época em que havia mais procura que oferta no mercado. Hoje, com situação oposta, locatários têm maior poder de barganha
Fernando Anthony/Digna Imagem
Zaninetti: livre negociação
Alexandre Nóbrega/Digna Imagem

1920 - 2005

João Paulo II João Paulo II

Política Eyma

ESCURIDÃO

osé Serra denuncia mais uma dívida herdada da ex-prefeitaMartaSuplicy:R$600milhõescorrespondentes a contas de luznão pagas à AES Eletropaulo.Inclua-seno roldainadimplência,segundo aempresa, trêsmeses dagestão Serraigualmente não quitados: janeiro, fevereiro e março. A bem da verdade a dívida não foi feita apenas por Marta Suplicy: ela vem rolando desde 1996; portanto, pegatambém a administraçãode CelsoPitta. A conseqüência da inadimplência é que a empresa resolveu reagir ecortar o fornecimento deenergia à Prefeitura. Resultado: escuridão em mais de 80 prédios da municipalidade.

Serra briga com a AES Eletropaulo devido ao corte deluz;Marta Suplicyresponsabilizao tucano pela faltade pagamento. Nobojo das acusações surge a denúnciados tucanosdequea empresateriaarrecadado cerca de R$ 25 milhõesda cobrança da taxa de luz e de não ter repassado a verba à Prefeitura. Durma-se com um barulho desses.

A Prefeitura nãonegaadívidadeR$ 600milhões,mas alega que não tem dinheiro parapagarequeestáfazendo o escalonamento parao resgatedas faturasatrasadas.A SecretariadeFinançasgarante que aAES Eletropaulo entrou na fila de credores, mas sem ter qualquer privilégio.

A assessoria deMarta defende a ex-prefeita e, a exemplo de pronunciamentosanteriores,afirmaque ela deixou dinheiro em caixapara pagar os atrasados.A justificativa da ex-prefeita é rebatida de pronto pelo secretário de Finanças, Mauro Costa.

O balanço queaequipede JoséSerra fez do último ano daadministração de Marta Suplicy aponta uma dívida herdada de mais deR$ 500 milhões. A peça foi encaminhada ao Tribunalde Contas do Município. Marta é acusada de ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal.

M ais uma vez,aex-prefeita contesta obalanço da equipe tucana. Marta adverteque suaassinaturanão consta dovolume enviado ao TCM.Marta Suplicypromete processar judicialmenteossignatários dodocumento,entreos quaisopróprio prefeito.

S e for verdadeira a informação de que deixou dívidas aosucessor, Marta Suplicy pode serpunida pela Lei de Responsabilidade Fiscal,cuja pena podechegar àsuspensão de direitospolíticos poroitoanos.Neste caso, a ex-prefeitanão poderiaparticipar das eleições do ano que vem.

L ula começou a incluir na comitiva presidencial que visita cidades do interior paulista pré-candidatos do partidoaogoverno estadual.Os dois primeirosque foramincluídosna comitiva foram Aloizio Mercadante eJoão PauloCunha. Oprimeiro tem a simpatia do Planalto.

P or enquanto, Marta Suplicy, a outra pré-candidata à sucessãode Alckmin,ainda nãofoi incluídanacomitiva. Masa ex-prefeitacontinuará sua sériede viagens pelointerior caitituando votos de petistas caipiras.

F oi poucoamistoso oprimeiro encontro deAlckmin

comonovopresidente da AssembléiaLegislativa, o pefelistaRodrigo Garcia.O governador procurou ser protocolar aoreceber de uma só veztodos os membros da mesa diretora do Legislativo estadual.

O objetivo de Rodrigo Garcia é o da boa vizinhança com o governador Geraldo Alckmin. Mas,parece queo governador não está para muita conversa. Alckmin ainda não assimilou a derrotade seucandidatoà Mesa daAssembléia,Edson Aparecido.

O PFL, partido de Garcia, tem uma bancada de nove deputados que, invariavelmente, vota com o governo. Além de aliadoao PSDBno Legislativo,o PFLparticipa da administração Alckmin. Deveserlembradoaindaque o vice-governador, Cláudio Lembo, é do PFL.

O governo Lula micou com a epopéia da Medida Provisória232, que atualiza a tabela do Imposto de Renda masque simultaneamente aumenta osimpostosde empresasprestadoras de serviços.

A não votação da MP 232 é um exemplo de que a base do governo no Congressoestá esfacelada. Lula não conseguiuagrupar o mínimo de 257 votos (metade mais 1 dos 513 deputados) para aprovar a MP. Parece que ter perdido apresidência daCâmarapara Severino Cavalcanti foi um desastre para Lula.

L ula tem confessado a petistas que convivem com ela no PaláciodoPlanalto ter-se surpreendido com a movimentação da sociedade, responsável peloinsucesso dogoverno. Omovimentoa quese refereLula foi iniciado pelaAssociação Comercialde SãoPaulo, cresceucomo fermento efoi oinstrumentoque pressionou osdeputados para que não aprovassem a MP 232.

O presidente da Câmara de São Paulo,vereador Roberto Tripoli,entrou comrecurso na Justiçapara derrubara liminardo Tribunalde Justiça que suspendeu a lei que trata da criação e funcionamento do Conselho de Representantesjunto acada uma dassubprefeiturasda cidade.

A liminar foi obtida através deAçãoDiretadeInconstitucionalidadeda lei do ConselhodeRepresentantes,proposta peloMinistério PúblicoEstadual. A eleição dos integrantes do conselho deveria serfeita ainda neste ano.

Lula responde a vaias com defesa da reforma universitária

Lula afirmou que vai criar 4 universidades e disse que o País tem que exportar "inteligência e conhecimento"

Vaiadoporcercade 200 estudantes que protestavam contra a reforma universitária,o presidente

Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem, em São Carlos, a 230 quilômetrosdeSão Paulo, um rápido mas contundente discurso em defesa da política educacional. Ao ouvir quea reformarepresentava "a privatização do ensino" e que suas promessas "eram mentira",Lulagastou sete minutos para explicar que asações do governo vão melhorara educaçãono País e devem permitir, neste século,"exportar inteligência,conhecimento evalor agregado".

Alheios ao queo presidente dizia, os estudantes, usandofantasias enarizde palhaço, continuaram a gritar slogans como "Lula / presta atenção/ essareforma / é privatização". "Eu tinha dito, antesda eleição, que era preciso um torneiro mecânicoser eleitopresidente para resolver o problema, nãoapenas doensino fundamentalemédio, mas também das universidades", discursouele,em visita ao canteirodeobras

O papel do meu governo é fazer tudo aquilo que não foi feito

onde será construídoum hospital-escola municipal. Exportar inteligência –"Nós queremos, neste século, e eu tenho dito que o século 21 será o século do Brasile daAméricado Sul,exportar inteligência, conhecimento e valor agregado", disse, destacando que areforma tem o apoio dos reitoresdas universidadesfederais. Lula prometeu aos manifestantesque ohospitalescola de São Carlos estará pronto ainda em2005. Nesse momento, os estudantes deram uma trégua e aplaudiram.O presidente aproveitoue cobroudosfuturos alunos que, após formados, se dediquem à medicina so-

cial. Lula afirmou ainda que opapeldeseugoverno"éfazer tudo aquiloque não foi feitonahistória doPaís".E ressaltou que seu governo está criandoquatro universidades federais e 13 extensõespara regiõespobresincluindosua terra-natal,Garanhuns (PE).

O presidente também visitou as instalações da Tecumseh, maior empregadoradacidade, commaisde7 mil funcionários. Ao falar sobre exportações, Lula adiantouque emmaiovisitará oJapãoe vai trabalhar para vendercarne a esse país. "Já faleipara o embaixador:pode preparar uma churrasqueira. Vamos levar

umas picanhas e costelas". Em Araraquara, na segunda etapa de sua visita, Lula voltou a afirmar que os brasileirosprecisam terauto-estima paratransformar o País numa nação que "respeite a si mesma". Ao discursar nainauguração da fábrica de software da Electronic Data Systems (EDS) em parceria com a TAM, em Araraquara,ele disse: "O problema do Brasilnão são os outros, somos nós mesmos".

Gafe – Opresidente cometeuum equívoco,aopedir para empresáriosdo setorautomotivoque sepreparem para produzir "alguma coisa" utilizando o biodiesel. "Logo, logo, vamos ter que produzir alguma coisa movida a biodiesel noPaís",afirmou Lula,na inauguração dafábricade softwares. Naverdade, não é necessária a construção de um novotipodemotor ou mesmo aadaptação dos propulsores. Ocombustível, desenvolvidoapartir de uma planta oleaginosa e o álcool, éusado diretamente nosmotoresa diesel, em substituição ao diesel de petróleo. (AE)

Câmara: base fracassa em abrir sessão

Olíder do governo na Câmara, vereador José Anibal, bem que tentou ontem demonstrar que as coisas estão sob controle e tentou abrir a sessão legislativa apenas com os votos da base governista. Mas a tentativa fracassou: com apenas 16 vereadores, além do presidente da Casa, não houve quórum, pois são necessários pelo menos 19 vereadores em plenário. A sessão foi derrubada, para deleite dos vereadores da oposição. Nenhum projeto foi votado até agora. "Se vocês quiserem nós emprestamos alguns votos", dizia o vereador Antônio Carlos Rodrigues, líder do PL, em tom de brincadeira.

O líder do PSDB, Juscelino Gadelha, acabou irritando os vereadores do Centrão (bloco formado por vereadores do PL, PTB, PMDB, PC do B e PP) ao insinuar que eles estavam fazendo oposição para

conseguirem cargos. Rodrigues, em resposta, revelou que o governo fez várias ofertas de cargos aos vereadores do Centrão na tentativa de cooptar votos para conseguir a maioria na Câmara. "Se os vereadores estivessem atrás de cargos já teriam fechado com o governo. Há cerca de 40 dias, os líderes do Centrão se reuniram com o secretário de Governo em um hotel na rua Bela Cintra. Ele ofereceu cargos e tenho os líderes como testemunhas", afirmou. O

líder do governo nega sistematicamente a prática. Projetos – O Centrão, aliado com os vereadores do PT, pretende aprovar na próxima semana projetos que não são do interesse do prefeito José Serra, como um que cancela o parcelamento do pagamento das empreiteiras até 2012. Para tentar unir a base governista, o secretário de Governo, Aloysio Nunes Ferreira, deve se reunir com o grupo na próxima segunda-feira.

Manifestação – Os vereadores do PT preparam para hoje, às 12h30, uma manifestação na praça Ramos de Azevedo contra Serra, que ainda não completou cem dias de governo. "Nada melhor do que o dia da mentira para lembrar as promessas não cumpridas pelo prefeito", afirma o líder do PT, vereador João Antonio. O fim da taxa da luz (embora Serra tenha dito que iria acabar com ela apenas em 2006), a integração do bilhete único com o metrô e a construção do hospital de M’Boi Mirim são algumas das promessas que serão cobradas. Um boneco com mais de dois metros de altura imitando o prefeito vai ser colocado na praça. Será o 'Serranóquio', uma resposta à 'Martaxa', personagem criada pelos vereadores tucanos contra a ex-prefeita Marta Suplicy depois que ela criou várias taxas e elevou impostos. Fernando Lancha

Um grupo de 200 estudantes recebeu o presidente, em São Carlos, com slogans como "Lula/presta atenção/essa reforma/é privatizaç
José AnibalAntonio Carlos Rodrigues
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na história do País
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente
Juca Varella/AE

Dólar foi o melhor investimento de março

Com valorização de 3%, moeda americana bateu outras aplicações depois de registrar perdas por dois meses. No primeiro trimestre, ganho maior foi do CDB.

Odólar comercial registrou dois meses consecutivos dequeda, mas se recuperou em março:bateu as outras aplicaçõesfinanceiras aofecharo mês com ganho acumulado de 3,01%. Comoresultado do mês passado, o dólar conseguiu anularas perdas que acumulava no ano e passoua subir 0,53% entre janeiro emarço. Na ponta oposta ficou a bolsa de valores,quecaiu 5,43%nomês. Essadesvalorização, noentanto,nãofez abolsainverter atendência doano.No acumulado do primeiro trimestre de 2005a bolsa teve elevação de 1,58%. No segundo lugar na lista dasmelhores aplicaçõesde marçoficaram osCertificadosde Depósito Interbancários (CDBs) com aplicação acima de R$ 100 mil, que deram aosinvestidores um retorno de 1,44%.Os CDBs também foram o grande destaque notrimestre, com ganhos acumulados de 4,29%. Arentabilidade dos fundos DI e de renda fixa no mês passado foi a mesma: 1,21%. Já os CDBs com apli-

cação até R$ 5 mil renderam em março 1,14%. A poupança, cujo rendimentofoide 0,76%nomês passado, ficou abaixo da inflaçãoapurada peloIGP-M noperíodo,de 0,85%.No acumulado do trimestre, no entanto,apoupança teve rendimento positivo de 2,06% contra 1,55% da inflação pelo IGP-M. Perdeu maisno primeiro trimestredoanoquem investiu em ouro. Apesar de o metal ter fechado o mês passado com alta acumulada de 1,1%, entre janeiro e março teve baixade 1,60%,segurandoa lanterna no ranking dos investimentos.

Rendafixa — O superintendente de produtos de investimentos do banco Real, Edinardo Figueiredo,disse que destacaram-se no primeiro trimestre asaplicaçõesemrendafixa. "Aalta da taxa de juros determinou um bom rendimentopara essas aplicações. A renda fixa ganha com a política monetária mais apertada imposta pelo Banco Central na tentativa de controlar ainflação", destacou. "O dólar e a bolsa encerram o período

com pequenas altas, mas estão bastante voláteis", acrescentou Figueiredo. Independentemente do cenário, ele disseque continua valendo semprea mesmaregranahoradeinvestir. "A diversificação dos ativos é fundamental. O investidor deve separaro que será utilizado em curto prazo e investir o que puder em longo prazo", recomendou. Oanalista deinvestimentos daGeração FuturoCorretora,MauroGiorgi, afirmou que quem busca taxa de jurosno Brasilestá sempreganhando. "O investidor vaiganharmaisemalguns períodos e menos em outros, mas sempre ganhará dinheiro e com umrisco muito baixo", disse. Na avaliação de Giorgi, deabrila julhoosjurosdevemficar estáveis,paradepoiscaírem. "O cenáriono segundo semestre pode até privilegiar um pouco mais a bolsa,masoinvestidormais conservador pode ficar tranqüiloporque aindaganhar com as taxas de juros". Segundo ele,comparando o primeirotrimestre de 2005 com igualperíododo

Setor de pesca ganha crédito de R$ 80 milhões

ano passado, há uma diferença grandeemrelaçãoà perspectivadecrescimento. "Nesses meses, em2004, os juros caíram, o dólar estava elevado, as exportações e o cenário agrícola eram posi-

tivos. Agora háuma volatilidade maior. Os juros estão mais altos, o dólar teve dois mesesdequeda eocenário internacional está volátil, afetando a economia".

Vanessa Jaguski

O Banco do Brasil deverá liberar R$ 80 milhões para o financiamento de projetos ligados à pesca, disse o vice-presidente de agronegócio do Banco do Brasil, Ricardo Conceição. No ano-safra passado, o BB liberou R$ 40 milhões para o setor de pesca. O limite de financiamento e a taxa de juros dos empréstimos dependerão do porte dos produtores e das cooperativas. Segundo Conceição, será "desejável" que os produtores estejam reunidos em cooperativas. Ontem já foram assinados os primeiros contratos do programa. Um será destinado ao custeio da produção na região de Valparaíso, em Goiás. O produtor receberá empréstimo de R$ 40 mil, com juros de 8,5% ao ano. O secretário especial de Aqüicultura e Pesca, José Fritsch, estima que o programa do BB vai permitir a assinatura de 22 mil novos contratos no primeiro ano. Segundo ele, o Banco do Brasil deve liberar, até o final de 2006, R$ 300 milhões para o setor pesqueiro. O governo diz que cerca de 4,5 milhões de pessoas dependem direta ou indiretamente da indústria pesqueira e da aqüicultura. (AE)

BB entra na briga pelos aposentados

OBanco do Brasil (BB) assinou ontem convênio como InstitutoNacional deSeguridade Social (INSS) para oferecer crédito consignado (com descontodas parcelas direto na folha do benefício) aos 5,6 milhõesaposentados e pensionistas que recebempor meio dobanco. O créditoserá feitoemconta corrente e poderáser solicitadonas agênciasdobanco em todo o País, nos terminais deauto-atendimento e também pela internet. Durante aassinaturado convênio,emBrasília,opresidente do BB, Rossano Maranhão,disse queinicialmente o banco tem R$ 1,7 bilhão para emprestarpor essanovalinha,mas que poderá direcionar mais R$ 3 bilhõesatéofimdoanopara o crédito para aposentados, dependendo da demanda.

Para o ministro da PrevidênciaSocial, RomeroJucá, oconvênio como BBajudará a formataruma ação pública de grande interesse social. "Esse atotranscende à açãoadministrativado governo, pois ele ajudaa melhoraravida dosnossossegurados,injeta recursos na economia econtribuipara reduzir as taxas de juros", disse o ministro.

Diferenciais — Os juros cobrados pelo banco serão um dos mais baixos oferecidos pelo mercadopara essa modalidade de crédito: de 1,50%a2,40%aomês. Por meio da linha,os beneficiários do INSS poderão solicitar empréstimos de R$ 100 a R$ 40 mil e terão de dois a 36 meses paraefetuaro pagamento.De acordocomMaranhão, as taxas para o créditoconsignado sãosubstancialmentemais baixas

nacomparaçãocom ojuro da concorrência. Com 13%do mercadode créditoconsignadobrasileiro, o bancopretende com a parceriafirmada como INSS aumentar ainda mais sua participação nesse segmento. "Hoje o Banco do Brasiljá possuiduaslinhas de créditovoltadas parao atendimento debeneficiários do INSS, umadelas dentro do programade microcréditodogoverno.OBB CréditoConsignação, que estamos criando agora, amplia esse portfólio e flexibilizaainda mais os prazos e as taxasdejuros para esse segmento", disse o vice-presidente de Varejo eDistribuição dobanco,Edson Monteiro. Obanco já emprestou por meio das duas linhas existentespara aposentados R$ 400 milhões. Adriana Gavaça

Maranhão e Jucá, no lançamento da linha de crédito consignado para aposentados: juro de 1,5% ao mês
Agência Brasil
Quem investiu em ouro saiu perdendo no trimestre: metal caiu 1,60%
Massimo Sambucetti/AP/AE
Ricardo Chaves/AE
Daniel Garcia/AFP
Eric Feferberg/AFP

Estudos mostram carga tributária recorde em 2004

Para o PSDB, carga fiscal chegou a 36,64% do PIB. Para o IBPT, atingiu 36,74%.

Dois estudos divulgados ontem com base novalor oficial doProduto InternoBruto (PIB)colocam em xeque o compromisso assumido pelo governo de que não haveria aumento da carga tributáriaemsuagestão. Um levantamento do Instituto BrasileirodePlanejamento Tributário (IBPT) mostraquea carga fiscal atingiu, no ano passado, 36,74% do PIB. O valor aproxima-se doresultado encontradono estudoelaborado pela liderançadoPSDBna Câmara dos Deputados: tributosalcançaram 36,64%do PIB.Paraostucanos,ovaloré um recordehistórico, jáque, em 2003,a cargabateu em 35,23% doPIB (34,88, de acordo com a Receita) e, em 2002, último ano do governo FHC, alcançou 35,80% (oficialmente, 35,53%).

Para o governo,no entanto, a carga tributária em 2004 émenorem relaçãoaoúltimo ano da gestão tucana: 35,45% do PIB. "Foi constatadoexatamente oque a gentediziae o contráriodo que vinha sendo dito pelos ministros Palocci (Fazenda) e José Dirceu(Casa Civil): o governo Lula aumentou a carga tributária", afirmou ontem, o líder do PSDB na Câmara, Alberto Godman. Deacordo comolevantamento dos tucanos, 69,5% do aumento de 1,41 ponto percentual da carga bruta entre 2003 e 2004 foi puxado pelaUnião, eo restantepor estados e municípios.A arrecadação federal subiu no ano passado de 23,90% do

PIB para 24,87%, com destaquepara o aumentodas contribuições sociais (de 8,34% para 9,31%).

IBPT - De acordo com o IBPT,nostrêsníveisde governo, a arrecadação de impostos alcançou R$ 650, 15 bilhões. Desse total, os tributosfederais participaram comR$ 451,42bilhões, osestaduais comR$ 168,82 bilhõeseosmunicipaiscomR$ 29,91 bilhões. O estudo do IBPT também mostra que, em relação ao PIB, houve aumento naparticipaçãodos tributos cobrados pela União, passandode 25,13%, em2003, para25,52%em 2004. "Ocidadãobrasileiro paga odobrodo quintodos infernos,ouseja, Tiradentes foi esquartejado porquelutou contra o quinto do ouro (20% de tudo que era produzidonoBrasil sedestinavaà Coroa Portuguesa) e hoje a carga tributária interna (excluindoas exportações )ultrapassa a 40% do PIB", criticou opresidente daentidade,o tributarista Gilberto Luiz do Amaral. Rebate - O secretário-executivo do MinistériodaFazenda, Bernard Appy, contestouo estudotucano,ao apresentar números indicando que a receita federal teriacaído de16,34% doPIB em 2002,nogovernoanterior, para16,21% em 2004. "Isso confirma o nosso compromisso de que,se houvesse aumento da carga tributária, isso seriacompensado por medidas de desoneração",disseAppy.Essenúmero, porém, não é comparável com odivulgado pelostuca-

nos,porquenãolevaemconsideração a arrecadação da Previdência e nem o FGTS. Os dadosdivulgados por Appylevam emconta ovalor líquidoda arrecadação tributária, descontando as restituições do Impostode Renda, porexemplo. Usando como base o valor bruto, a arrecadação da Receita Federal cresce de 18,05% do PIB em 2002 para 18,23% em 2004. Onúmerooficial da carga tributáriaque será anunciado pelaReceita utilizará os valores brutos da receita, descontandoapenasos pagamentosdejuros

Foi constatado exatamente o que a gente dizia e o contrário do que vinha sendo dito pelos ministros Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil).

e morasque incidem sobre parcelasatrasadas. Areceita do FGTS e da Previdência também entraráno cômputo. Desta forma, dificilmenteo governoconseguirá descaracterizar oaumento da cargatributária,a menos que ovalordefinitivo do PIBde 2004a serdivulgadono segundosemestre pelo IBGE sejamaior do queo atual. Issojáaconteceu no anopassado, fazendo com que as projeções iniciais da cargade 2003 caíssem abaixo de 2002. Sílvia Pimentel/AE

Primeiro, o processo administrativo

Receita publica portaria que impede julgamento de contribuinte antes de decisão na esfera tributária

A Receita Federal publicou portaria que impede que o contribuinteseja julgadoporcrime contraaordem tributária antesde haver decisãodoprocessona esfera administrativa.De acordo com o advogado Maurício Silva Leite,do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados, aPortarianº 326,publicada naediçãode terça-feirado DiárioOficial da União, éuma conseqüêncianatural dadecisão

do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 2003, definiu que fiscaise Ministério Público só poderiam oferecer denúncia depois que o processo administrativo fosse extinto.

