ALGARVE INFORMATIVO #122

Page 1

#122

ALGARVE INFORMATIVO 26 de agosto, 2017

MARIZA DESLUMBRANTE EM CASTRO MARIM DIAS MEDIEVAIS ATRAEM MILHARES DE TURISTAS A CASTRO MARIM 1 #122 FOLKFARO TROUXE DANÇAS DO MUNDO A FARO| «365 ALGARVE»ALGARVE ESTÁINFORMATIVO DE VOLTA


ALGARVE INFORMATIVO #122

2


3

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

4


5

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

6


7

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

8


9

ALGARVE INFORMATIVO #122


CONTEÚDOS ARTIGOS 14 - Novos investimentos em Tavira 20 - Festival de Lucía 24 - Dia do Município de Albufeira 28 - Faro Excelência na Restauração 32 - Dias Medievais de Castro Marim 46 - Folkfaro 58 - Dália Paulo 80 - Atualidade

OPINIÃO 68 - Daniel Pina 70 - Paulo Bernardo 72 - Mirian Tavares 74 - Adília César 76 - Augusto Lima

32 20

58

ALGARVE INFORMATIVO #122

46

14

10


11

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

12


13

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

ILHA DE TAVIRA VAI TER NOVO CAIS E FRENTE RIBEIRINHA DA CIDADE TAMBÉM SERÁ REQUALIFICADA Texto:

O

Salão Nobre dos Paços do Concelho foi palco, no dia 21 de agosto, da assinatura do protocolo para a cooperação técnica e financeira para a construção do novo cais da Ilha de Tavira e da rampa varadouro, bem como da apresentação de projetos do Ministério do Mar para o concelho de Tavira, com a presença do Ministro do Ambiente, João ALGARVE INFORMATIVO #122

Fotografia: Pedro Matos Fernandes e da Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino. O protocolo, que foi assinado entre a Polis Litoral Ria Formosa – Sociedade para a Requalificação e Valorização da Ria Formosa, S.A., Município de Tavira e a Docapesca, Portos e Lotas, S.A., estabelece as bases de cooperação técnica e financeira para a empreitada, num investimento total previsto de dois 14


milhões e 500 mil euros, que será financiado pelas três entidades numa tripartição de 50, 25 e 25 por cento, respetivamente. A empreitada de construção do novo cais e rampa varadouro na Ilha de Tavira tem como objetivos a potenciação dos locais existentes de embarque e desembarque e de cargas e descargas, propondo uma nova estrutura moderna e mais segura, em estrutura mista de betão e aço; e o estudo da iluminação nos diversos ancoradouros e pequeno cais, bem como nos acessos diretos e mais próximos dos mesmos, para além da proposta de iluminação através de energias alternativas. A intervenção passa pela demolição e remoção do atual cais, que se encontra em avançado estado de degradação; a construção de um cais polivalente e de uma rampa varadouro para carga e descarga de equipamentos diversos; e a dragagem da área de manobra da infraestrutura portuária. O prazo de execução está estimado em 12 meses e, durante a época balnear, a obra obrigará a que diversas entidades, com jurisdição no local, promovam alternativas para o transporte de passageiros. Outro projeto em execução no concelho de Tavira diz respeito à reabilitação do molho nascente da barra do Porto de Tavira, a cargo da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, que implica um investimento a rondar um milhão de euros. Esta empreitada tem como objetivo principal a reposição das características geométricas e estruturais adequadas ao bom desempenho do molhe como obra de fixação da barra e de abrigo em relação à agitação incidente, bem como assegurar as 15

devidas condições de segurança de navegabilidade no canal de acesso ao Porto de Tavira. Os trabalhos estão a desenvolver-se a bom ritmo, prevendose a conclusão da empreitada durante o quarto trimestre de 2017. Adjudicada está também a dragagem de manutenção da Barra do Porto de Tavira, com um custo na ordem dos 90 mil euros + IVA. Contudo, atendendo ao facto de que a área de intervenção se localiza nas imediações da Praia da Ilha de Tavira, que possui Bandeira Azul, decidiu-se aguardar pelo encerrar da época balnear, a 30 de setembro, antes de se avançar com os trabalhos no terreno. E no terreno estão ainda várias intervenções no Porto de Pesca de Tavira, num investimento total da Docapesca superior ao milhão de euros. A requalificação da lota tem como objetivo a melhoria das condições higiossanitárias no cumprimento do HACCP, bem como das condições de isolamento térmico, acústico, ambientais e de eficiência energética. Para tal, será criada uma estrutura porticada em betão armado, com fundações em sapatas e lintéis; será substituída a cobertura por um sistema de laje maciça e impermeabilizada pelo exterior; serão criadas condições para a atribuição de Número de Controlo Veterinário; será integrada uma janela panorâmica no alpendre do alçado nascente, que permitirá aos transeuntes observar o funcionamento da lota; será instalado, na parede do alçado sul, um mural alusivo à cidade de Tavira e à sua relação com a pesca. A requalificação da lota comporta um investimento de 420 ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

O Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes

Em paralelo, será realizado o ordenamento do cais de descarga, para melhorar as condições de descarga, estacionamento e abastecimento das embarcações, através de plataformas flutuantes e pontes de acesso, com um investimento de 371 mil e 490 euros e prazo de conclusão também para o terceiro trimestre de 2018. Finalmente, serão realizadas várias dragagens para recuperação das cotas mínimas de serviço necessárias à operacionalidade de estacionamento e descarga do pescado em lota, num investimento de 301 mil e 587 euros, devendo a empreitada estar finalizada no segundo trimestre de 2018.

homem satisfeito. “Com a assinatura destes dois protocolos, vamos concretizar, no médio prazo, uma requalificação substancial da frente ribeirinha da cidade e satisfazer a necessidade extrema de termos um novo cais na Ilha de Tavira. Face aos milhares de visitantes que recebemos todos os dias, é preciso rever um conjunto de infraestruturas e as cargas que elas vão suportar”, frisou o autarca, lembrando que havia ainda verbas da Polis Litoral Ria Formosa disponíveis para aplicar. “A Câmara Municipal de Tavira chega-se à frente com um valor de 625 mil euros para podermos resolver, finalmente, o assunto dos cais, que vinha a ser sistematicamente adiado no passado”.

Perante estes projetos prontos a avançar para o terreno, Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira, era um

Jorge Botelho enalteceu a abertura do Ministério do Mar para a requalificação da frente ribeirinha de Tavira mas,

mil euros, estimando-se a conclusão da obra no terceiro trimestre de 2018.

ALGARVE INFORMATIVO #122

16


apesar de valorizar o que já foi conquistado, confessou que ainda anseia por mais melhoramentos. “Há coisas que queremos ver concretizadas, nomeadamente a recuperação do Porto de Pesca, que foi adjudicada mas cujo processo, pura e simplesmente, parou com o anterior governo. A Câmara de Tavira está disponível para trabalhar, contribuir e financiar, para ajudar a tornar esta terra cada vez melhor, mais turística e com melhores condições na nossa frente náutica, e sempre na defesa intransigente do ambiente”, sublinhou o edil. “Não podemos ficar para trás e, protegendo o ambiente, encontramos soluções ágeis, fáceis e adequadas para o desenvolvimento local”.

MINISTÉRIO DO AMBIENTE INVESTE 22,7 MILHÕES DE EUROS NO ALGARVE ATÉ AO FINAL DO ANO Na cerimónia de assinatura do protocolo para a cooperação técnica e financeira para a construção do novo cais da Ilha de Tavira e da rampa varadouro, o Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, voltou a enfatizar o empenho do atual governo em descarbonizar a sociedade, tornar a economia mais circular e valorizar o território, as tendências de fundo quando se fala de uma sociedade mais equilibrada e onde o ambiente tem um papel nuclear, afirmando-se como criador de emprego, riqueza e bem-estar. “As asneiras que são feitas sobre o território perduram sobre um número de anos insuportável, pelo que é imperativo cuidar dele e saber valorizá-lo”, afirmou o governante, reconhecendo que a Ria 17

Formosa é um território muito rico e sensível, comportando um conjunto de ecossistemas de fronteira. “Até ao final do ano estarão no terreno obras e concursos no valor de 22,7 milhões de euros no Algarve. Só a dragagem da Ria do Alvor e reconstrução de todo o sistema dunar, e as dragagens das barras da Armona e da Fuzeta, custam 8,5 milhões de euros. Os impasses que existiam em torno do Polis foram ultrapassados, com convicção, mas com serenidade e uma grande partilha de vontades, esforços e meios”. O Parque Natural da Ria Formosa é um dos espaços onde está a ser concretizada uma nova estratégia para a conservação da natureza e João Pedro Matos Fernandes afirmou que o Instituto da Conservação da Natureza “faz um trabalho notável com os meios de que dispõe”. E o Ministro do Ambiente não tem dúvidas de que o homem provoca biodiversidade com as atividades que desenvolve. “Por isso, lutaremos para que as atividades tradicionais tenham um papel relevantíssimo em qualquer um dos parques naturais de Portugal e das áreas protegidas do país”. Esta nova forma de olhar o ambiente e de se valorizar o território está bem manifesta em alguns projetos que estão no terreno ou em concurso na região algarvia, casos da recuperação e reabilitação da Avenida 5 de Outubro do futuro Parque Urbano de Olhão; da empreitada da ponte da Ilha de Faro; das obras associadas ao Plano de Praia do Ancão, em Loulé; e da total estabilização do que se pretende fazer ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE no aglomerado da Culatra, na Ilha da Culatra. “O Plano de Intervenção e Requalificação está homologado, o concurso para as obras vai ser lançado durante a primeira quinzena de setembro e já está agendada para Conselho de Ministros a alteração necessária à Lei da Água, para que os habitantes, pescadores, mariscadores, do aglomerado da Culatra possam ter títulos por períodos alargados no tempo. Só assim conseguimos garantir que as atividades tradicionais da Ria Formosa se mantém e elas são muito importantes, para o bemestar de quem lá está, mas Jorge Botelho e Ana Paula Vitorino também para uma riqueza que ultrapassa esta realidade entenderem e isso é a chave do sucesso geográfica”, defende o Ministro do das nossas iniciativas governamentais. Ambiente. Quando tal não acontece, andamos meses e meses a tentar fazer alguma ANA PAULA VITORINO VEIO coisa, perde-se tempo e dinheiro e, no A TAVIRA PARA «FAZER fim, ficamos com uma grande ACONTECER O MAR» desilusão”, referiu a Ministra do Mar. Por ocasião da assinatura do protocolo para a construção do novo cais da Ilha de Tavira, Ana Paula Vitorino sublinhou que o Mar, seja o profundo ou o costeiro, deve ser uma competência partilhada com os Ministérios do Ambiente e da Defesa Nacional, mas também com os Municípios. “Quando queremos dar algum exemplo do que corre bem e do que é sustentável, falamos sempre de Tavira e esta cerimónia reflete a capacidade das entidades e dos portugueses se ALGARVE INFORMATIVO #122

«Fazer acontecer o Mar» é, de facto, um grande desígnio do governo liderado por António Costa, para o que é essencial estabelecer-se estratégias e definir-se o que é realmente importante. “Os primeiros valores da economia do mar, da economia azul, são os valores da sustentabilidade ambiental e da segurança. Não há uma «Terra 2.0» e muito menos um «Oceano 2.0», portanto, os projetos devem ser concebidos em conjunto. Existe aqui 18


uma série de intervenções que só fazem sentido se forem realizadas em simultâneo”, apontou a Ministra do Mar. “Nós queremos fazer muito mais, mas só nos podemos comprometer a fazer aquilo para o qual já temos orçamento e fundamentação técnica para executar”. Falando do projeto preparado para a Ilha da Culatra, que está feito, com datas definidas e financiamento garantido, Ana Paula Vitorino entende que o desafio agora é ir ainda mais longe na política do mar para esta zona do sotavento. “Queremos ter uma náutica de recreio mais eficiente, em quantidade e qualidade, e igualmente sustentável. Não estamos a falar de grandes molhes ou terminais, o nosso desafio é aumentar a capacidade, mas cumprindo escrupulosamente as questões de sustentabilidade”, esclareceu a governante.

