

EXPEDIENTE: UEMG – unidade Divinópolis - Ano 1 – nº 2 – Maio a dezembro de 2021 – Publicação desenvolvida pela Multimídia - Agência/ Laboratório do curso de Jornalismo da UEMG - unidade Divinópo lis, com recursos do Editais 01/2020 e 14/2021 do Programa Institucional de Apoio à Extensão da UEMG (PAEx) e realizado via Laboratório de Jornalismo Multimídia do curso de Jornalismo – Coordenação e jornalista responsável: Daniela Martins Barbosa Couto (MG 9.994 JP) – Bolsistas de extensão: Ana Luíza de Sou sa Silva, Bruno Davi Bueno e Roberta Carvalho – Contato: daniela. couto@uemg.br.
Divinópolis: história e contexto, o que é e como se efetiva
Segurança alimentar e nutricional sustenátvel Educação ambiental: saberes que se constroem desde os pimeiros passos / Entrevista
O agro e´sustentável? O que são as agroflorestas? Inografia: cidades sustentáveis
grofloresta: produtividade, resultados e respeito ao meio ambiente
Animais em extinção são encontrados em Pedra do Indaiá Os habitantes da universidade
em liberdade e preservação ambiental Ratos, morcegos e pombos na zona urbana: r isco para a saúde Artrópodes e outros animais sinantrópicos no dia-a-dia...
OFórum da Agenda 21 representa um pacto de compromissos estabeleci do em 1992 pela ECO 92 (Rio 92), chancelado pela ONU. A organização do documento e das ações relativas a esse even to, envolveu governos, setor empresarial, ONGs e todos os setores da sociedade, compro metidos com as questões socio ambientais. A ideia central pre sente nos quarenta capítulos do documento de sustentação da Agenda 21 é a concepção de um conjunto de políticas, vol tadas para o desenvolvimento sustentável, alterando a visão de progresso baseada apenas no crescimento econômico.
O compromisso do Fó rum da Agenda 21 (conheci do como Agenda 21) se volta não apenas para as questões de preservação de recursos natu rais, mas também se volta para os sistemas produtivos, em equilíbrio com ações de inclu são social. A abrangência dessa organização é global, passando pela construção de uma pauta nacional e efetivando-se local mente.
A institucionalização da Agenda 21 no Brasil se deu entre 1996 e 2002, coordena da pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Susten tável e a Agenda 21 Nacional (CPDS). Na época, contou
com o envolvimento de cerca de 40 mil pessoas de todo o Brasil. O documento ‘Agenda 21 Brasileira’ foi concluído em 2002. Essa organização repre senta importante instrumento propulsor da democracia, da participação e da ação coletiva da sociedade. Entende-se que a construção do desenvolvi mento sustentável é uma tarefa para toda a sociedade brasileira e não apenas para os governos. Assim sendo, instituiu-se entre 2003 e 2004 o Fórum da Agen da 21 Divinópolis com apoio da Fundação Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvi mento Sustentável (FUMED), da Prefeitura Municipal de Di vinópolis e da Fundação Edu cacional de Divinópolis – FU NED/UEMG.
O foco na ação local é im portante, pois, o Fórum da Agenda 21 parte do princípio da eficácia da ação nas cidades, seja para promover o desenvol vimento, ou para preservar os recursos naturais estratégicos para manutenção da qualidade de vida das comunidades. Esse princípio exige o fortalecimen to dos municípios e a aplicação do princípio de subsidiarie dade. Os documentos oficiais mostram que as áreas estabe lecidas de atuação da Agenda 21 são: gestão de recursos na turais, agricultura sustentável, cidades sustentáveis, redução das desigualdades sociais, in fra-estrutura e integração re gional e ciência e tecnologia para o desenvolvimento sus tentável.
Em 1992 estabeleceu-se na ECO 92 (que ficou conhecida como Rio92), chancelada pela ONU, o Fórum da Agenda 21. A ideia central presente nos 40 capí tulos do documento de sustenta ção da Agenda 21 é a concepção de políticas voltadas para o desen volvimento sustentável, alterando assim a visão de progresso base ada apenas no crescimento eco nômico. A organização do docu mento e das ações relativas a esse evento, envolveu governos de di versos países, o setor empresarial, ONGs e todos aqueles setores da sociedade comprometidos com as questões socioambientais.
O Fórum da Agenda 21 - Di vinópolis é uma organização civil com representação técnica e so cial qualificada, capaz de estabe lecer importantes interlocuções com o poder público na con cepção e acompanhamento de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento econômico e socioambiental. O planejamento e as ações realizadas ganham di mensão que ultrapassa as iniciati vas de governos e encoraja com promissos e ações coletivas para construção do desenvolvimento local e regional sustentável.
Como organização civil, a Agenda 21 de Divinópolis atua
a partir das deliberações de um conjunto de representantes de di versas instituições da cidade, esta belecendo-se a partir daí a divisão de funções entre seus membros. A atuação de cada um é feita a partir da organização dos Grupos Temáticos que agem tendo como referência as áreas instituciona lizadas pelo Fórum da Agenda 21 Nacional. Entre as ações dos Grupos Temáticos, constam a in teração e a parceria com organiza ções civis, o acompanhamento da pauta legislativa do município e a organização de eventos, majorita riamente no âmbito da educação, cultura e produção tecnológica.
Daniela MartinsEm 2021, a marca do Fórum da Agenda 21, em Divinópolis, passou por uma revitalização de sua identidade visual, a partir de parceria firmada com a Agência 3001 do curso de Comunicação Social – Publicidade e Propagan da da UEMG - Unidade Divinó polis, que reconstruiu a logomar ca referenciando-se na logomarca feita em 2003. Essa iniciativa foi parte das ações do Projeto de Extensão Universitária, aprovado pelo Programa de Apoio a Proje tos de Extensão – PAEX/UEMG 01/2020 - Atuação da Universida de na Política Intersetorial de Se gurança Alimentar e Nutricional Sustentável em Divinópolis – que contou com alunas bolsista e vo luntárias dos cursos de Jornalis mo, Serviço Social e Psicologia.
Dentre as ações desenvolvidas, podem ser destacadas: o incre mento das redes sociais (Páginas no Instagram e no Facebook @ agenda21_divinopolis), a parceria com o Fórum Lixo e Cidadania na organização da Semana Lixo Zero, a integração de ações com o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentá vel de Divinópolis (COMSEAS) na elaboração e aprovação do Pla no Municipal se SANS e a reali zação da 2ª Semana Municipal da Alimentação e, por meio de par ceria com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e Agência de Jornalismo da UEMG – Uni dade Divinópolis desenvolveu-se interessante projeto e Educação Ambiental nas escolas da Rede Municipal.
Todo o trabalho do Fórum da Agenda é realizado por meio de Grupos de Trabalho Temáticos, sob responsabilidade dos mem bros que atuam via representação institucional. Dentre as ações dos Grupos Temáticos, consta a in teração e parceria com organiza ções civis, o acompanhamento da pauta legislativa do município, a organização de eventos (preferen cialmente no âmbito da educação, cultura e produção de tecnologia).
