Revista Descubra Minas nº1

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inas M revista

Descubra

. . . UEMG Divinópolis – Revista produzida pelo 3º período de Jornalismo - Ano 1 – nº 1 - junho/julho de 2017 . . .

guerra O cabo de

da terceirização

Mudança na legislação divide opiniões e, também, empregadores e empregados.

E ainda: Economia e história Trabalho e emprego Agronegócio Turismo


apresenta:

Toda quinta-feira, às 20h40, na TV Candidés. Multimídia UEMG Agencia de Notícias Multimídia


Os trilhos que levam à princesa do Oeste

Divinópolis mostrou ao longo de sua história como superar e renovar com a crise - 5

Polo da moda

Confecção de Divinópolis passa por período de instabilidade - 7

Terceirização

Trabalho & emprego Mudança na legislação e alteração nas relações de trabalho - 9

“Tá faltando grana”

Empresários se viram nos 30 para manterem as portas abertas - 11

Polo calçadista

Nova Serrana se torna atrativo para quem quer trabalho - 12

Do alto das montanhas

Agronegócio Café movimenta a economia do Sul de Minas - 15

Agricultura

Riqueza vem do campo e fomenta a economia do interior de Minas - 16

Viaje mais barato

Turismo

Aprenda a economizar de maneira simples na sua viagem - 17

Faça sua reserva

Turismo de negócio movimenta hotelaria em Divinópolis - 19

Pitangui, mãe do Centro-Oeste mineiro

Conheça a Sétima Vila do Ouro e o seu potencial turístico que une história e beleza - 20

SUMÁRI

História & economia


Jornalismo Econômico

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o momento atual que o país vive, a situação econômica e política causa indignação, aflição e descrença em relação à maneira como questões que interferem diretamente na vida da população são conduzidas. A cobertura jornalística a respeito é feita, na maioria dos casos, de forma parcial e tendenciosa, o que provoca interpretações duvidosas e, por vezes, distorcidas, sobre as políticas econômicas que mudam drasticamente o dia a dia do brasileiro. Mas como a universidade é ainda o espaço da reflexão, da análise e da produção crítica, propusemos aos estudantes do 3º período de Jornalismo como atividade de encerramento do 1º semestre de 2017, a discussãos sobre políticas econômicas por meio de um viés próximo do dia a dia das pessoas. Isso é um desafio para qualquer profissional da imprensa que, nesse tipo de cobertura, se equilibra em uma corda banda para escrever uma história que seja, ao mesmo tempo, clara e interessante, sem cair nas ciladas do “economês” ou ficar na superfície do trivial. Tratar de políticas econômicas foi, pois, um desafio para a turma de Jornalismo. Considerando a temática, cada dupla propôs uma pauta cujo resultado pode ser aqui conferido. Conforme decisão da turma, o nome desta publicação manteve o do jornal “Descubra Minas”, mas com projeto gráfico e editorial voltado para revista. Tambémm foi de forma coletiva que foram tomadas as decisões referentes à elaboração das editorias, à hierarquização das reportagens e à matéria de capa. Já as charges que compõem esta edição foram elaboradas pelo jornalista e chargista Ricardo Welbert. Dividida entre as editorias de economia e história, trabalho e emprego, agronegócio e turismo, esta revista condensou a última produção interdisciplinar que envolveu as disciplinas de Oficina de Jornalismo Impresso, Núcleo de Jornalismo 1, Pesquisa de Opinião e Princípios de Economia. A todos, uma boa leitura! Daniela Couto, Pierre Vasconcelos e Tiago França, professores orientadores.

Expediente

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Minas - UEMG Divinópolis

EDITORIA

Descubra

Revista Descubra Minas – ano 1 – nº 1 – Junho/Julho de 2017 – Realização: 3º período de Jornalismo da UEMG - unidade Divinópolis – Disciplinas: Oficina de Jornalismo Impresso, Núcleo de Jornalismo I, Princípios de Economia e Pesquisa e Opinião – Fechamento da edição: julho de 2017 – Jornalista responsável e arte-finalista: Daniela Couto (MG9.994JP).

. . . . . . . 3º período de Jornalismo - Ano 1 – nº 1 - junho/julho de 2017


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História e Economia

Da siderurgia

ao a o comércio - os pilares da economia divinopolitana . . . Guilherme Azevedo . . . . . . Luísa Henriques

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na década de 1970, surgiram as confecções que, no início, eram instaladas em casa e ajudavam na renda famíliar. Com a profissionalização das empresas, grandes produtores se reuniram e deram outros rumos ao setor e, em 1980, criaram o Sinvest (Sindicato das Indústrias do Vestuário de Divinópolis). O setor teve tamanho crescimento que Divinópolis se tornou um polo na moda, recebendo toda semana centenas de compradores de diversas regiões do país. Outro ponto chave que tem impulsionado a economia e, em 2016, gerou mais lucro para o munícipio foi o setor de prestação de serviços, que correspondeu a 42% de toda a arrecadação, segundo informação do Portal da Transparência do Governo de Minas Gerais. Divinópolis se destaca pelo comércio forte e ensino de qualidade: hoje, ela abriga 11 instituições de ensino superior, sendo três universidades públicas, o que traz pessoas de todo o Brasil para cá e alimenta ainda mais a região e sua diversidade. A estudante da UEMG, Camila Meyer, vinda de Florianópolis, Santa Catarina, destaca que durante uma pesquisa para escolher a cidade onde estudaria, encontrou ótimas referências de Divinópolis, além de ser relativamente perto da capital, o que ajudou na escolha. No entanto, ela diz que ficou um pouco decepcionada pela localização do campus, que é uma região menos desenvolvida em relação ao resto da cidade. Segundo Camila, falta segurança, supermercados, iluminação pública e bancos, pois há apenas uma lotérica nas proximidades.