Objetivos que só poderão ser alcançados se todos trabalharem em conjunto, até porque as exigências são ainda maiores neste momento, uma vez que Portugal está em plena negociação para a extensão da sua plataforma continental. “Com este processo vamos ficar com a soberania sobre grande parte do Atlântico Norte, o que nos dá maior capacidade para consolidar as parcerias que já desenvolvemos com a Noruega, o Canadá e com tantos outros países que têm soberania sobre partes do Atlântico Norte. Temos que agarrar esta oportunidade para afirmar a nossa liderança em termos de preservação, defesa e sustentabilidade do Oceano Atlântico. E, ao defender o nosso território, damos o primeiro passo para defender as nossas pessoas”, rematou Ana Paula Vitorino .

A Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino 19

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

FESTIVAL DE LUCÍA FOI UM SUCESSO Texto:

O

Fotografia:

Festival de Lucía transformou a vila de Castro Marim num palco de homenagem ao eterno génio da guitarra e mestre absoluto do flamenco contemporâneo, Paco de Lucía. Com edição zero em 2016, o evento alargou-se este ano a novos espaços da vila e decorreu durante os dias 18 e 19 de agosto. Tomatito, um dos incontornáveis nomes do flamenco, lotou a primeira noite num ALGARVE INFORMATIVO #122

concerto memorável no Revelim de Santo António, ao qual assistiram cerca de 600 pessoas. Tomatito é um dos mais conceituados músicos de flamenco, tendo atuado ao lado de Paco de Lucia, Elton John e Chick Corea. Participou ainda no filme «O Advogado do Diabo», ao lado de Al Pacino. Em junho de 2004 editou «Aguadulce», que obteve o Grammy Latino 2005 de Melhor Álbum Flamenco. Antes do sublime concerto, Tomatito e Michel Camilo fizeram uma serenata de homenagem à mãe de Paco 20


21

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE de Lucía, Luzia Gomes, junto à sua casa, em Monte Francisco. Rodeado por familiares de Paco de Lucía, tocaram a célebre música «Two Much», num momento único e emocionante para os que assistiam a esta memória. A fadista Mariza, madrinha e embaixadora do Festival de Lucía, encerrou o Festival com um concerto caloroso e emocionante, consolidando esta iniciativa e defendendo alargadas edições. No público, destacaramse as presenças do cineasta e roteirista espanhol Carlos Saura, do compositor, produtor e guitarrista Javier Limón, produtor do álbum «Mundo» de Mariza e de vários discos de Paco de Lucía, além de vencedor de vários Grammys, do presidente do Montepio, Félix Morgado, entre outras presenças do panorama artístico nacional e espanhol. Interpretado pela pintura e fotografia de Carlos Saura, o Festival de Lucía compreendeu também a exposição «Memória de Paco de Lucía», na Casa do Sal, dedicada à vida e obra do genial guitarrista, e as enriquecedoras colaborações do jornalista e crítico musical Nuno Galopim, com a masterclass «Eurovisão: O artista e a Promoção da sua Geografia», e do guitarrista e professor de Educação Musical e de Espetáculo e Multimédia Henrique Vieira, com a masterclass «Guitarras do Mundo». Enlaçada ainda com o Festival de Lucía ALGARVE INFORMATIVO #122

esteve a atuação da «Academia Gracia Diaz», em Altura. A projeção de artistas locais, das mais variadas expressões artísticas, é também uma das forças motrizes deste Festival. O Município de Castro Marim é o mentor desta inédita homenagem ao eterno génio da guitarra e mestre absoluto do flamenco contemporâneo. Paco de Lucía (natural da vizinha Andalucia – Algeciras), tinha em Castro Marim as suas raízes, mais concretamente em Monte Francisco, terra que viu a sua mãe, Lucía, nascer. É nesta ligação umbilical que o Festival de Lucía assenta, homenageando uma guitarra de várias linguagens, cruzamentos e matizes, como a que Paço de Lucía habitou o seu público, mas homenageando também as mulheres, através da memória de sua mãe, cuja alegria e semblante lusitano sempre o inspirou. Este é o Paco Português, que dedicou um disco a esta terra «Castro Marin» e à sua mãe . 22


23

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

MOINHO DO CERRO DO MALPIQUE INAUGURADO EM DIA DO MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA Texto:

A

lbufeira deu mais um passo exemplar na salvaguarda do seu património vernacular ao inaugurar, no dia 20 de agosto, Dia do Município, o Moinho do Cerro do Malpique, com o intuito de continuar a afirmar a sua diferenciação enquanto cidade e concelho. O novo objeto arquitetónico é visível a ALGARVE INFORMATIVO #122

Fotografia: quem chega a Albufeira pela sua entrada principal e na empreitada não foram esquecidas as tipologias espaciais e construtivas típicas do local. Fica, assim, para as gerações vindouras, não só o património tangível, mas também o imaterial, o conhecimento que está por detrás dos antigos moinhos. “É um exemplar da nossa cultura que foi 24


recuperado, em termos visuais e funcionais, sendo o início de um projeto mais alargado que temos para o Cerro do Malpique”, frisou Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara Municipal de Albufeira. O novo moinho do Cerro do Malpique resulta da aplicação de um conhecimento ancestral que passou de geração para geração e o objetivo é que se torne em mais um símbolo da capital do turismo algarvio. “Queremos que este seja um cerro cultural, onde se mistura o saber ancestral com o saber contemporâneo, no sentido de aproveitar as energias alternativas, nomeadamente o sol e o vento. Em paralelo, queremos aqui criar um centro educativo e de atração turística e que este parque se torne autossustentável em termos energéticos”, adiantou o edil albufeirense. “É muito importante sabermos de onde viemos e preservamos a nossa cultura e identidade, é isso que nos dá o nosso amor-próprio, a nossa autoestima. Albufeira merece que olhemos com muito cuidado, com «luvas de pelica», para o nosso património. Temos que melhorálo, sem nunca perder o seu caráter, porque somos um povo humilde e trabalhador, mas que tem bastante orgulho nas suas raízes”.

25

Carlos Silva e Sousa revelou igualmente que a Universidade do Algarve vai ser uma parceira importante no projeto que se pretende implementar em todo o Cerro do Malpique, terminando a sua intervenção com a merecida distinção ao homem que transmitiu muito do seu conhecimento para que este moinho se tornasse uma realidade. “O senhor Inácio merece toda a nossa estima, porque deu imensas horas do seu trabalho, de forma absolutamente voluntária, para que estes saberes não se percam na memória”. A finalizar a cerimónia de inauguração, Paulo Freitas, presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, não poupou elogios à “maravilha arquitetónica e da

ciência que nasceu neste local fantástico”. “Albufeira tem património, que tem que ser recuperado, cuidado e tratado, e que deve ser aproveitado por todos nós e por quem nos visita” . ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

JARDIM DA ENCOSTA APRESENTADO NO DIA DO MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA Texto:

E

m Dia do Município, o executivo camarário de Albufeira visitou a obra de beneficiação do Parque Verde Urbano que está a crescer na entrada principal da cidade e que pretende transformar o jardim da encosta do Cerro de Malpique num recreio para todos. A estrutura assegura a qualidade de vida em meio urbano através da retenção de poeiras e do armazenamento de água, entre outros aspetos, promove a biodiversidade e

ALGARVE INFORMATIVO #122

Fotografia: valoriza um espaço que estava votado ao abandono. É constituída por áreas de equipamento multigeracional e de crossfit; uma área de estadia, adjacente ao eixo viário, revestida de forma homogénea com arbustos aromáticos de pequeno porte, nomeadamente alfazemas; uma área de parque infantil inclusivo, entre a zona do Parque de Campismo (a norte) e a zona antiga da cidade (a sul), que terá um espaço aberto e um quiosque como elementos

26


impulsionadores de vivências; e uma praça central, a ligar a área de estadia e as restantes áreas do Jardim da Encosta. A intervenção geral e mais ampla procura fomentar a ligação pedonal de várias zonas da cidade de Albufeira, como os Caliços, Vale Pedras e Valmangude, passando pela Praça dos Pescadores, Centro Histórico e Cerro de Malpique, conforme explicou a arquiteta Manuela Santos. “Foi utilizado um equipamento dinâmico e inovador, como é o caso, na praça central, dos bancos que estão iluminados no interior e que dão a possibilidade de ligar à rede wifi. No parque infantil podem ser desenvolvidas várias atividades. No que toca à vegetação, houve o cuidado de se utilizarem espécies autóctones, tendo sido plantadas 155 árvores, mais de metade delas amendoeiras, mais ciprestes, choupos e árvores ornamentais para 27

sombra, como a bauhinia e o jacarandá”, descreveu a projetista. A ideia é que o Jardim da Encosta faça parte de um conjunto harmonioso de espaços verdes espalhados por todo o município, tudo para que as pessoas retomem os hábitos pedonais de outros tempos, confirmou Carlos Silva e Sousa. “É um projeto ambicioso, colocar os residentes e os visitantes a andarem a pé, a desenvolverem formas de vida mais saudáveis. Atualmente, as pessoas estão rotinadas a levar o carro mesmo para a porta de casa e do trabalho e queremos inverter esse fenómeno. Também tivemos a preocupação de usar espécies arbóreas que utilizam o mínimo de rega possível”, rematou o presidente da Câmara Municipal de Albufeira .