GT 1. Cidade SuSTenTável e GeSTão de ReCuRSoS naTuRaiS
. Acompanhamento da re visão do Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos e do Plano Municipal de Sanea mento, em consonância com o
novo Marco Regulatório do Sa neamento.
. Elaboração do projeto de implementação de containers para coleta seletiva em pontos estratégicos da cidade de Divi nópolis (discussão em curso no Fórum Lixo e Cidadania e que depende de pró atividade do po der público municipal, recurso financeiro garantido pelo MP).
. Acompanhamento do plano de ação da COPASA sobre o tra tamento de esgoto do município.
. Enfrentamento da crise hí drica, definindo projetos de re cuperação e preservação de nas centes.
. Acompanhamento das pau tas ambientais e de planejamento urbano da Câmara Municipal, in clusive a revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo.
GT 2. aGRiC ulTu Ra Su STenTável. Fortalecimento da Coopera tiva e da Associação dos Peque nos Produtores da Agricultura Familiar de Divinópolis (APRA FAD e COOPRAFAD), como organizações que agregam os agricultores familiares (apoio à consolidação da cooperativa).
. Organização de projetos de capacitação dos trabalhadores do campo - boas práticas de manejo, cultivo e gestão das propriedades (Apoio Universidades, EMA TER, SEBRAE).
. Apoio ao Projeto Educação Ambiental da Secretaria Munici pal de Educação de Divinópolis.
. Participação e apoio na re alização e institucionalização da Semana Municipal do Lixo Zero.
. Divulgação dos resultados da pesquisa sobre o monitora mento da qualidade do ar de Di vinópolis no CEFET.
. Parceria com as universida des da cidade na elaboração de projetos de pesquisa que visam a reutilização e reciclagem de rejeitos em diversos segmentos, como o da construção civil e a indústria do vestuário.
Daniela Martins Fonte: Fórum da Agenda 21, ECO 92A
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Aalimentação é um direi to humano que deve ser garantido pelo Estado, segundo a Política Nacional de Seguran ça Alimentar e Nutricional Sus tentável (SANS), formalizada por meio do Sistema de Segu rança Alimentar e Nutricional (SISAN). A norma legal bus ca assegurar a todos o acesso a alimentos básicos de qualidade e em quantidade suficiente, de modo permanente e sem com prometer o acesso a outras ne cessidades essenciais. No Brasil,
a Política Nacional de SANS foi estabelecida em 2006, por meio da Lei Federal 11.346, que visa assegurar o direito de todos à alimentação adequada.
Em Minas Gerais, a Políti ca de SANS ganhou contornos em 2013, via Programa Estru turador Cultivar, Nutrir, Educar – PECNE. Esse programa foi objeto de estudo de equipe mul ticiplinar da UEMG entre 2014 e 2017. A pesquisa financiada pelo CMPq buscou avaliar a implementação da Política Inte grada de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (SANS), executada pelo governo do Es tado de Minas Gerais. A exe
cução do PECNE entre 2013 e 2015, foi gerenciada por um Comitê Temático de Segurança Alimentar e Nutricional Susten tável (CTSANS) no âmbito es tadual.
Em Divinópolis existe o Conselho Municipal de Segu rança Alimentar e Nutricional Sustentável (COMSEANS) que atua há muito tempo em parce ria com o Conselho Estadual. No dia 20 de agosto de 2020, ocorreu a primeira reunião do Conselho Municipal de Seguran ça Alimentar e Nutricional Sus tentável (COMSEANS), junto com representantes das secreta rias municipais que compõem a
Câmara Intersetorial Segurança Alimentar (CAISAN), na qual foi iniciado o processo de ela boração do Plano Municipal de SANS de Divinópolis.
O Plano de SANS foi apro vado na Semana da Alimenta ção, apresentado pela vice-pre feita Janete Aparecida e será executado por meio de políticas aprovadas pela CAISAN em parceria com o COMSEANS. O plano é amplo, devido ao perfil intersetorial e interdisciplinar do tema SANS, mas podem ser destacados alguns objetivos do Plano de SANS de Divinópolis.
. Integrar ações de SANS com as políticas sociais de edu cação, saúde e assistência social no meio urbano rural.
. Transformar o tema da se gurança alimentar e nutricional sustentável em elemento funda mental nas definições de políti cas de desenvolvimento econô mico.
. Dar relevância ao setor ru ral, com destaque para a agricul tura familiar, como importante segmento responsável pela pro dução, comercialização e trans formação de alimentos, bem como, por representar os traços culturais da cidade e região.
. Atuar politicamente para que ocorra o comprometimen to dos três poderes, em todas as esferas de governo, e ampliar a participação e o compromisso da sociedade civil no processo de construção do SIMSANS,
reafirmando o pacto social em torno de SANs.
Um dos objetivos centrais do plano é gerar meios de produ ção, comercialização e transfor mação de alimentos de forma sustentável, mas também levan do em consideração os impactos ambientais dessa produção. O Fórum da Agenda 21/Divinó polis, como uma organização que visa promover o desenvol vimento e preservar os recursos naturais estratégicos para manu tenção da qualidade de vida da cidade, comunga com a parte socioambiental do plano e apoia sua implementação. Importante destacar o quão importante é a adoção de práticas ambiental mente corretas no município e de se considerar os aspectos so ciais e ambientais nas ações vol tadas para o crescimento econô mico. Aspectos hídricos também são levados em consideração. Em certa parte do plano, pon tua-se que: “Os cuidados com o Rio Itapecerica, a preservação de áreas verdes e a inibição de poluição do ar, dependem da criação de instrumentos educa tivos e inibidores de impactos”.
O plano de SANS propos to foi elaborado de forma de mocrática, em diálogo com o COMSEANS e Secretarias da Administração Municipal. Ten do sido importante o papel da Universidade do Estado de Mi nas Gerais – UEMG – Unidade Divinópolis no processo, por meio de projeto de extensão universitária.
corporal com elementos da natureza foi a atividades proposta e desenvol vida com crianças do 1º período do Centro Municipal de Educa ção Infantil Jésus Pereira da Costa (CMEI), no bairro Jardim Candi dés, em Divinópolis. Coordena da pela professora Tiele de Jesus Nascimento, com apoio do esta giário Hélio Silvério Lopes Júnior, a atividade promoveu um passeio em torno do CMEI e incentivou a percepção dos elementos da na tureza presentes no caminho. Du rante o trajeto, as crianças obser varam, selecionaram e recolheram folhas, gravetos, galhos, grama e pedras. Os itens separados foram utilizados como material concreto e promoveram a exploração sen sorial da coleção de elementos na turais, bem como, a identificação de características como cor, tem peratura, textura e tamanhos. De pois, com esses elementos, cada
criança criou o esquema corporal a partir de sua percepção e cons ciência do corpo como um todo e de suas partes.