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economia divinopolitana ao longo de sua história se mostrou forte e por meio de várias mudanças criou pilares econômicos diversificados: siderurgia, metalurgia, confecção, comércio e serviços. Divinópolis se destaca por ser polo regional do Centro-Oeste mineiro e, atualmente, considerando a chegada de universidades públicas, atrai pessoas de todas as cidades do estado e do país. O primeiro pilar econômico de Divinópolis foi a ferrovia que chegou em 1890 com a inauguração da Estação Henrique Galvão. Isso possibilitou a vinda de novas famílias para a cidade que se tornou sede das oficinas da EFOM (Estrada de Ferro Oeste de Minas) a partir de 1910. Até então, a oficina era localizada na cidade de Oliveira. A ferrovia teve um importante papel para o crescimento e desenvolvimento da cidade, atraindo, por exemplo, grandes siderúrgicas. Ao abrir as portas para essas indústrias no século XX, a cidade prosperou e chegou a ser uma das maiores produtoras de ferro-gusa do Brasil. Até 1970, a siderurgia era o carro-chefe da economia divinopolitana, mas, depois disso, devido a uma crise que abalou e afetou consideravelmente as empresas, houve milhares de demissões. Hoje, a siderurgia, apesar de ainda ser importante, perdeu força em comparação ao período de seu auge. E entre altos e baixos, a “princesa do Oeste” mostrou seu potêncial e flexibilidade em construir pilares para sua economia. Com a queda das siderúrgicas

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História e Economia

Fontes dos recursos

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Uma característica da economia divinopolitana é que 63,8% das receitas do municipio são de fontes externas, como por exemplo, verbas enviadas pelos governos federal e estadual, o que coloca o município em uma posição de muita dependência dessas verbas, porém, aberta a alternativas e investimentos. Com uma considerável parte das receitas vindas de verbas somada ao investimento em educação, abrem-se portas para mercados especializados que podem impulsionar outras empresas a investirem ainda mais. Um exemplo em Minas Gerais que gerou crescimento e especialização foi a chegada da FIAT, em Betim, no ano de 1973, o que transformou a região num polo industrial. No caso de Divinópolis, o crescente investimento em educação tem potencial para gerar uma expansão no mercado, abrangendo áreas como a construção civil, prestação de serviços e saúde, em campos como a biotecnologia, o setor farmacêutico e a medicina, afirma Camila. O município tem a perspectiva de crescer ainda mais e sua história guarda exemplos de como criar uma economia diversificada e sem depender de um único setor. Em 2014, o PIB per capita foi de R$ 23.337,42 o que, na comparação com os demais municípios do estado, que ao todo são 853, coloca Divinópolis na 126ª posição, segundo o IBGE.

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História e Economia

Confecção

Dificuldades devido ao cenário econômico atual e perspectivas para o futuro

Confeccionista”, disse que o setor da confecção vive um período muito difícil e conturbado. “O cenário político é totalmente instável e, com isso, todo comércio e indústria, em geral, ficam um pouco estagnados. No setor confeccionista vemos muitas empresas fechando, porque não temos crédito e os juros estão altos.” Quanto a recontratações e expecta-

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crise financeira. Um exemplo disso são os shoppings localizados perto da rodoviária da cidade, onde quase não há lojas abertas, mas, sim, muitas salas disponíveis para aluguel. Mauro Celio de Melo Junior, vice -presidente do Sinvesd (Sindicato da Indústria do Vestuário de Divinópolis), em entrevista à edição de fevereiro/março/abril de 2017 da revista “O

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m meio à crise político-econômica que o Brasil vivencia atualmente, vários setores sofreram prejuízos que levaram à demissão de milhares de empregados e a falência de algumas empresas. No setor confeccionista não foi diferente. Em Divinópolis, está sendo cada vez mais comum presenciar o fechamento de lojas e marcas de confecção devido à

. . . . . . João Victor da Silva . . . Júlia Oliveira Sbampato

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História e Economia

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tivas para o futuro, Mauro observa que os períodos mais positivos para isso são os sazonais, principalmente,em datas comemorativas como Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal, ainda que sejam contrações temporárias. “As definitivas, em minha opinião, só começarão a acontecer no nosso setor quando o empresário sentir firmeza na política econômica, quando os juros baixarem mais e o empresário conseguir crédito novamente. Dessa forma, ele terá confiança que os juros e o dólar vão se manter”, analisa. A cotação da moeda é importante devido às exportações e importações que permeiam as negociações dos setor. O Relatório Setorial de Vestuário elaborado pela FIEMG e referente a abril de 2017, que traz indicadores industriais de Minas Gerais, mostra que o faturamento do setor de vestuário registrou queda de 3,1% entre março e abril deste ano, devido ao recuo nas vendas para o mercado interno. O emprego re-

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cuou 1,0% na comparação mensal em decorrência da rotatividade normal de funcionários, enquanto a massa salarial real caiu 1,7% comparativamente a março em razão do menor pagamento de férias. Viviane Ferreira, que há poucos anos abriu uma confecção de pijamas na cidade, conta que sua área sofreu queda nas vendas e um aumento na inadimplência com a chegada da crise. Para se adaptar a esse problema, ela diz que “foi necessário diminuir a fabricação e o uso da terceirização. Procuramos um custo acessível para repassar aos clientes um preço melhor, sem afetar a qualidade do produto”. Para driblar as dificuldades, Viviane procura variar a modelagem e trazer novidades. “Tenho a expectativa de que haverá aumento nas vendas e a abertura de novos clientes”. Outra pessoa do ramo da confecção, Francisco Lamounier, que trabalha na área administrativa da loja Silvânia Ma-

res, de moda plus size,observou que a recessão atingiu, em grande proporção, todo o setor confeccionista e vê o governo como principal culpado. “Foram necessárias alterações desde a produção à venda final de nossos produtos. Fomos afetados tanto nas vendas, inadimplência, como também na compra de matéria prima. Para se adaptar a esse período, tivemos que enxugar ao máximo a mão de obra, cortar gastos desnecessários e diminuir a produção”, explica Lamounier. A saída para superar esses períodos turbulentos tem sido a busca por novos canais de vendas, diversificação doproduto e procura por novos fornecedores com preços mais competitivos, além do investimento em marketing. Para Francisco, o futuro, no entanto, ainda é uma incógnita. “Precisamos esperar que o país tenha uma saída emergencial da crise, para que o dinheiro gire mais e chegue as classes menos favorecidas do país”, finaliza.