"Essa portaria acaba com o constrangimentopelo qual os contribuintes passavam numprocessocriminal.Muitos foram condenados criminalmente e depois absolvidosnos processostributários",afirma oadvogado."O

fato deocontribuintedever aoFisconãoquer dizer que ele é um sonegador. Algumas vezes,dependedo créditotributário, quesósereconhece depois de julgado."

Desde a publicação da portaria, alguns juízes, de ofício, já estão suspendendo o curso do processo criminal em primeirainstânciamesmo antes de a parte pedir. Até recentemente, Leite conta queo contribuinte tentava obterumhabeas

corpus e suspender o processo criminal, o que demorava de três a quatro meses. De acordo com o advogado,oSuperiorTribunal de Justiça (STJ) começou a conceder habeas corpus há dois meses. Até então, os advogados recorriam ao STF. Hácerca de três meses, o governo paulista editou lei que vetaa representação criminalantesdojulgamento na esfera tributária.

Adriana David

União terá de indenizar Luiza Brunet

A União foi condenada a pagar R$ 180 mil a modelo e empresária Luiza Brunet por danos à sua imagem, prejudicada com uma fiscalização feita em sua empresa num sábado, por volta das 22h. A operação, além de envolver os agentes da Fazenda Nacional, contou com a presença de repórteres.

A 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, determinou a indenização

após constatar que a empresária não cometeu atos ilícitos contra a ordem tributária e que foi constrangida com a publicação das imagens por ser uma pessoa pública. O caso aconteceu em 1994, em Búzios (RJ). A relatora, juíza federal convocada Gilda Maria Carneiro Sigmaringa Seixas, concluiu que os agentes desrespeitaram o princípio da discrição, exigido por lei, de atos de servidor público

– mais especificamente o de servidor vinculado ao Fisco. Em sua decisão, o TRF-1 considerou que o administrador público deve ter propósitos claros e definidos, no caso o de fiscalizar, o que não ocorreu. Também considerou que ao permitir a presença da imprensa, houve a intenção de que o ato servisse como exemplo para que outros não praticassem infrações tributárias. (Agências)

Luiza Brunet: R$ 180 mil por danos à sua imagem
Alberto Godman (PSDB)
Arquivo DC
Arquivo DC Amaral: contribuinte paga o dobro do quinto dos infernos

Cenário externo deve orientar mercado financeiro em abril

O temor de que o banco central americano eleve o juro dos EstadosUnidos de forma mais intensa fez o mercado de ações brasileiro acumularquedade5,4%em marçoe, segundoanalistas, deve continuar norteando a estratégia deinvestidores durante o mês de abril.

"O desempenho da bolsa este mês vaidepender muito do rumo do juro americano. Acho que a bolsa melhora, mas vai depender de dados econômicosexternos", afirmou odiretor daNovação Distribuidora, Carlos Alberto Ribeiro.

Nasegunda quinzenade março, o Federal Reserve (FED,o bancocentralamericano) mostrou preocupação com pressões inflacionárias e abalou os mercados emtodoo mundo."Diria quea inflação americana é hoje amaior preocupação domercado", disseogestor da Fides Asset Management, Gustavo Harckbart. O temor doFEDaumentou aaversão arisco eprovocou saída de investidores estrangeiros da bolsa, que havia registradosuperávit de R$ 3,7 bilhões em fevereiro. O saldo derecursos externos, que estava positivo em R$ 827,84 milhões em março, até o último dia18, caiupara R$286,7milhões até o dia 29. (Reuters)

Em dia movimentado, bolsa sobe 0,5%

No mercado de câmbio, dólar comercial fechou em alta pelo quinto dia consecutivo, valendo R$ 2,669 na ponta de venda

ABolsa de Valores deSão Paulo (Bovespa) teve um diamovimentado ontem. Operou emalta no períododamanhã acompanhando a evolução dos mercados em Nova York,logoapós adivulgação do indicador depreços para gastos pessoais com consumonos Estados Unidos. Depois do horário do almoço o mercado inverteu o sinal e entrou em terreno negativo com o aumento dos preços do petróleo. Mas na última hora do pregão, a bolsa paulista se recuperou eacabouencerrandoo dia com ganhos.

O Ibovespa, principal indicador da bolsa, fechou em alta de 0,53%, com 26.610 pontos.Comesseresultado, a bolsa encerrou março acumulando baixa de 5,43%.

O volume financeiro total somou R$5,292 bilhões.Do total, no entanto,R$3,715 bilhõesreferiram-seàoferta pública da AmBev realizadana terça-feira.Adiferença ficou em R$ 1,576 bilhão.

A Bovespa chegou a subir 1,13% (a 26.767 pontos) no período da manhã. Refletiu aaltadasbolsas americanas. Depois doalmoço, o Ibovespa entrou em terreno negativo e chegou a cair 0,80% (para 26.258 pontos).

Operadores atribuíram a mudançadecomportamento à alta dos preços do petróleo no período da tarde. As cotações do óleo respondiam a um relatório do banco GoldmanSachs,segundo o qual o petróleo teria entrado no primeiro estágio deumperíodode "superdisparada". As altas do produto preocupam os analistas brasileiros porquepodem provocar repasse dos aumentos à gasolina, pressionando a inflação.

Instabilidade — "A Bovespa está meio barro, meio tijolo", brincouumoperador ao comentarque o mercado deações,nosúltimos dias está operando com giro reduzido e suscetívela movimentos mais intensos de compra ouvenda deações. Tanto é que, na última hora do pregão, o Ibovespa voltou ao terrenopositivo e assim ficou até o horário de fechamento dos negócios. A reação do mercado perto do encerramento do pre-

gãofoiatribuída aocomportamento positivo das ações que mais mexem com o Ibovespa. Foramos casos deCompanhia Valedo Rio Doce, que fechou em alta de 2,77% (ordinárias) e de 2,28% (preferenciais série A), Petrobras PN (1,73%) e Telemar ON (1,32%).

As maiores altas doIbovespa foram Tractebel ON (4,17%), Klabin PN(3,03%) e BB ON (2,81%) e as maiores baixas,Eletrobras PNB (4,34%),Telemig Participa-

ções PN (3,52%)e Eletrobras ON (2,95%).

Dólar sobe — Pelo quinto dia útil consecutivo, o dólar fechou em queda ontem, de 0,30% (a R$2,669 para venda). Desdequarta-feirada semana passada, quando encerrou a R$ 2,75, a moeda americana nomercado a vista caiu 2,98%. Em conseqüência, o dólar reduziu a altacontabilizadanestemês (leia mais sobre o balanço dos investimentos financeiros em março na página 16) O interesse dos investidores no enfraquecimento da ptax dehoje(taxa média ponderada docomercial, calculada peloBanco Central) continuou prevalecendo, tanto queo dólar ficou em baixa a maior parte do dia.Essataxamédiaservirá, hoje,para aliquidação do dólar futuro de abril na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) etambém para os ajustesde umadívidacambial de US$50 milhões que não foi renovada pelo BC. Um analista chamou atençãoparaa redução da queda do dólar no fechamento. Segundoo profissional,isso aconteceu por causa da expectativa dos investidorescomo relatório de empregodosEstados Unidos, que deve ser divulgado hoje. (AE)

No centro de todas as coisas reside o Sol, escreveu Nicolau Copérnico, no seu "De revolutionibus orbium caelestium". A condição da Terra (e a do homem), vertiginosamente rebaixada por Copérnico e o heliocentrismo, não agradava a Igreja. Na imagem ao lado, desenho do sistema de Copérnico, de 1660. Tese foi defendida com rigor por Galileu Galilei.

João Paulo II foi um grande papa e isso é óbvio. Seus próprios inimigos o reconhecem e a simples enumeração das realizações de seu pontificadoo testemunham. Mas ele não foi apenas um grande papa.Foi tambémumdos mais misteriosos.

Obstinado e mesmo cabeçudo como uma mula, foi ao mesmo tempo capaz de evolução,derevisão eatémesmode contradições. Muitoso consideravam arcaico, obscurantistaemedieval.Nãosemmotivo, se atentarmospara osinterditos e as imprecações lançadas contraa contracepção e o aborto ou sua intransigente imposição docelibato dospadres. Ora,estranhamente, este mesmo homem se revelou furiosamente moderno, para não dizer modernista,em outros campos. Como por exemplo o da ciência.

Em 26 anos de encíclicas e de discursos, ele reverteu totalmentea posiçãoda Igrejanos campos fundamentais da ciência.Os dois casos de "revisionismo"papal maisimpressionantes, osmaisnecessários e perigosos são os de Copérnico e Galileu, por uma parte, e o de Darwin, por outra.

Descobertas - Cumpre analisar em conjunto os "arrependimentos" manifestados por João Paulo II emrelação a Copérnico e Galileu. Nicolau Copérnico,polonêscomo João Paulo II(1473-1543),lançou por terra ateoriauniversalmenteaceita dogregoPtolomeu, que colocava a Terra no centro do cosmos e fazia do Sol um astroagirar emtorno da Terra. AIgreja naturalmente acomodou-se à teoriade Ptolomeuque garantiaque aTerra,criada porDeus ehabitada pelo homem, era ocentro e o motor dos mundos.Maso cônego Copérnico fezcálculos, observações e obteve conclusões devastadoras: o centroéoSol.ATerra,comoos outros planetas,gira emtorno dele. A condição da Terra (e conseqüentementea dohomem) évertiginosamenterebaixada por Copérnico e o heliocentrismo. AIgrejaficou insatisfeita porquesuateorianãoeracompatívelcom aBíblia. EsseCopérnico era um tipo "politicamente incorreto" (ou "teologicamenteincorreto"): como, por exemplo, Josué teria se arranjadoparadeter ocursodo Sol, segundo diz a Bíblia, se Copérnico estivesse certo? O papado refletiu enormemente. Finalmente,depois de setenta anos, o golpe de cutelo: a obra deCopérnicoécolocadanoíndexdos livrosproibidos.Para o Vaticano,é o Sol quese obstina em girar em torno da Terra,e nãoocontrário.Mas,a

Moderno, reverteu a posição da Igreja sobre Galileu

bem daverdade,a atitudedo Vaticano daquela época não era inteiramente estranha. O papanão eraoúnico cristãoa ficar indignado com o cônego polonês:Lutero, opai doProtestantismo, foi ainda mais furibundo. Tratou Copérnico como louco.

O mesmo papa que combateu de forma acirrada a contracepção e o aborto e foi intransigente na imposição do celibato dos padres é o homem que se revelou furiosamente moderno em relação à ciência. Uma das providências foi reabilitar o considerado herege Galileu Galilei, vítima da Inquisição ao defender as teses heliocêntricas de Copérnico

Copérnico, Galileu, Darwin: absolvição considerada uma "revolução teológica".

Luta para reconciliar fé e ciência

Com a encíclicaFides et Ratio,opapa João PauloIIatacou uma questão quefoi objetode controvérsias apaixonadas na IdadeMédia (com SantoAgostinho, Abelardo e sobretudo Santo Tomás), mas que pouco apoucofoise apagando,depoisque omundo entrou na eracientífica, como advento da Renascença. Efetivamente,foi apartirdo Renascimentoque osdoisenfoques (fé e razão), que na Idade Média avançavam juntos, escolheram caminhos separados. A fé e a ciência romperam então as pontes. Fideísmo -O sonhode João PauloII erareconciliar afé ea ciência. O divórcio entre estas duasinstâncias, teve,segundo JoãoPauloII, conseqüências devastadoras: a fé sem a ciência resultounofideísmo", que permanece completamente surdo à realidade das coisas.

E, ao inverso, a ciência sem a fé resultouno "positivismo" e no "cientificismo", no "humanismo ateu"e emtodas aspestesque João Paulo II jamais deixou de denunciar (o que lhe valeusuareputaçãode"obscurantismo"). Portanto, João Paulo II quis empurrar a Igreja e a teologia a restabelecerem a comunicação permanenteentre a fé e a ciência.

Em 26 anos de encíclicas e de discursos, ele reverteu a visão da Igreja em campos fundamentais da ciência

Heresia - Não era essa, porém, aopiniãodeoutro cientistagrandioso,GalileuGalilei, nascido em Pisa em 1564 e que setornara partidário deCopérnicoaos30anos.Demaneira intrépida e corajosa, Galileu publicou em 1633 sua obra: "Diálogo sobreos Dois Grandes Sistemas do Mundo", no qual defende Copérnico em tom vivo, sério e impertinente. Pela segundavez, oSanto Ofício seencoleriza.Em 1633,a obradesse sábio pisano foi colocada no Index. Galileu, acusado de heresia, foi encarcerado no Quirinal.Pobrevelhosábio!Elebem sabe que a próxima etapa podiaseruma fogueira.Porisso, nessemesmoano de1633,abjuraseusescritos, muitoembora o papa Urbano VIII tenha tido a gentileza de comutar sua pena de prisão pelo exílio. Osséculos passam(nocaso daIgreja, nãosedeve dizer"as horas passam", mas sim "os séculos passam"). OVaticano é impassível e, tanto pior, pois todos os sábios etodos os homens seguem Galileu e não Ptolomeu. Entretando, em 1965, o documento do Concílio VaticanoII Gaudiumet Spes (sobrea IgrejanoMundo) dá a entender que talvez as coisas tenham mudado... MaséJoão Pauloquemcomete ogesto heróicoe sacrílego: nodia31 de outubrode

Papa navega na Internet. O Vaticano entra na era da informática e a cosmologia dos cientistas não se opõe mais à dos padres. Tarefa difícil é na área da biologia, para conciliar a posição da Igreja às teorias de Darwin.

1992, na sala real do Palácio do Vaticano,reabilitaoficialmente Galileu. Melhor ainda: reconhecequeGalileu foiumbom cristão e que sua teoria era justa. Arrependimento. Foram precisos 359 anos. Evolução - Este é o primeiro golpe espetacular de João Paulo II: de agora em diante, a cosmologiadoscientistas nãose opõe à dospadres. Mas continua havendoum segundo campo ondea tarefade retirar as minas talvez seja ainda mais delicada: a biologia e,em primeiro lugar, ateoria da evolução de Charles Darwin. Em 1859, o biólogo inglês publicou "Sobre aOrigem das Espéciespor ViadaSeleção Natural". Darwinexplica que toda aNatureza, inclusive o "ser vivo",e, portanto ohomem, é fruto de uma evolução damatériaque seestendepor milhões de anos. O homem nãofoicriadoporDeusinstantaneamente,foilentamentesecretado pela Natureza, passando daameba aorato eao macaco, depoisao serhumano. A teoria darwiniana, hoje confirmada pelagenética,constitui,

desde o século 19, um desafio terrível para a filosofia, a ciência e a religião. Também neste ponto a Igreja caminha a marcha a ré... Detestaa novidade.Ao longodo século, ignora ou despreza as duasteorias evolucionistas, a deLamarck e sobretudo ade Darwin.É preciso ouvir Pio XII para notar um princípio de reabilitação, em suaencíclica Humani Generis (1950), mas é João Paulo II, uma vezmais, que seatreve adar opassoà frente e reconhecer, diante da Pontifícia Academia de Ciências, em 1996, que os princípios de Charles Darwinsão "mais do que uma hipótese". João Paulo II libertou portantoa teologiade duasatitudes estúpidas que, com o tempoeo avançodaciência,raiavam ao grotesco (como são grotescosesses texanos,que ensinam sempre em suas escolas que o homem não descende do macaco!).

Bíblia - Nãose podesubestimar avirtudede João Paulo II: efetivamente, a teoriade Darwin,maisaindadoqueade Copérnico, arruina o " aspecto

literal" da Bíblia, obriga a aceitarque aBíbliadeve ser"lida", não de "maneiraliteral", mas "figurada", simbólica (esta "leitura" éna verdadeuma extraordinária revolução teológica,cujos efeitosainda não avaliamos totalmente).

Destaforma, JoãoPaulo II reconhece aevidência: oaparecimento do homem não tem nenhuma relação com a história doGênese naBíblia. Faz parte de uma imensa aventura cósmica. Elaacaba como "pecado original", pois não houve um Adão desobediente a Deus nojardimdo Édenparaagradar a Eva e arrebatar o fruto do conhecimento,oqueexcluiipso facto o"pecado original", a punição imposta por Deus aos homens ("trabalharás...",etc.) e que tornao mal – já incompreensível na visão cristã tradicional – ainda mais escand aloso, mais espantoso, mais injusto.

Não édifícil avaliar a amplidãoda revolução realizada pelopapa (umarevolução tãoambiciosa quantoa "revoluçãocopernicana" ouade Darwin).

Confessemos que,mesmo neste ponto, não lhe faltou brilho. De fato, o avanço das ciências"duras"ou "humanas" maltrata violentamente as verdades eternas da Bíblia.

Psicanálise - Paracitarapenas um exemplo: o que resta da responsabilidade pessoal do homemdiantede Deus,oude sua "liberdade", depois que a psicanálise demonstrou que somos manipulados por um inconscientesobre oqualnão temosomenor domínio, etc etc. (Os psicanalistas, freqüentemente talentosos, trabalham muitoparadefinirestadolorosa questão).

Heroísmo -Estatentativade reconciliaçãoentrea féearazão foi talvez a principal contribuiçãodopapaJoãoPauloII àIgreja. Elemanifestounestes camposum heroísmo, uma liberdadede pensamento, um modernismo e uma inteligência queapareceram sempre com omesmo brilho em outros campos de seu ministério.

Reprodução/Arquivo

Masissonãobastoupara João Paulo II. Na realidade, eleprocurou esclarecer estas duas retificações científicas dentro de uma nova visão globalizante das relaçõesentre a ciência e a fé.

Fides et Ratio - O papa deua conhecerestanova filosofia, que condensa e coroatodas asretificações aportadasemvinte anospelapublicaçãodesuaencíclica mais arriscada:Fides et Ratio, lançada emfins do ano de 1998.

Ptolomeu mede a distância entre os corpos celestes, em imagem do século XVI

Massimo Sambucetti/AP/AE

Governo recua e vai aprovar só a correção da tabela do IR

Nova medida provisória assinada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva revoga os demais artigos da MP 232

Ogoverno recuou e decidiu ontem aprovar apenas a parte da Medida Provisória 232 que corrige em 10% atabela do Imposto deRenda da Pessoa Física (IRPP),sem a contrapartida imediatade aumentodeimpostos paraarcar como reajuste. Opresidente LuizInácio Lula da Silva assinou ontem umanovamedida provisóriarevogando osartigos da MP 232 que aumentam impostos para os prestadores de serviço e mudam a tributação de outros setores da economia,como odeagricultura e de transportes.

Comessa decisão,nãoentrará mais em vigoro aumento de 32%para 40% da basedecálculodaContribuição Socialsobre oLucroLíquido (CSLL) e do Imposto de Rendaparaos prestadores de serviço que declaram pelolucropresumido."Claro que éum recuodo governo. Mas não existe derrota. O que existe é compreensão. Háumanoção do governo deatenderaosanseiosdapopulação",afirmouo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Em sua avaliação,o governoagiu com"bom senso"aodesistir daparte impopulardaMP 232."Foiumpasso muito acertado daPresidênciaem mostrar que estava errada."

Com adecisão derevogar a parte impopulardaMP 232, o Palácio do Planalto está confiante deque esvaziaráodiscursodospartidosde oposição. Desde o início, os oposicionistas foram favoráveissomenteàcorreçãoda tabeladoIR, elutaram na Câmara ao longo da semana para aprovaraproposta, sem a parte do aumento de impostos para os prestadores de serviço. "Não íamos dar discurso para a oposição de que foi ela a responsável pela correçãodatabelado Imposto de Renda", resumiu o líder do governona Câmara, Arlindo Chinaglia

(PT-SP), ao anunciarno Ministério da Fazenda a decisão de aprovar apenas a correção databela doIR. "Agora a base aliada vai comandar a votação e a oposição terá de votarcom a gente. Caberáà oposição votar com o governo."

Bandeira- A preocupação dos líderesaliados foi evitarquea bandeirada correçãodatabela doIR ficasse nas mãos dos partidos de oposição.Por isso,durantedois dias consecutivos,os governistasobstruíram a sessão da Câmara que iriavotarorequerimentodo PFL e do PSDB de desmembramento da MP 232. Com o apoio departe dabase aliada,a oposição pretendia aprovar somente a correção do IR."O governosimplesmentenão quispassarrecibode queaposição daoposição era correta e optou por umasaída emque saiuperdendo menos", disse o vicelíder doPFL, deputado Pauderney Avelino (AM).

Alémde revogar os artigosdaMP232quetratamdo aumento de impostos, a medidaprovisóriaassinadaontem pelopresidente também terá um artigo que vai permitir aoscontribuintes com ações inferiores ao valor de R$ 50 mil, e citados pelaReceita Federalnoperíodode 1º de janeiroa 31de março deste ano,interpor recursovoluntário aosConselhos de Contribuintes. A MP 232impedia que as ações inferiores a R$ 50 mil fossem contestadas.

Chinaglia: "Não íamos dar discurso para a oposição de que foi ela a responsável pela correção da tabela."

Nas páginas do Financial Times, a necessidade de corte nos gastos

Aderrota que o governo do presidente Luiz

O governopretende aprovarna semana que vem, no plenário daCâmara, a MP 232, com a correção da tabela doIR.Até lá,oslíderesaliados vão negociar e discutir com suas bancadaso projeto de leique seráenviado ao Congresso com medidasde combate à sonegação e elisão fiscal,queservirãoparacompensar empartea quedade arrecadação com a mudança no Imposto de Renda. (AE)

Inácio Lula da Silva sofreu ao desistir da MP 232 foi o destaque da edição de ontem do "Financial Times". De acordo com o jornal britânico, a derrota reflete o "crescente descontentamento com os impostos que dispararam para financiar um setor público inchado, considerado ineficaz".

Nas últimas semanas, lembro ou "FT", ocorreram-

marchas de protesto e lobbies juntoacongressistas contra a proposta de lei. A queixa da classeempresarialé quenovosaumentos de impostosvão "sufocaro crescimento econômico e desgastar acompetitividade internacional do Brasil".

"Acargafiscal doBrasiljá aumentouparacercade37% do PIB, uma das mais altas entre os países em desenvolvimento", disse o diário.

Fortalecidos pela derrota da MP,grupos deempresas e direitos do consumidor

podem agora"forçar o governo a enxugara máquina públicaecortargastos de maneira mais agressiva".

Já sem a liderança na Câmara dos Deputados e sem a reforma ministerial que iria ajudar a consolidara "frágil" maioriaque ogovernotem noCongresso, o "FT"disse ainda que a falta de poder de fogo do Executivo pode aindacomprometer a aprovaçãodeoutros doisprojetos caros à administração Lula: a autonomia parao BCe areforma sindical. (Agências)

Nova tributação para agricultura e setor de serviços

O ministro interino da Fazenda, Bernard Appy, anunciou ontem que um projeto de lei definirá a nova tributação para as empresas prestadoras de serviços e do setor agrícola e confirmou que o governo desistiu de aumentar a carga para o setor de serviços e profissionais liberais. O anúncio foi feito na companhia do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), depois de uma reunião de mais de quatro horas.

Os setores que terão modificação no pagamento de impostos – agricultura e serviços prestados entre empresas – foram também beneficiados com a mudança da MP 232.

O texto do projeto de lei, que será divulgado até segunda-feira, definirá que as transações com empresas prestadoras de serviços – transporte rodoviário de carga, médicos, engenheiros e publicidade e propaganda – passam a recolher na fonte uma alíquota de 1,5% de PIS-Cofins e CSLL.