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

Rogério Bacalhau, Natacha Alentejano e Paulo Santos

FARO CRIA SELO DE EXCELÊNCIA NA RESTAURAÇÃO Texto:

T

eve lugar, no dia 22 de agosto, a sessão de apresentação pública do «Faro - Excelência na Restauração», projeto da Câmara Municipal de Faro e da AIHSA – Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve com o objetivo de trazer mais credibilidade aos estabelecimentos de restauração e, por consequência, atrair mais clientes, através de uma ferramenta que procurará identificá-los e distingui-los pela sua ALGARVE INFORMATIVO #122

Fotografia: excelência em diversos itens. Em avaliação estarão critérios como a segurança alimentar, atendimento e serviço, recursos humanos e sua formação, sustentabilidade, gastronomia e infraestruturas e instalações, que, em conjunto, irão definir um padrão de exemplo e incentivo para aumentar cada vez mais a qualidade dos estabelecimentos de restauração no concelho de Faro.

28


Esta iniciativa, direcionada aos cerca de 400 estabelecimentos licenciados existentes no Município de Faro, pretende incentivar melhorias nos serviços da restauração, desenvolvendo um circuito turístico gastronómico de qualidade no concelho. A atribuição desta distinção pela Câmara Municipal de Faro e AIHSA conta com a colaboração da Universidade do Algarve e do Turismo de Portugal, através da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, entidades autónomas e independentes que, por via da sua participação e certificação, oferecem credibilidade e reconhecimento à distinção «Faro - Excelência na Restauração». “Faro tem-se afirmado em termos turísticos nestes últimos anos e os profissionais da restauração e hotelaria têm correspondido a este novo paradigma que existe no concelho. Contudo, é preciso passar para o patamar seguinte”, começou por dizer Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro. Com o clima, o património, a segurança e os cuidados de saúde a serem elementoschave nos processos de escolha dos destinos de férias pelos turistas, o edil coloca outra carta no baralho, designadamente a qualidade do serviço que é prestado, tanto a residentes como a visitantes. “Nesse sentido, queremos certificar e distinguir os estabelecimentos que cumprirem um conjunto de critérios bem definidos, com o desejo de que o concelho de Faro se continue a afirmar pela via da qualidade. Andamos a preparar este projeto há algum tempo e está agora em condições de ser implementado”, prosseguiu Rogério Bacalhau. 29

De acordo com Natacha Alentejano, da AIHSA, qualquer estabelecimento de restauração do concelho se pode candidatar ao selo «Faro - Excelência na Restauração», independentemente de ser ou não membro desta associação, havendo depois lugar a auditorias para aferir do cumprimento dos critérios. “Só podem fazer parte do projeto os estabelecimentos devidamente licenciados e as acessibilidades são para nós importantes, assim como as condições de trabalho para todos os profissionais da restauração. As regras ambientais são igualmente essenciais, tais como iluminação e ventilação adequadas, a recolha de resíduos e de óleos alimentares, a reciclagem. Tudo será tido em conta durante as auditorias”, adiantou a técnica da AIHSA. A gastronomia, como é natural, será uma vertente fundamental para se obter esta distinção, dando-se preferência à diversidade e originalidade, à Dieta Mediterrânica e aos vinhos do Algarve. O período de inscrições já se encontra aberto, devendo ser fornecido, para além do formulário preenchido, uma cópia do licenciamento, alvará de utilização, comprovativo de que o HCCP foi ou está a ser implementado e a ementa. Da comissão consultiva fazem parte a Universidade do Algarve, a Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, a AIHSA e a Câmara Municipal de Faro, com a distinção a ter a validade de um ano. “Os empresários de restauração foram, se calhar, os primeiros a acreditar em Faro, antes mesmo da autarquia ter capacidade ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

financeira para investir em algumas áreas fundamentais com vista à dinamização do turismo no concelho. Eles lutaram, ao longo de anos, para conseguir manter os seus estabelecimentos abertos, quando Faro estava fora das rotas turísticas, apesar de estarmos inseridos no Algarve”, enalteceu Paulo Santos, vice-presidente da Câmara Municipal de Faro. Hoje, Faro é um concelho muito mais procurado pelos turistas e o selo «Faro Excelência na Restauração» é entendido como uma outra forma de impulsionar a atratividade deste território e dinamizar mais a economia farense, nomeadamente a ligada ao setor da restauração. A distinção será exibida nos estabelecimentos selecionados, seguindose, posteriormente, um conjunto de ações de promoção, nacionais e internacionais, a cargo da autarquia e da AIHSA. “É uma maneira de premiar o forte investimento realizado por vários empresários de restauração de Faro, num esforço enorme para dar resposta às necessidades atuais ALGARVE INFORMATIVO #122

dos clientes, não só os turistas, mas os próprios residentes. Com este selo ganha o concelho em termos de notoriedade e os próprios empresários, que terão uma maior visibilidade”, considera ainda Rogério Bacalhau. O projeto merece, entretanto, o sinal positivo da Região de Turismo do Algarve, por conjugar várias entidades na valorização de um património. “O concelho de Faro tem-se afirmado claramente nos últimos anos, também graças à sua oferta gastronómica, à Dieta Mediterrânica, aos Vinhos do Algarve. Investir na qualidade faz toda a diferença e prova disso são os inúmeros grupos de turistas que andam todos os dias a passear pelas ruas de Faro”, apontou Desidério Silva. “Este projeto é diferenciador e devia ser alargado a todos os concelhos do Algarve. Qualquer ação que vise melhorar, promover e valorizar, tem que ser acarinhada”, reforçou o presidente da RTA . 30


31

ALGARVE INFORMATIVO #122


REPORTAGEM

CASTRO MARIM VIAJOU NO TEMPO ATÉ À IDADE MÉDIA Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #122

Fotografia:

32


33

ALGARVE INFORMATIVO #122


C

onhecidos pelo rigor da recriação histórica, os Dias Medievais vestiram Castro Marim com a luz encantada das tochas e espalharam pela vila o ritmo da música profana, de 23 a 27 de agosto, na 20.ª edição do evento. Durante cinco dias estão de regresso os tempos da Idade Média, que transportam os visitantes a toda a multiplicidade e contradições de uma época, simultaneamente bárbara e culta, palco de acontecimentos e decisões que ficaram na história e de magníficas produções culturais e artísticas. Depois de terem visto o recinto alargado nos dois últimos anos, os Dias Medievais em Castro Marim apostaram, em 2017, em algumas novidades na área da animação, com destaque para o espetáculo de videomapping, que transformou uma das fachadas do Castelo numa tela gigante onde, numa viagem de luz, design e som, se revelou a história que transformou esta vila raiana. Intitulado «A Luz das Trevas, D. Dinis e o Dragão de Sal», o espetáculo é apoiado pelo PO CRESC ALGARVE 2020, com uma taxa média de cofinanciamento de 70 por cento pelo FEDER. O palco principal voltou a ser o Castelo, o cenário mais leal à Idade Média, onde acontecem as principais recriações, como as de artes e ofícios, e onde estão representadas mais de 45 profissões, para além dos grandes espetáculos, como os

ALGARVE INFORMATIVO #122

torneios medievais a cavalo. É também o Castelo, no paiol, que acolhe a renovada exposição de Instrumentos de Tortura e Punição, mostrando-nos uma das razões pela qual a Idade Média é considerada como a Idade das Trevas. Outra dos grandes destaques desta XX edição é a 34


experiência «Seja Rei por um dia», uma inovação do Banquete Medieval, um dos cunhos dos Dias Medievais em Castro Marim, dando a provar aos convivas as melhores iguarias da época, num espaço exclusivo, no chamado Castelo Velho, e por onde passam todos os grupos de animação do evento. A experiência permite desfrutar 35

do Banquete na Mesa Real, com toda a grandiosidade e diferenciação que isso comportava. Pelas ruas e ruelas de Castro Marim pode-se encontrar a recriação da vida quotidiana do homem da Idade Média, com a representação de todas as classes ALGARVE INFORMATIVO #122


que estruturavam a sociedade na época – clero, nobreza, burguesia e povo. Guerreiros, grupos de música e de dança, cavaleiros, malabaristas, zaragateiros, cuspidores de fogo, contadores de histórias, gaiteiros, equilibristas, espadachins e contorcionistas, entre muitos outros, colorem o resto do cenário medieval. Nas mesmas ruas e ruelas encontra-se todo o imaginário de uma época que carregava criaturas mitológicas, monstros, criaturas demoníacas e mágicas, que explicavam tudo o que era ainda vago e impreciso .

ALGARVE INFORMATIVO #122

36


37

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

38


39

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

40


41

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

42


43

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

44


45

ALGARVE INFORMATIVO #122


REPORTAGEM

FOLKFARO TROUXE DANÇAS DO MUNDO A FARO Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #122

Fotografia:

46


47

ALGARVE INFORMATIVO #122


O

Folkfaro voltou a trazer as danças do mundo à capital algarvia, e não só, com a 15.ª edição a confirmar os pergaminhos de maior festival de folclore do Sul de Portugal. De 19 a 27 de agosto assistiu-se a um colorido especial por Faro e outras localidades da região, em mais uma organização do Grupo Folclórico de Faro, que conta com o apoio principal do Município de Faro. Estiveram representadas as músicas, danças e trajes de povos de diferentes continentes, através da participação de grupos provenientes de sete nações. Ao todo, foram mais de 300 participantes, entre bailadores e músicos, que mostraram a riqueza das tradições populares das suas terras. «Povos, Culturas e Tradições!...» foi o lema da edição de 2017 e os grupos presentes foram selecionados entre mais de uma centena de propostas recebidas pela organização. Assim, o elenco do XV Folkfaro foi constituído por: Folk Ensemble Madara (Shumen), da Bulgária; Ensembles Murager e Inju Marzhan (Atyrau), do Cazaquistão; Grupo Folklórico Costa Rica (Asserri), da Costa Rica; Gruppo Gergent (Sicília), ALGARVE INFORMATIVO #122

48


49

ALGARVE INFORMATIVO #122


da Itália; Ballet Folklórico de Orizaba (Orizaba), do México; e Ensemble Warszawianka (Varsóvia), da Polónia. Para além dos grupos internacionais, também as tradições portuguesas estiveram bem representadas por prestigiados grupos folclóricos de diversas regiões de Portugal, designadamente: Grupo Tradicional «Os Casaleiros» - Azambuja; Rancho Folclórico Rosas do Lena – Batalha; Grupo Folclórico de São Torcato – Guimarães; Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão – Cortelha (Loulé); Rancho Folclórico da Casa do Povo da Conceição de Faro; Grupo Folclórico de Faro (organizador) – Adulto, Infantil e Cancioneiro. ALGARVE INFORMATIVO #122

50


51

ALGARVE INFORMATIVO #122


A Gala de Abertura voltou a realizar-se no Teatro das Figuras, na noite de 19 de agosto, com todos os países participantes, naquele que foi o pontapé de saída para nove intensos dias, repletos de espetáculos e inúmeras atividades. A Gala contou com as participações especiais da Companhia de Dança do Algarve e da cantora Sandra Cristo, a apresentação do grupo anfitrião e a estreia de todos os seis grupos internacionais convidados. Os espetáculos diários regressaram este ano ao Palco do Passeio da Docas, entre 20 e 27 de agosto, em simultâneo com a Feira dos Doces, Frutos Secos e Bebidas Regionais. Em cada uma dessas noites atuaram os diversos grupos estrangeiros, assim como o Clube de Danças João de Deus, Associação São Brás Bailando, Grupo «Amar Guitarra» e Fado com Cátia Alhandra, acompanhada por José Alegre e Rafael Pacheco. O FolkFaro apresentou ainda espetáculos nas freguesias de Faro e nos concelhos de Loulé, Olhão, ALGARVE INFORMATIVO #122