guerra

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Trabalho e Emprego

da terceirização

O cabo de

. . . Ana Laura Corrêa

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relações de trabalho, derruba a arrecadação, revoga conquistas da Consolidação das Leis do Trabalho e piora a perspectiva de aprovação da Reforma da Previdência”.

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De um lado, as empresas Também no fim do mês de março, diversas associações de Divinópolis divulgaram um manifesto de apoio à lei da terceirização. De acordo com o texto, “a lei impulsionará a competividade, regulamentará a atividade terceirizada, tirando-a da informalidade, além de fomentar o MEI (Microempreendedor Individual), gerando recursos para investimentos, criação de empregos e melhora da economia”. O documento foi assinado pela Acid (Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Divinópolis), entidade que reúne mais de 400 empresas de Divinópolis, e, ainda, pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de Divinópolis), Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Divinópolis), Sinvesd

(Sindicato das Indústrias do Vestuário de Divinópolis), Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais), Sindicato dos Produtores Rurais de Divinópolis, Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e também pela Federaminas (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais). De acordo com o vice-presidente da Acid, Márcio Mourão, as vantagens da nova lei “estão muito mais relacionadas à economia de processo ou de gestão de processos do que economia financeira. Em alguns casos, a terceirização poderá ser até mais dispendiosa financeiramente do que a realização do processo com pessoal próprio. Mas com a possibilidade de terceirizar, a empresa poderá contratar serviços especializados para algumas etapas de produção, o que pode trazer ganhos para a produtividade e qualidade, já que em alguns setores a mão de obra especializada é escassa”. Segundo o economista Lázaro Ribei-

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m 31 de março deste ano, o presidente Michel Temer sancionou a polêmica lei nº 13.429, também chamada de “lei da terceirização irrestrita”, que estabelece, entre outros itens, a permissão de terceirização tanto da atividade-meio, quanto da atividade-fim de uma empresa. Além disso, o texto assegura que é responsabilidade da empresa contratante garantir as condições de segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores quando o trabalho for desenvolvido em suas dependências. A lei da terceirização irrestrita, junto à Reforma da Previdência e à Reforma Trabalhista, foi alvo de protestos populares em todo o país. As manifestações contra a lei nº13.429 aconteceram até mesmo dentro do Congresso. Renan Calheiros, líder do PMDB naquela casa, e outros oito senadores do partido divulgaram, em 28 de março, uma carta em que pediam para Michel Temer não sancionar uma proposta que “precariza as

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Trabalho e Emprego

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ro, que presta consultoria para diversas empresas da iniciativa privada em Divinópolis, “a terceirização transforma o salário fixo em variável, impactando os custos operacionais para baixo”. Ainda de acordo com ele, “de uma maneira geral, as empresas tiveram uma redução de até 10% no valor da folha de pagamento”. Lázaro aponta também que, em empresas com um grande número de funcionários, essa redução de custos pode chegar a 15% ao mês.

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De outro, os funcionários O Sindieletro (Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais) foi um dos que se posicionou de forma contrária à aprovação da nova lei da terceirização. A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) conta hoje, em todo o estado, com aproximadamente 22 mil terceirizados e apenas 7 mil trabalhadores do quadro próprio. De acordo com o diretor do Sindieletro, Celso Primo, “a cada 45 dias, acontece dentro da Cemig um acidente grave com morte ou mutilação. Isso se arrasta ao longo dos anos e a maioria dessas vítimas são trabalhadores terceirizados. Por quê? Em primeiro lugar, porque existe uma pressão muito forte nesses trabalhadores por produtividade. Segundo, falta o treinamento adequado e as condições de trabalho adequadas”. Em 2015, o Sindieletro, em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, a Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista, o Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) de Piracicaba e o MPT (Ministério Público do Trabalho), lançou o documentário “Dublê de Eletricitário”, que aborda a precarização trazida pela terceirização para o trabalho dos eletricistas. Em janeiro deste ano, por exemplo, a Cemig foi condenada a indenizar 179 funcionários terceirizados, expostos a condições de trabalho análogas à escravidão. A precarização, no entanto, não se restringe ao trabalho dos eletricitários. Andreia Maria Pinto Rabelo é socióloga e, entre os anos 2000 e 2016, trabalhou esporadicamente como terceirizada em empresas privadas e também em uma instituição pública. “Em todas essas experiências, a dificuldade é que você é remunerada pelo trabalho, às vezes até com o valor de mercado, mas nada tão vantajoso, e não tem muitos dos seus direitos garantidos e assegurados. Não tem nenhuma garantia de férias, de décimo-terceiro, de contribuição para o Fundo de Garantia”, conta. Para ela, tanto as novas regras da terceirização, quanto a reforma trabalhista, que deve ir a plenário no Senado ainda nesta semana, representam um retrocesso na legislação brasileira. “A ideia de flexibilização é enganosa, significa a violação de direito dos trabalhadores”, finaliza a socióloga.