Outra atividade, também re alizada pela professora Tiele no Centro Municipal de Educação Infantil Jésus Pereira da Costa, foi o Circuito motor com trans ferência. A atividade propôs di versos estímulos corporais com obstáculos, corda, bambolês e transferência de bolinhas com os pés, e incentivou movimentos como saltar, rolar, engatinhar, su bir, descer, rastejar, desafiando as crianças a descobrirem habilida des e capacidades corporais, além de promover a interação com o meio ambiente.
As experiências pedagógicas integraram o projeto de Edu cação Ambiental nas escolas da Rede Municipal que teve o apoio da Agenda 21 Divinópolis.
Aprofessora Angelita Oli veira, coordenadora do Centro de Referência da Educa ção Infantil da Secretaria Munici pal de Divinópolis e integrante da comissão da Agenda 21, em entre vista à revista Perspectivas, obser
vou que o pensamento atual sobre educação ambiental vai ao encon tro de um conceito revolucionário e quebra de valores. Ela observa que, embora já existam práticas e projetos que tratam de educação ambiental há alguns anos, é preciso
haver uma mudança na forma de pensar, de modo que as propostas façam parte do dia a dia das pesso as e se integrem à própria vivência. As observações podem ser confe ridas a seguir. Basta clicar nas ima gens para assistir aos vídeos.
O que tem sido proposto em relação à educação ambiental?
Para saber mais sobre a questão da educação ambiental junto às ini ciativas da Agenda 21, confira o programete Perspectivas, acessando o QRCode ao lado ou clicando na imagem abaixo.
Mesmo com to dos os avanços nas práticas de cultivo, ainda há muito o que se fazer para que o agro se torne menos agressivo ao meio ambiente. Conheça a agricultura sustentável, que traz novas formas de aplicar o conceito de sustentabilidade às plantações
Quea agricultura é uma das atividades humanas mais importantes do mundo, não é novidade. A produção de ali mentos e produtos para o dia a dia da sociedade vem desenhan do o cenário rural há séculos. Na atualidade, com o aumento po pulacional e, consequentemente, o aumento na demanda, surgiu a agricultura moderna, em oposição aos moldes tradicionais das lavou ras. De acordo com a Organiza ção das Nações Unidas para Ali mentação e Agricultura (FAO), a produção agrícola de alimentos e biocombustível deverá aumentar em 70% para atender à demanda global da população estimada em 9,1 bilhões de pessoas em 2050.
Para suprir essa demanda, as políticas agrárias desenvolvidas buscam valorizar a maior produ ção e maior rendimento, onde há o predomínio do uso de produtos agroquímicos. O Brasil atualmen te é um dos maiores produtores e exportadores de culturas, fruto dessa nova forma de plantio, sain do do status de importador para ser um dos maiores “celeiros”
da humanidade. No entanto, se a agricultura tradicional busca a va lorização dos recursos naturais, o modelo atual de agricultura con vencional acaba por trazer con sequências negativas, em que se destacam a degradação ambiental e o esgotamento dos recursos na turais.
É nesse cenário que surge a agricultura sustentável: um mo delo agrário alternativo, que visa a sustentabilidade, manejando a terra de forma a preservar as ba ses de recursos naturais e garantir o sustento das necessidades cada vez mais crescentes das gerações atuais e futuras. A agricultura sus tentável vem da insatisfação com a cultura convencional e procura um novo padrão de produção. O princípio que serve de base para esse tipo de produção agrária é a
agroecologia, conceito que visa a produção de alimentos mais sau dáveis, naturais, sem agrotóxicos e traz como ideal o uso racional dos recursos ambientais. Essas concepções foram consolidadas na ECO-92, na qual foram lança das as bases para um desenvolvi mento sustentável no planeta.
A agricultura sustentável está apoiada em três fatores: ambien tal, econômico e social. No as pecto ambiental, essa forma de cultivo inclui a redução do uso de recursos não renováveis e o uso racional dos renováveis, mi nimizando perdas e garantindo e maximizando a capacidade de uso da terra e um fluxo energé tico eficiente. O uso de técnicas que não agridam o solo, a água e o ar e a não utilização de pestici das também são princípios desse
Para além do aten dimento das neces sidades humanas, a agricultura sustentável busca um melhor uso dos recursos, para diminuir os impactos ambientais causados pelo agronegócio.
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aspecto da agricultura sustentável. Já a viabilidade econômica é feita través de tecnologias apropria das mas de baixo custo, além da diminuição do uso de produtos não naturais, tais como fertilizan tes e pesticidas, e o uso de espé cies adaptadas ao ambiente, entre demais fatores. No social, esse modelo está relacionado com a distribuição e acesso igualitários aos recursos, busca participação ativa dos envolvidos e é um refle xo dos valores sociais. Ou seja, o desenvolvimento agrícola nesses moldes deve ser ecologicamente sustentável, economicamente viá vel e socialmente justo.
No Brasil, as contribuições para esse molde da agricultura não é recente. Já em 1976, o en genheiro agrônomo José Lutzem berg publicou o “Manifesto eco
lógico brasileiro: fim do futuro?”, no qual listava os problemas eco lógicos brasileiros e indicava onde procurar as soluções para esses problemas. A Associação de En genheiros Agrônomos do Estado de São Paulo também discutiu so bre os problemas causados pela agricultura convencional, além das ONGs, que, ao longo dos anos, tiveram papel importante na continuidade da agricultura sus tentável.
No entanto, mesmo com avan ços no quesito ambiental, o Brasil continua sendo um dos países que mais utiliza agrotóxicos, além do grande desmatamento de vegeta ção natural, destruindo ecossiste mas inteiros, de modo a abrir áre as destinadas à agricultura.
O conceito de agricultura sus tentável e até mesmo de susten
tabilidade é muito amplo e ainda inacabado, indo muito além da simples preservação ambiental, mesmo que esse seja o ponto cen tral e básico. É uma pratica que trata também de aspectos sociais, de melhoria na qualidade da vida humana, conciliando aspectos econômicos com práticas ecológi cas, de forma a garantir dignidade social.
AlgumAs práticAs dA Agricul turA sustentável
Compostagem: transformação da matéria orgânica (folhas, restos de comida, etc.) em um material chamado de composto, parecido com o solo, que serve como adu bo. É um processo biológico feito por microrganismos.
Captação da água da chuva: sistemas que captam e armaze nam a água da chuva, de forma a ser usada posteriormente na irri gação.
Rotação de culturas: reve zamento de espécies que serão plantadas em determinada área, de forma a aproveitar melhor a fertilidade do solo e auxiliar no controle de pragas.
Existem outras tantas práticas adotadas pela agricultura susten tável, além dos diversos tipos de cultivo, como a agricultura or gânica e a biodinâmica, que tem origem em diversos países pelo mundo e oferecem opções eco lógicas para a produção agrária atual.
O mundo mudou e se mo dernizou, mas é preciso pensar e adotar uma forma justa, igualitá ria, viável e sustentável de cultivo na agricultura para que o futuro ainda seja possível.