52


53

ALGARVE INFORMATIVO #122


São Brás de Alportel, Albufeira, Tavira e Silves, num total de 15 localidades. As animações de rua, na baixa e no Mercado Municipal, assim como os desfiles dos grupos da Pontinha ao Passeio da Doca, e as animações musicais na «Tertúlia Algarvia», geraram um ambiente de alegria e festa um pouco por toda a cidade. Os programas especiais para crianças na Biblioteca Municipal de Faro e no Refúgio Aboim Ascensão, os programas para idosos em várias instituições e um programa especial para os reclusos no Estabelecimento Prisional reforçaram a componente social do festival. Mas houve também lugar a Ateliers de Dança na Escola EB 2,3 Santo António, onde os mais curiosos podiam aprender e praticar um pouco das danças do mundo com os grupos participantes . ALGARVE INFORMATIVO #122

54


55

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

56


57

ALGARVE INFORMATIVO #122


ENTREVISTA

ALGARVE INFORMATIVO #122

58


«365 ALGARVE» ESTÁ DE REGRESSO, EM TORNO DO SOL E COM APOSTA FORTE EM FESTIVAIS Está no terreno a ativação de marca da segunda edição do «365 Algarve», programa financiado pelo Turismo de Portugal e executado pela Região de Turismo do Algarve, em parceria com as Secretárias de Estado do Turismo e da Cultura, e que acontece entre os meses de outubro de 2017 e maio de 2018. Antes do pontapé de saída, a comissária Dália Paulo falou das principais novidades do programa, que tem o Sol como mote e aposta forte em festivais temáticos como eventos âncora. Texto:

59

Fotografia:

ALGARVE INFORMATIVO #122


A

edição 2017/2018 do Programa «365 Algarve» tem início marcado para o dia 1 de outubro, prolongando-se até final de maio do próximo ano, tendo como mote o Sol, no seu significado de território, reunião, bom acolhimento, alegria, motor de inovação e tradição, fomentando a autoestima dos residentes e proporcionando ao visitante o contacto com as gentes que habitam esta região. Por isso, a programação alia o melhor da terra, com destaque para a gastronomia, património cultural e natural, ao melhor do homem, nomeadamente a sua criatividade e a arte. Antes, porém, de se falar do que está para vir, há que analisar o que aconteceu no passado recente, numa primeira edição do «365 Algarve» que contemplou mais de mil apresentações e que teve para cima de 200 mil espetadores. “Podemos dizer que

ALGARVE INFORMATIVO #122

correu muitíssimo bem, pela sua novidade, por ser um programa consistente ao longo de oito meses e pelo empenho dos seus 56 parceiros. A iniciativa só tem sucesso de chegar às pessoas, se elas se apropriarem dela, e foi isso que aconteceu”, observa Dália Paulo, a comissária do «365 Algarve», lembrando que o programa foi preparado num espaço de tempo bastante reduzido e reconhecendo que, como é natural num primeiro ano, nem tudo correu a 100 por cento. Um dos aspetos que está a ser reforçado nesta segunda edição é precisamente a comunicação, logo à partida com a criação de um sítio de internet com toda a programação, em português, inglês, francês, alemão e castelhano. “Permite desenvolver uma relação mais próxima com os agentes turísticos, com aqueles que vendem o 60


destino «Algarve» aos visitantes. Essa promoção vai existir também nas receções das unidades hoteleiras, para além do Aeroporto de Faro, onde isso já sucedeu no primeiro ano”, adianta Dália Paulo, falando de outra novidade, uma gestão ativa das redes sociais em torno do «365 Algarve». “Foi firmada uma parceria entre a ATA – Associação de Turismo do Algarve e a ETIC – Escola de Tecnologias, Inovação e Criação para ter uma atualização, quase ao minuto, do pré e pós acontecimento dos eventos, o que levará a um diálogo mais direto com os utilizadores das redes sociais”, anuncia a entrevistada. Uma avaliação externa realizada pela Universidade do Algarve sobre a primeira edição do «365 Algarve» serviu, entretanto, para identificar fragilidades e melhor direcionar caminhos, até porque não se centrou sobre os públicos do programa, mas sobre quem estava na região naquela altura do ano. “Ficamos a saber, por exemplo, por que razão as pessoas conheceram ou não o programa, daí intensificarmos agora o plano de comunicação dos eventos. Mas há que reconhecer que a comunicação social, tanto a regional como a nacional, foi inexcedível na forma como tratou o «365 Algarve» e os nossos parceiros. O Inverno teve um olhar diferente no plano cultural e aquilo que fazemos aqui tem, necessariamente, que ter um impacto externo e trazer benefícios para o Algarve”, entende Dália Paulo. O certo é que os algarvios se tornaram, eles próprios, verdadeiros embaixadores do «365 Algarve» e trabalhar os territórios onde o turismo acontece significa que se tem que promover iniciativas a pensar nos 61

(...) OS RESIDENTES DESFRUTAM DAS INICIATIVAS, O MESMO SUCEDE COM OS TURISTAS QUE VÊM DE FÉRIAS E NÃO CONHECEM O PROGRAMA, MAS QUEREMOS, NESTA SEGUNDA EDIÇÃO, ATRAIR PESSOAS DE PROPÓSITO PARA O ALGARVE E ISSO PASSA PELA APOSTA EM EVENTOS DE MAIOR IMPACTO (...) visitantes, mas também nos residentes. “Percebemos, desde o início, que não podíamos ter algo que não dissesse nada aos locais, que fosse exclusivamente dedicado aos turistas. Aliás, quando vamos a qualquer sítio, queremos contatar com quem lá vive, perceber como é que lá se vive, ALGARVE INFORMATIVO #122


compreender quem são as pessoas dos destinos que decidimos visitar. Por isso, não fazia sentido termos um programa que, pela primeira vez, se dedicava a quem faz cultura no Algarve e que, depois, os produtos fossem somente direcionados para os turistas”. O «365 Algarve» demonstrou ainda que não se «faz» cultura apenas a sul da Estrada Nacional 125, mas do litoral à serra e ao barrocal, do extremo do sotavento à outra ponta do barlavento e até em palcos inesperados, e não apenas nos tradicionais auditórios, centros culturais e teatros municipais. “A identidade do Algarve não se faz apenas do mar, portanto, o programa tinha que mostrar as várias realidades existentes na região e não apenas os espaços convencionais de fazer cultura. Cultura, para nós, é a identidade desta região, a sua vida, e essa não está confinada entre quatro paredes. Por isso, a qualquer momento podíamos deparar-

ALGARVE INFORMATIVO #122

nos com uma atividade cultural, no mais inusitado dos espaços e a qualquer hora do dia”, recorda Dália Paulo.

EVENTOS COM MAIOR IMPACTO PARA ATRAIR NOVOS TURISTAS Chega-se, entretanto, à segunda edição do «365 Algarve», cujo intuito continua a ser demonstrar que o Algarve é um território coeso, plural e multicultural, desde as fronteiras com Espanha e o Alentejo até ao mar. Uma mudança que salta logo à vista é a criação de uma temática mais definida, tendo o Sol como mote para as várias propostas apresentadas pelos parceiros. Parceiros que deixaram de ser apenas as autarquias e as associações culturais, uma vez que o leque de participantes foi alargado às associações e empresas da área da animação turística e animação

62


cultural. “Não podíamos ficar limitados aos nossos parceiros da área cultural, uma vez que os oriundos da área turística também tinham ofertas que enriqueceriam o programa. Nesta segunda edição houve mais tempo para a apresentação de propostas e criou-se um regulamento com todos os critérios perfeitamente claros. Das propostas selecionadas, algumas são de continuidade, outras são novas”, refere Dália Paulo. Olhando para a nova programação, esta alicerça-se, então, em quatro eventos âncora: LUZA – Festival Internacional de Luz do Algarve (24 a 26 de novembro, em Loulé); Festival do Contrabando (23 a 25 de março, em Alcoutim); Festival Algarve Jazz Gourmet Moments (25 a 27 a maio, em Lagos); e Lavrar o Mar (Ano Novo, Páscoa e com projetos de regularidade de outubro a maio). Outras novidades são: a Festa dos 63

Sentidos (outubro e novembro, em Lagos); «Um Certo Ponto de Vista», arte contemporânea que une artistas resistentes e convidados (outubro a maio, em Faro, São Brás de Alportel e Portimão); AlGharb.Come (novembro a maio, em Vila Real de Santo António, Castro Marim e Alcoutim); CataPlay (dezembro a maio, em Faro, Vila Real de Santo António, Loulé e Vila do Bispo); Festival de Artes Performativas de Tavira (janeiro e fevereiro, em Tavira); Festa do Acordeão (fevereiro, em Loulé, Albufeira e Faro); Festival de Culturas Mediterrânicas – Entre Mares, sob o olhar do viajante Teixeira Gomes (maio, em Portimão); e o ECOFEST – Festival de Música e Ambiente (4 a 6 de maio, em Olhão). Da primeira edição mantém-se alguns eventos consolidados com impacto e de estruturação da oferta, nomeadamente: ALGARVE INFORMATIVO #122


(...) ALGUMAS PROPOSTAS SÃO VERDADEIRAMENTE DE FUTURO E QUEREM INSCREVER O ALGARVE NOS CIRCUITOS INTERNACIONAIS DE FESTIVAIS (...) VIDEO LUCEM (outubro a maio, em Faro, Lagoa, Tavira, Loulé, Vila Real de Santo António, Aljezur e Silves); VIII Festival Verão Azul (17 a 28 de outubro, em Faro e Lagos); 2.º Festival Internacional de Piano do Algarve (janeiro a abril, em Portimão); «Jazz nas Adegas» (janeiro a abril, em Silves); FIMA – Festival Internacional de Música do Algarve (março a maio em diversos locais do Algarve); IV Encontros do Devir Cidades Utópicas (abril e maio, em Faro, Loulé e Lagos). Outros eventos conjugados com a programação regular que acontece no âmbito do programa cultural «365 Algarve» são: a Festa dos Anos de Álvaro de Campos 2017 (outubro e novembro, em Tavira); «Faro Desvendado» (outubro a maio, em Faro); Momentos Fantásticos com Património (outubro a maio, em Lagos); Bordeira Terra de Acordeão – a obra de Hermenegildo Guerreiro (4 de novembro, em Faro); Festival T – Festival Internacional de Teatro de Albufeira (23 a 27 de março, em Albufeira); e «Terra de Maio» (25 a 27 de maio, em Castro Marim). ALGARVE INFORMATIVO #122