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Trabalho e Emprego

. . . .Jade Fagundes . . . . . . Maira Lima

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BH e D ivinópolis Em Belo Horizonte, o ritmo é o mesmo: empresas e comércios fecham as portas e resguardando as respectivas diferenças, Divinópolis está quase na mesma situação. Um exemplo de empreendimento na cidade que está diminuindo suas atividades devido a dificuldades financeiras é uma grande empresa no ramo de confecção: o quadro de funcionários foi reduzido em cerca de 60%. Apesar disso, a produção de produtos de cama, mesa e banho está mantida. Embora com todo esse contexto, Divinópolis busca traçar um futuro promissor por meio da tentativa de trazer novos empreendimentos para cá e captar investidores de todos os lugares do Brasil e do mundo. Entre altos e baixos, o polo de confecção se mantém e, com ele, uma grande esperança de novos negócios, tais como bares, restaurantes e, até mesmo, um novo shopping que está previsto para a localidade, o que, no futuro, poderá trazer vários benefícios como a diminuição do endividamento e a geração de empregos.

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situação econômica está relacionada aos acontecimentos nacionais. O Brasil enfrenta, hoje, uma crise política grande e com escândalos atrás de escândalos, o que abala a segurança financeira do país. E tudo isso afeta a economia: investidores somem, empresas fecham, taxas de emprego caem e o comércio vira um caos. Com esse cenário, sustenta-se atualmente quem está no mercado há muito tempo, quem busca estratégias para contornar a crise ou, mesmo, quem tem sorte. Em Divinópolis a situação não é diferente. Ao andar pelas ruas, pode-se ver um número assustador de imóveis comerciais disponíveis para aluguel ou venda. Os empresários observam esse contexto e o clima é de tensão. “A gente fica sem saber como será o dia de amanhã, se vamos conseguir vender e atingir as metas, ou se vamos ter que escolher as contas que não vamos conseguir pagar. É uma situação muito complicada, de insegurança e medo mesmo”, conta um empresário da cidade que está no ramo industrial há mais de 30 anos. Que a situação econômica está complicada, todo mundo sabe. Todas as pessoas estão sentindo isso na pele, mas há uma esperança. A CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Divinópolis, está disponibilizando treinamentos e assessoria jurídica para as empresas negativadas. De acordo com informações disponíveis no site da instituição, do começo deste ano até junho, os resultados não estão sendo positivos para os empreendedores divinopolitanos. Na cidade, cerca de 20% das empresas

estão negativadas e baixando as portas. Por outro lado, ainda de acordo com a CDL, até novembro de 2016, o número de registro junto ao SPC diminuiu 133,49%, comparando com o ano de 2015. Em 2017, os cadastros no sistema continuaram a baixar: caíram 33,58% em janeiro. A busca pelo crediário, por sua vez, cresceu 7,88%. Observa-se que o brasileiro tem procurado alternativas para driblar a crise e essa é a esperança para que os empresários consigam se manter sem grandes endividamentos e prejuízos.

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Trabalho e Emprego

Oportunidad

Passos que fizeram os c

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migração é um fenômeno muito comum no Brasil, notado principalmente com o êxodo rural na década de 1950 devido ao processo de industrialização pelo qual o país passava. O motivo para as famílias daquela época se mudarem ainda coincide com o de hoje: a busca por uma melhor qualidade de vida. Atualmente, o principal destino daqueles que abandonam sua cidade são as regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. A cidade de Nova Serrana, interior de Minas Gerais, é um dos vários exemplos de cidades que recebem pessoas de outros lugares. Os migrantes são, principalmente, do Norte de Minas Gerais e do Nor-

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deste do país que saem em busca de emprego fora da zona rural. Há, ainda, alguns trabalhadores de estados como Rio Grande do Sul que também são atraídos para a cidade, muitas vezes, para o trabalho no setor tecnológico, como na produção de maquinários. Alguns dos motivos para os trabalhadores saírem da zona rural em direção às cidades é a automação pela qual os setores agropecuários vem passando, o que diminui a oferta de emprego na área, junto à diminuição da renda gerada pela agricultura familiar. Assim, as poucas oportunidades e a baixa remuneração são os principais fatores para o fluxo migratório. A cidade cresceu rapidamente a partir de 1970, com um grande investimento sendo feito na indústria cal-

çadista, se tornando referência do setor na região. Repetindo o cenário vivenciado pelo país nos anos 50, o polo calçadista atraiu trabalhadores de várias localidades. Segundo dados do Sindinova (Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçado de Nova Serrana), cerca de 80% dos trabalhadores são de outras cidades. O atrativo pode ser visto nos números: são cerca de 1.200 indústrias de calçados em atividade na região. O impacto do tamanho desse mercado é o emprego de, aproximadamente, 20 mil trabalhadores diretos e 22 mil indiretos. Jesse Duarte é gerente comercial do Sicoob Credinova e atua no setor financeiro de Nova Serrana


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Trabalho e Emprego

de de trabalho

caminhos de Nova Serrana . . . Giovanna Azevedo . . . . Matheus Augusto

Norte mineiro, mudou-se com um irmão para a cidade aos 15 anos. Para ela o serviço fora do trabalho rural oferece um futuro melhor e mais digno. “Eu cheguei na cidade e fui procurar [emprego]. A minha motivação foi saber que Nova Serrana oferece muitas oportunidades. Mesmo você não tendo formação profissional ou não sabendo fazer o serviço, a própria cidade e as empresas dão a chance de aprender”, relata Raquel. Com o crescimento industrial, a cidade teve que criar algumas políticas organizacionais para que também houvesse desenvolvimento. Em 1991 foi fundado o Sindinova. Mais tarde, em 1997, o banco cooperativo Sicoob Credinova.