O setor agrícola também teve a carga abrandada: o produtor passa a reter na fonte 1,5% do Imposto de Renda que incidirá somente na parcela que exceder R$ 17.460. As empresas que tiverem ganho acima de R$ 5 mil passam a recolher 1,5%. Antes, a parcela de isenção era de R$ 667,00. Appy disse que, se as medidas não garantirem uma receita suficiente para cobrir os R$ 2,5 bilhões que o governo deixará de arrecadar com a correção da tabela do IR, o governo lançará mão de cortes no Orçamento. Ele reconheceu, no entanto, que, se o inverso ocorrer –se confirmar a tendência de crescimento da economia e aumento na arrecadação –, o governo poderá adotar medidas de desoneração para outros setores.

O Ministério da Fazenda não desistiu de, no futuro, aumentar os impostos para o setor de serviços e profissionais liberais. O projeto inclui duas novidades: taxação de IR (15%) de todos os resgates em previdência complementar e um pacote de estímulo às empresas prestadoras de serviço de tecnologia da informação voltadas para a exportação. (AE)

Lula Marques/Folha Imagem

João Paulo II recebe a extrema-unção

É o que diz a imprensa italiana. Vaticano apenas confirma que a saúde do pontífice se agravou na noite de ontem em virtude de uma infecção urinária.

Asaúde dopapa

João Paulo II piorou nanoite de ontem. Segundoinformações damídia italiana, não confirmadas peloVaticano,eleteria recebido a extrema-unção. Opapa estavacom febre muito alta e pressão baixa em virtude de uma infecção urinária, de acordo como porta-voz do Vaticano Joaquín Navarro-Valls. Apesar do agravamento do quadro, João Paulo II não voltou a ser internado no hospital Gemelli e estava reagindo bem aos medicamentos ministrados via sonda nasal, informou a Rádio Vaticano. Opontífice cujomaiorlegado,segundo historiadores, foi o papel na queda do comunismo na Europa orientalem1989, líderdos 1,1bilhão de católicos romanos eamplamenteconhecido como "o grande comunicador", porsuas viagens pelo mundo - está receb endo"uma terapia adequada de antibióticos", de acordocomo Vaticano. "Porenquanto, elenãoserá internado na Policlínica Gemelli'", disse o médico RodolfoProietti,chefedaequi-

ADEUS, TERRI

Morte chega depois de 13 dias sem o tubo de alimentação

Terri Schiavo, a mulher que depois de 15 anos em estado vegetativo provocou uma acirrada polêmica entre os três poderes norteamericanos e dividiu a população, morreu ontem, 13 dias depois da remoção do tubo que a alimentava. Em meio ao mesmo frenesi midiático e às manifestações de pesar que marca-

pe que atendeopapa no hospital católico de Roma. O papa já havia recebido a extrema-unção quando sofreuumatentado àbalaem 1981. O sacramento não significaqueo pacienteestá morrendoe simque suasituação de saúde é grave. A piora de João Paulo II levou

ram os últimos dias de sua vida, o corpo de Schiavo, de 41 anos, foi levado sob forte vigilância policial da clínica em que estava para o Instituto Médico Legal, onde foi submetido a autópsia, à pedido do marido de Terri. Schiavo morreu às 9h05 horas (10h05 em Brasília), depois de a Suprema Corte rejeitar mais um pedido dos pais dela, Bob e Mary Schindler, para que o tubo fosse religado. Em 1990,

O sacramento não significa que o paciente está morrendo e sim que sua situação de saúde é grave

milhares de fiéis ao Vaticano,que rezaram odia todo por sua recuperação. O papasofre de mal de Parkinson etevecomplicações respiratórias no mês passado.Nodia 24defevereiro foi internadoe acabou sendo submetido a uma traqueostomia, cirurgia que

um ataque cardíaco privou o cérebro de Terri de oxigênio, deixando-a naquilo que os tribunais definiam como "estado vegetativo persistente". Em várias ocasiões, a Justiça acatou os pedidos do marido dela, Michael Schiavo, para desligar a sonda de alimentação, sob o argumento de que, antes da doença, ela teria dito que não gostaria de ser mantida viva artificialmente nessa situação. (AE)

facilitaa respiraçãopor meiode umtubocolocado na altura na traquéia. Em 13 demarço, tevealtadohospital. No domingo de Páscoa,aTV mostroucenasde dor,quando eletentavadar sua tradicionalbençãodo angelus.Não conseguiu pronunciar uma palavra. Antes do procedimento, o Vaticano havia informado que opapa nãoestava conseguindo se alimentar. Desde então, segundo uma fonte doVaticano,teriaperdido 19 kg. "Foi por isso que decidiram colocar na quarta-feiraa sondanasogástrica". Segundoa fonte, que pediu paranão seridentificada, os meiosde imprensa oficial já teriam recebido recomendações para evitar mostrá-loem primeiroplano, tanto em fotos quanto em imagens televisivas. Uma equipe de quatro enfermeiros, chamado de "veladores", atendempermanentementeo papae têm a obrigação deinformaraos médicos eao secretárioprivado de João Paulo II, monsenhor Stanislaw Dziwisz, sobrequalquer variaçãoou mudançaem seuestadode saúde. (AE)

Biógrafo descarta possibilidade de renúncia do papa

O biógrafo do papa, Vittorio Messori, acredita que ele não vá renunciar, apesar de seu estado de saúde cada vez mais crítico. A declaração do autor do livro Cruzando o Limiar da Esperança, que vendeu milhões de exemplares em todo o mundo, foram publicadas pelo jornal italiano Corriere della Sera. "Devo confessar. Ao ver que a situação parecia piorar de forma tão evidente, me perguntei se João Paulo II poderia considerar uma mudança de decisão", disse o escritor. Ele concluiu, no entanto, que isso não ocorreria. "Aconteça o que acontecer, qualquer que seja a evolução de suas doenças, a Igreja não registrará a renúncia de outro papa em seus anais". O italiano Celestino V, que era

monge, foi eleito papa em 1294 e renunciou cinco meses depois. Voltou ao mosteiro e morreu em 1296. Foi o único caso de renúncia na história do Vaticano. O cardeal italiano Ersilio Tonini disse que o papa mantém sua capacidade de "compreensão e avaliação". Ele classificou como uma "inoportuna e equivocada" qualquer hipótese sobre a perda de poder de João Paulo II. "Neste momento, ele mantém sua capacidade de compreensão e avaliação, sua sensibilidade, todas as suas aptidões". Segundo ele, afirmar que o papa tenha perdido sua capacidade de estar à frente da Igreja é "não conhecê-lo em profundidade". Sobre o sofrimento demonstrado em suas últimas aparições públicas, o cardeal disse: "com sua imagem, ele mostra como, mesmo na fragilidade humana, a força de Cristo permanece".

Príncipe Albert assume regência do trono de Mônaco

Enquantoo pai,Rainier III, lutacontraamortepor estar com problemas respiratórios,renais ecardíacos, seu filho, opríncipe Albert, assume ospoderesdemonarca de Mônaco, informou em nota oficial oConselho da Coroa doPrincipado de Mônaco. "O príncipe RainierIII,de81anos,estáincapaz de desempenhar as funçõesda realeza",mas"uma vezrecuperado reassumirá".Albert, 47anos,é oúnico filhode Rainiere desua falecida mulher, a atriz americana Grace Kelly. O principado de Mônaco é governadopelafamília Grimaldi há sete séculos.

A piora do estado de saúde do papa João Paulo II levou milhares de fiéis à praça São Pedro, no Vaticano: velas, orações, promessas e vigília por sua recuperação
Michael Schiavo, marido de Terri
Max Rossi/ReutersTony Gentile/Reuters

O mundo lamenta a morte do bastião da paz

Do Brasil às Filipinas, da África do Sul à Alemanha e, acima de tudo,nasua Polônianatal,católicos e não-católicos rezaram, chorarame seabraçaram em sinal de dor. Os principais líderes mundiais expressaram emoção e tristeza pela perda de João Paulo II, promotor da paz edareconciliação, reconhecidodeforma unânimeporsua coragem e determinação.

Um dos primeiros a reagir à mortedo pontíficefoi opresidente americano GeorgeW. Bush,que destacou seupapel na luta contra o comunismo. "A Igrejacatólica perdeuseu pastor e omundoperdeuum defensor da liberdade". MikhailGorbachev,líder soviéticoqueperdeu o controle do comunismo e convidou o Papa aMoscou,disse que ele era o "humanistanúmero um do planeta"."Não houve um únicoconflito nomundo que tenha escapado à sua atenção". O presidente russo,Vladimir Putin, prestou homenagem a "uma personalidade excepcional do nosso tempo".

Os sinostambém dobraram naIgrejada Natividade,em Belém, localtradicional do nascimentode Jesus.O presidente palestino, Mahmoud Abbas,descreveu JoãoPaulo como "umagrande figurareligiosa que devotou sua vida a defender valoresde paz,liberdade, justiça e igualdade de todas as raças e religiões, bem comoos direitosdo nosso povo pelaindependência".O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, chamou João Paulo de "amigo do povojudeu" e disse que omundo perdeu"um dos líderes mais importantes da nossa geração".

Líderes do mundo todo estão de luto pelo papa João Paulo II, considerado promotor da paz, da moral cristã e umas forças propulsoras na queda da Cortina de Ferro

Umaferida queopapanão conseguiu curar foia divisão com a Igreja Ortodoxa Russa, maso patriarcarusso,Alexiy II, reconheceu que sua "personalidadee seustrabalhose idéias tiveram um grande impactonocurso doseventos mundiais". Na Cuba comunista,FidelCastro permitiuque oscatólicos fizessemlutopelo homem queelogiaram porter confrontado o capitalismo neoliberal. AChina,quenão permite que seus católicos reconheçam a autoridade do Vaticano,manifestou condolências,masnãoescondeusuasdiferenças políticas.

O primeiro-ministro britânico,TonyBlair, que deveria dissolver oparlamento nesta segunda-feriapara uma eleição geral,suspendeuosserviços emmemória doPapa. "Mesmosevocênão tivernenhumafé religiosa, oqueas pessoas podiamverno papa João Pauloera umhomem de verdadeeprofundafé espiritual," disse Blair. O Dalai Lama, líder espiritual budistadoTibete, disse que compartilhava com o Papa não somentesuas lutascontra ogovernocomunistaeodesejo por harmoniaentreasreligiões, mas tambéma preocupação decolocar osvalores espirituais à frente dos materiais. Houve também quem tenha lembradoa dura defesa que o papafazia da ortodoxia. Leonardo Boff,brasileiro líderda teologiada libertação,forçado a deixar oclero depois deentrar em conflito com o Vaticano , disse que "para fora, ele era abertoeprogressista.Masdentro, ele era muito rígido, muito conservador,e paraalgumas doutrinas, muito estrito".

Comitiva brasileira terá Lula e Severino Cavalcanti

O presidenteLuiz Inácio Lula da Silvaconfirmouà Embaixada do Brasil na Santa Sé que irá a Roma com aprimeira-dama, Marisa Letícia, participar das solenidades do sepultamento do Papa João Paulo II. A embaixadora Vera Barroim Machado informou que o presidente virá acompanhado dos presidentes do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL),da Câmara dosDeputados, SeverinoCavalcanti (PP-PE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim. Deverãointegrar acomitivatambém oministrodas

Relações Exteriores, Celso Amorim epelo menosmais um ministro,quepodeser José Dirceu(CasaCivil)ou Antônio Palocci (Fazenda). A data do embarque dependeda confirmaçãodo diae horário do sepultamento. Quantoao fato decardeais brasileiros estarem na lista de possíveis nomes para o papado, a embaixadora disse: "Nãosei seestou preparada. Certamente seria uma coisa extraordinária". Elacomentou queessadiscussãoainda é prematura. "São117 cardeais,delinhas diferentes, origensdiversas, do mundo inteiro".

SÃO PAULO No Santuáriodo TerçoBizantino, emInterlagos, zona sulde SãoPaulo, fiéisassistem missa celebrada pelo padre Marcelo Rossi e o bispo de Santo Amaro, Fernando Figueiredo
VATICANO
O primeiro-ministroitaliano, SilvioBerlusconi, cobreo rostoemocionado durantea solenidadepresidida pelo cardeal italiano, Angelo Sodano, pela alma do Papa João Paulo II, na Praça de São Pedro
Alessandro Bianchi/Reuters
De cima para baixo: George W.Bush, presidente dos EUA; o ex-presidente soviético Mikail Gorbachev; o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon e o líder do Tibete, Dalai-Lama

Na festa dos libaneses, aplausos à decisão

Guilherme Afif Domingos diz ao presidente Lula que o governo foi ao encontro dos anseios da sociedade ao desistir da MP 232

Opresidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, disse pessoalmente ao presidente Luiz InácioLula da Silva que o governo foiao encontrodos anseiosdasociedade ao desistirda MP 232 e decidir manter apenas a correção databela do Imposto de Renda daPessoa Física (IRPF).

A conversa entre Lula e Afifocorreu ontemànoite, em São Paulo, durante a cerimônia de comemoração dos 125 anos da imigração libanesa no Brasil, com a presença de ministros, políticos, dos governadores deGoiás, Marconi Perilo,da Bahia, Paulo Souto,do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, de São Paulo, Geraldo Alckminedoprefeito José Serra, além doconsul geral do Líbano em São Paulo, Joseph Sayad, representando o presidente do Líbano, Emile Lahoud.

ministro RaafikHariri,assassinado recentemente, a quem, emocionadamente, chamou de "companheiro" "Todos sabem o que ele poderia representarnoprocesso de democratização do Oriente Médio",destacou Lula que criticou "todos os radicalismos intolerantes, aviolência eosextremismos."

Todos sabem o que ele (Hariri) poderia representar no processo de democratização do Oriente Médio.

Opresidente Luladestacou otalento dopovo libanêsparao exercíciodademocracia, da tolerância e dapaz,sem esquecer seu forte espírito empreendedor. Enfatizou que Brasil eLíbano "nunca estiveramtão perto" e que ele foi o único chefede estado brasileiro avisitaro Líbano "desde Dom Pedro".

Presidente Luiz

Inácio Lula da Silva

Os principaisoradores da noitenão falaramde assuntos domésticos políticos, econômicos ou sociais. Lula(PT), Alckmin(PSDB) e Serra(PSDB) destacaram a influência dos libaneses na construção da nossa sociedade plural ederam ênfase ao esforço que o Líbano atual vem fazendo para restabelecer suaindependência política no mundo árabe e se refazer dos danos de décadas de guerra.

Lula elogiou o espírito humanista do primeiro-

O governador Geraldo Alckmin definiu o povolibanês como "a marca da coragem" e lembrou as inúmeras contribuiçõespara São Paulo,entreelas,oexemplo de dedicação na construção doHospitalSírio Libanês, "um centro de excelência de ensino e pesquisa".

O prefeito José Serra disse que São Paulo tem muito a aprender com Beirute e acrescentou: "Ela serve de bomexemplo,especialmente paraanossa regiãocentral,pois representa umesforçonotável de reconstrução de seu patrimônio histórico."O consuldo Líbano, Joseph Sayadfalouda "dedicação e lealdade inegociáveldos migrantesaoBrasil" eda"afeiçãoeamor"entreos dois povos. Sergio Leopoldo Rodrigues

Oposição e situação comemoram

A oposição se declarou vitoriosa e comemorou a decisão do governo de enviar ao Congresso uma nova medida provisória revogando o aumento de impostos para os prestadores de serviço previsto na MP 232, mantendo apenas a correção da tabela do Imposto de Renda em 10%.

O discurso de vitória foi usado também pelos partidos aliados afirmando que o governo reafirmou o compromisso de corrigir a tabela do IR. "O governo já foi derrotado nessa questão. A edição de uma medida provisória não era necessário, bastava aprovar apenas a correção da tabela do IR na MP 232. É querer ter uma vitória onde não existe", afirmou o líder do PFL na Câmara,

Rodrigo Maia (RJ). O líder ressaltou que o seu partido analisará com muito cuidado o projeto de lei que o governo pretende enviar para combater a sonegação fiscal. "O que tiver de aumento de carga, o PFL não negociará", afirmou Maia. A oposição avaliou que o governo não soube faturar as atitudes positivas da semana, como a não renovação do acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI), e se manteve no tema em que já foi derrotado: o aumento de impostos. "O governo começou a semana como anti-imperialista e terminou com a vitória da oposição", disse o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). (AE)

Frente continuará articulada e de olho na carga tributária

AFrente Brasileira contra a MP 232 comemora o final feliz da novela do tsunami tributário e anuncia uma nova fase do movimento que reuniu mais de 1.500 entidades para derrubar a medida. "O poder teve que ceder o que a sociedade queria. A vitória não foi nem do governo, nem da oposição, mas da sociedade", afirmou Guilherme Afif Domingos, presidente da Associação

Comercial de São Paulo (ACSP), um dos líderes da mobilização. De acordo com Afif, agora começa a segunda etapa. "Vamos ver o que eles vão apresentar porque estamos preparados para discutir", disse, referindo-se ao projeto de lei que o governo prometeu enviar à Câmara, depois de desistir da MP 232. O presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Luiz Flávio Bordes D' Urso, informou ontem que os líderes da Frente vão se reunir na próxima quarta-feira para traçar estratégias para a aprovação da emenda constitucional que impede a edição de MPs em matéria tributária. "A Frente continua articulada", ressaltou. Ele lembrou que com a manutenção da correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF),

consolidam-se os valores em vigor desde o mês de janeiro.

De acordo com Antônio Marangon, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis no Estado de São Paulo (Sescon-SP), o movimento, que receberá outro nome, deverá ser permanente. "Vários assuntos deverão ser acompanhados de perto, como a redução da carga tributária, a ampliação dos prazos para pagamento de impostos, redução da burocracia, os gastos públicos e, sobretudo, o novo projeto de lei em gestação pelo governo", adiantou. Ele informou, ainda, que os integrantes da Frente estão dispostos a colaborar com o governo para que estas coisas aconteçam.

O presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nese, comemorou a

derrubada da MP 232, mas diz que o ideal seria o governo, já na nova medida provisória, acrescentar dispositivo determinando que alterações tributárias futuras serão tratadas em projeto de lei. "Seria uma forma de demonstrar auto-controle do governo no que diz respeito ao aumento de carga tributária", disse. "A desistência do governo em levar adiante a MP 232 é uma vitória da sociedade e um marco histórico na relação fiscocontribuinte", afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), Gilberto Luiz do Amaral. O tributarista criticou, entretanto, a decisão do governo de inserir no projeto de lei artigo instituindo a súmula vinculante nos Conselhos de Contribuintes. "É inconstitucional, pois

uma lei ordinária não tem competência para alterar dispositivo da Carta Magna", explicou. Amaral afirmou também que os princípios basilares do processo administrativo são os mesmos do processo judicial, como a ampla defesa, o contraditório e o duplo grau de jurisdição. "É necessária uma emenda constitucional nos moldes da reforma do Judiciário." Para o presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS), José Carlos Abrahão, o espírito agora é o de que qualquer alteração de carga tributária seja discutida no Congresso Nacional. "Esperamos que o governo tenha conseguido assimilar que a sociedade não suporta mais a carga tributária do País." Laura Ignacio/Sílvia Pimentel

No Clube Monte Líbano, autoridades do Brasil e do Líbano comemoraram os 125 anos da imigração libanesa
Nese: alterações tributárias só por projeto de leiMarangon: Frente terá em breve outro nome Arquivo
Luludi/Agência LuzRicardo Stuckert/Presidência da República

O papa reza na Basílica de St. Louis, Estados Unidos, em janeiro de 1999. Originário de uma Polônia monoliticamente católica, apesar de governada por comunistas, o exarcebispo de Cracóvia logo descobriu que não seria nada fácil pastorear seu rebanho, conduzido no pobre Terceiro Mundo sob idéias progressistas. Ao lado, medalha de Madre Paulina, canonizada pelo papa na manhã de 19 de maio de 2002.

482 santos, como Madre

Paulina

Nenhum papa fez tantossantos como João Paulo II na história da Igreja. Durante os 26 anos de seu pontificado, ele canonizou 482e beatificou1.338pessoas detodos oscontinentes,entre os quais Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus.

Embora tenha nascido na Itália,naaldeiadeVigoloVattaro, em Trento, então sob domínio da Áustria,ela évenerada como a primeira santa do Brasil.

Amabile Lúcia Visintainer, a futura SantaPaulina, emigrou com a família para Santa Cata-

rina em 1875, aos nove anos de idade. Foi ali, na região onde se localiza atualmenteNova Trento, que ela fundou a Congregação das Irmãzinhasda ImaculadaConceição, para cuidar dedoentes eda educação de crianças pobres. Oentão presidenteFernando Henrique Cardoso assistiu à cerimônia de canonização na Praça de São Pedro, no Vaticano, na manhã de 19 de maio de 2002. No dia seguinte, ele e sua comitiva tiveram uma audiência particular com João Paulo II. Cerca de 2.500 brasileiros viajaram a Roma para assistir à cerimônia.

Frei Galvão -João Paulo II, que havia beatificado Madre Paulinaem Florianópolis, uma das escalas de sua segunda viagemao Brasil, em 1991, beatificou também Frei Antô-

Disciplinador, papa impôs rigor à evangelização

Oeixo daIgrejadeslocou-se doNorte para oSul nosúltimos30 anos. AEuropa,queconcentravametade dos católicos no fimdo Concílio VaticanoII, viu essa participaçãocair para 23% na viradado século, enquanto a América Latina saltava de30% paracerca de45%. Na África, a porcentagem de católicos maisdo quedobrou, passandode 5%para 12%.De acordocom dadosestatísticos daSantaSé,os paísesdo Terceiro Mundo abrigam atualmente62%– pertode636milhões – do total de 1,026 bilhão de cristãos que vivem sob a autoridade de Roma. Foi em meio a essa reviravoltaqueJoão PauloIIassumiuo trono de Pedro em outubro de 1978. Vindo de uma Polônia monoliticamente católica, apesardeser governadapor umregimecomunista,oex-arcebispode Cracóvialogodes-

Conservador quando o assunto era doutrina, papa teve de enfrentar a resistência daqueles religiosos ligados à Teologia da Libertação, que acreditavam que a Igreja devia se colocar a serviço dos desprotegidos. Segundo ele, a opção pelos pobres não deveria ser discriminatória nem excludente. Com textos da Agência Estado/DC

cobriu quenão seriafácil pastorear orebanho. Não erasó a geografia que mudava com a expansão do catolicismo. Na esteira da revolução iniciada por João XXIII e continuada por Paulo VI, novos ventos sopravam nas regiões mais pobres do planeta. Ao desembarcarno México paraabrir a3ª Conferênciado Episcopado Latino-Americano,realizadaemPuebla,emjaneirode1979,JoãoPauloIIdeparou-secom umarealidade bem diferente daquela do continente europeu. Os participantesda reuniãoaplaudiram o papa com entusiasmo, mas não se curvaram,já nesse primeiro encontro, poucos meses após sua eleição, às diretrizes que eletraziaparaorientação dosdebates.Emvez devocações religiosas efamília, como queria o Vaticano, os bispos discutiram aopçãopreferencial pelospobres eos desafios

da nova sociedade no mundo moderno. Apenas o terceiro item proposto,a questão dos jovens, foi mantido em pauta. De estilo centralizador, João Paulo IIinterveio nosdebates para imporsuaorientação, mas nãotanto aponto demudar os rumos de Puebla. Sem condenara TeologiadaLibertação, advertiu que ela não podiainspirar-se no materialismonem utilizarinstrumentos marxistas para a defesa dos excluídos. A opçãopelos pobres, insistiu ele, não deveria ser discriminatória nemexcludente, comosugeria oadjetivo"preferencial", herdadoda conferência de Medellín, que se reuniu em1968 coma bênçãode Paulo VI. Apesar da advertência, opapafoi maiscomplacente que a Congregação para a Doutrina da Fé, que defendia uma posição mais dura. A Congregação dos Bispos passou a filtrar,com mais cuidado, os nomes enviados pelas nunciaturas apostólicas para o preenchimento das dioceses vacantes. Em menos de 20 anos, o papa renovou o episcopado, nomeando mais de dois terços dos 4.500 bispos em atividade no fim doséculo 20. "É inegável que o perfil do episcopado brasileiro e mundial mudou, comaescolhadebispos que são mais pastores e menos políticos", dizd. AmauryCastanho,de Jundiaí(SP),da linha mais moderada da Igreja.