Um sistema de plantação diferente do convencional, com o cultivo agrícola, as agroflorestas trazem e, principalmente, para o meio ambiente O que são agroflorestas?
que são as agroflorestas?
convencional, que combina espécies arbóreas trazem várias vantagens para os produtores que são as agroflorestas?
Desde a revolução indus trial, o que as nações buscam é sempre o desenvolvi mento e o lucro, em detrimento do meio ambiente. As consequ ências dessa procura incessan te por uma produção cada vez maior, alcançou a agricultura, culminando num agronegócio impetuoso com a natureza. Mes mo com diversos acordos, reuni ões entre os países, para planejar um futuro mais limpo, o planeta ainda sofre com o aquecimento global, causado, em grande parte, por atitudes humanas.
Uma das questões mais im portantes no que compete à agricultura convencional, é a sus tentabilidade. Esse modelo de cultivo, atrelado ao agronegócio, tem como principais aspectos, a valorização dos agroquímicos, a mecanização da produção e a manipulação genética. Tudo isso
permitiu o aumento da produção, acompanhando a demanda. São grandes os impactos causados pela agricultura convencional, tais como poluição e desgaste do solo, esgotamento de recursos naturais, entre vários outros problemas ge rados. Surge uma necessidade de mudança, com medidas sustentá veis, que visem diminuir o impac to ambiental e, consequentemen te, o aquecimento global.
As agroflorestas surgem como uma alternativa sustentável ao agronegócio, para aumentar os ní veis de produção. Não é de hoje que as florestas são usadas para atividades de produtivas, mas apenas recentemente surgiram estudos sobre sua viabilidade em cultivos de maior escala.
Sistemas Agroflorestais, SAFs, são uma forma de agricultura, que combina o cultivo de árvores e arbustos com a plantação de in sumos agrícolas, pastagens e até mesmo com a criação de animais.
São classificados de acordo com o que abrigam. Silviagrícolas são os arranjos que combinam ár vores com culturas agrícolas, os sistemas silvipastoris dizem res peito ao cultivo das árvores com pastagens ou animais e o termo agrossilvipastoris denominam as produções de árvores com cultu ras e as pastagens ou animais.
Ao combinar espécies arbóre as, plantações agrícolas e criação de animais, as agroflorestas pro movem benefícios sustentáveis e econômicos, que atendem aos vários princípios da agricultura sustentável.
São sistemas recomendados para agricultores familiares, já que em uma única área de cultivo, existe uma diversidade grande de produtos. Com as agroflorestas, as famílias passam a não depender mais de apenas um cultivo, têm uma colheita diversa e podem ti rar os alimentos para seu próprio sustento. Nos SAFs, cada cultura
é plantada em local adequado para seu desenvolvimento, suprindo as necessidades de nutrientes, água, luz, que são combinadas cuidado samente.
As vantagens da agroflorestas são muitas. No campo econô mico, a diversidade da produção pode garantir ao agricultor um re torno rentável. Nos aspectos am bientais, a recuperação e aumento da fertilidade do solo, a diminui ção da erosão e o aumento da diversidades das espécies se des tacam. Vale ainda ressaltar que os SAFs contribuem para a seguran ça alimentar, aumentam a renda familiar e promovem uma melhor distribuição da mão de obra, valo rizando também o aspecto social da agricultura.
Teoricamente, todos os SAF’s possuem três atributos: produti vidade, sustentabilidade e adapta bilidade. Alguns outros aspectos positivos das agroflorestas são au mento e conservação da biodiver sidade, manutenção e criação de estoques CO², diminuição de des matamentos e queimadas, melho ra do microclima, manutenção e melhora da capacidade produtiva terra, fixação do agricultor à terra, maior diversificação da produção, recuperação de áreas degradadas, redução da infestação de insetos,
utilização em áreas de preserva ção permanente e Reserva Legal, disponibilização de abrigo à fau na, aumento da reciclagem de nu trientes, diminuição da erosão do solo, diminuição da necessidade de insumos externos e redução dos impactos ambientais negati vos gerados pela agricultura. Mas nem todos os sistemas agroflo restais têm como características todas essas vantagens.
Uma das vantagens para o meio ambiente é a aplicação das agroflorestas na recuperação de áreas degradadas. É algo extre mamente benéfico para a região afetada, mas é preciso cuidado ao implantar esse sistema de cultivo. O sucesso de um SAF na conser vação e tratamento de um solo depende das escolhas de espécies arbóreas, do cultivo e das formas de manejo da terra. Tudo isso influencia no modo como os be nefícios desse modo agrícola são aplicados.
A agricultura sustentável, em suas várias formas, encontra na agrofloresta um modo de conti nuar levando sustentabilidade ao agro. É uma ótima alternativa aos grandes produtores do agronegó cio, sendo rentável, valorizando a terra e tendo o aspecto social como um dos seus pilares.
Agroflorestas com binam as diversas espécies arbóreas, com o cultivo de espécies agrícolas de forma a melhor utilizar os recursos naturais, tra zendo benefícios para a terra.
As agroflorestas estão cada vez mais populares. O siste ma, que busca a produ ção de alimentos com a recuperação do meio ambiente, é cada vez mais comum no Brasil. No entanto, se engana quem pensa que o mo delo só é interessante por ser amigável à mãe natu reza. Uma agrofloresta de Minas Gerais apresen ta uma produção efetiva, eficiente e de qualidade.
Trata-se do Sítio das Mangueiras, propriedade localizada na cidade de Florestal, região Metro politana de Belo Hori zonte. Lucas Machado, de 32 anos, é agrônomo e coordenador do lo cal. À reportagem, ele detalhou a essência do projeto. “Somos caracte rizados como agricultura familiar. Eu formei em Agronomia e me espe cializei em agrofloresta. Trabalhamos, assim, com o sistema agroflorestal, pelo qual produzimos e comercializamos ali mentos sem prejudicar a agrofloresta. Trabalha mos, ainda, com estágios, cursos, consultorias, divi dindo nosso foco entre o produtivo e o educativo”, pontua.
deSafioS e medidaSO principal desafio
do Sítio das Mangueiras, conforme o coordena dor, é aumentar a pro dução dos alimentos sem prejudicar o meio am biente. “Existe o gargalo de enfrentar os desafios de realizar uma agricul tura que não impacte o meio ambiente. A agri cultura é responsável pelos danos ambientais, como erosão, poluição, contaminação por agro tóxicos. Sendo assim, trabalhamos com um sis tema que visa a produção com a recuperação do solo. Focamos no lucro, óbvio, mas não esquece mos do meio ambiente”, argumenta.
Ele também detalhou as medidas agroflores tais adotadas pelo sítio. Segundo ele, a principal delas é a sucessão ecoló gica das plantas, que con siste em implementar em uma mesma área onde se planta, por exemplo, hortaliças, sementes do ciclo anterior, fazendo com que a produção não pare mesmo em épocas diferentes. É o que acon tece na natureza conven cional. “Nos espelhamos nas florestas naturais. Trabalhamos em todas as áreas de produção com o conceito de cobertura da área com capim, folha e galho, fazendo com que tenhamos sempre o solo protegido de calor e chu va. Ainda temos a bio
diversidade misturando plantas que completam e equilibram a produção. Com isso, temos aumen to da produtividade, di minuição do ataque de pragas e sucessão ecoló gica de plantas”, detalha.