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que a tendência é valorizar a produção de calçados mais populares sem se abrir mão de um visual agradável e um padrão de qualidade aceitável”, analisa Jesse. Os preços mais acessíveis só foram possíveis devido a incentivos fiscais e tributários dos governos estadual e federal, como a redução de impostos e a sobretaxa incidente no calçado chinês. Além disso, a constante atuação do sindicato e a associação de empresas no Sicoob Credinova, prestadora de serviços financeiros, ajudaram a abaixar o preço dos calçados. Raquel Vieira está entre os muitos exemplos desses trabalhadores que mudaram para Nova Serrana em busca de uma oportunidade de emprego. Vinda da cidade de Capelinha, no

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desde 2001. Segundo ele, a oferta de trabalho no setor industrial é o principal atrativo para novos moradores por ter melhores remunerações e qualidade de trabalho: “Entendo que há uma maior fiscalização nas indústrias pelos órgãos competentes. O cumprimento da legislação trabalhista acaba forçando uma remuneração mais justa”. O polo calçadista se destaca pela produção com preços mais acessíveis. A crise econômica brasileira é contexto para a disponibilização e a procura por produtos com preços mais baixos. “Produtos com preço melhor têm sido uma opção para se manter competitivo, porém, não se pode abrir mão de qualidade. Assim, penso

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Trabalho e Emprego

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Atualmente, essas duas instituições trabalham em sintonia com o Sebrae/ MG e o Sistema Fiemg para promover condições de suporte técnico à indústria local, como cursos profissionalizantes, suporte associativo e cooperativo aos empresários e eventos que ajudam na propaganda do polo calçadista. E o investimento na indústria calçadista continua e deve acabar gerando mais empregos e, consequentemente, atraindo mais trabalhadores de fora. Em dezembro do ano passado, uma publicação no Diário Oficial do estado oficializou 12 polos da região mineira, entre eles Nova Serrana. Essa publicação serve para guiar as ações governamentais, que contarão com a participação de produtores e as entidades privadas ligadas à produção e suas venda. Apesar de a cidade já ser conhecida como polo calçadista antes mesmo dessa oficialização, a publicação estreita a relação entre os produtores e as políticas governamentais e concede visibilidade. O crescimento da cidade em pouco tempo também trouxe alguns problemas, como a falta de infraestrutura e o alto índice de criminalidade. Para Jesse, o processo produtivo foi modernizado e a indústria obteve alto desenvolvimento econômico, mas a expansão demográfica foi desordenada. “As limitações nas áreas da saúde, segurança e lazer são mais percebidas na cidade. Não são exclusividade de Nova Serrana, mas são consequências desse crescimento excessivo”, observa. Apesar dos problemas, a cidade também foi bastante beneficiada com o setor calçadista. A abertura do SENAI, o Batalhão da Polícia Militar e duas faculdades são alguns dos benefícios trazidos pelo desenvolvimento da cidade, graças ao setor. A cidade tem se beneficiado muito por ser um polo calçadista e, apesar da crise enfrentada pelo país, o setor tende a crescer com as políticas governamentais. Ao equilibrar o crescimento com desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida, cada vez mais pessoas olharão para Nova Serrana como sua possível casa.

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Descubra Agronegócio

Café:

o “ouro verde” do Sul de Minas

Uma das regiões mais prósperas do estado carrega em sua identidade a cultura do café há mais de um século

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ltitude elevada, temperatura mais amena e boa localização geográfica, fatores que transformaram o Sul de Minas em uma das maiores regiões produtoras de café do país. Com forte influência de bandeirantes paulistas e muito ligada ao Estado de São Paulo, a região introduziu o café na sua economia no início do Século XX nas cidades mais próximas à fronteira estadual. As lavouras se propagaram rapidamente em localidades consideradas altas e impulsionou a economia, colocando no mapa Guaxupé, São Sebastião do Paraíso, Cabo Verde e Poços de Caldas. De todo o café produzido no Brasil, 30% ou 1/3 vem da região. Segundo a Fundação Procafé, apenas em 2016, uma renda bruta de R$ 7 Bilhões foi gerada e 300 mil empregos estão diretamente ligados à atividade cafeeira. A maior parte da produção se concentra em quatro cidades: Nova Resende, Boa Esperança, Três Pontas e Campestre. A maior cooperativa de café do mundo está localizada em Guaxupé e tem o seu patrimônio avaliado em US$ 162 Milhões (aproximadamente R$ 540 Milhões). Anderson Luis Xavier, 58, Engenhei-

. . . Diego Terloni . . . Luciano Vidal

ro Agrônomo e Barista – profissional especializado na produção de cafés de alta qualidade – analisa a conjuntura da região. “A topografia adequada, formada por montanhas que permitem o desenvolvimento do grão, é a principal responsável pela quantidade elevada de cafeicultores na região. Além disso, o clima é favorável. Temos locais que apresentam uma média de 15ºC durante grande parte do ano”, explica. Apesar de todas as condições convergirem para a movimentação da economia, vários problemas podem afetar a produção em massa. “As geadas que começam no outono e se intensificam no inverno podem colocar a perder uma safra inteira. Principalmente porque há coincidência de datas. Ou seja, elas acontecem no período final de maturação do café, quando a sua colheita começaria, por exemplo, quinze dias depois”, completa, o especialista. O economista Luiz Paulo Bragiatto, 45, acredita que o café deve atingir uma alta significativa na sua quantidade durante o seu próximo ciclo. “Como o ciclo é de dois anos e 2016 foi muito favorável para o produtor, é de se esperar que neste ano a safra seja menor para atingir o seu ápice em 2018. O maior desafio dos