Entre avanços e recuos

Cnio deSant’AnaGalvão,em outubrode 1998. Paulista de Guaratinguetá,FreiGalvãoera frade franciscano e viveu em São Paulo, onde construiu o Convento da Luz. Em março de 2000, João PauloIIproclamou beatos mais 30 brasileiros,os 30 mártiresdeUruaçu,noRioGrande do Norte, que foram assassinados por invasores holandeses em 1645, porterem se recusado a renegar a fé católica. No governo do papaKarol Wojtyla, a Sagrada Congregação para a Causa dosSantos acelerou os processos de beatificação ede canonização,normalmente muito morosos.

Dois dos novos beatos que o papa elevou aos altares foram os seus predecessores Pio IX e João XXIII, papasde destaque na história recente da Igreja.

om João Paulo II, houve uma "mediocrização" doepiscopado no mundo todo,avalia ofrei Clodovis Boff, teólogo como seu irmão Leonardo Boff (o exfrade franciscano que deixou a vidareligiosa apóssofreruma punição do cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregaçãoparaa DoutrinadaFé), "Temos hoje um papa grande e bispos pequenos",escreveu frei Clodovis.Ele nãogosta do estilo"autoritário"adotadointernamente, masprevêque JoãoPaulo IIficará nahistória como um"grandepapa,por umaestatura públicae ética que reforça o poder da Igreja". Avançadono camposocial, Wojtyla adotou uma atitude conservadora em questões morais."JoãoPauloII tema mesmaposiçãodePauloVIem questões comoaborto,sexo e homossexualismo", lembra d. Cândido Padin, que, como bispo de Lorena e de Bauru, foi um dos mais atuantes dirigentes da CNBB durante a ditaduramilitar."O papapolonês, que sofreu a opressão do nazismo na carne, quis impedir a influência do marxismona Igreja, mas teve visão suficiente pa-

raenxergarasnecessidadesdos desvalidos", diz d. Cândido. Esse dualismo, aparentemente ambíguo, embora não contraditório, fez de João PauloIIumlíder mundial,mas custou caro no âmbito interno da Igreja. Apesar da proibiçãode Roma, 67%dos católicostomam pílulas ouusam camisinhas,o que demonstra a existência de uma moral paralela à oficial. As restrições à Teologia da Libertação e acensura de seus principais defensores tentaram refrear o avanço do movimento na América Latina, mas não anularam sua influência. Além de continuar inspirando asCebs (comunidadeseclesiais debase), osherdeiros do espírito de Medellín e Puebla estenderam sua ação a outras áreas,em aliança com movimentosnegros, povosindígenas,gruposde mulhereseminorias marginalizadas. Com mais de cem mil núcleos no Brasil, as Cebs tiveram omérito debrecarem partea evasãodefiéisparaigrejaseseitas evangélicas. NumPaís que aindacontacom cercade70% decatólicos entre seus quase 176 milhões dehabitantes, a

atuação de agentes pastorais leigos,comoos quedirigemo movimento, foi fundamental para suprira falta de padres. Embora o número de sacerdotes tenha saltado de 12.092 para 17.430 em 30 anos, o crescimento não correspondeu ao aumento populacional.

Celibato - Afalta de padres reacendeu o debate em torno da ordenação de homens casados eaté demulheres. Opapa tentou cortaradiscussão,ao reafirmar que a Igreja não mudaria leis que, em sua interpretação, se inspiram no evangelho. Masaspropostascontinuam depé,porquemuitos teólogose bispos discordam dessa posição.

"Num mundodeenormes transformações com ênfase no individualismo,é fortea tendência ao paroquialismoe a certosmovimentos emenoro interesse pelas periferias e pastoraissociais", lamentad.Angélico,responsável pelo setor de vocações e ministérios na CNBB.Obispo refere-seao surgimento de grupos mais voltados para oespiritual, comoa Renovação Carismática Católica e outros movimentos de leigos.

Arturo Mari/AP/AE
Wilson Pedrosa/AE
Arquivo/AE

Os passos para a escolha do novo pontífice

JOÃO PAULO II

PIB

Brasil salta três posições no ranking mundial

Ataxadeinvestimentodo

País em 2004 chegou a 19,6%, em um ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) somou R$ 1,769 trilhão. Foi a maior relaçãoentre investimentoe PIB desde 1998, segundo o Instituto Brasileirode GeografiaeEstatística (IBGE). O instituto também informou que a taxa de poupança cravou 23,2% em 2004,recorde nasériehistórica. Com o crescimento da economia no ano passado, a consultoria GRCVisão estimaque oPIB brasileirosaltou da15.ª para a12.ª colocação no ranking global.

A GRC também calculou queoPIB brasileiroemdólaresequivalea US$605bilhões eultrapassou economiascomoÍndiaeCoréiado

Sul. Ainda assim, o País está distante da8.ªcolocação queocupou em1998,quando o real estava valorizado. Expansão – Em 2004, a expansãodo PIBfoide R$213 bilhões sobre o total de R$ 1,556 trilhão em 2003. Descontada ainflação, o crescimentorealfoide5,2%. "O Brasil poderia ter sido melhorse nãotivessecaído tanto em 2003", afirmouo consultor da GRC Visão, Alex Agostini.

O presidente da Sociedade Brasileirade Estudosde Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Antônio Correa de Lacerda,estimaque a taxa deinvestimentochegará a 21,5% este ano e 23% no ano que vem. Porém, ele ponderaqueainda seráaquémde países asiáticos (30%). Poupança – O valor dos investimentos foi de R$346,2 bilhões em2004, uma altade R$69,5 bilhões sobre 2003. Já a taxa de poupança registrou umaexpressivaexpansão emrelação ao PIB, de 20,4%em 2003para 23,2% em 2004. Essa taxa representa o que sobra da renda nacional para investimentos, amortização de dívidas ou reserva. O saldo do setor de bens e serviços (diferença entre exportações eimportações) aumentou de R$ 56,1 bilhõespara R$ 82,5bilhões entre 2003 e 2004. Com o saldo, a capacidade de financiamento saltou de R$ 11,2 bilhõesparaR$35,6bilhões. Quando umpaís temcapacidade em lugarde necessidade definanciamento significaque nãoprecisoude recursosexternospara fechar suas contas.

Consumo – Em relação às atividades que impulsionam oPIB, destacam-seos investimentos, asexportaçõese asimportaçõesque aumentaram seus pesos relativos. Já o consumo das famílias encolheudentrodo cálculo do PIB e passou de 56,7% do total para 55,3%. O PIB per capita (PIB dividido pelo total da população) ficou emR$ 9743, mostrando um crescimento menor que o da economia total, apenas 3,7%.Isso ocorreu porque a população aumentou.OIBGEcalculaque o País tenha 181,6 milhões de habitantes. (AE)

Produção industrial paulista encontra ponto de acomodação

Nível de atividade cresceu menos e uso da capacidade instalada praticamente estacionou em fevereiro

Aatividade industrial alcançou um patamar de acomodação. É isso o quemostra o resultado do Indicador do Nível de Atividade (INA), apurado emconjuntopelaFederação e o Centro da Indústria do EstadodeSãoPaulo(Fiespe Ciesp). Em fevereiro, o setor produtivo cresceu 1,9% na comparação comjaneiro, já considerado o ajuste sazonal. Sem o acerto em relação àsazonalidade, aoscilação foi de0,2% namesma comparação,e de 9,2% sobreo mesmo mês do ano passado.

Noprimeiro bimestre,o nívelde atividadejáacumula uma elevação de 6,9% em relação ao mesmo períodode 2004.Onível deutilização da capacidade instalada, porseu lado,ficou em 79,5% em fevereiro. O resultado é praticamenteo mesmo apurado em janeiro, quando ficou em 79,4%. Dos17 setores acompanhados mensalmente,o maioruso da capacidade instaladafoi registrado no segmento deveículos auto-

motores,com 92,1%,seguido por metalurgia básica (87,5%) e papele celulose (85,5%).Na contramão,o setorde ediçãoeimpressão novamente teve a menor capacidade instalada,de 67,2% em fevereiro.

Sem dinamismo – "O resultado domês nãosurpreendeu, pois já prevíamos a manutenção decrescimento, embora, comoficou comprovado, com menos dinamismo",disse Paulo Francini, diretordeEconomia da Fiesp. Já o diretor de Economiada Ciesp,Boris Tabacov, complementou dizendo que o "Brasil possui uma grandedemandare-

Bélgica quer estreitar relações com o Brasil

Presidente da câmara de comércio do país europeu foi à ACSP para estabelecer contatos comerciais

Opresidente da Câmara de Comércio BélgicaBrasil, Alain de Waele, visitou ontem a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para discutir as possibilidades de promoção de uma relação mais intensa entre os dois países. Ele ressaltou a importância de estreitar o relacionamento entre as câmaras de comércio, visando estabelecer contatos, seminários e missões comerciais. Em sua primeira visita ao Brasil, o executivo, que também é vice-presidente de Relações Internacionais da Imbev, destacou a relevância de se investir no País. "O Brasil, apesar de não ser muito conhecido na Bélgica, tem um grande potencial. Além dos recursos naturais e energéticos, a população

brasileira está crescendo, com ótimos especialistas em diversas áreas", disse. Entre os planos de Waele estão a organização de seminários na Bélgica sobre o Brasil e a visita de empresários belgas ao País. "Bruxelas seria uma grande porta de entrada para empresas brasileiras na Europa", completou. O executivo belga procurou a ACSP para estabelecer novos contatos, a partir do conhecimento da criação do Grupo dos Amigos da Bélgica, em dezembro de 2004, liderado pelo presidente da Associação Comercial, Guilherme Afif Domingos. No encontro de ontem, Waele foi recebido pelo vice-presidente da ACSP e presidente da São Paulo Chamber of Commerce, Alfredo Cotait.

André Alves

primida eaindalevaráalguns anos para superá-la".

Esse é o motivo, segundo ele, das empresas ligadas especialmente ao consumo doméstico continuarem apresentando crescimento. "Resta saberaté onde vai a capacidade deendividamentoda população para adquiriressesbens", afirmou Tabacov. Emprego em alta – Na comparação com fevereiro do ano passado, houve um crescimento de 9,9% no total de horas trabalhadas na produção. Nãoà toa,o total de salários nominais registrou crescimentode17,2%. "Esse crescimento é reflexo

também da melhora do emprego. Afinal, mais gente está empregada neste início deano.Ou seja,maisgente trabalhando é maissalário sendo pago", afirmou odiretor do Ciesp. Asvendas nominaistambémtiveramresultadomuito positivo. Segundo o INA, a expansão foide 31,4% sobre fevereiro do ano passado.Umavez queashoras trabalhadas não acompanharam omesmoritmo, os economistas acreditam que oresultado dasvendaspode significar que as indústrias paulistas decidiram reduzir seus estoques.

Patrícia Büll

Alimentos e bebidas são os bons destaques da indústria

O segmento de alimentos e bebidas é um dos que mereceu destaque na divulgação do Indicador do Nível de Atividade (INA) da indústria paulista no mês de fevereiro. Com ajustes sazonais, o segmento teve crescimento de 7,2% na comparação com o mês de janeiro.

Na opinião de Paulo Francini, diretor de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), um dos motivos para esse crescimento foi a forte recuperação das exportações de suco de laranja. Segundo ele, as vendas externas aumentaram mais de 90% apenas nos dois primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período de 2004. Além disso, entra também a questão do chocolate, muito associado à Páscoa, que é um feriado móvel, cuja produção se intensificou em fevereiro.

Em baixa – Já o segmento de máquinas e equipamentos chamou atenção pela queda de 2,5%, com ajuste sazonal, sobre janeiro, embora na comparação com fevereiro do ano passado tenha crescido 6,5%.

Segundo o diretor de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacov, o setor está muito ligado à realização de investimentos. Portanto, os resultados verificados começam a preocupar. "Pelos números de fevereiro, parece que parte do ímpeto de crescimento verificado ao longo de 2004 arrefeceu. E o motivo não é outro senão os já conhecidos: aumento da taxa de juros (Selic) e câmbio desvalorizado", afirmou Tabacov. (PB)

Noélia Ipê/Digna Imagem
O vice-presidente da ACSP, Alfredo Cotait (esq.), recebeu o presidente da câmara belga, Alain de Waele

Setor fatura

R$ 183 milhões ao ano no País

O mercado de uísques movimenta

R$ 183,1 milhões ao ano no Brasil. Do total de uísques comercializados no ano passado no País, 18% foi de importados, 26% de engarrafados produzidos fora e engarrafados no Brasil e 57% de uísques nacionais. Até o lançamento de Jameson, a Pernod Ricard só competia com uísques importados premium, nacionais e engarrafados. Jameson veio para brigar pelo mercado de uísques standard, onde está a maior parte do consumo de uísques importados. O Brasil é o terceiro principal mercado para a marca, atrás somente dos Estados Unidos e Grécia. Para manter a liderança na categoria standard, Johnnie Walker Red Label conta com Recife e Salvador. No Recife, aliás, o bar Arsenal do Chopp é o recordista mundial no consumo da bebida.

BARES

Onde beber uísque em São Paulo

● Charles EdwardAv. Juscelino Kubitschek, 1.426, Tel.: 3078 5022.

● Finnegan's - R. Cristiano Viana, 358, Tel.: 3062 3232.

● Galeria Bar (Gran Meliá Hotel) Av. das Nações Unidas, 12.559, Tel.: 3043 8000.

● Havana Club (Hotel Renaissance)Al. Santos, 2.233, Tel.: 3069 2626

● Miller GoddardAv. Morumbi, 8.163, Tel.: 5096 2706.

● São Pedro São Paulo - R. Dr. Renato Paes de Barros, 127, Tel.: 3079 4028.

● Paddock JardinsAv. Faria Lima, 1.912, Tel.: 3815 8437.

● Pandoro - Av. Cidade Jardim, 60, Tel.: 3083 0399.

● Pianoforte - R. Groenlândia, 513, Tel.: 3884 9966.

WHISKY

Criatividade e estilo para matar sede da bebida

João Jacques

Puro,onthe rockse com água-de-coco. Com sotaque irlandêsouescocês.Seja qualfora procedência, o consumo de uísqueno Brasil evidencia a expansão de um mercadoemostra, sobretudo,aadoçãodeumnovo estilo de apreciar o destilado. Se no Recife, o maior ponto-de-venda de Johnnie Walker Red Label do Brasil, os fãs ingerem a bebida na praia ecom água-de-coco, bares epubs detodo oPaís estão sugerindo drinques elaborados comfrutasvermelhas,maracujá elimada Pérsia. EmSão Paulo,apreciadores deoutrolabel da empresa, o Black 12 anos, ganhamumclubeexclusivo para encontros. E até mesmoa bênção de um santo, Patrick, foi solicitada para promovero lançamentode um premiumirlandês, Jameson, quechega àcapital paulista em ritmo de festa. Todasessas açõestêmem comum umobjetivo: saciar a sede de uísque do brasileiro,com altíssimo teor de consumo, conforme atestam os rankings mundiais e ascampanhas milionárias de marketing e publicidade desenvolvidas especialmente no Brasil. Santa Tradição Aestratégia festivade lançamento doJameson, por exemplo, envolveu dezenas deblitze em vários endereços da cidade, etem tudo aver coma origemda bebida. Naterra deJoyce, o St. Patrick’s Day, principal feriadodo país,écomemorado com milhares de doses em honra ao padroeiro. Um

"ritual" quese repetehá séculos, poisa Irlandaé pioneira na produção de uísque. Comercializado em 120países, oJameson,criado em 1780 por John Jameson, éa nona marcade uísquemais consumidaemtodo o planeta. Trata-se de um "blended whiskey", mix de uísques de cevada malteada e não malteada vindos da mesmadestilaria,aOld Middleton, na Irlanda.

Suave

A mistura variaentre maltes de 3 e 11 anos, e a idade média de envelhecimentodoJamesoné superior à média dos standards(8 anos)do mercado.Assim, enquadra-sena categoria "whiskey premium Standard". Graças à tripla destilação,émais suaveeaveludado que seus concorrentes escoceses, oque permite "descer macio pela garganta".Talvez residaaí aexplicação, aliada ao bouquet frutado, para o fato deser também o preferido pelas mulheres, segundo informam seus representantes no Brasil, a Pernod Ricard.

Ainda de acordo com a empresa, Jameson é a marca de destilado que mais cresce nomundo.Em2004,quando foram comercializadas 1,75 milhão de caixas, foiobservado um aumento global de vendasde12%,sendoquena América Latina foi constatadoumcrescimento de58%, com oBrasil sendoo principalmercado.Daíarazãodea distribuidora centrar fogo no País,sobretudoemSão Paulo, capitaldastendênciaseo maiormercadoconsumidor no País.

Red Mix Todo mundojáouviudizerque beberuísquecom gelo é uma heresia,acrescentar água condena seu sabor equeosverdadeiros apreciadores do destilado o tomampuro.Tudo balela. "Quando o assunto é saborear um uísque, quem escolhe como beber e com o que misturaré opróprioconsumidor",afirmao master blender deJohnnie Walker, Jim Beveridge. Ao invés de misturá-lo a refrigerantes ou energéticos,a pedidadomomento é ofrescor dasfrutas. Maracujá, água-de-coco, frutas vermelhaselimada Pérsia, nomesmo copodo JohnnieWalker RedLabel, prometem ser sucesso no cardápio dosprincipais barese restaurantesdacapitalpaulistae, futuramente, em todo Brasil. O drinque, batizado de Johnnie Walker Red Mix, é mais uma opção de consumo do scotchwhisky maisfamoso evendidonomundo,e deve ser elaborado sempre em copo longo, para que as medidas de gelo e uísque sejam bem servidas. Um mexedor personalizado,

Uísque está entre as bebidas mais pedidas nas noites do Finnegan's, em São Paulo. Brasileiros são grandes apreciadores da bebida. Mercado avança com a entrada de novas marcas.

para ajudar o consumidor a misturara combinação, tambémfaz partedaapresentação da bebida.

Lounge Numa clarareferência ao prestígio que dispensa a seus consumidores brasileiros, JohnnieWalker lança em São Paulo, a partir de segunda, dia 4, um espaço exclusivo para osfãs do Black Label, "o 12 anos mais apreciadodo planeta".NoKeep Walking Club os associados serão convidados a vivenciar "o espírito Keep Walking", ouseja, compartilhar histórias de vida e conhecer trajetórias inspiradoras, alémdeaprofundar oconhecimentosobre afamília Walker:Red Label(standard), Black Label (12 anos), GoldLabel (18anos),Blue Label(a partir de uísques raros)e GreenLabel(15 anos puro malte).

Ossóciostambém terão acesso a uma série de publicações com informações sobre negócios, esportes, turismo, cinema, música, gastronomia.A pauta dos encontros também inclui generosas doses dedegustaçãodos maltesdeWalker Black Label. Chears!

Drink Johnnie Walker Red Mix Maracujá

O sabor exuberante do maracujá acentua os maltes do Johnnie Walker Red Label. Dessa forma, o sabor e o aroma da bebida ganham destaque. Modo de Preparo: Em um copo longo, coloque 50ml de Johnnie Walker Red Label. Acrescente a polpa de meio maracujá (100g), incluindo as sementes, e adoce com duas colheres de açúcar. Complete com gelo. Misture e sirva.

Whisky ou whiskey?

A vogal que faz toda a diferença

Whisky ouwhiskey? Uma vogal a mais faz toda a diferença e explicaa procedênciaquando se tratade uísqueproduzidona EscóciaenaIrlanda.Ambasquerem dizer a mesma coisa, "água da vida", pois derivamdapalavragaélica"uisgebetha" ou do termo celta "uisgebaugh". Whisky éo nomequeosescocesesdãoà aguardente de cereaisproduzidaà basedecevada maltada, cevada não maltada, milho, trigo e centeio. Aindahoje nãose sabe quem começou aproduzir uísque, seEscócia ouIrlanda. A bebida irlandesa sofre três destilações (uma a mais queaescocesa).Os whiskeys comoo Jameson- cujo fundadorfoipioneironatripladestilação - são mais suaves e aveludados. Outra grandediferença éaausênciade turfapara asecagem da cevada. A técnica dá ao whisky escocês seu típico aroma"defumado". No Jameson, afalta dela deixaa bebida comumbouquet frutado.

Das mil destilarias legais existentes na Irlanda em 1779, restaram apenas 246 após a instituição do imposto sobre a destilação de álcool. Em 1900 essenúmero caiu para30,e desde 1966 apenas três grandes empresas produzemIrishWhiskey: John Jameson, John Powere Cork Distillery Company.Juntas,formamo IrishDistillers Group Lda., que produz16 rótulosdiferentes e controla também a mais velha das destilarias irlandesas ou até mesmo da Europa,a OldBushmills, criada em 1608.

Old Middleton, na Irlanda, a destilaria que produz o uísque JamesonMarca aposta no mercado local
Fotos: Divulgação

Robson Shiba, do China in Box: delivery de comida chinesa chegará a Portugal dentro de dois meses. No Brasil, empresa ganha força com entrega de comida italiana e de sanduíches.

China in box diversifica

Arede brasileira de delivery de comida chinesa Chinain Boxcomemora os primeiros resultados de suas duas novas frentes de atuação: sanduíchesdamarca Granvillee comida italiana sob a bandeira Brevitá.Aempresa detém60%da Granville desde o final de 2004. Das 14 unidades da marca, quatro foraminauguradas depois que a China in Box assumiu o controle. Jáa Brevitá, que funciona dentro de 45 lojas da China in Box desde 1999, corresponde a cerca de 15% dofaturamento dospontos em que está instalada.

negócios

e cresce no exterior

Rede de delivery de comida chinesa investirá R$ 600 mil na Granville, de sanduíches, em 2005

Investimento - A Granville existe desde 1994 e sempreatuou nosegmento de lanches. No início de 2004,a Chinain Boxadquiriu 30% da rede, repetindo a compranofinaldo ano, quando obteve outros 30%. "Estamos iniciandoo processo de franquias da rede. Pretendemos investir este ano cerca deR$ 600 mil na expansãoda marca Granvilleportodo oBrasil",afir-

ma RobinsonShiba, proprietáriodaChina inBox. Deacordocomo empresário, ofaturamento mensal darede delanchonetesestá apenas 20% menor do que o da China in Box. Além de sanduíches grelhados, a Granville oferece saladas.Das 14lojas, 13localizam-se na cidade de São Paulo e uma em Brasília. "Fizemos uma pesquisa de mercado e análisede con-

Feira de licenciamento será aberta na terça em São Paulo

Começa na próxima terça-feira, no Frei Caneca ConventionCenter, emSão Paulo, aIIIExpolic-Feira Internacionalde Licenciamento - considerada a maior mostra do setorna América Latina. Segundo a Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), entidade organizadora da feira, éesperado umcrescimento de 30% nos negócios realizados durante os dois dias deevento. Paralelamente, serárealizado oIVSeminário Internacional de Licenciamento,destinado a profissionais do setor.