PRodução De acordo com Lu cas, o Sítio das Man gueiras conta, atualmen te, com cinco hectares, sendo dois implantados em produção. E o ren dimento nessa espaço é surpreendente: a agro floresta produz cerca de 80 cestas semanais e 320 mensais. Cada cesta con ta com 10 produtos que
são comercializados em feiras de Belo Horizon te. A produção do local supera, inclusive, outros métodos. “Temos, apro ximadamente, uma varie dade de 20 a 30 itens que produzimos e comercia lizamos. São frutas, le gumes e folhas que vem do sistema agroflorestal. Um experimento reali zado chegou à conclusão que, pelo fato de fazer a sucessão de plantas e outras medidas, a nossa produção é até três vezes maior que o sistema con vencional”, esclarece.
Questionado sobre as causas que, na sua opinião, fazem o siste
Bruno Bueno Reprodução. Instagram: @sitiodasmangueirasagroflorestama agroflorestal ainda não ser o mais popular no Brasil, sendo que ele aumenta e é amigável ao meio ambiente, Lucas elenca três situações que impedem o crescimento do modelo. “Creio que seja por alguns motivos específicos. O primei ro, obviamente, é a falta de incentivo dos órgãos agrícolas, já que esse mo delo não é interessante para as empresas que dominam esse sistema. Além disso, temos o co nhecimento, pois esse modelo exige demais. Eu, por exemplo, tenho formação e continuo es tudando. É necessário
um incentivo para for mar novos agricultores. Por fim, a consciência do consumidor. Muitas pessoas não entendem a importância de comprar alimentos que venham desse sistema, o que pre judica o financiamento e a manutenção das agro florestas”, afirma.
CuRSoS
Para contribuir com a mudança, o Sítio das Mangueiras realiza cur sos de inserção na comu nidade agroflorestal. Nas aulas on-line, os interes sados aprendem mais sobre o modelo e são orientados de que, além
de mais amigável ao meio ambiente, o segmento ainda pode aumentar a produção e, conse quentemente, o lucro da propriedade. “O sítio é uma grande referência em Sistemas Agroflores tais para toda região, e como resultado, temos conseguido influenciar centenas de famílias agri cultoras e desenvolver diversas parcerias com instituições de pesquisa de ensino e de extensão rural. Sabemos que esse conhecimento deve ser compartilhado. Dessa forma, abrimos nossas portas para que mais pes soas possam conhecer,
aprender e praticar aqui lo que vivemos todos os dias”, informou o Sítio em nota.
Viver, praticar e aprender com a natureza é, conforme a institui ção, o principal intuito do Sítio das Mangueiras. “Aqui vivemos, pratica mos e aprendemos com os ciclos da vida, da qual acreditamos fazer parte e sermos responsáveis pela sua co-criação! No cuidado com a terra, com as água e com toda biodiversidade envolvida, tentamos a todo momen to sermos queridos pelo nosso próprio Ecossiste ma”, conclui.
tamanduá e muito mais: animais em extinção em Pedra do Indaiá tamanduá e muito mais: animais em extinção em Pedra do Indaiá
Onça-parda, tamanduá -bandeira e lobo-guará.
O que esses animais têm em co mum? Além de serem mamíferos terrestres considerados em extin ção, eles podem estar mais perto do que você imagina. Um levan tamento realizado pelos professo res Alysson R. Fonseca, docente da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – unidade Divinópolis, e Gabriele A. Silva, docente da Universidade Fede ral de Uberlândia (UFU), entre janeiro de 2013 e abril de 2015, evidenciou a presença de 25 espé cies diferentes de mamíferos ter restres de médio e grande porte,
seis delas em extinção, em uma Reserva Legal na Zona Rural de Pedra do Indaiá, município locali zado a cerca de 45 km de Divinó polis, no Centro-Oeste de Minas Gerais, Segundo os autores, o ob jetivo da pesquisa foi quantificar a riqueza e analisar a frequência de ocorrência desses animais na área de 76,5 hectares. Foram con siderados mamíferos de médio e grande porte os adultos com peso corporal acima de um quilo.
Durante os 28 meses de le vantamento, os pesquisadores encontraram 25 espécies, distri buídas em nas ordens carnívora (52%); cingulata (12%), que se refere a mamíferos placentários com exoesqueleto, como os tatus;
Bruno Buenoe rodentia (12%), que se refere a roedores, as mais frequentes; e la gomorpha (4%), que inclui mamí feros herbívoros como coelhos, e didelphimorphia (4%), que são os marsupiais, menos frequentes; e 14 famílias. Conforme os autores, seis espécies se encontram amea çadas de extinção na lista da fauna ameaçada de Minas Gerais e qua tro na lista nacional que aborda o mesmo tema. “A presença de animais em alguma categoria de ameaça sugere a necessidade de manutenção da Reserva Legal, bem como de remanescentes de vegetação nativa na região a fim de manter a qualidade do habi tat necessária à persistência das populações e os serviços ecossis
têmicos prestados por ela”, des tacam os autores no artigo final produzido.
Essas foram as espécies encon tradas (as espécies em negrito en contram-se em extinção): Gambá, Tamanduá-bandeira, Tamanduá -mirim, Tatu-de-rabo-mole, Tatu -galinha, Mico-estrela (de pequeno porte, mas entrou na análise por ter sido muito frequente), Sauá, Cachorro-do-mato, Lobo-gua rá, Raposinha, Jaguatirica, Gato -do-mato-pequeno, Onça-parda, Gato-mourisco, Jaritataca, Irara, Furão, Lontra, Quati, Mão-pelada, Tapeti, Capivara, Paca e Porco-es pinho. Fora do estudo, segundo os autores, foram encontrados mui tos cachorros e vacas.
A presença dos animais foi registrada através de três méto dos: observação direta, indireta e armadilha fotográfica, sendo que: 22 espécies foram encontradas através das fotos e 14 delas foram buscadas através da busca dire ta ou indireta, 76% das espécies registradas foram consideradas raras, 12% muito raras, 8% oca sionais e 4% frequentes. As espé cies muito raras registradas foram a lontra, gato-mourisco e taman duá-mirim. A única espécie consi derada frequente foi o tamanduá -bandeira que, está em extinção.
Os pesquisadores acumularam 168 horas de observação direta dos animais. Segundo os auto
res, o levantamento era realizado uma vez no mês, normalmente de 05h às 08h e das 17h às 20h. Já a observação indireta, que foi realizada em conjunto com a ob servação direta, aconteceu por meio da identificação de pegadas, vocalização e fezes. Três câmeras de alta resolução foram instaladas a 40 cm do chão, três dias por se mana, para analisar os animais.
loCal
A pesquisa foi realizada em uma Reserva Legal (RL) na zona rural de Pedra do Indaiá. O local, que se divide entre o domínio
do Cerrado e da Mata Atlântica, encontra-se a aproximadamen te 800 metros do Rio Lambari. Segundo os autores, nascentes e áreas brejosas estão presentes perto da mata.