O orçamento do «365 Algarve» continua a ser de um milhão e meio de euros, sendo que a fatia para o apoio à programação é de um milhão e 250 mil euros, com o remanescente a ser dedicado à comunicação. Foram recebidas 135 propostas provenientes de 92 entidades, tendo sido selecionados 24 projetos de 24 entidades, que vão totalizar mais de meio milhar de apresentações, ou seja, sensivelmente metade do que se verificou na primeira edição. “Considerou-se importante criar eventos âncora que verdadeiramente marcassem o calendário em cada mês e que fizessem essa ligação entre a cultura e o turismo. Os residentes desfrutam das iniciativas, o mesmo sucede com os turistas que vêm de férias e não conhecem o programa, mas queremos, nesta segunda edição, atrair pessoas de propósito para o Algarve e isso passa pela aposta em eventos de maior impacto”, salienta Dália Paulo. A aprendizagem do primeiro ano conduziu, assim, à criação de um regulamento com critérios mais definidos, o que elevou a fasquia das propostas apresentadas e também da programação final. “Queremos potenciar aquilo que, de facto, não acontece sem o «365 Algarve». Não faz muito sentido agregar iniciativas apoiadas pelos municípios, pela Direção Regional de Cultura ou por outras entidades. É uma edição que tenta comunicar de forma diferente com o público, através de festivais que consigam atrair mais espetadores”, afirma a comissária, aproveitando para 64


enaltecer a forma como a edição de 2016/2017 foi preparada em tempo recorde. “Os municípios e os agentes culturais foram espetaculares e, em 15 dias, apresentaram propostas. A região necessitava deste programa, que lhe fosse dado espaço para criar uma oferta feita e pensada por quem está neste território e para este território. Numa segunda edição, o objetivo é densificar essa oferta e a relação entre território, cultura e turismo”, indica a entrevistada. “Esta programação espelha bem as necessidades do Algarve também do ponto de vista do setor turístico, com o intuito de termos um destino 365 dias por ano”, reforça. Os festivais vão estar em foco no «365 Algarve», mas Dália Paulo garante que não vai haver choques com os eventos existentes, ao contrário do que aconteceu na primeira edição, porque a programação 65

foi montada quando as agendas dos municípios e de outros atores culturais já estavam fechadas. “Estes eventos foram desenvolvidos pelos agentes que os apresentam, mas em colaboração com as autarquias, o que implica que não vai haver sobreposições, que há espaço para as pessoas rumarem para as iniciativas que desejarem ver”, assegura, confessando que, depois da montagem do puzzle estar concluída, existe agora uma grande ansiedade para que o programa comece. “Vamos fazer uma apresentação oficial no dia 4 de outubro, em Loulé, mas o programa arranca, a 1 de outubro, com a Festa de Anos de Álvaro de Campos. Estamos muito ansiosos para ver as novas apostas da segunda edição, sendo que algumas delas são verdadeiramente de futuro, que querem inscrever o Algarve nos circuitos internacionais de festivais”. ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

66


67

ALGARVE INFORMATIVO #122


OPINIÃO Nós, os «coitadinhos» da imprensa regional … Daniel Pina (Jornalista)

F

az-me confusão aquelas pessoas que, em plena era da comunicação digital, continuam a separar a imprensa nacional da imprensa regional, ao invés de distinguirem apenas entre imprensa em papel e imprensa online. Isto porque os jornais e revistas que são impressos em papel podem ter, efetivamente, uma distribuição nacional, regional ou local, ao passo que os jornais ou revistas online não estão circunscritos à região onde têm a sua sede social ou redação, pois a internet não tem fronteiras geográficas. Veja-se o caso da revista semanal do Algarve Informativo, cujo exemplo cito, não por uma questão de vaidade, mas por ser aquele do qual possuo dados concretos em termos de leitores e de onde esses leitores são. No dia 26 de agosto fica online o número 122 desta publicação digital que, de facto, tem sede em Almancil mas que é lida, não só de norte a sul de Portugal, mas em toda a Europa Ocidental, no Brasil, na América do Norte, na Austrália e em Angola e Moçambique. Portanto, dizer que o Algarve Informativo é uma publicação regional é, no mínimo, ridículo. É verdade que os seus conteúdos assentam essencialmente no que acontece no Algarve, mas as suas peças jornalísticas são lidas noutros continentes e acredito que o mesmo suceda com outros jornais online algarvios. Infelizmente, as grandes empresas de âmbito nacional continuam a olhar apenas para o endereço fiscal dos órgãos de comunicação social, de modo que, para se fazer publicidade, só interessam os jornais e revistas sedeados em Lisboa ou no Porto. Todos os outros não são pertinentes para os seus planos de marketing e comunicação, contudo, quando é

ALGARVE INFORMATIVO #122

para fazer entrevistas aos responsáveis ou reportagens gratuitas sobre os eventos que organizam, de repente já somos «importantíssimos», às vezes até «fundamentais». O mesmo acontece com as ditas agências de comunicação e assessoria, para quem apenas os jornalistas da chamada «imprensa nacional» são merecedores de atenção. Veja-se o sucedido neste belo 25 de agosto, no lançamento da primeira pedra de um mega empreendimento turístico que está a nascer no interior do Algarve. A «imprensa nacional» chegou num autocarro especial e teve acesso imediato ao local onde teria lugar a cerimónia. À «imprensa regional» foi vedado esse acesso, os jornalistas e fotógrafos tiveram que deixar os carros estacionados num descampado de terra batida, com lama e pó por todo o lado, e tiveram que ficar à espera, debaixo de um sol escaldante, por um segundo autocarro. Pior do que isso, só depois de muito reclamarem é que conseguiram meter na cabeça dos elementos da organização que estavam a fazer a receção aos convidados que tínhamos que chegar ao local antes das entidades oficiais. Assim se continuam a tratar os profissionais da dita «imprensa regional» do Algarve que, na hora da verdade, já praticamente é toda imprensa online e, por isso, há muito que deixou de ser «imprensa regional». Mas as cabecinhas pensadoras que enchem os gabinetes de marketing e assessorias de imprensa de Lisboa ainda não perceberam que o mundo mudou muito na última década… .

68


69

ALGARVE INFORMATIVO #122


OPINIÃO

Jornais Locais, Jornais Mundiais Paulo Bernardo (Empresário)

E

sta semana muito se tem falado sobre a próxima revolução da imprensa em Portugal, com o desinvestimento do grupo Impresa, bem como o que se passa um pouco pelo mundo, com a queda do grupo Globo e a editora Abril no Brasil. Para aqueles da minha idade, tudo isto parece muito louco, pois crescemos a ver estes grupos dominarem o mundo da imprensa, quer escrita, quer na televisão. Também vivemos o fim da chamada imprensa regional, desde o fim do porte pago, dos anúncios obrigatórios, etc., etc., etc.. Contudo, ao mesmo tempo que algo vai definhando, outros meios vão nascendo. Vou usar um exemplo que bem conhecemos, o desta revista online que estão a ler. É uma revista de abrangência mundial e de produção regional. Pronto, já me estão a dizer que só é lida pelos Algarves, mas isso é mentira. Eu, pelo menos, tenho leitores em várias partes do mundo que leem as minhas crónicas. Lá vão dizer que é presunção minha, não é, pois recebo os comentários e as opiniões sobre o que escrevo. Sem este tipo de imprensa, não poderia chegar tão longe, assim chego e, tal como eu, uma quantidade grande de gente hoje é lida de uma forma que nunca poderia ser lida no passado. Vão-me dizer que o papel é importante, e eu respondo, é sim, muito importante, a imprensa digital não acaba com a tradicional, apenas se complementam. Então, vamos pensar isto de outra forma. Se chegamos a todo o mundo, cada pequeno ponto de produção de notícias pode ser uma fonte de informação para uma grande rede. Vamos imaginar que se começa a criar uma rede de produção de conteúdos independentes de

ALGARVE INFORMATIVO #122

língua portuguesa nas suas mais diferentes variantes desde Macau a Lisboa. Temos cerca de duzentos e oitenta milhões de falantes de língua portuguesa. Se juntarmos os conteúdos numa grande plataforma onde cada um assuma o que escreve, como no caso do «Algarve Informativo», e os respetivos congéneres pelas regiões do mundo, obteríamos um grande jornal/revista de língua portuguesa no mundo. Entre estes temas muitos não teriam interesse mas, depois de algum tempo, teríamos cada um dos autores que gostaríamos de ler, os temas, etc. Seria um jornal/revista único para cada um dos leitores. Isto é a beleza do mundo sem fronteiras que as tecnologias criam. Mete medo, claro que mete, pois, quando o mundo muda, mete sempre medo, mas assim não estaríamos dependentes dos capitais dos editores e cada um podia ler o que cada indivíduo produz, com o conforto dos comentários que validam ou não o que se diz. Que maravilha, ler crítica gastronómica de Macau, ler notícias políticas de Cabo Verde, o desporto de Angola, a pesca em São Tome, a história em Portugal. Por isso, este mundo novo não nos deve assustar, mas sim motivar-nos para participar mais, para mais tarde podermos ter uma revista de arte de língua portuguesa, fruto dos conteúdos produzidos pelos vários autores de língua portuguesa. Eu acredito que a tecnologia deve ser usada para nos servir bem, facilitando a todos que as ideias e conteúdos cheguem o mais puros possíveis aos leitores e não alterados pelo chicote do capital . *Escrito em São Brás de Alportel

70


71

ALGARVE INFORMATIVO #122


OPINIÃO

A tal da felicidade Mirian Tavares (Professora) “O trem da alegria promete-mete-mete-mete, garante Que o riso será mais barato, dora-dora-dora em diante Que o berço será mais confortável, Que o sonho será interminável, Que a vida será colorida, etc e tal.” Frejat

O

Verão é a estação que nos obriga a ser feliz. São as férias, é o sol, os banhos de mar, as festas e os milhares de festivais espalhados por todo o país. Todos se tornam otimistas e acreditam, momentaneamente, num mundo melhor. Ai de quem, desavisadamente, decidir que não está para aí virado, para esta coisa a que chamam felicidade, ou pelo menos a versão de felicidade vendida nos anúncios de televisão, nos mupis espalhados pela cidade, nas redes sociais recheadas de fotos de pessoas felizes como se o mundo, de repente, fosse transformado em parque de diversões gigantesco e todos, sem exceção, tivéssemos comprado bilhete sem direito a desistência ou reembolso. Dizem que o Inverno e o Outono são as estações mais deprimentes do ano porque chove e os dias são cinzentos, sem aquela luz que torna tudo à volta radiante e, por isso, dão-nos o direito, a quem assim o entender, de ser infeliz. Ora, o verdadeiro deprimido sabe que custa muito mais sobreviver à alegria geral, que, ao contrário do que muitos pensam, não é contagiante. Sobretudo quando, na maioria das vezes, sequer é real. Estava a arranjar as unhas e ouvia uma senhora a comentar: "Vimos passar férias à praia X e aquilo

ALGARVE INFORMATIVO #122

está um horror! A areia super cheia, não há espaço sequer para metermos a nossa prancha de padel e há um lounge bar que toca, a altos berros, música eletrónica todo o dia. Os parques de estacionamento inflacionados e os miúdos só querem estar nas discotecas e chegam à praia quando o sol de põe. Depois há filas nos restaurantes, nas estradas e ninguém se entende sobre a hora do jantar". Porque o Verão deve ser isso: um pack que inclui juntar os parentes, a miudagem, os tios e avós, juntar até mesmo casais que se veem de vez em quando durante o ano por causa da lufa-lufa do trabalho, num mesmo espaço, já por si superpovoado, e esperar que tudo corra pelo melhor. E mesmo que não corra, as fotos selecionadas e «filtradas» dizem ao mundo: veja lá como estamos felizes! Isso me lembra sempre uma anedota sobre um casal que tinha dois filhos: um pessimista e outro otimista. No Natal, deram ao primeiro uma bicicleta. E ele disse: que grande chatice! Vou cair, vou magoar-me, vou ter de ir ao hospital… Ao outro deram uma lata cheia de esterco. E logo viram-no aos berros pela casa a gritar: onde está o cavalo? Onde está o cavalo? .