"Apesar do aumento de custo da ordemde 12% a 15%na aquisição de novos personagens, as empresas geralmente aumentam suas vendas em 30% ao vender produtos licenciados", diz presidenteda Abral,Sebas-

tião Bonfá. O executivo diz que a adequaçãocorreta do produto aopersonagemlicenciado é fundamental para o êxito nos negócios. Empresas- Entre as principais empresas licenciadoras no Brasil estão a Warner, Globo Marca, Mauríciode Souza, Ziraldo, ITC, Redibra e Instituto Ayrton Senna. A ITC, empresa brasileira licenciadora dos personagens Snoopy e Garfield, apostasobretudono Snoopy para2005.O personagem fechou o mês de março comcinco novoscontratos, totalizando 25, incluindo uma grande rede varejista. "Vamos apostar ainda em setelinhas distintasparaos personagens da Marvel", afirmaPeter Carrero,presidente da ITC.

Já a Redibra, detentora da licença dospersonagens

Simpson, Star Wars e da ONGWWF,vaiaproveitara feira para divulgarseus novos contratos de licenciamentodemarcascomoodesenhoRobôs,daFox,"Ascategorias de produtos licenciados variam de acordo com as marcas. Geralmente as mais lucrativas pertencem aossetores de alimentação, têxtil, papelaria e artigos paracama, mesae banho", diz David Diesendruck, presidente da Redibra. Setor- Segundo a Abral, há700empresaslicenciadas e400licenças distribuídas por 63agênciaslicenciadoras no País. O mercado de licenciamento movimenta cerca de R$ 2,4 bilhões por ano e espera crescer 15% em 2005, chegando a R$ 2,7 bilhões,com receitasem royalties em torno de R$ 161 milhões. (AA)

Rede Base recusa oferta da Casas Bahia

As LojasBaseMóveis e Eletro desistiram da propostafeitapelaCasasBahia, omaior varejistademóveis eeletrodomésticos doPaís, para compra da empresa. Ontem, a direção das Casas Bahia foicomunicada quea sua oferta não foi aceita pela rede catarinense.Procurada,a direçãodas LojasBase não comentou o assunto.

Nasduas últimas semanas,a empresaesteveno centro de uma disputa. Depois deterfechado,nodia 21, um compromisso de venda para o Magazine Lui-

za, umaoferta considerada "irrecusável"daCasas Bahia fez o controlador da rede,WanderleyAntonioBerlanda, voltar atrás. Adiretoria doMagazine Luiza divulgou um comunicado dizendoque não tinha sido comunicada sobre apossíveldesistênciadonegóciocomda entrada das CasasBahia nopáreo.De acordocom aassessoriada empresa,ocontratodecompromissode compra das Lojas Base não foi alterado. A manobra das Lojas Base surpreendeu osfornecedo-

resque,em menosde 15 dias, receberam orientações divergentes. Nocomeço da semana passada,aorientação erade que as compras seriamfaturadas nospróximos90diasparaoatualproprietárioe depoispassariam paraMagazine Luiza. No início desta semana, os pedidos chegaram a ser suspensose as novas compras estariam sob a responsabilidade das Casas Bahia. Ontem,asencomendas voltaram a ficar de pé e a norma é de que elas serão faturadas no nome da rede Base. (AE)

corrênciae constatamos que cresce anualmente o consumo de lanches", diz. Paraa Brevitá,aexpectativaé deque até ofinaldo ano a marcaesteja presente empelo menosmais dez unidades da China in Box. Empresa - O Chinain Box foi fundado em 1986, no

bairrode Moema, em São Paulo. Apenas 10%das 120 unidades no País possuem mesas para que os clientes possam degustar no local. Além do Brasil, a rede possui cinco unidades no México. "Devemos abrir uma unidade em Portugal daqui a dois meses, além de pros-

seguircom ocrescimento no México, com pelo menos mais dez lojas em dois anos", revela Shiba. O faturamentodoChina inBox em2004foide R$26 milhões. Para este ano, Shiba prevê um crescimento da ordem de 12% a 15%, devidoàabertura denovasunidades. "Atéo final doano, pretendemosabrirmaisseis unidadesnoPaís",diz.Ocapital mínimo para a aberturadeumalojaChinainBoxé de R$ 150 mil. André Alves

Marcos Fernandes/Agência Luz

Vaticanistas analisam lista de papabiles

Três tendências estão sendo citadas pelos vaticanistas europeus para tentar antecipar a escolha do sucessor de JoãoPaulo II pelo conclave que reunirá117 cardeais eleitores,representando 52 países, todos com menos de 80anos,três semanasapósa morte do papa. Uma delas é produto da disputa entre uma corrente internacionalista, favorávelà escolha de um papa não italiano, e uma corrente nacional italiana, reunindo os cardeais favoráveis àvolta da hegemonia anterior. Dos 263 papas já escolhidos pelocolégio doscardeais,203 eram de nacionalidade italiana. Os que defendem essa possibilidade acreditam que não será neste momento,num mundo globalizado, queos cardeais romanos e europeus vãopermitir aescolha deum papa vindo dos confins da África e da América Latina pa-

Segundo analistas, existe disputa entre uma corrente internacionalista e um grupo favorável à volta da hegemonia italiana anterior, quebrada com João Paulo II. Outra tendência em discussão nos bastidores do Vaticano é a que aposta num papa de transição, que iniciará o papado com mais idade. E há os cardeais que defendem um papado mais romano.

ra dirigir a Igreja, preferindo um homem degestão, ao contrário de um carismático como João Paulo II. Nessascondições, os nomes de dois cardeais italianos se destacam: oarcebispo de Milão, Dionigi Tettamanzi, reformista moderado, e ode Veneza, Angelo Scola, intelectual ambicioso. Caso acorrenteinternacionalista se imponha,a surpresa poderá ser igual oumaiordo queacausada quando Karol Wojtyla foi escolhido, em 1978. Numerosos nomes são aventados, como o do indiano Ivan Dias, arcebispode Bombaim, representante da "opção preferencialpelospobres", o argentino JoséMariaBergoglio, arcebispo de Buenos Aires, ou obrasileiroClaudio Hummes,cardealarcebispode São Paulo, sempre presente na lista dos dez favoritos. A segunda tendênciaseria a de dirigir a escolha em função

deum pontificadodetransição, bem mais curto do que o atual de João Paulo II, 26 anos. Nesse caso,o escolhidopoderia ter uma idade mais avançadae osdestinosda Igrejaseriam confiadosa umadministradore nãoaum grandeviajantecomofoiocasode João Paulo II.A regrade umpontificadocurtosucederaumpontificado longo seria mantida, comona épocaemqueJoão XXIII, um papa de transição já idoso,substituiuPioXII, que governouaIgrejapor longos anos. Esse cenário pode favorecer o cardeal Joseph Ratzinger, com 77 anos, havendo consenso noVaticanoquese tratadeum cardeal"intelectual e espiritualmente superior aosdemais".Qualquerqueseja a tendência,Ratzinger será o grande eleitor com forte influência na decisão final. Finalmente, aterceiratendênciaprivilegiaa tese deum um papado mais romano. Nesse caso, mesmo não havendo obrigatoriedade do escolhido seritaliano,osquedefendem essatendênciaexcluem que "o bispo de Roma" não conheça perfeitamentea máquina romanae alíngua italiana. Nesse caso, um dos nomes citadoséo docardealGiovanni Batista Ré, 71 anos, nascido em Brescia, na Lombardia. Essas tendênciaspodem indicar caminhos, mas a composiçãoatualdo colégiodoscardeais pode, mais uma vez, surpreender.Comoovotoésecreto eos cardeaiseleitores só precisam prestar contas a Deus, tudo pode acontecer.

Biotecnologia é desafio

Ogrande desafio do futuro papa será fazer comquea IgrejaCatólica acompanhe as polêmicasnovidadesdavidaatual,como a biotecnologia,diz o cardeal arcebispometropolitano de SãoPaulo,dom Cláudio Hummes. "Vivemosem umaebulição muitoforte...A Igrejatemcomo grandedesafiodialogar com esse progresso para dar novas respostas aos novos problemas'', disse o cardeal. Ele ressaltou o carisma e o papel de missionário de João Paulo II.

Eleitores - O cardeal evitou fazer comentários sobreo sucessor dopapa, limitando-sea dizer que "todosos cardeais são candidatos num eventual conclave''. Cinco cardeais brasileirosestão aptosa votarno próximo conclave. Para domCláudio,o papa João Paulo II foi o maior do século 20 e um dos maiores pontífices dahistóriada Igreja. Justificou suadeclaração dizendo que opapa tinhaum enorme carisma, sempre teve uma grande influência junto à população pobre e ajudou a

fortalecer o diálogo entre as igrejas.DomCláudio Hummes, de70 anos, relatou que seu relacionamento com o papasempre foimuito cordiale que João Paulo II costumava lheperguntar sempresobreo Brasil. O sumo pontífice se interessava pela reforma agrária e principalmente pelo fatode 10% dos católicos no Brasil teremdeixado aIgreja.Dom Cláudio é umdos quatro cardeais responsáveis pela área econômica do pequeno Estado do Vaticano.

Tradicional Brasão de Armas do Vaticano: próximo papa terá de fazer a Igreja acompanhar as novidades do mundo, como a biotecnologia, diz Dom Cláudio Hummes. Na foto ao alto, o vigário de Roma, Camilo Ruini, celebra missa pelo papa
O arcebispo de São Paulo Dom Cláudio Hummes celebra missa na Sé: candidato latino-americano
JOÃO PAULO II
Wilson Pedrosa/AE
Alessandra Tarantino/AP/AE

Agenda Tributária Federal – Abril/2005

SECRETARIADA RECEITA FEDERAL

ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO Nº 28, DE 29 DE MARÇO DE 2005

Divulga a Agenda Tributária do mês de abril de 2005.

O coordenador-geral de Administração Tributária, no uso de suas atribuições, declara:

Art. 1º As datas fixadas para pagamento de tributos e contribuições federais e para a entrega das principais declarações, demonstrativos e documentos exigidos pela Secretaria da Receita Federal (SRF) no mês de abril de 2005 são as constantes na Agenda Tributária anexa.

Art. 2º As referências a “Entidades financeiras e equiparadas”, contidas nas discriminações da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, dizem respeito às pessoas jurídicas de que trata o § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.

Art. 3º No caso de extinção, incorporação, fusão ou cisão, a pessoa jurídica extinta, incorporadora, incorporada, fusionada ou cindida deverá apresentar:

I - até o último dia útil do mês subseqüente ao do evento:

a) a Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ);

b) a Declaração Simplificada das Pessoas Jurídicas - Simples; c) a Declaração Simplificada das Pessoas Jurídicas Inativas (Declaração de Inatividade 2005); d) o Demonstrativo do Crédito Presumido do IPI (DCP); e e) o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). II - até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao do evento:

a) a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Mensal (DCTF Mensal ); ou

b) a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Semestral (DCTF Semestral).

§ 1ºAs declarações e os demonstrativos constantes das alíneas “a”, “b”, “d” e “e” do inciso I deverão ser entregues até o último dia útil do mês de março quando o evento ocorrer no mês de janeiro do respectivo ano-calendário.

§ 2º A obrigatoriedade de entrega da DIPJ, da DCTF, da Declaração Simplificada das Pessoas Jurídicas - Simples e do Dacon na forma prevista no caput não se aplica à incorporadora nos casos em que as pessoas jurídicas, incorporadora e incorporada, estejam sob o mesmo controle societário desde o ano-calendário anterior ao do evento.

§ 3º Excepcionalmente, em relação aos eventos de extinção, incorporação, fusão, cisão parcial ou cisão total realizados nos meses de janeiro e fevereiro de 2005, a pessoa jurídica extinta, incorporada, incorporadora, fusionada ou cindida deverá apresentar a DCTF Semestral até o quinto dia útil do mês de maio de 2005.

Art. 4 º No caso de extinção decorrente de liquidação, incorporação, fusão ou cisão total, a pessoa jurídica extinta deve apresentar a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf), relativa ao respectivo ano-calendário, até o último dia útil do mês subseqüente ao da ocorrência do evento.

Parágrafo único A Dirf, de que trata o caput, deverá ser entregue até o último dia útil do mês de março quando o evento ocorrer no mês de janeiro do respectivo ano-calendário.

Art. 5º Na hipótese de saída definitiva do País ou de encerramento de espólio ocorrido no ano-calendário de 2005, a Dirf de fonte pagadora pessoa física relativa a esse ano-calendário deve ser apresentada:

I - no caso de saída definitiva do Brasil, até: a) a data de saída do País em caráter permanente; b) trinta dias contados da data em que a pessoa física declarante completar doze meses consecutivos de ausência, no caso de saída do País em caráter temporário;

II - até o último dia útil do mês de fevereiro de 2006, no caso de encerramento de espólio.

Art. 6º A Declaração Final de Espólio deve ser apresentada no prazo de sessenta dias contados da data do trânsito em julgado da decisão judicial da partilha, sobrepartilha ou adjudicação dos bens inventariados.

Parágrafo único Se o prazo para a entrega da Declaração Final de Espólio encerrar-se antes da data prevista para a entrega da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF) correspondente ao ano-calendário anterior, essas duas declarações devem ser entregues no prazo previsto no caput para a entrega da Declaração Final de Espólio.

ANEXO

AGENDA TRIBUTÁRIA – MÊSDE ABRILDE 2005

DATADEVENCIMENTO: DATAEMQUESEESGOTAOPRAZOLEGAL PARAPAGAMENTODOSTRIBUTOSECONTRIBUIÇÕESFEDERAIS

DATA DETRIBUTOS/CONTRIBUIÇÕESCÓDIGOPERÍODO DO VENCIMENTO DARFFATO GERADOR (FG)

DiáriaImposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

Rendimentos do Trabalho

Tributação exclusiva sobre remuneração indireta2063FG ocorrido no mesmo dia

Rendimentos de Residentes ou Domiciliados no Exterior

Royalties e pagamentos de assistência técnica0422FG ocorrido no mesmo dia

Renda e proventos de qualquer natureza0473”

Juros e comissões em geral0481”

Obras audiovisuais, cinematográficas e videofônicas5192”

Fretes internacionais9412”

Remuneração de direitos9427”

Juros remuneratórios do capital próprio9453”

Previdência Privada e Fapi9466”

Aluguel e arrendamento9478”

Outros Rendimentos

Pagamento a beneficiário não identificado5217FG ocorrido no mesmo dia

DiáriaImposto sobre a Exportação (IE) 0107Exportação, cujo registro da declaração para despacho aduaneiro tenha-se verificado 15 dias antes.

DiáriaCide - Combustíveis - Importação - Lei 10.336/01 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural, exceto sob a forma liquefeita, e seus derivados, e álcool etílico combustível9438Importação, cujo registro da declaração tenha-se verificado no mesmo dia

DiáriaContribuição para o PIS/Pasep

PIS/Pasep - Importação de serviços (Lei 10.865/04)5434FG ocorrido no mesmo dia

DiáriaContribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)

Cofins - Importação de serviços (Lei 10.865/04)5442FG ocorrido no mesmo dia

5Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) IPI-Cigarros do código 2402.20.00 da Tipi102021 a 31/Março/2005 IPI-Bebidas do capítulo 22 da Tipi0668”

6Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) Rendimentos de Capital

27/Mar a 2/Abr/2005

Títulos de renda fixa - Pessoa Física80531ª Semana de Abril

Títulos de renda fixa - Pessoa Jurídica3426” Fundo de Investimento - Renda Fixa6800” Fundo de Investimento em Ações6813” Operações de swap5273” Day-Trade - Operações em Bolsas8468” Ganhos líquidos em operações em bolsas e assemelhados5557”

Juros remun. do capital próprio (art. 9º da Lei nº 9.249/95)5706”

Aluguéis e royalties pagos à pessoa física3208”

Rend. de partes beneficiárias ou de fundador3277”

Demais rendimentos de capital0924”

Rendimentos do trabalho

Trabalho assalariado0561”

Trabalho sem vínculo empregatício0588”

Resgate previdência privada3223”

Rendimentos decorrentes de decisão da Justiça do Trabalho5936”

Rend. de residentes ou domiciliados no Exterior

Aplicações Financeiras - Fundos/Entidades de Investimento Coletivo5286” Aplicações em Fundos de Conversão de Débitos Externos/Lucros/Bonificações/Dividendos0490” Juros de Empréstimos Externos5299”

Outros rendimentos

Prêmios obtidos em concursos e sorteios0916”

Prêmios obtidos em bingos8673” Remuneração de serv. prest. por pessoa jurídica1708” Pagamentos de PJ a PJ por serviços de factoring5944” Pagamento PJ a cooperativa de trabalho3280” Juros e indenizações de lucros cessantes5204” Multas e vantagens9385” Vida gerador de benefício livre - VGBL6891” Indenização por danos morais6904” Rendimentos decorrentes de decisão da Justiça Federal5928” Demais rendimentos8045”

DATA DE TRIBUTOS/CONTRIBUIÇÕESCÓDIGO PERÍODO DO VENCIMENTO DARFFATO GERADOR (FG)

6Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) 27/Mar a 2/Abr/2005 IOF-Operações de crédito - Pessoa Jurídica11501ª Semana de Abril IOF-Operações de crédito - Pessoa Física7893” IOF-Operações de câmbio - Entrada de moeda4290” IOF-Operações de câmbio - Saída de moeda5220” IOF-Aplicações Financeiras 6854” IOF-Factoring (art. 58 da Lei 9.532/97)6895” IOF-Aquisição de títulos e valores mobiliários7905” IOF-Seguros3467” IOF-Ouro, Ativo Financeiro4028”

6Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira - (CPMF) 23 a 30/Março/2005 CPMF-Operações de lançamento a débito em conta58695ª Semana de Março CPMF-Operações de liquidação ou pagamento sem crédito em conta5871” CPMF-Devida pela instituição financeira, na condição de contribuinte5884”

8Contribuição para o PIS/Pasep

Retenção de contribuições - pagamento de PJ a PJ de direito privado (Cofins, PIS/Pasep, CSLL)595216 a 31/Março/2005 PIS/Pasep - Retenção - pagamentos de PJ a PJ de direito privado5979”

8Contribuição para o Financiamento da Seguridade

Social (Cofins)

Retenção de Contribuições - pagamentos de PJ a PJ de direito privado (Cofins, PIS/Pasep, CSLL)595216 a 31/Março/2005

Cofins- Retenção - pagamentos de PJ a PJ de direito privado5960”

8Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

Retenção de contribuições - pagamentos de PJ a PJ de direito privado (Cofins, PIS/Pasep, CSLL)595216 a 31/Março/2005

CSLL - Retenção - pagamentos de PJ a PJ de direito privado5987”

CSLL-Retenção - pagamentos a PJ fornecedora de insumos ou transportadora de carga que geram direito a crédito presumido3877”

8Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

Outros Rendimentos 16 a 31/Março/2005

Pagamentos a pessoa jurídica fornecedora de insumos ou transportadora de carga que geram direito a crédito presumido3842”

Pagamentos a pessoa física fornecedora de insumos ou transportadora de carga que geram direito a crédito presumido3850”

8Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Posição na Tipi Produto

87.03Automóveis de passageiros e outros veículos automóveis principalmente concebidos para transporte de pessoas (exceto os da posição 87.02), incluídos os veículos de uso misto (“station wagons”) e os automóveis de corrida;067621 a 31/Março/2005

87.06Chassi com motor para os veículos automóveis das posições 87.01 a 87.05;0676”

84.29“Bulldozers”, “angledozers”, niveladores, raspo-transportadores (“scrapers”), pás mecânicas, escavadores, carregadoras e pás carregadoras, compactadores e rolos ou cilindros compressores, autopropulsados;109721 a 31/Março/2005

84.32Máquinas e aparelhos de uso agrícola, hortícola ou florestal, para preparação ou trabalho do solo ou para cultura; rolos para gramados (relvados), ou para campos de esporte;1097”

84.33Máquinas e aparelhos para colheita ou debulha de produtos agrícolas, incluídas as enfardadeiras de palha ou forragem; cortadores de grama (relva) e ceifeiras; máquinas para limpar ou selecionar ovos, frutas ou outros produtos agrícolas, exceto as da posição 84.37;1097”

87.01Tratores (exceto os carros-tratores da posição 87.09);1097”

87.02Veículos automóveis para transporte de 10 pessoas ou mais, incluindo o motorista;1097”

87.04Veículos automóveis para transporte de mercadorias; 1097”

87.05Veículos automóveis para usos especiais (por exemplo: auto-socorros, caminhõesguindastes, veículos de combate a incêndios, caminhões-betoneiras, veículos para varrer, veículos para espalhar, veículos-oficinas, veículos radiológicos), exceto os concebidos

Michiaki Hashimura
(Continua na página seguinte)

Peregrino da paz, papa polonês abraçou o mundo

Na tarde de16 de outubro de 1978, após 2 dias de deliberações, o colégio cardinalício chegou a acordo sobreo nomedo novo papa. Seguindo a tradição, um representante do grupo, o cardealPericle Felice,dirigiu-seà multidãoreunida naPraçade

São Pedro e disse, em latim, línguaoficial daIgrejaCatólica: "Habemus papam."

A multidão respondeu com aplausos e em seguidasilenciou,à espera do anúnciodo nome do eleito.Eledeveria provocaruma manifestação ainda maior de alegria. Mas quandoo cardealpronunciou o nomeKarol Wojtyla,as pessoas continuaram quietaspor alguns instantes, confusas, como se perguntassem: quem?

O escolhido, um polonês, nãoera conhecidodamaioria doscatólicos enãoestavana lista de papáveis dos especialistas. Ele também não aparecia no material da assessoria de imprensa da cúria romana, com as biografias dos 36 cardeais commaiores chancesde serem eleitos.

Nas horas e dias seguintes, porém, emergiriamda Polônia histórias de um homem que pareciater passado toda vida preparando-se para aquela missão. No período de 32anos,duranteoqual feza travessia entre a Cracóvia, onde se ordenou, e a Santa Sé, em Roma, poucos líderesreligiososdesuaépocadestacaram-se como ele no trabalho pastoral, intelectual e político.

Karol Wojtyla, que ao ser eleito em 1978 passou a usar o nome de João Paulo II, até os últimos dias à frente da Igreja Católica manteve o rigor nas questões doutrinárias e buscou de maneira incessante o entendimento entre os povos e as religiões. Quando assumiu, surprendeu o mundo, que somente aos poucos descobriu no arcebispo de Cracóvia uma referência religiosa e política. Universitário com formação humanística, Wojtyla teve a vocação despertada quando Hitler invadiu a Polônia. Sua grande erudição marcou os rumos da Igreja.

para entrarnoseminário,ele nãopensavaem serpadre. Achavaque serviria melhorà Igreja como leigo católico. A vocaçãosacerdotaldespertou num período difícil, logoapós ainvasão daPolônia pelas tropasde Hitler.A Igreja Católica, queemoutras invasões do país funcionara como um fator de identidade nacional, preservando a cultura e estimulando movimentos delibertação, começou a ser perseguida. Os nazistas fecharam os semináriose assassinaram centenas de padres e freiras.