A presença dos animais es tudados foi alta em comparação a outros locais parecidos. A RL tem pastagens e plantações de eucalipto na maioria das terras. Um dos fatores que levaram ao
grande número de animais do mésticos (cachorros e vacas) na região encontrados foi o fato de existirem várias propriedades rurais ao entorno. No entanto, isso, conforme os autores, é uma ameaça à fauna estudada, já que ambos podem transmitir doen ças, competem por alimentos e podem predar alguns dos animais silvestres. Um tamanduá-mirim, por exemplo, foi encontrado morto na região com feridas de cachorros.
imPoRTânCia da ReSeRva leGal
As Reservas Legais, conforme os autores, são áreas localizadas dentro de propriedades rurais que buscam preservar parte dos recur sos naturais existentes. A grande diversidade de mamíferos terres tres na RL mostra a importância desses locais para a manutenção dos animais em extinção. “Os dados apresentados evidenciam a importância da RL para manuten ção da fauna local de mamíferos, podendo contribuir como local de refúgio, alimentação, passagem e/ou descanso. (...) elas contri buem para manutenção da diver sidade de espécies, aumentando a área de habitat disponível, criando paisagens com maior conectivida de, e, ainda, permitindo o fluxo de animais”, destacam os autores no artigo final.
Ainda segundo os pesquisa dores, a existência dos mamífe ros também é importante para o ecossistema do local, já que eles são muito importantes para o equilíbrio deles. “As espécies her bívoras auxiliam na manutenção de espécies vegetais, por meio da dispersão de sementes, enquan
to os carnívoros regulam as po pulações de herbívoros. Aliado a isso, algumas espécies podem atuar como polinizadoras ou in dicadoras ambientais, refletindo a qualidade do ambiente onde ocorrem”, relatam.
No entanto, mesmo com a clara importância da diversidade de mamíferos (mastofauna), es tima-se que apenas 21% da su perfície terrestre tem sua fauna completa. Segundo os autores, novas extinções de mamíferos podem estar surgindo, especial mente entre as espécies maiores, que sofrem, na grande parte das vezes, com a perda e alteração do habitat, além da caça.
A presença, todavia, dos ani mais extintos Lobo-guará, Ra posinha, Jaguatirica, Gato-do -mato-pequeno, Onça-parda, Gato-mourisco e Tamanduá-ban deira — que, inclusive, aparece frequentemente — na RL mostra que as reservas, que são protegi das através do Código Florestal, por meio da Lei n° 12.651/2012, são mais do que necessárias para a manutenção dos animais. “A área de estudo juntamente com os remanescentes de vegetação nativa presentes no seu entorno podem auxiliar na manutenção da qualidade do habitat necessá ria à persistência das populações na região, bem como os serviços ecossistêmicos prestados por ela”, explicam os autores.
Mais informações sobre a pesquisa podem ser encontradas no artigo final elaborado pelos autores, disponível aqui.
Além de estudantes e fun cionários, a UEMG – uni dade Divinópolis, conta com outros ilustres frequentadores. Em seus 71 mil m², incluindo área construída e vegetação, a instituição abriga uma grande diversidade de pássaros. E foi pensando nisso, que docentes e estudantes iniciaram o projeto de extensão “Aves do Campus”, que resultou em um guia sobre a avi fauna do local, e e-book disponível na Amazon. O projeto é de autoria dos pesquisadores Alysson Rodrigo Fonseca e Silva, Letícia Santos Ri beiro, Clécio Eustáquio Gomides e Débora Nogueira Campos Lobato, e seus resultados foram publicados no artigo “Projeto ‘Aves do Cam pus’: ferramenta para conhecimen to da biodiversidade e educação ambiental”, na revista Em Exten são, periódico da Universidade Fe deral de Uberlândia.
O objetivo principal do proje to era a catalogação e registro das espécies de aves mais presentes no campus da universidade, visando atitudes de educação ambiental, já que, segundo os autores, “De vido à diversidade de espécies de aves existentes nas cidades, suas funções ecossistêmicas e a neces sidade de sua conservação, tor na-se importante que a sociedade conheça melhor esse grupo e con tribua para a sua preservação”. O projeto visou a importância desses vertebrados na conscientização ambiental da população, sendo um grupo de animais comum e que é constantemente ameaçado pelas ações humanas que modificam seus habitats. Além disso, os pes quisadores descrevem que as aves “despertam um interesse e empa tia que outros grupos de animais urbanos não despertam”.
Para que o catálogo fosse ela borado, o registro fotográfico
dos pássaros foi feito entre maio e setembro de 2018. Os equipa mentos, como câmera, binóculo e playback, foram distribuídos em seis pontos diferentes do campus, decididos de forma aleatória, onde eram feitas as observações do amanhecer até às 9h30min, sendo que em cada ponto, os observado res permaneciam em média por 20 minutos. Ao todo, foram registra das 90 espécies de aves.
Com as fotografias em mãos, o catálogo foi criado, contendo 54 páginas. Para cada uma das 90 es pécies de pássaro documentadas, além da foto, foram disponibili zadas informações complemen tares, como os nomes científico e popular, a família, hábitos ali mentares, habitat principal, fre quência de avistamento e status de ameaça. Como a maioria das espécies catalogadas também são encontradas em outras partes da cidade de Divinópolis, o catálogo
Daniela Martinstambém é fonte de informação para a população em geral sobre a diversidade da avifauna encontra da no município.
A primeira exposição das fo tografias do projeto foi feita na própria universidade, onde os vi sitantes, entre discentes, docentes e funcionários, se surpreenderam ao saber que as imagens foram tiradas no campus da UEMG. Cada imagem possuía um QR code, que se destacaram durante a exposição. Esses QR codes redi recionavam o visitante para o site Wikiaves, onde se podia ouvir o som de cada ave, além de diver sas informações complementares sobre a espécie. Os resultados do projeto e do catálogo foram divulgados durante uma palestra ministrada no campus.
Além dessas atividades na Universidade, um minicurso de “Iniciação à observação e foto grafia de aves” foi ministrado. O
curso contou com 17 inscritos e foi dividido em duas etapas, onde os participantes tiveram aulas teó ricas sobre as aves e seus compor tamentos, além de observarem e fotografarem no próprio campus, aprendendo técnicas de aproxi mação e atração das aves.
Estendendo o projeto para fora da comunidade acadêmica, o “Aves do Campus” foi apresen tado em duas escolas, que foram escolhidas pelo critério de proxi midade com a Universidade. Par ticiparam das atividades alunos do 6º ao 9º ano da Escola Municipal Hermínia Corgozinho e alunos do ensino médio da Escola Esta dual Marin Cyprien, além de toda a comunidade local, como pais, professores e demais visitantes. O projeto buscou levar para as es colas assuntos referentes à diver sidade de aves, preservação am biental e tráfico de animais, já que, de acordo com o artigo, “dentre
os animais traficados, as aves, por sua beleza, seus cantos, ampla dis tribuição geográfica e alta diversi dade, [...], constituem o grupo de animais mais visados pela captura e tráfico”. Além disso, o aprisio namento de aves silvestres é algo cultural na região, o que gerou di versas dúvidas, questionamentos e reflexões durante as palestras.