72


73

ALGARVE INFORMATIVO #122


OPINIÃO Amar pelos Dois – Uma proeza emocional Adília César (Escritora) “Se um dia alguém perguntar por mim, diz que vivi para te amar, antes de ti só existi, cansado e sem nada para dar. Meu bem ouve as minhas preces, peço que regresses que me voltes a querer, eu sei que não se ama sozinho, talvez devagarinho possas voltar a aprender. Se o teu coração não quiser ceder, não sentir paixão não quiser sofrer, sem fazer planos do que virá depois, o meu coração pode amar pelos dois”. (Luísa Sobral)

L

uísa Sobral compôs a canção «Amar pelos Dois» e o seu irmão Salvador Sobral cantou e ganhou o Festival RTP da Canção 2017 em Portugal e o Festival Eurovisão da Canção 2017 na Ucrânia. Uma proeza para o universo português, dizem. Proezas à parte, desde logo opiniosos dos mais variados quadrantes, um pouco por toda a parte, dissecaram o «fenómeno sobral». Confesso que na altura não me interessei muito pelo assunto, embora tenha pensado que a canção era bonita e que o Salvador cantava bem; Portugal ganhou a Eurovisão, que bom para Portugal. E ficou por aí o meu conteúdo reflexivo sobre «amar pelos dois». Apesar de não considerar o «fenómeno sobral» uma necessidade do meu pensamento, aconteceu que «tropecei» inadvertidamente no facebook com um artigo de uma psicanalista (não me recordo o seu nome nem a origem do artigo) que dissertava sobre lugares-comuns que escondiam verdades valiosas nos relacionamentos, as quais, na sua opinião, todos deveríamos conhecer e aceitar para termos sucesso no amor. Sempre desconfiei deste tipo de artigos generalistas de auto-ajuda. Considero-os demagógicos e perigosos, sem utilidade prática para as necessidades emocionais específicas de cada um. Quem precisa de terapia deverá consultar um terapeuta/psicanalista/psicólogo/psiquiatra em privado! A última sugestão da dita psicanalista tinha a ver com a «12.ª mentira dos relacionamentos». Dizia ela que existiria um pressuposto (criativo) grave (que poderia induzir em erro) no seguinte verso da canção supracitada: “o meu coração pode amar pelos dois”, justificando com veemência que ninguém pode amar pelo outro e que o amor tem de ser recíproco para trazer felicidade, em qualquer contexto relacional. Mas a sua argumentação não me convenceu.

ALGARVE INFORMATIVO #122

Amar pelos dois? Sim, de acordo com a história que vos vou contar sobre um homem que construiu toda a sua vida em redor da família. Alicerces de amor. Sempre cuidador perante as necessidades dos outros entes queridos. Já bastante idoso, vai evidenciando comportamentos divergentes em episódios de demência, cada vez mais frequentes: perda de memória, desorientação, alterações visuais, insónia, dificuldades de expressão, de percepção e de decisão. Parece que a pessoa que ele era vai desaparecendo, mergulhando na escuridão. Tem um nome, uma história e boas memórias que implantou nos outros. Ele tem uma doença neurodegenerativa progressiva e incurável – Alzheimer, mas aquele homem ainda está ali, «é» ainda o meu pai. Que fazer com o amor que lhe tenho? Se sou sua filha e o amei tanto outrora, se é meu pai e também me amou daquele modo sensível durante tanto tempo, que fazer com o amor que parece já não me dedicar porque nem sequer sabe quem eu sou? Amar pelos dois? Sim. O amor que tenho agora ao meu indefeso pai é maior, mais sublime, na aparente ausência da sua humanidade. Mar de afectos e compaixão. Sinto o amor que lhe tenho e o que ele sempre me dedicou. À medida que a condição degenerativa dos seus neurónios o faz recolher-se naquela gruta de murmúrios cada vez mais surda e profunda, o seu amor transcende esse mundo de fantasmas onde não consigo entrar e procura consolo na minha paisagem interior, alargando as fronteiras do meu universo de afectos. Um amor que me contamina no sentido de aumentar a minha capacidade de amar. Uma aprendizagem rara através de uma experiência peculiar: amar pelos dois. Estou em paz comigo própria e a doença do meu pai já não me assombra. Sou agora um ser mais humano. Uma proeza emocional .

74


75

ALGARVE INFORMATIVO #122


OPINIÃO

Turismo é dinheiro Augusto Lima (Cozinheiro e Formador)

T

urismo é dinheiro e dinheiro, quando não apreciado e valorizado, vai bater a outra porta. Turistas precisam-se, muitos e sempre Tenho lido algumas coisas sobre a qualidade e a quantidade dos nossos turistas. Contêm algumas verdades e muitas mentiras. Frase feita, lamechas, etc, o certo é que o Mundo mudou, está a mudar e estará sempre, e tudo e todos devem sabiamente moldar-se, adaptar-se. Voltando, por vezes, aos velhos costumes dos nossos pais que, por serem bons, são de novo aplicados. Tudo na vida tem momentos altos e baixos e nem sempre, quase nunca, o avanço tecnológico e a caminhada para um mundo melhor, o é, sem contra indicações. Hoje, quase, quase todos podem gozar as férias, se não fora do país, cá dentro, com certeza. E lembro que férias pressupõem sair do costumeiro, alargar horizontes e conhecimentos, com descobertas simples mas grandes de conhecimento, simbolismo e prazer mundano. Um país como Portugal, com uma história ímpar, com uma situação geográfica, geopolítica e geoestratégicas únicas, tornou-se por si só, cobiça de muitos, no que diz respeito à curiosidade de nos conhecerem. Por outro lado, a migração de portugueses para outros cantos de Portugal é mais que salutar, é importante, e importante porque conhece o seu país, porque ajuda o seu país gastando o seu dinheiro cá dentro. Em se tratando da chamada migração da saudade (os nossos Emigrantes), é mais do que lógico, importante para a identidade do nosso Pais e uma vez mais para a entrada de divisas nos nossos cofres, da mesma maneira que acontece como o Turista do mundo, quando escolhe Portugal para conhecer e depois, volta uma e outra vez, anos a fio. A abolição de fronteiras, a reestruturação do parque de dormidas e a oferta de outros serviços do sector terciário, trouxeram, numa primeira

ALGARVE INFORMATIVO #122

abordagem, o Turismos de Habitação, depois os Turismos Agrícolas, a renovação do Turismo Religioso, em boa hora, o Turismo Gastronómico/Vínico, os Hostels e o Alojamento Local, o Time Sharing, o All Inclusive, as viagens Lowcost e com isso permitiu que o Turismo deixasse de ser elitista, que o Turismo se democratizasse, que mais pessoas em redor do mundo pudessem viajar, abrir horizontes, negociar, mudar de vida e de poder escolher onde viver. Cada país tem as suas próprias leis ou partilha leis comuns sobre atentado à moral, ao bem público, atos de vandalismo e outros associados. Impõe-se é que as leis sejam cumpridas de modo a que quem visita seja tão bem tratado como quem recebe. Não confundir o turismo dos nossos Emigrantes com as suas escolhas linguísticas ou com a maneira como se comportam alguns dos nossos emigrantes. Também já vi atitudes menos assertivas e sem necessidade de turistas portugueses noutros destinos. Os 4,8 por cento que o Turismo representa no valor total do nosso PIB são muito pouco, muito pouco para o que o país e em especial o Algarve podem faturar. O que é preciso? – Formar/educar pessoas (empresários, primeiro e depois trabalhadores), de modo a que todo e qualquer trabalho possa/deva ser encarado como único e, muito importante, imprescindível; – Mudar/alterar atitudes; – Inovar; Por isto tudo, algarvios do mê coração, deem de vós, coloquem-se na mesma situação, interajam, ajudem a explicar, sejamos cada um de nós um agente de viagens, um técnico de turismo, um apregoador do que é bom e diferente. Portugal está na moda e nunca fomos tão reconhecidos mundialmente como agora. Aproveitemos, pois, sabiamente estes sinais de mudança Turismo é dinheiro e dinheiro, quando não apreciado e valorizado, vai bater a outra porta . 76


77

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

78


79

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

AGIR E XUTOS & PONTAPÉS NO RÉVEILLON DE ALBUFEIRA

N

o Dia do Município de Albufeira, a 20 de agosto, foi apresentado o Programa de Fim de Ano, com o Município a voltar a apostar num cartaz diversificado com cinco dias de atividades para toda a família. Na noite de 31 de dezembro, o palco da Praia dos Pescadores recebe o tão esperado concerto junto ao mar, este ano com dois grandes nomes do panorama musical português da atualidade: Agir e Xutos e Pontapés. Agir, nome artístico de Bernardo Correia Ribeiro de Carvalho Costa, é um cantor,

ALGARVE INFORMATIVO #122

compositor e produtor português que saltou para o estrelato em 2015 com o lançamento do seu segundo álbum, «Leva-me a Sério», de onde são extraídos os singles «Tempo É Dinheiro», «Parte-me o Pescoço» e «Como Ela é Bela». O álbum tornou-se um grande sucesso, atingindo o n.º 1 do top português de álbuns e o galardão de platina (15 mil exemplares). O filho do cantor Paulo de Carvalho e da atriz Helena Isabel vem a Albufeira apresentar o seu terceiro disco, cujo tema de estreia é «Manto de Água», que conta com a colaboração de Ana Moura.