A Igreja, porém, resistiu e continuou a formar sacerdotes emseminários clandestinos. Foi num deles que Wojtyla começou. Trabalhava como operário numa fábricade soda cáustica e à noite tinha aulas comospadres.Nessaépocasofreu um acidente que o deixou de frente com a morte. Atropelado por um carrode guerra alemão,teve umaconcussão cerebral e ficou inconsciente durantenovehoras– um períodoperigoso emacidentes desse tipo.

Carreira na Igreja foi meteórica. Tornou-se bispo aos 38 anos e erudição o levou aos cargos.

JoãoPauloII nasceunodia 18de maiode1920, napequenacidade deWadowice.Recebeu o nome do pai, Karol Wojtyla, oficial reformado do exército, católico, de hábitos reservados. Sua mãe, Emília, era uma dona de casa de saúde frágil, melancólica.

A infância e ajuventudedo futuro papaforam marcadas pela tragédia familiar.Em 1929, poucoantes decompletar o nono aniversário, ele perdeu a mãe, vítimade uma doença nos rins. O irmão mais velhomorreriadois anosdepois, com escarlatina. A morte do pai,que omergulharia numa profunda sensação de solidão, ocorreu semanas antes de Karol completar 22 anos. Ele ficou sozinho, sem parentes. Nestaépoca jáera universitárioem Cracóvia esonhava comumacarreira na área artística.Entusiasmado como teatro, participava da encenaçãode peçasetambém escrevia poemas. Emborademonstrasse umadevoção religiosa incomum e já tivesse sido convidado maisdeuma vez

Foi ordenado padreno dia 1ºde novembrode 1946, Dia de Todos os Santos, no calendário litúrgico.Suacapacidade intelectual e dedicação aos estudos chamaram a atençãodo arcebispode Cracóviaefuturo cardeal, Adam Stefan Sapieha,que tornou-se seuprotetor.Logoapósaordenação, ele despachou Wojtyla paraRoma,paraapós-graduação.AcarreiranaIgrejafoimeteórica. Tornou-se bispoaos 38anos efoitrabalhar como auxiliarna Arquidiocesede Cracóvia.Após amorte deSapieha, em 1963,ascendeuao cargo de arcebispo.

Desenvolveu um trabalho pastoral vigoroso, que o aproximava do povo, e apurou seu senso de história e de políticao que erafundamental para a sobrevivênciada Igreja sob o regime comunista que sucedera aonazismo naPolônia. Aos poucos, o arcebispode Cracóviatornou-se umareferência religiosa e política no país. Sua influência no interior da Igreja também começou a aumentar, empurrada pela capacidade de conquistar amigos, pela erudição em assuntos doutrinários e pela facilidade com que aprendia línguas.Wojtyla chegou a falar onze línguas diferentes. Jovem cardeal -Em 1967, o papaPaulo VI,que recorreua elemaisde umavezparaconsultassobre temaspolíticos e de doutrina moral, recompensou seu trabalho com a púrpura cardinalícia. Aos 47 anos, Wojtyla tornou-seumdos

Reproduções/Arquivo AE

O menino Karol Wojtyla, o futuro papa já seminarista, em momentos de perseguição e clandestinidade, e no prosaico ritual do barbear-se, em 1959, durante excursão às montanhas e lagos da Polônia - uma das suas paixões.

mais jovens cardeais. Quando o colégio cardinalício o elegeu em 1978 e Jean Villot, o chefe daburocracia do Vaticano, aproximou-se e perguntou aopolonês seaceitava aquelamissão, arespostafoi piedosa, mas inequívoca: "Em obediência à fé em Cristo, meu Senhor, confiando na Mãe de Cristo e na Igreja, não obstante asgraves dificuldades,aceito." A seguir,Villotindagou qual seria seu nome como pontífice. Ele respondeu:"João Paulo II". Era uma homenagem ao papa que o precedera e que ficara apenas 33 dias no cargo. Wojtyla iniciou o pontificado com58anos –umaidade baixaparaospadrõesdaIgreja. Desde 1846 não se escolhia um papatão jovem.Na épocaexibia boa saúde e um físico vigoroso,obtidocoma ajudade constantescaminhadas pelas montanhasdaEuropa–hábito

Terror atingiu alvo no Vaticano

Eque manteriamesmodepois depapa,nosperíodosdeférias. Era capaz de submeter-se a um ritmo pesado de trabalho, característica comum entrepadresda Polônia, que conviviam aduras penas como comunismo.

México - Quem? A resposta àperguntados peregrinosda Praça de SãoPedro veio como um furacão. JoãoPaulo II começou aviajar ea mostrar-se para o mundo em 1979, quando foi a Puebla, no México, participarde umareuniãodo Conselho EpiscopalLatinoAmericano (Celam). Fez questão de desfilar em carro aberto entreosmilhares de mexicanosqueforamàsruasparasaudá-lo. O veículo, especialmente preparado para a ocasião, era uma espécie de protótipo do papamóvel, que também se tornaria umacaracterística de suas missões pelo mundo.

m suas viagens apostólicas, João Paulo II chegou a visitar até quatro países de uma vez. A TV não se cansou de mostrá-lo, com gestos teatrais e à vontade diante das multidõese das câmeras – oque sempre faziaalguémlembrar dos seus tempos de ator. Wojtyla quis ser ouvido no mundointeiro,nãosó peloscatólicos. Foi o primeiro papa a visitar uma sinagoga em Roma. Estimulou o diálogo comoutros igrejas, cristãs e não-cristãs. Escreveu 13 encíclicas, 32 cartas apostólicas,11 exortações e centenas de discursos. Quando os editoresdarevista"Time"o escolheramcomo Homemdo Ano,em 1994, disseram queofaziampor causa de suaforça moral. Numa época em que tantas pessoas lamentavamodeclíniodosvalores,segundoa revista, era notável o esforço queo papafaziapara propagarsua visão de uma vida reta, convidando o mundo a fazer o mesmo. Astragédias pessoais, porém, continuaram a perseguir o pontífice. No finalda tarde do dia13 de maio de 1981, o papa foi vítima de um atentado terrorista, na Praça de

São Pedro.Com uma p Browning Parabellum, 9mm co MehmetAli Agca, quese travanomeio deumamult 20 mil peregrinos e turistas, disparos. Um deles acertou A bala desviou-se por mil da aortacentral. Mas o pap cóloneointestinoperfurado deu60%doseu sanguecom morragiainterna.A cami hospital, onde seria subm uma cirurgiacom quasese de duração,chegou areceb ção dos enfermos, o último mento católico. Emjunhodo mesmoano voltaria ao hospital, para tr umainfecção causadapor c galovirus, freqüentemente mitido emtransfusões desa submeter-se auma novac destinadaa reverter a colo feita em maio. Milagre deMaria -O e deixoumaisvisíveladevoção nadeWojtyla. Aoseratingi tiro, a primeira coisa que d "Maria,minhamãe".Mai afirmariaquesónãomorreu verdadeiromilagre,interced

Wilson Pedrosa/AE

O cardeal Wojtyla com o papa Paulo VI, que o chamava quando o assunto era doutrina da Igreja. Acima, no momento em que foi anunciado papa: a multidão demorou a entender qu papa era mesmo um eslavo da Polônia.

Firmeza de ideais, até o fim

Oauge do pontificado deJoão PauloIIpode serlocalizado entre 1980 e 1994. Os anos seguintes foram marcadospor enormes dificuldades pessoais e a inevitável redução noritmo de compromissos.Mas eleprosseguiu firme até o final.

la urnde ois o. ros e o erhedo o a ras unrapa de mens, e ia, mia

dio

João Paulo II atraía multidões às audiências na Praça de São Pedro, rotina mantida dos anos de vigor físico aos momentos de fragilidade de saúde. Uma das tragédias pessoais foi o atentado sofrido em 1981 (acima), durante uma dessas audiências no Vaticano.

Wojtylavianoseusofrimento uma oportunidade deprovação e fortalecimentoda fé e chegava a agradecer à Virgem por isso. Esse senso de martírio era outra característica marcante dele e ajuda a compreender ofatodeque osanto ao qual eramaisdevoto, depois Nossa Senhora,foi ummártir, o bispo polonês Estanislau, assassinado diante umaltar, por ordem de um rei tirânico, nove séculos atrás.

Finalmente, não se pode esquecer que João Paulo II era movido pela idéia inabalável de que tinhauma missão a cumprir e para a qual se preparou com firmezainquebrantável: a de conduzir a Igreja. E fez isso até o fim.

sidente americano, Georg Bush,a desistir do recur armas. Conforme notíciasnão mentidas pelo Vaticano, PauloIIestevedispostoav a Bagdá, para desencor com suapresença, um at norte-americanocontra o que.Seus assessores ote desaconselhado a tomar atitude.

Quando veioa guerra, pa continuou lutando con violência e principalm contra suas conseqüência

Papa chegou a pensar numa viagem a Bagdá para tentar impedir a guerra patrocinada pelos Estados Unidos e Reino Unido

"Conflitos armados p em risco a esperança da h nidade deum futuromel advertiu JoãoPaulo II no demarçode2003,aofazer oração pelas vítimasda g do Iraque. Opapa manife solidarie ao povo quiano e tou o mu especialm os países r a particip reconstr dopaís,apósadeposiçãod tadoriraquiano Saddam sein.

Obsessão pelapaz - Aluta pela pazfoi uma obsessão de JoãoPaulo II,em seusúltimos anos de pontificado. Ele se empenhoufirmemente para evitar a Guerra do Kosovo, na antiga Iugoslávia, em maio de 1999, quandoenviouuma mensagem às partes envolvidas no conflito, exortando-as a renunciar à violência.

Umanodepois,opapafoiao Santuário de Fátima, em Portugal,agradecer àVirgem.Ao sair, deixou sobre o altar a bala retiradade seucorpo. Ocinto perfurado e manchado de sanguequeusava porocasiãodo tirou teve outro destino: o santuário da Madona Negra de Czestochowa, na sua Polônia. Durante a visita a Fátima, a vida de Wojtylafoimais uma vez ameaçada. Juan Fernández Khron, um padre de33 anos e com distúrbios psicológicos,

iaelo foi de um ela Virgem de Fátima, cuja data litúrgica era comemorada exatamente no dia 13 de maio.

avançou contra ele armado com um faca, masfoi detido a tempo pelos seguranças. O papao perdoou,assim comohavia perdoado Ali Agca, a quem abençounaprisão ondeseencontrava em Roma.

Devoção a Maria - A devoçãomariana vinhadesde ainfância.Logo após amorteda mãe, Wojtyla passavatodos os dias por uma igreja próxima a sua casa e orava diante do altar da Virgem. Aos 15 anos ingressou na Associação de Maria, umairmandade nacionalaltamente espiritualizada,da qual seriapresidente. Quandotor-

nou-se bispo e teveque escolher, de acordo com a tradição, um lemapara a suavida, ficou com aexpressão marianaTotus tuus(Todo teu).No Vaticano, escreveuuma encíclica totalmente dedicada à questão mariana, denominadaRedemptorisMater("AMãe do Redentor").

Graças ao seu bom estado físico, o papa recuperou-se rapidamente e não teve problemas graves de saúde até 1992, quando enfrentou outra cirurgia, de quatro horas. Dessa vez, para removerumtumor précancerígeno, instaladonocó-

lon.Nos anosseguintes elesofreria distúrbios digestivos recorrentes. Em 1994viria mais um problema:ele escorregou, caiu nobanheiro deseu apartamentoe quebrouo quadril. Foram mais duashorassob anestesia geral, para a implantação deuma prótese.A partir daí, então com 74 anos, começou adar sinaisde enfraquecimento.Avoztornou-se mais fracae surgiram dificuldades paracaminhar. O tremorem suamão esquerda,cadavez mais acentuado,sugeriaque sofriacomo maldeParkinson.

Ao visitar a Croácia quatro anos depois, em junho de 2003,o papalembrou osofrimento das vítimas para pedir ao mundoqueevitasse novas guerras. Suaviagem àCroácia e, em seguida, à Bósnia-Herzegovínia – países de minoria católica– foimaisuma cruzada pela paz no mundo.

O papel de João Paulo II na luta contra a guerra foi fundamental no casoda invasão do Iraque pelas forças dos Estados Unidos eda Grã-Bretanha. Antes de se iniciar o conflito, o papa fez tudo o que estava a seu alcance paraconvencer opre-

Asnegociações de pa OrienteMédioeosocor Iraqueforam otemaprin da conversa de João Pau com ColinPowell, quan secretário deEstado no americano visitou o Vati no início de junho de 200 Após condenar, mais vez, aguerra, opapa repu as torturasde prisioneiro quianos numacadeia loca daem Bagdá:"Nas últim manas,fatos deploráveis saído àluz,perturban consciênciacívica erelig dadetodos edificultand compromisso com os va humanos. Seesses valore sãorespeitados, nema g nem o terrorismo podem superados", advertiu o pa João Paulo II mais um surpreenderia o mundo a mandar amaratonade brações do jubileu de pra seu papado."Mesmo sab da minha fragilidade hum ele [Deus] me encoraja a ponder com fé".

Andrew Medichini/AP/AE
AP/AE
AP/AE

não é cultura.

É mais ...

O torcedor corintiano, de olho na bola e na filosofia.

Não é por acaso que, aexemplo de livros, músicas e filmes inesquecíveis, os grandes jogosde futebol são também chamados de clássicos. AssimcomooCorinthiansx Palmeiras que acaba de inspirar O CasamentodeRomeu e Julieta, um romancede AlexandreDumas, uma sinfoniade Beethovenou uma obra deHitchcock tambémtêm ocondãode deixar marcas indeléveis na alma e na memória afetiva dos que os assistem.

Quem não concordacom tal afirmação geralmente são osbonsdecabeça, porém doentesdo pé. Certamente, nunca se dignaram asentar emuma arquibancadadecimentopara ver22marmanjoscorrendoatrásdeumabola.E sechegarama sedignar não deram (ou não quiseram dar)adevida atençãoatudo o que envolve este verdadeiroespetáculo, acrescidoda vantagemdeserealizaracéu aberto,e quevai muitoalém dos tais marmanjos. De minha parte,posso dizercomorgulho: nãosórespirei e respiro futebol na grandemaioria dosdomingos equartas-feiras dos meus37anos devidacomo aindaencontreitempo para ler, ouvir eassistiraosdemais clássicos acima citados, e aoutros tantostidos como "verdadeiros" pelaintelligentsia de hoje e de sempre.

Com aautoridade de quem conheceu e se emocionou com os dois lados dessa mesma moeda,e sem nenhum tipo de preconceitoem relação àópera ou à pelada de bairro, lanço aqui o desafio: quala diferença entrea emoçãodespertada por uma bela ária e por uma bela jogada na grande área? Entre um umsonetobem construídoe umajogada bem arquitetada? Entre uma cena de suspense e um gol marcadonoúltimominuto? Difícil definir. Osportuguesestiveramas grandes navegações, os americanos detêm, hoje, o poder econômico mundial. Nós temos ofutebol,epelo menosnoque dizrespeitoà arte queé praticada dentro decampo sópodemos nos orgulhardele. Quem daqui há milhares de anos fizer escavações por essasterras a fim de entendercomoera o homo brasilis, haveráde encontrarfragmentosligadosa esse importantetraço cultural. Aliás, parafraseando Bill Shankly — técnico do Liverpool, da Inglaterra, nos anos 60, que chegou a dizer que "o futebol nãoéuma questão devida ou morte, émuito maisdoqueisso"—,ousoarriscarqueprincipalmenteno

O seu caderno de artes, espetáculos e lazer.

LIÇÕES

DE VIDA NA ARQUIBANCADA

Dois jornalistas e torcedores fanáticos, um do Corinthians, outro do Palmeiras, aceitaram com alegria o convite para contar suas emoções ao ver o filme O Casamento de Romeu e Julieta, um ensaio sobre amor e futebol. Acabaram falando da vida. Celso e Fernando trabalham do DC Esporte, trocam farpas o tempo todo, mas se respeitam. O esporte (mais do que o futebol) os une.

Brasil ele não écultura.Há muito que já passou disso.

Celso Dario Unzelte, corintiano, é jornalista. Trabalha no

DCEsporte, é colaborador do canal

ESPN Brasil e docente da Faculdade de Comunicação da Cásper Líbero.

O casamento de Romeu e Julieta

O torcedor do Verdão, um realista convicto. Ou conformista?

Luís F. Rodrigues

Estamos sujeitos,no dia-a-dia,aumaatividade cadavez mais freqüente: engolir sapos. São bichos de diversos tamanhos, que aparecem em todos os lugares, nas formas maisvariadas. Ocomerciante tem os fornecedores quenão entregama mercadoria,os clientesquepassamchequessemfundos.No trânsito, tem sempre um sinal vermelho forade hora, umradarescondido,umcarro velho que atrapalha.

Nada, porém, nos traz sapos com tantaintensidade comoofutebol. Oras,oque éparaumpalmeirense ver seu time em campo, nos últimostrêsanos, senão uma sucessãocontínua desapos? Rebaixamento para a Segunda Divisão, título da Segunda Divisão (alguém vai dizer que foi gostoso?), derrotasbisonhas eseguidas eliminações dentro do Parque Antarctica...

Osapotambémpode se vestir de verde-e-amarelo, como nas intermináveis partidas da seleção nas Eliminatórias.E ainda há,no banco de reservas,o sapoloboZagallo,aquelequepediua todosnósque oengolíssemos.

Ofutebolé capazaté de fazer com queencaremos sapos duplos. O que dizer de cunhados egenros, sapos de difícil deglutimento pornatureza, queainda por cima torcem para um time diferente do nosso? A situação, mostrada nocinema por Luís Gustavo, no filme "O Casamento de Romeu e Julieta", é encarnada emmilhões defamílias Brasil afora.

O sapo futebolístico vicia. Ocomerciantepodepararde aceitar pagamentos em cheque. Omotoristafazexercícios de paciência e, em nome do bolso,respeita osradares e os sinais vermelhos. Até o cunhado palpiteiro a gente consegueaturar. Só nãodá para ignorar as piadinhas delesobre aenésimaderrota seguida do Palmeiras.O time podedar seguidosvexames, e a gente continua no Parque Antarctica. Se não der,conferenorádio(epensa atéos últimos segundos em comprar opay-per-view paraver aquele jogo que não vale nada). E oque vale para o palmeirense serve também paracorintianos, são-paulinos, santistas,lusos etorcedoresdo Molequesda Vila Guarani...

O torcedor, eis um engolidor de sapos por excelência. É claro que há os nervosinhos, que tentam resolver os sapos na pancada. Mas esses não merecem ser levados em conta, a não ser pela polícia. O bomtorcedor, como diz a propaganda, não desiste nunca.

dical.

e romance.

Cenas do cotidiano: quem chuta, quem defende? Mas isso é importante?
Celso e Fernando: Corinthians e Palmeiras são o máximo. Mas não é questão fechada... FUTEBOL
Luís Fernando Rodrigues, palmeirense, é jornalista e radialista. Integra a equipe de editores do DCEsporte e trabalha na Rádio Nove de Julho.
Em O Casamento de Romeu & Julieta, em cartaz nacidade,Luana Piovanié a torcedora palmeirense fanática que se apaixona por Romeu,um corintiano fervoroso(MarcoRicca).Opaidamoça(Luís Gustavo), éo palmeirenseainda maisra-
Com briga de torcidas
Buena Vista/Divulgação

Ocantorecompositor

FUTEBOL NOS CARTUNS...

A história do jogo de bola no Brasil: só gols de traço

Tom Zé (foto) apresentanestefimdesemana o show de lançamento de seu novo CD, Estudando o Pagode. No Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, tel.: 11-30959400), hoje e amanhã às 21h, e domingo às 18h. Ingressos a R$ 20,00; para usuários do Sesc, custam R$ 15,00; aposentadoseestudantes pagam R$ 10,00. Divulgação

POESIA & MÚSICA

Notas para 4 poetas

N aquartadia 6,às 18h, no CentroCultural Banco doBrasil (Rua ÁlvaresPenteado, 112, Centro, tel.:11-31133651)acontece Literatura Além do Papel. Os músicos Edvaldo Santana, Maurício Pereira e Ricardo Monteiro vãomusicar ospoemas Pranto para comover Jonathan, de Adélia Prado (foto); O bicho, de Manuel Bandeira; Mundo pequeno, deManuel deBarros e Pequenacrônica policial de Mário Quintana. O público verá as quatro versões de cada artista.

DANÇA

Sapatilhas irreverentes

Axioma 7 (1996), coreografia irreverente do israelense Ohad Naharin,abre o programado Baléda Cidade no Teatro Municipal.O conjunto dança também o Adagieto (trecho da Sinfonia Nº 5 de Gustav Mahler). Hoje (1), 21h; sábado (2), 17h; domingo (3),11h.Praça Ramos de Azevedo, s/n, tel.: (11) 222-8698. Grátis.

Diane Schuur

Otraço de Cahú eterniza otimão do Corinthias vencedor do Paulista de 1977, depois de jejuar 22 anos (dir., acima). O humor de Jal traduza aura da academia palmeirense, em 1970(dir., abaixo). Ea elegânciadodesenho de Gustavofazjusao estilode Robinho (abaixo). Estes são alguns belos momentos de arte registradosem A História do Futebol do Brasil Através do Cartum (editora Bom Texto, 2004), organizado por José Alberto Loverto (Jal) e GualbertoCosta (Gual).É um documento que reúne obras-primas de Henfil, Otávio,Ziraldo, Borjalo. Queresgata avervedeBelmonte e a ironia contundentede J.C.Lobo.Cadapágina retratareferências gráficas formidáveis como a reprodução da capada Revista A Cigarra número 252 de 1925: lá está a comemoração do Club Atletico Paulistano, primeiro time brasileiro a excursionarpela Europa: dez jogos, nove vitórias.