pequenos produtores é o alto preço dos insumos necessários. O adubo, por exemplo, é comprado em dólares, o que no câmbio atual dificulta muito e leva a buscar outras alternativas”. Apesar do aumento na produção, o preço não deve sofrer grandes alterações. A única ressalva se refere as adversidades que podem ocorrer na colheita. “Se nenhuma grande geada ou praga aparecer e provocar uma queda considerável na quantidade de café para o consumo, o preço deve se manter no patamar atual (em torno de R$ 450 a saca/60 Kg do tipo arábica)”, completou. A cultura do café passa por várias gerações. Carlos Arantes, 42, assumiu a lavoura que já foi de seu avô e estava nas mãos do pai. “É um trabalho que vem dos antepassados. Meu avô herdou essa propriedade (em Bom Jesus da Penha a 373 km de Belo Horizonte) há 85 anos. Desde lá, foi passando pela família até chegar em mim. É um orgulho muito grande continuar essa história” Entre histórias, importações e exportações, o café, que já foi chamado de “Ouro Verde do Século XX” ainda tem vida longa e uma grande estrada pela frente nas montanhas verdes do Sul de Minas.

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Agronegócio

Riqueza que vem do interior O crescimento da atividade agrícola no Alto Paranaíba

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ada volta que a colheitadeira dá na lavoura, aumenta a satisfação dos agricultores e, consequentemente, de toda a população de Lagoa Formosa. Isso porque se as coisas estão bem no campo, a cidadezinha no interior de Minas agradece, pois a maior parte da verba que faz a economia da cidade girar vem do agronegócio. A região mineira do Alto Paranaíba, onde se localiza Lagoa Formosa, parece ter sido abençoada por Deus quando o assunto são características favoráveis para o plantio. O clima, o solo e a abundância de água no local, somados aos investimentos em tecnologia, fazem com que o setor se destaque na economia local, tendo o crescimento acelerado das atividades refletido, diretamente, no cenário nacional, por ser responsável por parte das exportações. Há uma boa diversificação em termos de produção, mas o milho, o feijão e o café estão entre as principais safras. A aplicação da tecnologia de ponta resulta na elevada produtividade e boa qualidade dos produtos, o que coloca o agronegócio da região em destaque no mercado, com safras recordes e altamente lucrativas. O agricultor Luiz Alexandre, o Xandoca, que há 20 anos cultiva nas terras lagoenses, plan-

. . . Ana Luiza Avelar . . . . . . . . Júlia Serra ta, em média, 1100 hectares por ano. Em 2016, Xandoca fez uma aposta certeira no feijão: plantou 48 hectares do grão e colheu 72 sacos/ha, enquanto a média é de 63. Com aproximadamente 18 mil habitantes, a “terra do feijão”, como a cidade é conhecida, apresenta, no entanto, maior produção de milho, assim como a vizinha Patos de Minas, que éfamosa pelo cultivo do grão. Apesar da pequena população, Lagoa Formosa apresenta um PIB que pode ser considerado alto para o seu tamanho. Dados de 2013 apontam que o Produto Interno Bruto da cidade foi R$229.845.000, sendo que R$81.677.000 foram provenientes da atividade agropecuária, representando a parte mais significativa da arrecadação, com 35,5%. Todo esse desenvolvimento, no entanto, não seria possível sem as políticas de incentivo aos produtores, principalmente aos de pequeno porte, por meio da EMATER-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais). Dessa forma, contando com um clima favorável, terras altamente férteis, tecnologia de ponta e assistência técnica qualificada, a extensão rural acontece de forma contínua e fomenta a economia da cidade, que se reflete na melhoria da qualidade de vida das pessoas.


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Turismo

Vai viajar?

Fique de olho na taxa de câmbio . . . Lucas de Alcântara . . . . . . Lucas de Assis

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iajar a passeio, a trabalho ou, até mesmo, para estudar é algo muito comum entre os brasileiros, mas existem fatores determinantes para inviabilizar a ida ao exterior. Questões como a taxa de câmbio, ou seja, o valor da moeda estrangeira é importante para traçar o trajeto do turista antes da escolha do destino. Analisar bem essa variável pode trazer uma economia tanto de tempo, quanto de dinheiro para os viajantes. De acordo com o Banco Central, a taxa de câmbio é o preço do dinheiro estrangeiro medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional. No Brasil, as negociações são feitas com mais frequência utilizando o dólar americano. Assim, se a taxa de câmbio estiver, por exemplo, em R$3,30 significa dizer que um dólar equivale a R$3,30 no Brasil. Dessa maneira, se houver a compra de dez dólares, o brasileiro irá desembolsar R$33. A taxa de câmbio reflete, então, o custo de uma moeda em relação à outra. Sendo assim, o turista deve ficar atento às variações do valor da moeda. O

câmbio e a gastronomia

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pesquisar preços, estar com tudo no orçamento é essencial antes de partir rumo ao destino desejado. As agências de viagem prometem facilitar a vida e se encarregam de fazer todas essas coisas para otimizar o tempo de seus clientes. O agente de viagens na CVC Divinópolis, Evandro Penoni, conta que a empresa possui uma estratégia para contornar a taxa de câmbio alta. “Mesmo quando a moeda aumenta o valor, a CVC mantém um valor abaixo que gera um desconto no orçamento do cliente”. Essa ação é chamada de “Cambio Congelado CVC”. Ele ainda diz que para economizar na viagem desejada, o melhor a fazer é prepará-la antecipadamente, pois assim as empresas podem conseguir pacotes com preços e condições de pagamento melhores e mais acessíveis para os clientes. Mas, como tudo na vida tem um preço, o custo para esses serviços também pode ser um pouco salgado. Os serviços das empresas incluem, além da viagem, o local onde os clientes ficarão (hotéis, resorts), muitas vezes, com a alimentação inclusa e, no caso da CVC, o meio de transporte, o que eleva o custo da viagem. Em alguns casos, inúmeros turistas optam por viajar sem a contratação desses pacotes, economizando uma boa quantia. Leandro Beinroth, professor de Jiu-Jitsu, em Divinópolis, viaja constantemente para participar de campeonatos na América do Sul e na Europa, e diz que prefere viajar sozinho a ter que custear os valores cobrados pelas agências. No caso dele, “sozinho é sempre a metade do preço. Eu iria para o Chile e com pacote de viagem ficaria em R$2.800, mas paguei R$1.250 a passagem mais flat para oito dias”, explicou.