80


À meia-noite, quem estiver na zona de Areia de S. João e Oura também vai poder assistir ao fogo-de-artifício que será lançado na praia da Oura, mas não será só o céu que estará iluminado, pois a Avenida Sá Carneiro vai ser percorrida por artistas circenses, que prometem surpreender com performances e números de grande impacto visual na Star Parade. Logo após o fogo-de- artifício, os Xutos & Pontapés iniciam a sua atuação ao ritmo do rock & roll português com que nos têm habituado ao longo de mais de 35 anos de carreira. Tim, Zé Pedro, Kalu, João Cabeleira e Gui sobem pela segunda vez ao palco da Praia dos Pescadores para proporcionarem um espetáculo único com todos os temas que já se tornaram hinos. Donos de uma lista interminável de clássicos, os Xutos cimentam a sua ligação indestrutível com um público fiel, sempre presente à chamada, de braços cruzados em X a celebrar a maior longevidade de uma carreira rock em Portugal. “O Fim-de-Ano é uma marca fortíssima de Albufeira, que vem dar um grande ânimo à cidade numa época mais calma, por isso, este ano, voltamos a ter um programa que se estenderá por vários dias e que inclui sugestões de qualidade para todos os gostos”, destaca Carlos Silva e Sousa, realçando que o réveillon envolve toda a comunidade, incluindo os empresários representados através da APAL. O autarca explicou que a apresentação do programa de Fim de Ano está a ser realizada com quatro meses de antecedência com o objetivo de “promover o evento junto dos milhares de turistas que se encontram em Albufeira a gozar férias, para que possam decidir e programar com antecedência o 81

seu Réveillon”. Carlos Silva e Sousa relembrou ainda que “embora este seja um ano de eleições, era essencial definir o cartaz com a devida antecedência por forma a assegurar a contratação dos artistas”. Durante a apresentação, o presidente da APAL salientou que a associação tudo tem feito para que o Fim-de-Ano alcance o maior sucesso possível. “Além da beleza natural da cidade e daquilo que o Verão nos oferece, também queremos criar uma dinâmica durante o Inverno, quando Albufeira fica um pouco mais adormecida. Este ano, temos um Fim-de-Ano muito promissor, com artistas do melhor que o mercado nacional tem, sobejamente conhecidos, que proporcionarão um evento com qualidade, boa música e muita diversão”, frisou José Santos. As celebrações começam logo no dia 29 de dezembro com o Paderne Medieval. Durante quatro dias, a aldeia do barrocal algarvio recua no tempo e acolhe perto de 10 mil visitantes, que terão a oportunidade de percorrer as ruas de Paderne num ambiente único. O núcleo antigo da aldeia transforma-se num mercado medieval com dança, recriações históricas, demonstrações de artes e ofícios, manjares medievais e muita animação, que conduzem os milhares de visitantes numa verdadeira viagem no tempo. A 29 de dezembro começa também o Solrir, o festival de humor que leva ao palco do Palácio de Congressos do Algarve, nos Salgados, comediantes de renome. O evento decorre nos dias 29 e 30 de dezembro e regressa a 1 e 2 de janeiro, com sessões às 21h30 .

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DO ALGARVE JÁ É OFICIAL

F

oi publicado a 23 de agosto, em Diário da República, o Decreto-Lei n.º 101/2017 que altera a denominação do Centro Hospitalar do Algarve E.P.E., para Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E. P. E. (CHUA, E.P.E.), e procede à transferência de atribuições, competências, direitos e obrigações da Administração Regional de Saúde do Algarve, I.P., no que diz respeito ao Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul (CMFRS). O DecretoLei procede também à intensificação das atividades do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E., no âmbito do ensino, investigação, aplicação e ALGARVE INFORMATIVO #122

transmissão do conhecimento científico com vista à prestação de cuidados de saúde diferenciados e com qualidade junto da comunidade. Este novo modelo hospitalar para o Algarve rege-se pelo regime jurídico aplicável às entidades públicas empresariais, com as especificidades previstas no DecretoLei n.º 18/2017, de 10 de fevereiro, bem como pelo respetivo regulamento interno. O Decreto-Lei garante que são transferidas para o CHUA, E.P.E., todas as atribuições, competências, direitos e obrigações da ARS Algarve, I.P., relativas ao CMFRS, garantindo a continuidade da sua operação, sendo que os trabalhadores titulares de contrato 82


individual de trabalho em funções no CMFRS, celebrado ao abrigo do Código do Trabalho, transitam para o CHUA, E.P.E., sem alteração do respetivo vínculo. Ao proceder à transferência para o CHUA das competências da ARS Algarve relativas ao Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul, vai reforçar as sinergias, garantir uma utilização mais eficiente dos recursos humanos e financeiros disponíveis e obter ganhos de racionalidade e qualidade. O CHUA, E.P.E., deve assegurar que o CMFRS continua a operar como centro de reabilitação integrado na Rede de Referenciação de Medicina Física e de Reabilitação, mantendo o perfil assistencial e a área de influência previstas nos estudos técnicos que presidiram à sua instalação, salvo alterações a serem introduzidas com base no histórico do centro e adequação do perfil assistencial às necessidades da população da área geográfica de influência. O Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) será composto por quatro polos: duas unidades hospitalares (uma em Portimão/Lagos e outra em Faro), o Centro de Medicina de Reabilitação do Sul e um polo de investigação e de ligação com a Universidade do Algarve, que vão trabalhar em conjunto e com grande autonomia. O objetivo é aumentar a atratividade do CHUA para que possa receber mais médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde, e ao mesmo tempo reforçar a ligação à Universidade, nomeadamente fortalecer e potencializar o curso de Medicina, para poder oferecer aos profissionais de saúde uma oportunidade de crescer também no plano de investigação e dessa maneira

83

criar uma estrutura hospitalar forte, atrativa e dinâmica. No âmbito do Ensino Superior, o CHUA, E. P. E. mantém a colaboração com as instituições de ensino superior e de investigação científica da sua área de influência, nos termos da legislação aplicável aos hospitais com ensino universitário, sendo que esta colaboração deve ser desenvolvida no âmbito do ensino superior universitário da medicina e do ensino superior politécnico de enfermagem e de tecnologias da saúde. O presente DecretoLei estipula ainda a colaboração com o Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve, criado pela Portaria n.º 75/2016 de 8 de abril, visando atingir a excelência de cuidados através do desenvolvimento da investigação, da formação e a melhoria contínua dos cuidados de saúde. No âmbito desta colaboração, o Centro Académico pode propor protocolos a celebrar entre o CHUA, E.P.E., e a Universidade do Algarve, designadamente quanto à contratação de profissionais de saúde que assumam a docência na Universidade do Algarve, que participem em formação pós-graduada, e que assegurem a prestação de cuidados de saúde no CHUA, E.P. E, sendo que deve igualmente desenvolver políticas de estímulo aos doutoramentos clínicos dos profissionais de saúde do CHUA, E.P.E., e da ARS Algarve, I.P. Este Decreto-Lei, que entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação, implica a cessação do mandato dos membros do conselho de administração do Centro Hospitalar do Algarve, E.P.E., mantendo-se contudo os mesmos em funções, até à sua substituição .

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

PROJETO «A PESCA POR UM MAR SEM LIXO» ALARGA-SE AO NÚCLEO PISCATÓRIO DA ILHA DA CULATRA

A

Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, presidiu, no dia 21 de agosto, à apresentação do projeto «A pesca por um mar sem lixo», na ilha da Culatra, a desenvolver pela Docapesca em parceria com a Câmara Municipal de Faro, Associação de Moradores da Ilha da Culatra, ALGAR, FAGAR - Faro, Gestão de Águas e Resíduos, E.M. e Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM). À data do lançamento, a iniciativa conta com 101 aderentes (87 embarcações, 11 viveiristas e três mariscadoras), tendo sido criados dois pontos para deposição dos resíduos recolhidos em terra. «A pesca por um mar sem lixo» tem como objetivo a promoção da redução dos resíduos no mar, através do apoio à adoção de boas práticas ambientais por ALGARVE INFORMATIVO #122

parte dos pescadores, promovendo a valorização e reciclagem dos resíduos recolhidos no mar. Depois do projeto-piloto desenvolvido em Peniche, a iniciativa arrancou agora na Ilha da Culatra e, ainda em 2017, vai estender-se a Aveiro. Ao promover a recolha seletiva dos resíduos gerados a bordo e capturados nas artes de pesca e disponibilizando as infraestruturas adequadas para a sua receção em terra, este projeto vem unir pescadores e portos na melhoria das condições ambientais da zona costeira portuguesa e na preservação dos ecossistemas marinhos. O projeto-piloto, iniciado em 2016 no porto de pesca de Peniche, reuniu oito entidades, três organizações de produtores, 66 embarcações e 419 pescadores. Foram até ao momento entregues 118 contentores a embarcações de Peniche, recolhidos 151 mil e 875 litros de plásticos e 295 mil litros de resíduos indiferenciados e entregues 24 galardões a embarcações aderentes pelas suas boas práticas ambientais . 84


ARS ALGARVE CELEBRA PROTOCOLO DE PARCERIA COM APF

A

Administração Regional de Saúde do Algarve celebrou, no dia 18 de agosto, um protocolo de parceria com a Associação para o Planeamento da Família (APF), intitulado «Aquém e Além Margens - Risco Ø», que visa desenvolver atividades e formação em saúde sexual e reprodutiva e deteção precoce da infeção VIH junto de populações mais vulneráveis. O protocolo abrange grupos como homens que têm sexo com homens, trabalhadoras/es do sexo e seus clientes, população sem-abrigo, utilizadores de drogas intravenosas e populações migrantes, no âmbito do Projeto «Aquém e Além Margens - Risco Ø», em processo de Candidatura a Financiamento Público no âmbito do Programa Nacional para a Infeção VIH/sida – SIPAFS (Sistema Integrado de Programas de Apoio Financeiro em Saúde). Através da assinatura deste protocolo pretende-se promover junto dos públicosalvo o aumento de conhecimentos acerca de Direitos em Saúde Sexual e Reprodutiva, a prática de comportamentos sexuais saudáveis, contribuindo para a redução dos índices de transmissão da infeção por VIH e outras infeções sexualmente transmissíveis (IST)

85

e para a prevenção da gravidez indesejada, a sua acessibilidade ao Serviço Nacional de Saúde, a material de prevenção e a métodos de contraceção eficazes. Tem ainda como objetivo conhecer o estado serológico da população abrangida perante a infeção por VIH, bem como os determinantes da infeção. As atividades propostas abrangem a sensibilização e informação, a intervenção em saúde sexual e reprodutiva e na prevenção e deteção da infeção VIH e outras IST, a realizar através do atendimento/aconselhamento e encaminhamento para serviços especializados, da disponibilização de contraceção regular e de emergência e testes de gravidez, da realização do teste rápido VIH, VHB, VHC e Sífilis, da distribuição de preservativos e lubrificantes, da disponibilização de material informativo.