As atividades do “Aves do Campus” se mostraram como uma valiosa ferramenta para a educação ambiental, trazendo no registro fotográfico, uma forma interativa de repassar informações para a sociedade, gerando empa tia, e atuando como elemento da atividade extensionista, contribuí do para a criação de soluções para os problemas ambientais existen tes, além de ser um projeto que abrange todas as faixas etárias, “trazendo um diálogo amplo e claro sobre a preservação de aves e a biodiversidade local”.
Projeto de Extensão da UEMG conscientiza população sobre a i legalidade social, ética e científica do aprisionamento clandestino e doméstico de pássaros
Projeto de Extensão da UEMG conscientiza população sobre a i legalidade social, ética e científica do aprisionamento clandestino e doméstico de pássaros
De um canário até a águia, as aves são, desde a for mação da sociedade moderna que vivemos atualmente, um dos ani mais silvestres mais cobiçados pe los seres humanos. Seja através do tráfico clandestino ou do comum exercício de manter os ovíparos em gaiolas dentro de casa, as pes soas já se conformaram em ver pássaros aprisionados. No entan to, este movimento corriqueiro, que fere normas éticas, sociais e científicas, é uma grande ameaça para a manutenção dos ecossiste mas. Para evidenciar essa proble mática e conscientizar a popula ção sobre as diversas ilegalidades deste movimento, o projeto de ex tensão da UEMG - unidade Divi nópolis, Aves em liberdade: solte essa ideia!, desenvolvido pelos do centes Alysson Rodrigo Fonseca, Clécio Eustáquio Gomides e Da niel Silva Santos e pela estudante bolsista do projeto, Carolina Cor rêa de Menezes, realizou, entre fevereiro e dezembro de 2017, pesquisas e atividades voltadas para o assunto em Divinópolis e Santo Antônio do Monte, cidades da região Centro-Oeste de Minas Gerais.
O projeto contou com a par ticipação de docentes e discentes da UEMG e professores, alunos e familiares de uma escola públi ca de Santo Antônio do Monte, além de pessoas interessadas no assunto. Segundo os autores, mais de 2.500 pessoas participaram das atividades que buscaram cons cientizar a população e, principal mente, evidenciar a importância da liberdade das aves para a pre
servação ambiental.
PoR que aPRiSionaR aveS é eRRa do?
A pergunta deste intertítulo também se fez presente durante as diversas ações realizadas pelo projeto a fim de conscientizar os participantes. Conforme artigo publicado pelos autores, no arti go “Aves em liberdade: solte essa ideia!: relato de ações extensio nistas voltadas para a preserva ção ambiental”, a caça, captura e aprisionamento de aves é uma he rança histórico-cultural que vem dos índios e colonizadores que passaram o hábito de geração em geração até que o ato tornou-se, como dito anteriormente, parte da cultura brasileira.
A maior parte deste aprisio namento, seja visando o lucro ou simplesmente um hobby, ocorre, conforme os autores, de maneira ilegal no aspecto ético e jurídico, por meio da Lei nº. 9.605/98 e o Decreto nº. 6.514/08, que prevê a penalidade de autuação, multa e/ou prisão para quem cometer este crime. A ilegalidade ecológi ca e científica, através do impacto significativo gerado pelo aprisio namento de aves, também é evi dente. O pássaro que se encontra preso é excluído do processo re produtivo e fica incapacitado de criar vínculos familiares na fauna, provocando, a longo prazo, um risco de extinção para a espécie. Os autores do projeto também evidenciam que o aprisionamento de aves nas residências pode cau sar doenças que afetam animais domésticos e pessoas.
A ilegalidade social também é proposta pelos autores, que ques
tionam os motivos e direitos que fazem o ser humano achar que pode aprisionar um ser vivo em uma gaiola para “satisfazer seus desejos pessoais”. Todas as ilega lidades evidenciadas pelos ideali zadores são citadas por meio de pesquisadores da área que tam bém estudaram o assunto.
Para os idealizadores, a cons cientização das pessoas através da educação ambiental é a chave para mitigar essa problemática. Além disso, é necessário, de acordo com os autores, “compreender o papel dos seres vivos e os impac tos que a caça e aprisionamento desses animais podem provocar, bem como as consequências des sas ações para o próprio ser hu mano”. Preocupados com todas essas ilegalidades evidenciadas, os autores buscaram, através das ações realizadas, ativar a cons cientização dos participantes e esclarecer a importância das aves para a preservação ambiental.
açõeS RealizadaS
Uma das atividades do projeto foi a exposição fotográfica Aves dos Montes, que ocorreu em duas oportunidades: a primeira em Santo Antônio do Monte em ju nho de 2017 no Centro Turístico, Cultural e Exposição (CETUC) e a segunda na UEMG Divinópolis, durante a edição do Seminário de Saúde, Meio Ambiente e Educa ção, que aconteceu em novembro do mesmo ano. As exposições, que conforme os autores alcan çaram cerca de 1.167 pessoas, de idades, etnias e condições di versificadas, buscaram ilustrar a diversidade das aves presentes na região Centro-Oeste de Minas
Gerais, com evidência para as ci dades participantes. Os registros foram feitos pelos próprios idea lizadores do trabalho e contavam, ao lado, com um QR Code no qual os visitantes poderiam direcionar a câmera do celular e, assim, escu tar o canto do pássaro. Segundo os autores, a principal intenção foi “sensibilizar o público quanto à beleza, variedade e importância desses animais livres”.
Materiais dos eventos foram espalhados pelos idealizadores para estabelecimentos comerciais, escolas, faculdades e universida des das cidades participantes a fim de atingir o público-alvo espera
do. Um minicurso voltado para a fotografia de aves também ofere cido pela CETUC, com o objetivo de aprimorar técnicas para realizar os registros desses animais. Pales tras com o tema “A importância das aves em liberdade”, também realizadas em Santo Antônio do Monte e Divinópolis entre abril e setembro de 2017, fizeram parte das ações realizadas pelo projeto. A atividade buscou educar e cons cientizar o público, através de as pectos éticos, científicos e sociais, sobre a necessidade de impedir o aprisionamento desses pássaros.
Conforme os autores, os encon tros buscaram “abordar [...] os aspectos negativos da prática de captura, comercialização e apri sionamento de aves silvestres e, por fim, nosso papel ético frente aos outros seres vivos”.