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Um ponto de parada certa para muitos viajantes são os restaurantes e quem quer conhecer a gastronomia local, deve ter atenção não apenas com a escolha do estabelecimento, mas também com a sua localização. “Deve-se ficar atento e procurar osrestaurantes que não fiquem perto de pontos turísticos. Muitas vezes, esses estabelecimentos não carregarem a cultura do lugar. Vale mais a pena procurar um lugar mais afastado”, conta Bernardo Rodrigues, professor e empresário.

No Brasil, o preço para se alimentar fora de casa varia bastante. Em Belo Horizonte, o valor médio de uma refeição gira em torno de R$17. Considerando essa média, quem deseja visitar Paris, irá desembolsar a quantia de R$50,79, um aumento de 198,74% em relação ao Brasil. Se o destino for Santiago, no Chile, o valor é de R$24,16, quase a metade do que é cobrado na capital da luz. Essas variações estão diretamente ligadas ao preço da moeda de seus respectivos países Diante disso, o turista deve se planejar antes de viajar, como foi o caso da estudante de jornalismo Giovanna Azevedo que escolheu uma época específica para ir à Suíça, França e Alemanha. “Quando eu fui viajar, o dólar estava em queda e o euro também. Meu pai comprou as passagens tendo o dólar ao preço de R$1,60”, explica. Hoje, o valor do dólar está em R$3,31. A mesma viagem que custou em média R$20 mil, em 2012, hoje sairia em torno de R$66 mil. Apesar de a viagem ter saído mais em conta devido à taxa de câmbio da época, a estudante relatou que teve um choque ao chegar à Europa e se deparar com o preço dos produtos por lá. Ela disse que não comprou nenhum dos itens que desejava devido ao preço elevado. “Na Europa, em 2012, tudo era caro, mas acho que ainda é porque quando minha tia vem ao Brasil, ela aproveita para comprar as coisas por aqui. A gente gastou o dinheiro para se alimentar mesmo, porque os preços têm o parâmetro para quem recebe em euro e para a gente aqui é muito caro”. O planejamento antes da viagem é uma medida que os turistas devem ter como prioridade. Reservar hotéis,

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Turismo

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Mas segundo o economista e analista de capitais, Júlio Fernández, “o câmbio para os destinos é um fator mínimo porque a variedade de custos de vida é impossível de controlar”, ou seja, o valor das viagens depende do modo de vida de cada pessoa, o que ocasiona uma variedade de despesas entre os turistas. De acordo com o analista, a economia local pode sofrer

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interferência com a falta de turistas, porém ele critica a estrutura do sistema turístico atual e diz que não há investimento nessa cultura, o que interfere no crescimento desse mercado. “No mundo inteiro, o diário econômico é uma das fontes, mas as alternativas estão por todos os lados”, observa Júlio ao comentar as consequências da desvalorização do câmbio no país. Em

todo caso, viajar é uma atividade que requer algum investimento, independente da crise. Com pacotes ou não, o valor que sairá do bolso tem que ser planejado, assim como a viagem para que se possa aproveitar o momento, conhecer novas culturas e novos povos, crescer com a experiência e retornar para casa cheio de histórias boas para contar.


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Turismo

Turismo de negócios movimenta rede hoteleira

Em Divinópolis, o setor vestuário tem contribuído para o desenvolvimento hoteleiro

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ilvino Luciano é um representante comercial que viaja semanalmente até Divinópolis. O percurso com mais de 330 km, mesmo que longo, compensa. “Eu venho a Divinópolis comprar roupas para fazer a revenda em Franca, São Paulo” explica. Silvino sempre chega às sextas-feiras, pernoita na cidade e, no dia seguinte, percorre todas as lojas que precisa. “A viagem é cansativa, eu chego de madrugada e fico em algum hotel da cidade, de preferência, mais perto dos locais onde eu preciso ir, para ganhar tempo”. A maratona que Silvino faz todas as semanas é o chamado turismo de negócios que, embora, pouco conhecido, engloba atividades turísticas com o objetivo de estabelecer negócios em algum lugar, seja cidade, estado ou país. Em Divinópolis, o vestuário é um dos setores que mais movimenta o turismo de negócios do município, que é conhecido como polo da moda. Essa procura pela compra no atacado também influencia o modo como as lojas funcionam, algumas costumam abrir fora do horário comercial para que sacoleiros

. . . Lethicia Monteiro . . . . . . . . Paulo Victor

possam fazer suas compras para a revenda em outros locais. Para atender cada vez mais e melhor as necessidades dessa demanda, o setor hoteleiro desenvolve estratégias e busca oferecer serviços diferenciados para aqueles que realizam o turismo de negócios. O JB Palace é um exemplo disso: o hotel oferece pacotes diferenciados para executivos e representantes comerciais que veem a cidade para eventos, congressos e outras atividade do ramo. Esse ramo de negócio corresponde a uma porção significativa nas taxas de ocupação dos hotéis, no entanto, esse setor também está exposto a instabilidades econômicas, o que pode levar a queda no número de hóspedes. O JB Palace tem uma média de ocupação de 75% dos seus 79 apartamentos, mas em 2017 essa média teve queda: passou para 50%. O gerente Roberto Lima, no entanto, está seguro de que essa alternância econômica é passageira. A estrutura, que conta com salões e auditórios, bem como os serviços oferecidos para a realização de convenção ou evento empresarial são atrativos que oferecem bons serviços .