Robinho na tradução visual de Gustavo: elegância

... E NOS LIVROS

A literatura não resite a dribles e gols

Olivro Palmeiras: Um Caso de Amor,de Mario Prata,serviude inspiração parao cineasta Bruno Barreto compor a história do filme Romeu e Julieta.Aobraintegra uma série Camisa 13, que a Ediouro vempublicando sobre os clubes mais popularesdo Brasil,escritos por autores-torcedores. O título adversárionacoleção é Corinthians: é Preto no Branco, dopublicitário Washington Olivetto e do jornalista NirlandoBeirão,quenarramahistória da "equipe defutebolmaispopulardo mundo",segundoinstituto de pesquisa dos próprios autores. Também convocado a escrever sobre seu time, Luis Fernando Verissimo fez Internacional: a autobiografia da minha paixão. Sobre o mais popular time carioca, Ruy Castro escreveu O Vermelho e o Negro –Pequena Grande História do Flamengo. O preço médiodos livros da série Camisa 13 é R$ 38,00. Ruy Castroé autortambém dapolêmica biografia Estrela SolitáriaUm Brasileiro chamado Garrincha

(Companhia das Letras, R$ 51,00). O livro conta em pormenores a trajetóriade Manoeldos Santos,o craque Garrincha, com todos os altos e baixos de sua carreira. "Mesmo

Garrincha: gênio e polêmica quem nunca se interessou por futebolsabeque elefoi um gêniodos dribles, herói de duas Copas do Mundo e, de 1958 a 1962, o cidadão mais amado do Brasil", diz. Zico - 50 Anos de Futebol (Record, R$

39,90), escrito porRobertoAssaf, juntamentecomRoger Garcia eo próprio Zico,relataa história do maiorcraqueda históriadoFlamengo. Zico, cujo nomeé Arthur AntunesCoimbra,foiograndeastro do time carioca nas décadas de 70 e 80 e ainda é a grande referência dos torcedores rubro-negros.Com 52 anos, Zico tem no currículo mais de 800 gols e é ídolo também da italiana Udinese e no Japão, onde jogou nadécada de90 eatéhoje atuacomo técnico da seleção japonesa. DeNelsonRodrigues,umapaixonado por futebol, há duas obras nas livrarias. À Sombradas Chuteiras Imortais: Crônicas de Futebol traz 70 crônicasque cobremo períodoentre a Copado Mundo de 1950,em que ocorreu a derrota do Brasil para o Uruguaino Maracanã,até aCopa de1970, no México, na conquista do tricampeonato. Pátria em Chuteiras - Novas Crônicas de Futebol segue narrando a saga futebolística brasileiraaté1978. AmbasdaCompanhia das Letras, R$ 35,00. Lúcia Helena de Camargo

BOLA ROLANDO NO CINEMA

Dia de Andersen E dia do livro infantil

Amanhã é o Dia Mundial do Livro Infantil. A data é comemoradanodiadoaniversário do escritor HansChristian Andersen (1805-1875). Romancistaepoeta dinamarquês,aparte mais conhecidade suaobra são os cerca de 160 contos de fadas. Onúmerovariade156,segundo algunsautores, para167, de acordo com outros. Entreeles estão O PatinhoFeio A Pequena Sereia, O Soldadinho de Chumbo, As Roupas Novas do Imperador, A Colina dos Elfos A Pastora e o Limpador de Chaminés A Polegarzinha As históriasforam traduzidas em maisde 100 idiomas emtodo o mundo.Esteano,bicentenáriodeseunascimento,oescritorrecebe homenagensaoredordomundo.Naslivrariasbrasileiraspodemser encontradasdiversasediçõescomashistóriasescritasporChristian Andersen.Há Contos de Andersen,editado pelaPazeTerra (1988)e Martins Fontes (1997); Histórias Maravilhosas de Andersen (Companhia dasLetrinhas, 1999);além dediversas coletâneas.Em homenagem à data, destacamos alguns livros infantis.

PARA CRIANÇAS

Turma da Mônica e bichos

OAtlas da Fauna Turma da Mônica descreve mais de 200 animais, com seu nome popular e científico, local em que vive ehábitos.Há mapasparalocalizaçãodos animais,comexplicaçõesdo pessoaldaTurmada Mônica.Nofinal,um glossário "traduz"paraascriançastermos comoregurgitar(pôrparafora,vomitar), setentrional(parte nortede umlugar) oualevino (filhote de peixe). A editora contou com assessoria técnica do Zoológico de SãoPaulo na produçãodos textos.É educativo semdeixar de ser divertido. Editora FTD, 112 páginas, R$ 49,00.

Viagens e diversão

Alice no País das Maravilhas, clássica história criada Lewis Carrol, nesta edição ganhou o texto fluente deRuy Castroe ilustrações deLaurabeatriz.CompanhiadasLetrinhas,R$30,00. Háainda outras edições dolivro, daseditoras Ática, LP&M, Scipione, Melhoramentos, Loyola, Leitura e Edelbra, com preços entre R$ 3,50 e R$ 70,00.

H istórias, Quadrinhas e Canções com Bichos traz 20quadrinhas, cinco histórias e nove canções, contadas ecantadas por animais espertos,assustados,alegres ou mal-humorados. Os pequenos leitores vão rircom Resmungão, o leitão,participar das aventuras da girafa e o elefante gripados, e outras. Para criançasa partirdetrês anosdeidade. IncluinotaçõesmusicaisdeSophie Vazeille.Companhia das Letrinhas, R$ 35,00.

Oedidas Desesperadas,deKjartan Poskitt, mostra maneiras engraçadas de se medir coisas muitograndes,como um vulcão,ou muito pequenas, como um alfinete. Com ajudadedivertidasilustrações,ensinaausar umaréguade dez toneladas ea correspondência entre pés, palmos, polegadas e outras medidas. Da série Saber Horrível,da EditoraMelhoramentos.160 páginas, R$ 23,00. (LHC) SHOW O pagode do Tom Zé

S howsda cantora e pianista no Bourbon Street. Hoje, 20h30e 23h30. Rua dos Chanés, 127,Moema, tel.: (11) 5095-6100.

Jogadas e passes nas imagens em movimento O futebol sempre inspirou outrasartes. Desde oCanal100,exibidonoscinemasdos anos50 aos 70,ficou provado queas imagensemmovimento funcionam bem para mostrar jogadas epasses. Entreosfilmes recentes, há Pelé Eterno, documentário de 2004, dirigido por AníbalMassaini,queexibe 400golseasprincipais jogadasefatosquemarcaram acarreiradePelé,o incontestável maior jogador de todos os tempos.

O filme Garrincha, aEstrela Solitária, levou para as telas este ano o livro de Ruy Castro sobre o craque. Consideradofraco pelacrítica, olonga deMilton Alencar temo ator André Gonçalves no papel-título e Taís Araújo como Elza Soares. Mais sucesso fez Boleiros-Erauma VezoFutebol... (foto), feito por Ugo Giorgetti em 1998. O filme mostra ex-jogadoresreunidos emum bar,relembrando histórias. E já está a caminho Boleiros 2. (LHC)

Melhor Presente, escrito por Pedro Bandeira, conta históriaspara crianças que gostamde aventuras mirabolantes. Melissa é a menina amiga de um extraterrestre cujoapelidoé Xuxu (masonome real é Xyywvkknnmmhhuxu). Certo dia, ela ganha umminidestrambelhador, queacaba sumindo misteriosamente. Editora Melhoramentos, 24 páginas, R$ 17,00.

Palmeiras de Ademir da Guia (2º da dir. para esq., agachado)
Corinthians em 1977: decisão contra a Ponte Preta, 2 a 1 e a taça
Arquivo DC
Gustavo
Arquivo DC

Mistérios alheios devassados no palco

Na peça Segredo, 17 atores revelam lembranças escondidas de uns e outros

Sérgio Roveri

As luzesdo palco doTusp seacendem e, progressivamente, 17 atores começam a tocar nas zonas mais escondidas de suas lembranças. Paraque a dornãoseja muitointensae nem a intimidade tão devassada, cada ator se limita a falar sobre um mistério alheio, cujodono terásuaidentidadepreservada.É sobre esta delicada estruturaquese apóia o espetáculo Segredo, emcartaz noTeatroda Rua Maria Antonia. Conduzido pelo diretor Abílio Tavares e um grupo deseis terapeutas, o elenco construiu um espetáculo baseado em históriaspessoais,grandeparte delas situadas nainfânciae início daadolescência.Não houve lugar para um diálogo sequerde ficção,em con-

trapartida,também não se economizou recurso para preservar noanonimato o sujeitode cadasegredo."É um trabalho arriscado, que foi feitocommuito cuidado",diz Tavares."O riscode serender à espetacularizaçãodadoredatragédiaexiste e é muitogrande. Este é o projetomais importanteda minha vida".

Estatendência decolocar odedo naprópria feridateveinícionoespetáculoanterior doTusp, Interior, encenado de 2002 a 2003. Mas ali o trabalho abrangia questões maisamplas, geralmente ocorrências familiares emque o atornem sempre era o principal personagem da história.Agora o tiro foi mais certeiro: os relatosdeamor,fé,sexualidade, violênciaesolidãoquecom-

põem Segredo dizem respeito diretamente a cada ator da companhia. Como no casodeumaatrizque,emuma das cenas mais contundentes da peça, detalha para o público a noite em queum parceiro acontaminou com o vírus da Aids. Tavares afirma que o grande desafio deste espetáculoéjustamenteeste:trazerà tonaum segredo,mas sem permitirque opúblico saiba a quem ele pertence. As leis da discrição foram tão rígidasque, namaioria das vezes, os próprios atores desconhecem quem é o autor da intimidade que está sendo revelada. Para se chegar a esta fórmula, Tavares trabalhoudaseguinte maneira: no início do processo, cada ator foi convidado aescrever, emum peda-

çode papel,o segredomais delicado desua vida.Após isso, ospapéis foramdepositados em uma espécie de urna. Cada um dos atores, emseguida, retirouumpapeldaurnae,casonão se tratasse do seu próprio segredo,foi autorizadoa lero conteúdo em voz alta. E foi a partir destes relatos que Tavarescosturou adramaturgia do espetáculo. Assim, Segredo resultounuma obra muito fragmentada,um mosaico desensações em que algumas histórias se fecham e outras não. "Tornar públicas tantas intimidades exigiu muitacoragem dos atores. Durante os ensaios, elesfizeram, semanalmente,uma horade terapia,em sessõesindividuais, para poder encarar as questões mais profundas desteprocesso", diz odiretor. "O objetivoda peçanãoé aexposição do segredo, e sim a transformação do indivíduo após esta revelação". Tavares assume, no entanto, que em determinados momentos uma luz vermelha se acendeu durante osensaios. "Tivemosum cuidadoparanãocolocarno texto final aquilo que era íntimo demais. Algumas questões,de tãodelicadase espinhosas, foramabandonadasporque nem sempre as pessoas estão preparadas para lidar com elas".

Segredo Em cartaz no Tusp, Rua Maria Antonia, 294, tel.: (11) 3255-5538. Espetáculos sexta e sábado às 21h, e domingo às 20h. Ingressos a R$ 15.

Vidas e versos em chamas

Pólvora e Poesia mostra o explosivo relacionamento de Rimbaud e Verlaine

Odramaturgo Alcides Nogueira, autor de sucessos na televisão como a minissérie Um Só Coração e a novela A Próxima Vítima, escreveu, em 1998, a peça Pólvora e Poesia, um mergulho visceral sobre os dois anos de relacionamento entre ospoetas franceses Arthur Rimbaud e Paul Verlaine, especialmente para o ator CláudioFontana. Na época,Fontana, em turnê nacional com o espetáculo Feliz Ano Velho, não pôde integraroelenco eoespetáculoestreou,em 2001,noCentro Cultural Banco do Brasil, com os atores Leopoldo Pacheco (Verlaine) e João Vitti (Rimbaud) vivendo uma história cujos ingredientes variavam da mais elevada poesia ao mais doloridodosdescasos.Depoisdeumacarreiravitoriosana cidade, turnês por vários estados do Brasil e a conquista de três prêmios Shell, Pólvora e Poesia volta hoje ao cartaz, desta vezno Tuca,em curta temporadae comCláudio Fontana, finalmente, no palco.

Apesar da alteraçãono elenco, Alcides Nogueiranão se refere a esta nova temporada como uma remontagem. "Eles farãouma novaleitura do mesmo espetáculo", diz Nogueira, que com Pólvora e Poesia colocou um ponto final na trilogia que escreveu sobreo discurso moderno na literatura, iniciadacom Ópera Joyce e,na seqüência, Gertrude Stein."Osdoisatorese odiretorMárcioAuréliocomcerteza descobriram outraschaves para enriquecer otexto. É umespetáculo deumacargadramática eumaconcepção cênica muito intensas".

Peça de autor de Closer estréia em São Paulo

Amatéria-primautilizada porNogueira para compor Pólvorae Poesia éde umariqueza impressionante. De um lado, ArthurRimbaud, nascido em 1851 e que, aos 17 anos, já havia escrito o maisnotório dosseuspoemas, OBarco Ébrio, impactanteo suficientepararevolucionar a literatura que se fazianoséculo 19e deixar seueconaproduçãoliterária de pelo menos duas gerações posteriores. Deoutro, PaulVerlaine,seteanosmais velho,um artistajárenomado disposto a colocar em riscoseu casamento e afrontar a sociedade parisiense paraviver um conturbado caso de amor com Rimbaud, que conhecera por meio de cartas. Apeça,todaelaacompanhadapelopianodeFernandoEsteves, quese debruçasobre partiturasde Chopin,mostra as longas viagens que os dois poetas fizeram pela Europa antes deescolheremLondrescomonovamorada.MasaconvivênciaentrouemcolapsoempoucotempoeVerlainedecidevoltar aviver com Mathilde, aex mulher, não semantes travar uma violentadiscussão em queRimbaud sai feridode leve porumtiro.Em1884,convertidoaocatolicismo,Verlainepublica Os Poetas Malditos,umacoleçãodeensaiosqueajudoua tornar mais popular a obra do seu jovem amante.

Pólvora e Poesia

Sérgio Roveri

Estréia hoje no Tuca, Rua Monte Alegre, 1024, tel.: (11) 3670-8455. Sexta às 21h30, sábado às 21h e domingo às 19h. Ingressos a R$ 20.

AEscolha do Jogador:o dramaturgo inglês PatrickMarberganhou notoriedademundial quando sua peça Closer (Perto Demais) foi adaptadapara o cinema,noano passado,com Julia Robertse JudeLaw no elenco. Chegou a vez de o público paulistano tomar contatocomoutra obra do autor,AEscolhadoJogador,escrita há dez anos. A peça se passaentreacozinha,osalão e o porão de um restaurante, onde um grupo de jogadores costuma seencontrar para

uma tradicional partida de pôquer. Durante uma destas jogatinas,surgeumpersonagemque vemcobrarantigas dívidas de jogo. O texto, originalmentecriadopara ser um retrato fiel daLondres dos anos 90,ganhou ares paulistanos apartirdatradução de Fernando Oliveira. Inédito no Brasil, a versão de Marber,com direçãodeHélio Cícero,entra hojeem cartazna SalaExperimentaldo TeatroAugusta(RuaAugusta,943,tel.:11-3151-4141).Ingressos a R$ 20.

Vovó sabe tudo

E la mais parece aquelas vovós das historinhas infantis, mas quema conhecepelo seu programanaTVsabequeelaestá longe disso. Bemlonge. O assuntode SueJohanson, essasimpática senhora canadense de idade não revelada(dizem quepassou dos69),éosexo--masosexosem nenhumpudor.Noseuprograma Falando sobre Sexo exibido pelo canal GNT, elarespondecom a maior naturalidade, desenvoltura emuito humor às perguntas mais cabeludas sobre a intimidade sexual de seus telespectadores.Se nãobastasse isso,ainda exibe (e ensina a usar) os acessórios mais modernos de satisfação sexual àvendanaslojasde sex shopse dá conselhos explícitos decomoapimentar umasessão de sexo por telefone. O Falando Sobre Sexo, produ-

ção norte-americana, está na terceira temporada no canal GNT (vai aoar desegunda asexta, às 23h45). Em 2004, o programa, segundo a emissora, teve uma coberturamédiamensal dequase ummilhão de pessoas, sendo uma dasdez maioresaudiências docanal. Eisaexplicação deSue paraoseusucesso:"Se eufosse uma jovem loira deseios grandes, iriam mechamar deprovocadora. Diriam que eu só penso em conseguir audiência com minha aparência. Mascomosou mais velha, nãotêm como dizer que estou apelando..." Sue Johanson veioaoBrasil para lançar seu novo programa, agora uma produção canadense, o Sunday NightSexShop, queestréiano dia29 demaio, nasmadrugadasdedomingo para segunda, à meia-noite.

Globo faz 40 anos

P arece estranho que o ano na maior emissora do paíssó comeceem abril, mas émaisoumenos isso que acontece na Globo, que traz devolta àsua programaçãoa partirdo dia3 de abril (mês em que comemora os seus 40 anos de fundação) alguns de seusvelhos programas–como Sob Nova Direção (comHeloísaPerissé e Ingrid Guimarães) Sítio do Picapau Amarelo, CassetaePlaneta Urgente!, A Diarista, A Grande Família LinhaDireta e Carga Pesada,todos com "roupa nova".No capítulo"estréias", apenasXuxa entrounessa categoria.Talvez comoderradeira tentativa de melhorar o Ibope da rainha loira, o TV Xuxa estréia cheio de novidades a partir de segunda, dia 4 de abril, das 10h às 12h. E para aquecer ainda mais a audiência global, na noite do dia 4, após a novela América, oTela Quentevai exibiro filme Homem Aranha, sucesso de bilheteria nos cinemas. Já o Sítio do Picapau Amarelo volta às manhãsda Globoapartir desegunda,com novoformatoe novapersonagem. Oprograma terá uma única históriacom180 capítulos e uma nova dona Benta: Sueli Franco, no lugar de Nicette Bruno. No domingo,dia3,o Fantástico tambémvemcomnovidades.Convidouquatro conhecidos cronistas para fazer reflexões sobre o país dos últimos 40anos,nasérie4X10.OprimeiroaentrarnoarseráocineastaArnaldo Jabor, que falará do período de 1965 a 1975. O humorista Luis Fernando Veríssimo ataca a década de 1975 a 1985 e o jornalista Joel Silveira falará doperíodo 1985a 1995.Finalmente, aescritora best-sellerLya Luft vai tratar da fase 1995-2005. E para quem não sai de casa às terças à noite para dar um pouco de risada, a boa notícia é que na terça, dia 5 está de volta o Casseta e Planeta Urgente!. A turma do deboche recebe convidadosespeciaisnessareestréia,comoMarceloD2eFelipeDylon, e usarecursos dedesenhos animadose parafestejar ásua maneirao quadragésimoaniversáriodaTVGlobo,no Globo 40 - o Slogan depois a gente inventa. O programa também vai promover um concurso, o Novos Galãs 2005.Ostelespectadores poderãomandarumafotoeconcorrer a uma vaga de galã numa das novelas do Casseta e Planeta.

PROGRAME-SE

Piquiatra na berlinda

A série é tão empolgante que o canal A&E Mundo resolveu exibi-lasemcortesouintervaloscomerciais, coisatotalmente incomum na TV. Trata-se da elogiada Huff,quevaiaoarnestasexta,1º, às22h,equetemcomopersonagem principal umapessoa que muita gente querver na berlinda: umpsiquiatra. GraigHuffstodt é vivido pelo ótimo Hank Azaria (AGaiola dasLoucas), um sujeito que levaasérioseutrabalho, até serenvolvido numa investigação criminal, depois que um adolescentehomossexual se suicidaem seu consultório em uma sessão de terapia.

Kurosawa e Fellini

A fusão entre sonho e realidadeéoingredientebásicodedois clássicosdo cinema programadospara quinta,7, naTV acabo. No A&E Mundo vale ver ou rever Sonhos,de Akira Kurosawa (Japão/USA1990). Exibido em dois horários, às 18h30 e à 0h, o filme aborda emoito pequenashistórias fatos da vida, reais ou irreais. O segundo presente cinematográfico do dia, Julieta dos Espíritos (Itália/1965), vai ao ar pelo Eurochannel, às 21h.Dirigido por Federico Fellini, é estrelado porGiulietta Masina, mulhere atriz favoritadocineastaitaliano. Julietaé oprimeiro filmeem cores deFellini enarra ahistória uma mulherque, aodescobrir a traição do marido,começa a ter visões eentraem umajornada de autodescoberta. Regina Ricca

Cristiane de Jesus em cena
Fotos:
Andrea Lanzellotti e Humberto Rodrigues
Divulgação
Espetáculo de Alcides Nogueira: turnês e prêmios Shell
Sue Johanson: sexo sem meias palavras
Hank Azaria em Huff
Sob Nova Direção: renovado

Árvore caída sobre ponte metálica, um dos muitos acidentes ocorridos na construção da ferrovia

Ferrovia da vida e da morte

Trilhos de ouro e dormentes de sangue

Avinhetade aberturada minissérie Mad Maria, exibida pela rede Globo, retrata os trilhos daferroviatingindo-sedevermelho,emsimbólica referência ao sangue que se derramou na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Essa alusão a trilhos ensangüentados, contudo, inverte antigarepresentação,poisà épocadaconstruçãodaferrovia,entre1907 e1912,eramos dormentesqueserviam de metáfora para retratar o número de mortos. Dizia-se que "cada dormente representava uma vida humana". Ostrilhos,porsuavez, serviamaoutrametáfora;dizia-sequeaferroviaerauma"estradadetrilhosdeouro", pois o preço pago pelo governo brasileiro à MadeiraMamoré Railway Company,do empresário americano Percival Farquhar, seria suficiente para que os trilhos fossem feitos de ouro, em vez de aço.

O registrooficial publicado em1912 indica1552 mortes durante a construção; o jornalista Manoel Rodrigues Ferreira, historiador dessa epopéia amazônica, calcula que os óbitostenham chegado a cerca de6 mil. Quanto ao preço, segundo ele, os 62.000 contos de réis gastos na ferrovia,ao câmbiodaépoca,equivaleriam a28toneladas deouro. Esses númerossão apresentadospelo jornalista, em suaobra A Ferrovia do Diabo,com o objetivo dedesmistificarasduas famosasmetáforas("trilhosde ouro" e"cadadormenteumavidahumana"),uma vez que 28 toneladas de ouro apenas serviriam para construir cercade milmetros detrilhos ea ferroviatinha a extensão de 336 quilômetros; da mesma forma, a estrada deveria tercerca de550 mildormentes, númeroquase 100 vezes maior do que o número de mortos. Mas a matemática, neste caso, apenas prova que a correção de figuras de linguagem não depende de exatidão numérica, pois é exato que muita gente morreu na construção e que esta obra foi bastante maiscara, em preço por quilômetro, do que qualquer outra ferrovia construída no Brasil no início do século 20.

Preço justo

Ohistoriador daferrovia,Manoel RodriguesFerreira, considera que o preço cobrado pelos americanos era justo. Mais que isto, defende a tese de que Farquhar não visavaa ganhosna construção,antestendoinvestido nela. Suas maiores expectativas seriam os lucros com a operação da estrada de ferro, por concessão de 60 anos que obteve do governo, e os lucros de suas próprias empresasde borracha,cuja produçãoescoaria pelaestrada.Frustradas estasexpectativas, asempresas deFarquharencontravam-se emsituaçãopré-falimentarjá em1913, umanoapós otérminodaconstrução daestrada.Em1919,ele perdeuocontroledaMadeira-Mamoré Railway e de seus seringais para os ingleses, que, por suavez, dada ainviabilidade econômico-financeirados empreendimentos,gradativamente osabandonaram, tendo entregue a operação da ferrovia ao governo brasileiro em 1931.

Cogitou-sepelaprimeiravezdaconstruçãodeumaferrovia para transpor as cachoeiras dos rios Madeira e Mamoré em 1861. Isto permitiria o acesso da Bolívia ao Atlânticoe, também,apassagem doMato Grosso ao oceano sem necessidade de navegação pela bacia do Prata, na época inconveniente pela hostilidade paraguaia.

Intertítulo

Apósfracassaremduas tentativasdeempresasinglesas para construir a ferrovia, esse projeto tornou-se prioritário para o Brasil a partir do incidente com a Bolívia na disputa pelo Acre. Na resolução desse conflito, pelo Tratado de Petrópolis, de 1903, o Barão do Rio Branco obteve para oBrasil o Acre, antesterritório boliviano, oferecendo, entre outras concessões, o compromisso brasileiro de construir a Madeira-Mamoré para permitir o acesso da Bolívia ao Atlântico.