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

LAGOS REVIVE FESTA DO BANHO 29

N

o final de agosto, Lagos volta a estar em festa, desta vez para reviver a tradicional Festa do Banho 29, que se transformou, há muito, numa manifestação de caráter popular já enraizada na cultura lacobrigense, sendo um dos principais eventos do município. Como forma de relembrar, reviver e preservar esta tradição, a autarquia preparou para este dia um programa recheado de animação musical, animação de praia, comes e bebes, artesanato e doçaria regional. Também não vão faltar o Concurso de Trajes de Banho Antigos e o obrigatório

ALGARVE INFORMATIVO #122

banho noturno. O conhecidíssimo Quim Barreiros será o cabeça-de-cartaz desta festa, com entrada livre. O evento conta com o apoio da ACRAL - Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (Delegação de Lagos), Moto Clube de Lagos, Associação dos Artesãos do Barlavento e Rádio Utopia. Também na Praia da Luz a Festa do Banho 29 vai acontecer, estando a sua organização a cargo do Clube Recreativo, Cultural e Desportivo Luzense. Entre as 21h e as 3h está prometida muita animação musical com Ruth Marlene, Humberto Silva e DJ Toby One, também com entrada livre . 86


ALMANCIL VAI TER NOVA CRECHE E PRÉ-ESCOLAR

T

eve lugar, no dia 19 de agosto, a cerimónia de lançamento da primeira pedra do edifício da nova Creche/pré-escola de Almancil, um projeto da ASCA – Associação Social e Cultural de Almancil, financiado também pela Câmara Municipal de Loulé e pelo Grupo IKEA. Localizado na Rua do Centro Comunitário, este estabelecimento de apoio à infância terá capacidade para receber 157 crianças com idades compreendidas entre os 0 e os 5 anos. Irá integrar um berçário; uma sala-parque equipada com brinquedos adequados para a estimulação sensorial e motora das crianças; copa de leites e fraldário; duas salas divididas entre idades (1-2 anos, 2-3 anos); e uma sala de atividades diversas. Já na área onde irá funcionar a pré-escola, existirão duas salas de atividades para

87

crianças com idades entre 3 e 4 anos e duas salas para crianças com idades entre os 4 e os 5 anos de idade. O espaço será complementado por um anfiteatro e diversas áreas de recreio exteriores e jardim reservados para as brincadeiras. As instalações ficarão totalmente equipadas e preparadas para receber crianças de Almancil e freguesias vizinhas, cujos pais e familiares necessitem deste apoio durante o dia. De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, este é mais um equipamento que vem reforçar a rede social e educativa do Concelho e que se reveste de especial importância numa freguesia com uma população jovem e em acelerado crescimento demográfico, mas também com muitas famílias de migrantes. A obra terá um valor total de 1,5 milhões de euros .

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

QUARTEIRA ACOLHE UM LABORATÓRIO VIVO PARA TESTAR SOLUÇÕES DE DESCARBONIZAÇÃO

O

Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, participou na apresentação do «Quarteira EcoLab», um projeto para a promoção da defesa ambiental desenvolvido pelo Município de Loulé, uma das doze candidaturas de Laboratórios Vivos (Living Lab), aprovadas pelo Governo para fomentar a descarbonização. “Trata-se de um projeto que tem como ideia base pegar num quarteirão da cidade de Quarteira, isolá-lo para permitir a reorganização e promover a implementação de soluções tecnológicas que aumentem a eficácia e reduzam o

ALGARVE INFORMATIVO #122

consumo de energia, incentivem o uso da mobilidade suave / o uso da bicicleta, apostem na reabilitação da rede de iluminação pública e num conjunto de medidas práticas para melhor adaptação do espaço urbano às alterações climáticas”, explicou o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo. Durante a sua intervenção, o Ministro Matos Fernandes referiu que “as alterações climáticas são coisas do presente e temos de alterar o nosso modo de vida”. “O apoio a projetos demonstrativos ao nível nacional vai ser uma semente de capital e as cidades inteligentes são muito mais que cidades

88


tecnológicas. O futuro é das cidades sustentáveis e das cidades partilhadas”, acrescentou o governante, indicando que esta iniciativa tem múltiplos objetivos, nomeadamente, fomentar a descarbonização das cidades com aumento da eficiência e a redução do consumo de energia e estimular a cocriação de cidades inovadoras que visem a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Até ao final do ano, o trabalho passa por elaborar um projeto, havendo para tal financiamento estatal de 80 mil euros para cada uma das 12 autarquias participantes. Depois, alguns desses projetos serão escolhidos para serem concretizados e cada autarquia selecionada poderá beneficiar de uma verba na ordem dos 500 mil euros, proveniente do Fundo Ambiental. Em junho, as entidades que constituem o Conselho Regional da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional 89

do Algarve (CCDR Algarve), aprovaram uma moção afirmando o seu empenhamento em cooperar e contribuir, no exercício das suas atribuições e competências, para a concretização do Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC) e da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC), designadamente na implementação eficiente de medidas de mitigação e adaptação, e na promoção da sua integração nos programas e planos territoriais com incidência espacial regional e local. Refira-se ainda que o Programa Operacional CRESC Algarve 2020 e o PO SEUR tem aprovadas candidaturas dinamizadas pela AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve e pelos Municípios, com sinergias com as temáticas das Cidades Inteligentes, Mobilidade e Descarbonização, como são exemplos o Observatório Municipal Ambiental de Loulé e o PARU – Plano de Regeneração Urbana de Quarteira .

ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

MONCHIQUE LANÇA CAMPANHA «DO TOPO DO ALGARVE PARA O MUNDO»

A

Câmara Municipal de Monchique está a levar a cabo uma campanha de Verão cujo objetivo é a consolidação da marca «Monchique» como um concelho único no Algarve, quer pela sua morfologia geográfica, como pela relação ímpar que estabelece com os seus visitantes. Promover a interação dos turistas com as «gentes» do concelho, divulgar os principais pontos de atração do concelho e promover a experiência das diferentes atividades, criar memórias inesquecíveis da visita ao concelho e prolongar as memórias no regresso a casa, são as principais metas desta ação. Situado no Largo dos Chorões, este «posto de turismo» móvel conta com

ALGARVE INFORMATIVO #122

jovens do concelho para dinamizar a campanha e decorre até 15 de setembro. Os jovens estão integrados no programa de ocupação de tempos livres de Verão que a Câmara Municipal promove para integração de estudantes neste período. Com esta dinâmica, o turista é convidado a escrever um postal a um familiar e/ou amigo, que será colocado numa caixa de correio especialmente criada para o efeito, que posteriormente será enviado para a morada escolhida. É depois tirada uma fotografia polaroid pelos jovens e oferecido um guia de visita ao concelho e a fotografia como recordação. Nesta fotografia ficará registada a visita ao concelho, assim como a interação com os artesãos que durantes

90


estes dias realizam demonstração ao vivo das suas artes ou ofícios. Para este efeito, a Câmara Municipal de Monchique criou um conjunto de 20 postais do concelho e dos mais icónicos artesãos, de forma a valorizar esta importante componente da Cultura e Património local, como sejam as tradicionais cadeiras de tesoura, as bonecas de trapo, as mantas e peças tecidas em tear tradicional, a cestaria, as tradicionais rendas, entre outras maravilhas que só as mãos destas pessoas carregadas de história e de afeto conseguem criar. Trata-se de uma ação pessoal e de abordagem direta com o turista e que permite, por outro lado, a promoção de 91

Monchique e o que de melhor este concelho tem para oferecer, através do conselho ou opinião de um familiar ou amigo que recebe na sua casa uma mensagem e convite a visitar o topo do Algarve . ALGARVE INFORMATIVO #122


ATUALIDADE

IGREJA MATRIZ DE OLHÃO OBTÉM CERTIFICADO DE EXCELÊNCIA DO TRIPADVISOR

A

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Olhão obteve recentemente o Certificado de Excelência do site de viagens TripAdvisor. Este galardão é atribuído aos alojamentos, atrações e restaurantes que registam constantemente excelentes avaliações por parte dos viajantes. Acerca da Igreja Matriz, podem ler-se no site avaliações como “uma das primeiras edificações em alvenaria da cidade de Olhão, esta igreja tem no seu interior lindas pinturas e o seu altar é lindo. Da sua torre pode-se apreciar as açoteias e a Ria”, “o altar-mor em talha, assim como as capelas laterais e o arco triunfal, são um orgulho”, “interessante igreja, cuja fachada posterior é deveras suis generis”, “igreja imponente e linda. Vale a pena visitar”, ou “toda a história que a rodeia e relatos da sua construção fazem ainda ALGARVE INFORMATIVO #122

mais interessante esta visita. Encontra-se bem cuidada, e nota-se que os locais tem orgulho neste monumento”. A edificação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, atual Igreja Matriz de Olhão, iniciou-se em 1698, abrindo ao culto, ainda inacabada, em 1715, sendo que o contrato para a construção da sua torre data de 1722. Na fachada pode ler-se: "À custa dos homens do mar deste povo se fez este templo novo, no tempo em que só haviam umas palhotas". Devido à sua imponência, atrai os olhares dos turistas que visitam a zona histórica de Olhão, na baixa da cidade, onde está situada. Na segunda metade do século XVIII, a fachada principal, uma das mais impressionantes de todo o Algarve, foi reformulada, passando a contar com um coroamento de feição triangular. No seu interior, de uma só nave e transepto ligeiramente saliente, existem cinco altares. A capela-mor tem um retábulo e arco triunfal em talha dourada, um teto decorado com um fresco e uma imagem de Nossa Senhora do Rosário. Outra das particularidades da Igreja Matriz é ter nas suas traseiras uma pequena capela dedicada ao Senhor dos Aflitos, a quem muitos olhanenses dedicam a sua devoção .

92


PROSSEGUE A REABILITAÇÃO DAS VIAS MUNICIPAIS EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL

N

o âmbito do Plano Municipal de Pavimentações do concelho, o município de São Brás de Alportel procedeu à reabilitação de um novo conjunto de estradas e caminhos municipais do concelho. A intervenção, adjudicada à empresa José Sousa Barra & Filhos, Lda., contou com um investimento global da autarquia de 147 mil e 979,48 euros. Os trabalhos consistiram no reperfilamento do traçado, no reforço do tout-venant, na limpeza e manutenção de valetas e na aplicação de betuminoso.

93

Esta empreitada vem na sequência da preocupação permanente da autarquia na manutenção do bom estado de conservação das estradas e caminhos do concelho e na adequação ao uso dos mesmos. “Um trabalho contínuo a executar, ano após ano, para garantir o bem-estar da comunidade, sendo uma referência na região, como um dos melhores concelhos do algarve ao nível das vias de comunicação à responsabilidade do município”, destaca o executivo municipal.

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

94


95

ALGARVE INFORMATIVO #122


DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Câmara Municipal de Castro Marim

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

ALGARVE INFORMATIVO #122

96


97

ALGARVE INFORMATIVO #122


ALGARVE INFORMATIVO #122

98


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.