Segundo pesquisas da ABGev (Associação Brasileira dos Gestores de Viagens Corporativas), o turismo corporativo é uma atividade crescente no Brasil e movimenta, em média, 10 bilhões ao ano, o que configura cerca de 67% do turismo nacional e fornece, aproximadamente, três milhões de empregos diretos. Esse setor é menos irregular do que o turismo de lazer, mesmo quando se enfrenta algum tipo de dificuldade na economia. Por um lado, as empresas precisam realizar eventos com profissionais da área no intuito de estabelecer mais mercado. Por outro, esses mesmos profissionais tem a necessidade de promover formas de intercâmbio e de manter seus conhecimentos atualizados, o que faz com que eles estejam sempre presentes em feiras, workshops e outros eventos do setor. Divinópolis se destaca pela indústria do vestuário e pelo setor de serviços que trazem muitos turistas de negócio a cidade. Os hotéis, cada vez mais, buscam atender esse público e com estrutura e bom atendimento, tentam conquistar outros tantos Silvinos que viajam diariamente para cá, movimentando a economia.

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Turismo

Sétima Vila do Ouro:

a importância econômica para o Centro-Oeste mineiro . . . Camila Almeida . . . . . Cássia Xavier

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erra-mãe do Centro-Oeste mineiro por ser a cidade mais antiga da região, Pitangui tem cerca de 30 mil habitantes e é um convite ao turismo artístico-cultural e ecológico. A cidade possui também uma grande importância histórica por sua participação política na época do Brasil Colônia. O estudante Marcus Paulo da Silva, do curso de História da UEMG, relata que a cidade foi uma das principais e mais antigas vilas da região, sendo es-

sencial no setor econômico e judiciário, pois todas as decisões eram realizadas lá. O município também teve grande influência no descobrimento e exploração do minério de ferro e do ouro. No entanto, Pitangui e uma série de outras cidades antigas perderam um pouco de sua importância ao longo dos anos. Enquanto Divinópolis crescia e concentrava o comércio de outras regiões, o ouro de Pitangui diminuía, ainda que sua economia continuasse sediada na exploração do metal. “A produção era concentrada na

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cidade de Pitangui, e da mesma era passada para outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo. Era mais fácil concentrar toda produção lá para depois mandar para outra região, até por questão de logística mesmo”, explica Marcus. Vale lembrar que Pitangui está no trajeto de Estrada Real em Minas Gerais, que era a ligação do sertão ao litoral. Caminho que o ouro percorria até os portos em Paraty, Rio de Janeiro. É atualmente a maior rota turística do Brasil, ligando Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Sendo conhecida pela

sua importância histórica no Ciclo do Ouro no Brasil. Atualmente, a econômica pitanguiense é fundamentada em quatro pilares: siderúrgica, agropecuária, indústria moveleira e comércio. A companhia siderúrgica é a principal fonte de capital para o município. Segundo o prefeito Marcílio Valadares, a cidade também conta com a mineradora Turmalina que, embora localizada no município vizinho Conceição do Pará, tem um importante papel na geração de empregos em Pitangui. A sétima vila do ouro,


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Turismo

apesar de ter perdido grandes traços de suas características arquitetônicas e históricas com a demolição de seus casarões e descaracterização de adornos e peças sacras, conserva um rico potencial turístico. Pitangui oferece aos seus visitantes uma programação variada que vai desde visitas às igrejas antigos, aos casarões e a antiga ferroviária que, atualmente, é o museu, até trilhas pelas montanhas da cidade até a Cruz do Monte, que oferece uma vista privilegiada da cidade. Outros atrativos para os turistas são as visitas aos povoados e lugarejos nos arredores do município. O gerente do hotel fazenda Santa Felicidade, Vicente Campos, observa que o turismo é uma importante fonte de emprego e o giro de capital, que contribui com o consumo de bens e serviços. “O hotel recebe hóspedes da região, da capital, de outros estados e, até mesmo, de outros países como Canadá e Inglaterra”. O governo do município pretende investir no turismo, possibilitando novas alternativas para os turistas como, por exemplo, teatro, casa de cultura e cinema. “Acredito que, em dois anos, já testaremos preparados para uma nova Pitangui”. A cidade tem belezas naturais que proporcionam um investimento no turis-

mo rural. Nos povoados é possível fazer visitas que abordam o cotidiano do homem do campo e mostram a rotina da roça, além das comidas e quitandas típicas feitas no fogão a lenha, que são fortes atrativos para as pessoas dos grandes centros urbanos que não têm contado com esta realidade. O jornalista Ricardo Welbert escreveu o livro “Tão longe, tão perto: a vida nos povoados de Pitangui” e, para isso, visitou 69 lugares entre vilarejos e povoados, e pode perceber que, nesses locais, é possível investir no turismo, o que pôde contribuir com a geração de renda. Um exemplo citado por Ricardo refere-se a uma moradora do povoado Velho da Taipa que faz quitandas para os visitantes que vão ao povoado. “Se ela e tantas outras pessoas e famílias dessa e das outras 68 localidades rurais do município recebessem instruções sobre como planejar e administrar um pequeno negócio voltado ao meio rural, poderiam gerar empregos e renda, e fomentar a prosperidade do local”, finaliza. Por essas e outras histórias escondidas pelos caminhos de Pitangui, percebe-se que o município tem muito potencial para crescer também por meio do turismo. O desafio agora é encontrar os meios para construir esses percursos.

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