A derrocada do preço da borracha, a construção do canal doPanamá, eoutras circunstânciashistóricas, políticas e econômicas levaram ao fracasso comercial do empreendimento,cujaoperaçãofoideficitáriadesdeosprimeiros anos.

Mesmo assim, a Madeira-Mamoré foi desativada apenasem 1972,60 anosapós suainauguração. Nessaocasião,supõe-sequetenhamocorridonegociatasnavenda de toneladas de sucata, razão pela qual "os arquivos que poderiamservir para reconstruira suahistóriaforam queimados ou jogados norio Madeira", como afirmou em reportagem n´O Estado de S. Paulo de 27 de dezembro de 1980 o jornalista Carlos Augusto Gouvêa, o que reforçaa importânciadestaobrade ManoelRodrigues Ferreira, amplamentedocumentada, escritaem 1960,e recentemente reeditada com atualizações.

Luiz Barros, mestre e doutor em filosofia da educação pela USP, é escritor.

Um exercício de memória

Quase Dois Irmãos, filme que estréia hoje, mostra convivência de presos durante governo militar

Geraldo Mayrink

Oano de 1970, ealguns seguintes, ainda não acabaram. É disto que nos lembra Quase Dois Irmãos,sobre osdias dechumbo queapareceramaténa novela Senhora do Destino. Mas alguém selembra? Pois a diretoraLúcia Muratnão esquece. Economista formada, a então jovem carioca partiuparaalutaarmadaatravés dogrupo guerrilheiro MR 8. Foi presa, torturada e passou três anosatrás dasgrades.Estas sãosuasmemóriasdo cárcere,masnãosó as dela, pessoalmente. São os homens, militantes ou meros assaltantes,que dominam a cena, a m o nt o adosnos porões da Ilha Grande, na baía de Guanabara. Foram tempos muito ruins. Mais de três décadas depois, geram também filmes muito ruins, como este. A erva daninha não morre. O cinema brasileiro, se é que tem mesmo vontadede fazeristo,aindanão acertousuas contas com o governo militar, ao contrário do que vêm fazendo argentinos, chilenos e até uruguaios. Pois vejam só o que aconteceagorana tela.Miguel(WernerSchuneman adulto, pois aparece também uma regressão infantil dele), intelectual de classe média, épreso políticona ilha.É branco. Jorge (Antônio Pompeo) é bandido e filho de sambista.E preto. Convivem do jeito que dá, como os demais encarcerados. Miguel tem mãe que o visita (Marieta Severo) e Jorge, só lembrançasruins. Por isso, são quase dois irmãos.

vrões e vai dando tiros, abatendo mais gentepobreesuja.Adiretora,saudadaporseus filmes Doces Poderes e Brava Gente, assina embaixo. E até localizou naquele mundo pré-droga (e as matançasde hoje) mais um veneno da ditadura militar.Foi quando teriam nascidoo ComandoVermelhoe outrasentidadescriminosas. Jáse sabiaque presos políticose "comuns" nãose davam mesmo. Os primeiros queiram organizar um "coletivo" e proibiam a maconha, o rouboe,vejamsó,a pederastia.Os"comuns" preferiam dar seus tirinhose fumar a erva maldita.Assim,amalandragem dava de goleada na militância. E nq u a nt o isso,a espevitada filha de Miguel prefere praticar sua própria subversão, dando para um bandido e l e v an d o porrada dele. Que tempos, aqueles. Não se respeitava mais nada.

O filme, co-produzido como Chile e a França,tem acabamentoprecário. Astros comoLuiz Melodia(alémdasemprepresenteMarietaSevero) aparecempor lá ea música édo grande Nana Vasconcelos. Apesar da presença em cena de pandeiros, violão e alguma cantoria, não há alegria. E o encontro entre esses dois mundos, que tem suaimportânciahistórica,nãoébomdever. Enemchega aserfeito.Vai paraoenorme baúdasperdasedanos provocadospelo governo militar. E só.

Quase Dois Irmãos

Brasil: 2005, 102 minutos

Direção: Lúcia Murat

Odedo eaboca sujadePaulo Lins,consagrado escritorde Cidade de Deus, dominam a cena. Pois o filme sai das grades para mostrar as barbaridades do mundo lá fora. Gentesuja, pobre,selvagem,grita pala-

Com Caco Ciocler, Flávio Bauraqui, Werner Shünemann, Antônio Pompeo, Maria Flor, Fernando Alves Pinto Taiga Filmes/Videofilmes/TS Productions

Lúcia Murat fala do filme

"Eu queria falar de diferentes gerações que se relacionam", diz diretora de Quase Dois Irmãos

Evaldo Mocarzel

Intelectuaise jornalistas têmuma tendência a romantizar aconvivênciaque houveentre presos políticose prisioneiros comuns durante o governomilitar teria gerado organizações criminosas como o Comando Vermelho. Quase Dois Irmãos, o novo longade LúciaMurat,é uma tentativa de desmistificar essa visão romântica. "Uma organização criminosa comooComandoVermelhosurgiude muitos conflitos e quase sempre é vista como se tivesse nascido numa sala de aula, onde os presos políticos ensinavam coisas aos prisioneiros comuns", ironiza a direto. LúciaMurat argumentaque o presente não começou hoje e que o passado está presente noaqui eagora. "O filme se passaem três épocas, nos anos 50, 70 e nos dias de hoje", conta. "Eu queria falardediferentes gerações que serelacionam ese separam. Qual a relação da minhageração comosjovens dehoje?Aminhageraçãoestavamuitoligadaaumautopia de mudar o mundo. A geração de hoje é muito mais instintiva. Eu queria falar da

desumanização da cadeia. Também queriafazer uma crítica ao autoritarismo da própria esquerda."

Aos55anos,adiretoratem vivência para tentar fazer isso. Sua experiência de vida impressiona. Quase Dois Irmãos também tem forte componente autobiográfico.Em 68,com19anos,LúciaMurat era vice-presidente do diretório acadêmico da Faculdade de Economiada Univer-

Lúcia Murat: tentativa de desmistificar visões românticas

sidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ).Fezpartedeorganizações clandestinas como aDissidência Estudantil da Guanabara (DIGB) e o famoso MR-8. Foi presa noencontrodaUniãoNacional dosEstudantes(UNE) em Ibiúna. "Foi impossível fazer um ato clandestino commaisde mil pessoas", diz, em tom de piada. Lúcia Muratficou confi-

nadanos porões do Destacamento de Operações de Informações – Centro Operacional de Defesa Interna, o DOI-CODI durante três anos e meio. A montagem de Quase Dois Irmãos ficou sob a responsabilidade do veterano Mair Tavares e a trilha tem a assinatura de Naná Vasconcellos. Os temastêm uma pulsação melancólica, mas LúciaMurat comentaqueo compositorbaianofez uma "ópera"para QuaseDois Irmãos. "A trilha humaniza a violência e reforça a questãopessoal daamizade. Quando oNaná viu o filme, ele me disse que se tratava de umahistória deamor e amizade", lembra. No final, são ao todo 7 minutos ininterruptos de música, com versos do compositorcantados por Luiz Melodiae pelo próprio Naná. Quase Dois Irmãos já circulou porvários festivais,entre eles, Montreal, Toronto, Biarritz, Festival InternacionaldoRio(ondetambém conquistou os prêmios de MelhorDiretora edaImprensa Internacional) e Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

A Ferrovia do Diabo De Manoel Rodrigues Ferreira. São Paulo, 400 páginas. Editora Melhoramentos, 2005. Ilustrada com fotos da época da construção.
Taiga Filmes/Divulgação
Taiga Filmes/Divulgação
Miguel (Werner Schuneman e Jorge (Antônio Pompeo): colegas de cárcere no presídio da Ilha Grande

e um drama subterrâneo

M issSimpatia2 -Armada e Poderosa (Miss Congeniality 2:Armed and Fabulous, EUA, 2005), deJohn Pasquin.A atriz Sandra Bullock volta àcomédia, depoisdecinco anos, de novo no papel de Gracie Hart, a detetive do FBI que solucionou um crime nos bastidores do concurso Miss América. Transformada em celebridade pelo episódio, o problema agora é o seqüestro de seus amigos (Heather Burns e William Shatner), que Gracie tentará resolver comajuda daparceira Sam Fuller (Regina King).

Poder do acaso

Questão de Imagem de Agnès Jaoui (Commeune Image, França/Itália,2004)éuma comédiasobreo acaso. Comoem O Gosto dos Outros dirigido porela em 1999, prevalece o destino. Lolita (Marilou Barry), gordinha infeliz,toma aulasdecanto lírico com Sylvia Millet (Agnès), briga com o pai, o famoso editor literário ÉtienneCassard (JeanPierreBacri).Masa publicação do novo livro de Pierre Millet (Laurent Grévill), maridode Sylvia, vai mudara trajetórianormal da vida de quase todos. Sob a terra

E melogiada atuação, FelipeCamargo é Martín, homem que determina umtrajeto parasi e,ao entrarem umvagão dometrô,escolhe uma mulher que o atraia. A partirdaí,espera queelafaça omesmo caminhoque ele. Nesse jogo, algumas mulheres vão mudar a vidadeMartín.Recheadade medos, desconfianças, paixõeseobsessões, segueatrama de Jogo Subterrâneo (Brasil,2005),dirigidopor RobertoGervitz. Com Daniela Escobar, KathiaBisoli,MaitêProençae Vera Vilela. (LHC)

Sideways e a Pinot Noir

Personagem se recusa a beber Merlot e faz cair a venda do vinho

Sideways é apenas mais umfilmeque temo vinhocomotema, masao contrário dos demais, paradoxalmente, um filme secundário teve umagrande repercussão, pelo menos na mídia e até no mercado norte-americano.Essa repercussão devese, possivelmente, ou pelo menos em parte, à premiação do roteiro do filme no pasteurizado Oscare noIndependent Awards, prêmio do cinema independente dos Estados Unidos.

Palavrões

Oprotagonistado filme, Miler, é um professor divorciado einfeliz,vividopor Paul Gramatti, queviaja com um companheiro Jack (Thomas Church). A dupla encontra uma estudante, VirginiaMadsen,que os acompanha a um roteiro vinícola nas proximidades de Los Angeles. Até aí o roteiro é prosaico e banal.

Ocorre,porém, queMiles é um fanático por vinhos de PinotNoir e,como todo enochato, passa a ditar regras e conceitosaos companheiros, louvando seus Pinote recusando-se a beber Merlot, com palavrões. Como todo enochato - dono da verdade, tem algumas "pérolas" - que o bouquet do

Pinoté"omaisassombrosoe excitante e sutil e antigo no planeta" e quetais.

Bobagens à partese variedades de vinhos não se comparamentresi,ecadaumbebe o que quer(e o que pode pagar), mais difícil de entenderéporque oconsumidor comumseguea opiniãode um ficcionista.Lembre-se aqui que O Código Da Vinci, também uma ficção, já vendeu mais de 20 milhões de exemplares. Nocaso do livro,porém, ofundopolicial ébem escrito,tem mistério e os persona gens universais, os maiores bestsellers da história...

ticas à Merlot, fez cair muito a venda dos últimos vinhos. Ora, como ninguém cultiva uma única variedade,o aumento de venda de uma delas compensará aqueda da outra, mesmo porque, como diriam nossosancestrais lusitanos, "para quem é, bacalhaubasta",isso no tempoem queobacalhau abundavae se destinava aos menos favorecidos.

No caso do vinho, oPinot Noir calif or ni an o, correntecomoa imensa maioriadessesvarietaisproduzidos forada Borganha, poucodizem.Mesmo na Borgonha, de onde provém todasas Pinot(Noir, Blanc, Gris, Meunier), boa parte dessesvinhossãomedianos. Por outro lado,os grandes borginhões, todosdePinot Noir,estãoentreosmelhores vinhos do mundo.

Voltando a Sideways, diz a notícia que o apreço do protagonistaa PinotNoir ecrí-

Cremos, assim, que a alteração domercado vinícola americano (denominado "efeito S ideways") seja passageiro, um modismo, causado pela circunstância deum filme secundário, mas p re m i a d o , abordar um vinho também secundárioe influenciar o consumidor secundário por algumtempo. Sabemos todoscomo omercado e as bolsas são volúveis, imprevisíveis e sensíveis até a boatos...

Turismo

Dizaimprensaqueofilme causou mesmo alterações noturismo daregião. Se o fez, pouco afetouo do país. Ninguém vai aos Estados

HAPPY HOUR

Unidos por seuvinho, a não ser os profissionais do ramo, que os compram e vendem e que não são turistas. Também visitam as vinícolas profissionais de imprensa, mas como convidados oficiais dos órgãosde turismo ou dos vinhateiros,que não criticarão seusprodutos. Restaoturismolocal,oturista que passeia,fotografae bebe o que se lhe oferecer.

Modismo

Lembre-se queatendência do consumo de vinho nos países tradicionalmente produtores é de baixa, enquanto nos de vinicultura maisrecente, o chamado Novo Mundo do vinho, vem crescendo, sendo o fato possivelmente umadas razões, entre outras, da repercussão do Sideways Como modismo,passará. Tudopassa. Esperamosentretanto, com fé e confiança, quenossa sedee nossacondição de bem satisfazê-la, custe a passar.

Sérgio de Paula Santos é médico e crítico de vinhos. Membro-Fundador da Federação Internacional dos Jornalistas e Escritores do Vinho (FIJEV), é autor de livros sobre vinhos, o último dos quais, O Vinho e suas Circunstâncias, Senac, São Paulo, 2003.

Refúgio elegante

Erudito

A renovada Orquestra Sinfôniade Campinas,sobaregênciadeHenrique Lian, toca o Concerto Duplo para Violino e Violoncelo, de Brahms (foto). Amanhã (2),21h, edomingo (3), 17h.Teatro do CentrodeConvivênciaCultural (Praça Fluminense, s/n, Cambuí). Ingressos: R$ 8,00. Fone: 3232-4148.

Rock

e pop

Abanda paulistana ReminDreviveorock eopopdosanosde1960e 1970, destacandoclássicos dos Beatles (foto). Mas reservaespaço para invençõesdoLedZeppeline até dos Mutantes. Casa do Lago, Unicamp (Rua Érico Veríssimo,s/n). Fone: 3788-7017). Hoje (1), 21h30 e 18h. Grátis.

Teatro

russo

Em cartaz, Noites Brancas,baseada na obra de Dostoievski.Produzida e estreladapor DéboraFalabella (foto), jáesteve em salas deSão Paulo eRio de Janeiro Hoje(1)esábado (2), 21h; domingo(3), 19h. Teatro Castro Mendes (PraçaCorreiade Lemos,s/n). Fone: 3272-9359. Ingressos: R$ 4O,00 e R$ 20,00.

Dentro do shopping, Caffé Armani é perfeito para relaxar, bater papo ou namorar

Armando Serra Negra

Marcou um cinemae chegou antes?

Sua paquera está fazendocompras enão quer vê-la detonaro cartão?

Ainda mais,micar com as sacolas, carregando-aspara cimae parabaixo peloscorredores? Pensandonisso, o Shopping Center Iguatemi –omaiselegantedeSãoPaulo – encontrou a solução.

O CafféArmani (inaugurado em novembro último noterceiropiso)mostra-seo refúgio perfeito, um lugar finoe agradável pararelaxar,baterum paponofinal do expediente... e namorar! Mas não só: "quando vejo homense mulheres abrindo plantas, espalhando documentos sobre as mesas, nos horários mais variados, acho quegrandes negócios já foram realizados aqui", contaMichelleNasser, detentora damarcaArmani noBrasil. Uma marca que vai muito além de moda e acessórios, para tornar-se

um estilo de vida. Expressa-se no mobiliário (Armani Casa),em floriculturase docerias(Armani Dolci), com lojas próprias. "É o mundo Armani", diz ela, explicando que o estilista supervisionou pessoalmente todo o projeto do caffé,incluindoo cardápio. "Até os bambuzinhosdas floreiras foi o Giorgio quem escolheu", diverte-se. Em estilo clean, sobre o grande balcãoiluminado em tomlaranja,repousam asiguariasoferecidas gratuitamente no happyhour (das 18hs às 20hs), sob a supervisão de ninguém menos que Fabrizio Fasano: torcidinho deanchovas, chips de mandioquinha, trouxinha de legumes, queijinho temperado eoutros deliciosos quitutes. Eles acompanham aqcua naturale(R$ 4), acqua importata (R$ 10) bibite (R$ 4), birranazionale (R$7),birra importata (R$ 10), uísques 8 anos (R$ 17) e 12 anos (R$

20),proseccoValdize (R$ 23), Faé (R$ 29), servidos em copos dagrifeArmani. Toda a decoração da casa é Armani: mesas, cadeiras, sofás, luminárias. Michelle,deorigem suíça,formada emcomunicação visual emBoston, diz ter encontrado no Grupo Fasano a parceriaideal paraa implementaçãodocaffé.E nãopoderiaser diferente. Após o cinema, as compras, e mesmo na hora doalmoço,o lugar oferece umcardápio requintado,a preços acessíveis:hambúrguer com cheddar no forno a lenha, acompanhado por salada verde (R$ 28); ravioli a Gero – mussarela de búfalacomtomatee mangericão (R$29); tagliata – filé mignongrelhado e fatiado com alecrim, flor-de-sal, acompanhado de rúcula e parmesão ralado grosso (R$ 35). "Uma refeição completa não sai por mais de 40, 45 reais por pessoa", calcula o simpático gerente Cid Si-

mão (isso mesmo: sobrinho doJoséSimãodaFolhadeS. Paulo),formado em administração deempresas pela FAAP. "Nossos clientes mais assíduos são os que procuram o atendimento exclusivo que vão encontraraqui, num casamento dedois grandesestilosde vida".Coma magiadeum ambienteassim, ocinema acabaficandopara lá, a

preocupaçãocom a fatura do cartão também,e carregar as sacolas dela até o carro torna-se um grande prazer...Afinal,algum outro lugar bem românticoos espera!

Caffé Armani

Shopping Center Iguatemi, 3º piso (ala nova) - Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2232, Jardins, tel.: (11) 3814-8264.

ADEGA
Leonardo Rodrigues/Digna Imagem
Miler (Paul Gramatti), o enochato, e Jack (Thomas Church) em festa
Estados Unidos: roteiro banal
Estilo clean, grande balcão iluminado em tom laranja e muitas iguarias
Protagonistas entre vinhedos: manifestações violentas contra o vinho Merlot
Miss do FBI

DCultura

ESSA OBRA DE ARTE CHAMADA FUTEBOL

O jogo é o espetáculo no qual a trama vai sendo construída a cada momento, por decisões imediatas

Talvez tão poucos filmes sejam feitos sobre futebol porque o futebol, ao invés de um esporte, já é muito mais um espetáculo dramático. Tratase de uma espécie de teatro, com o qual o futebol tem de comum o fato de ser ao vivo. Há, porém, duas diferenças fundamentais entre o teatro e o futebol. Em primeiro lugar, o teatro trata de conflitos entre individualidades, enquanto o futebol é um conflito entre duas instituições, que aparentemente são os dois times de futebol. Em segundo lugar, enquanto no teatro os atores já sabem de antemão o desenlace da história – e o próprio espectador também pode saber, se tiver lido o texto da peça antes de ir vê-la –, no futebol a trama vai sendo construída a cada momento, por decisões imediatas e imprevisíveis, para eles mesmos, dos jogadores, de modo que o desenlace é sempre uma novidade criada pelo contrachoque das decisões individuais.

Conflito

Sendo o futebol um conflito entre duas instituições, ele pode simbolizar o conflito entre duas instituições que não são os dois times propriamente ditos, mas o que eles representam. Aqui as variações vão ao infinito: o time de futebol pode representar uma classe social, ou o "povão", como o Corinthians; ou imigrantes em busca da ascensão social, como o Palmeiras, time preferido dos de ascendência italiana e, hoje em dia, também dos homens nordestinos radicados em São Paulo. Pode representar uma religião, como em Glasgow, na Escócia, onde o Celtics é o time dos católicos e o Rangers é o time dos protestantes. Pode representar uma facção política, como em Roma, onde a Roma é o time dos esquerdistas e a Lazio é o time dos direitistas. Pode representar uma cidade, como a Internacional de Limeira. Pode representar uma nacionalidade, como na Copa do Mundo. O torcedor, ao torcer para um time, se identifica com a

instituição que o time representa. Isso porém, ocorre plenamente no plano simbólico e não necessariamente no plano real. Não é preciso pertencer ao "povão" para torcer pelo Corinthians, mas, no plano simbólico, todo torcedor do Corinthians se identifica com o "povão". Para tornar a situação mais complexa, a opção pelo clube pelo qual se vai torcer se dá na infância. A opção social escolhida na infância pode ser substituída por outra opção na vida adulta, mantendo-se, porém, a fidelidade ao clube escolhido. Por vezes, no entanto, a contradição entre a opção da infância e a opção da idade adulta é tão violenta que o torcedor "vira casaca", passa a torcer para outro time.

O futebol, além de ser um espetáculo dramático, também é um fator importante de socialização, de educação ao longo da vida. Pelo futebol, aprendemos que a vida é um campeonato contínuo, em que se sucedem vitórias, derrotas e empates. Pelo futebol, aprendemos que todos são iguais perante a lei, que a violência é um dado inevitável da vida, mas que deve ser combatida com rigor; que todos têm liberdade de ir e vir onde queiram, com um mínimo de restrições para que a vida em sociedade seja viável; que a Justiça (o juiz) deve ser neutra, que o direito de crítica e de livre expressão pode e deve ser exercido por todos, que a cooperação coletiva é imprescindível para que todos cheguem à meta almejada.

Órfãos das utopias

Mas tudo isso só é válido se os torcedores se sentem realmente identificados com a instituição que o clube representa. Nas últimas décadas, em todos os países, é crescente o número de pessoas que não se sentem identificadas com nenhuma instituição, nem com uma classe social (são os órfãos das utopias socialistas, os marginalizados, os periféricos, os excluídos, os subempregados), nem com uma religião, nem com uma cidade (a cidade em

Pelo futebol aprendemos que todos têm liberdade de ir e vir, com restrições para que a vida em sociedade seja viável

que moram lhes parece um lugar hostil). Nesses meios, os torcedores não se identificam com a instituição que o clube representa, e sim diretamente com o próprio clube. O torcedor clássico sabe que a instituição com que se identifica sobrevive às derrotas que o clube que a representa sofre. O novo torcedor, que não se identifica com nenhuma

instituição, só com o clube, sente na derrota do clube a perda do último pilar em que sua vida se baseia. Daí, parte para a violência. Esse é o segredo da violência dos "hooligans" e de muitas torcidas organizadas. Mas, para a grande maioria dos torcedores, o futebol continua sendo uma escola de vida e aponta para um futuro em

que os privilégios só serão concedidos aos que tenham maior competência, independente da cor e da origem social. Quando assistimos a um jogo de futebol estamos presenciando um espetáculo dramático, em que a cada jogo se decide o futuro da humanidade: se vamos construir uma sociedade com democracia

política, social e econômica, ou se vamos construir uma sociedade de hooligans, com a violência generalizada e a guerra de todos contra todos.

Renato Pompeu é jornalista e escritor, autor de Canhoteiro, o Homem que Driblou a Glória (Ediouro). Está publicando um romance internético em http://www.carosamigos.com.br
Márcio Fernandes/AEErnesto Rodrigues/AE
Clássico do Campeonato Brasileiro de 2004, entre Corinthians e Palmeiras, no Morumbi, vencido pelo Timão

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