Os encontros, que tiveram duração de aproximadamente 50 minutos, com outros 20 para dis cussão, contaram, conforme os organizadores, com a presença de 430 estudantes ao longo dos cin co meses de vigência. Durante as palavras, conforme os autores, foi
notório evidenciar que a maioria dos participantes não tinha co nhecimento para entender a im portância ecológica das aves. Ao final dos encontros, os estudantes afirmaram que a prática de apri sionamento era nociva e negativa para os animais e o meio ambien te. Um concurso de desenho com o tema “Aves em liberdade: sol te essa ideia” foi idealizado pelo projeto e aberto a todos os alunos
da rede pública munici pal de Santo Antônio do Monte entre abril e maio de 2017. Contando com a participação de aproxi madamente 1.023 parti cipantes, o concorrente, segundo os autores e divulgadores, deveria “desenhar e colorir uma ave que existe na região, sendo essa informação disponibilizada aos par ticipantes através de uma lista com o nome das aves”. A competição foi dividida por categorias e os 15 melhores desenhos foram expostos nas ex posições fotográficas que foram realizadas.
Uma página no Fa cebook foi criada para divulgar o projeto e bus cou promover a divulga ção das ações para quem não pôde participar pre sencialmente dos even tos, atingindo, inclusive, pessoas de outras cida des, estados e países. Todas as ações, confor me relato dos autores e organizadores, surtiram efeito e cumpriram sua missão de conscienti zar a população sobre a ilegalidade social, ética e científica do aprisio namento clandestino e
doméstico de pássaros e, principalmente, evi denciar a importância da liberdade das aves para a preservação ambiental.
O resultado final da pesquisa, conforme os autores, foi satisfató rio. Para eles, as ações “atingiram os objetivos propostos, contribuindo significativamente para a formação de sujeitos mais conscientes e éti cos, com capacidade para contribuir (e serem propagadores) para uma melhor justiça socioam biental, o que certamen te refletirá em maior res peito a nossa fauna e em especial às aves, dimi nuindo a caça, captura e engaiolamento”. As ile galidades éticas, sociais e científicas do aprisiona mento de pássaros, bem como a importância das aves para a preservação ambiental, foi eviden ciada e gerou esperança de encontrar um ecos sistema justo para esses animais tão importantes para o meio-ambiente. O artigo completo sobre o assunto pode ser aces sado neste link.
Alysson Rodrigo FonsecaOs principais dicionários definem os animais si nantrópicos como as espécies que se adaptaram a viver com o ser humano. São exemplos dessa classificação os ratos, morcegos e pombos. Pela possibilidade de transmitirem doenças e causa rem danos materiais em busca de comida, eles também podem ser classificados como pragas-urba nas. A chegada desses animais é caracterizada pelas alterações pro vocadas no ambiente pela intensa urbanização.
A presença dessas pragas na zona urbana é, portanto, extre mamente frequente. Sabendo disso, um projeto da Universida de do Estado de Minas Gerais (UEMG) - unidade Divinópolis, idealizado pelo docente Alysson Rodrigo Fonseca e os discentes Bruna Fonseca Rocha, Márcio Henrique Pereira, Daniel Almeida Silva e Fabrízio Furtado de Sousa, buscou analisar as ocorrências re gistradas entre 2011 e 2013 pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), vinculado ao setor de Vi gilância Ambiental de Divinópo lis. O objetivo do levantamento foi, segundo os autores, “eviden ciar a relevância do problema es pecialmente no que se refere aos riscos à saúde da população, prin cipalmente em função das doen ças que podem ser transmitidas”.
As ações do CCZ são registra das em fichas de ocorrência gera das por solicitações das pessoas. O agente responsável comparece a residência através de chamado do morador ou denúncia, cons tata o problema, realiza as anota
ções necessárias e resolve a situa ção. A pesquisa focou em analisar os registros de ratos, morcegos e pombos — animais sinantrópicos — e cobras — animal popular de zona urbana.
ReGiSTRoS
Conforme os pesquisadores, entre 2011 e 2013, o CCZ regis trou 1.261 notificações consta tando a presença desses animais. Destes, cerca de 88% (1.107 re gistros) foram de ratos, 5% (69 registros) de morcegos, 5% (64 registros) de pombos e 2% (21 re gistros) de cobras.
No que se refere à distribui ção, os animais foram encon trados em maior parte na região Central de Divinópolis, exceto pelos morcegos, evidenciados em maioria na região Nordeste, local com vários prédios antigos que podem servir de abrigo, e cobras, notificadas em outras localidades, especialmente em lotes vagos sem limpeza e áreas de Preserva ção Permanentes (APP’s) de rios e córregos. A frequência dos re gistros de pragas-urbanas chama atenção para a transmissão de do enças que podem ser nocivas aos seres humanos.
Presentes no levantamento, os pombos-domésticos transmitem diversas doenças aos seres huma nos e animais domésticos. Entre elas, ressaltam-se a criptococose, histoplasmose, ornitose, salmo nelose, toxoplasmose, encefalite, dermatites, alergias respiratórias, doença de Newcastle, aspergilose e tuberculose aviária. Além disso, as penas e fezes desses animais
constantemente entopem calhas e tubulações. A contaminação de alimentos em armazéns, merca dos ou depósitos, por meio das fezes, também é frequente.
No artigo, os pesquisadores tentam explicar os motivos pelos quais esses animais se reprodu zem de forma muito rápida. “A oferta generosa de alimentação e abrigo nas cidades favorece a re produção de forma descontrolada desta ave. Atualmente, consti tuem-se em um problema de saú de pública, especialmente quando em grande densidade populacio nal. (...) Aliado a isso, a ausência ou pequena existência de aves de rapina, predador natural das pom bas em ambientes naturais, agrava ainda mais o problema”, afirma.
Os ratos são transmissores de algumas doenças que colocam em risco a saúde dos seres humanos. Entre elas, se destacam a leptos pirose, causada pela bactéria Lep tospira que fica alojada nos rins dos roedores e são eliminadas na sua urina, peste bubônica, trans mitida pela pulga Xenopsylla, in fectada por uma bactéria Yersinia pestis, tifo murinoe, causada pela bactéria Rickettsia também trans mitida pela pulga e hantavirose, cuja contaminação ocorre por contato, direto ou indireto, de fe zes e urina desses animais infec tados.
De acordo com os autores, quando se trata da leptospirose, principal doença transmitida por ratos, o contágio pode acontecer de diversas formas. “O contágio pode ocorrer após uma exposição direta a enchentes ou em locais
Bruno Buenocontaminados ou por um meio indireto como por trabalhadores de redes de esgoto, limpadores de fossas e bueiros, agricultores e trabalhadores da construção ci vil”, explicam.
A pesquisa também eviden ciou que o maior número de no tificações de ratos aconteceu nos meses de janeiro a maio. A prin cipal hipótese é que nesta época do ano, os roedores procuram abrigos nas residências, já que este período é mais propício para inundações.
A maioria das espécies de morcegos não são prejudiciais aos seres humanos. No entanto, algu mas podem ocasionar doenças, como a raiva, que é transmitida quando o morcego infectado pelo vírus morde a pessoa, e histoplas mose, doença infecciosa causada pelo fungo Histoplasma, encon trado nas fezes do animal, que são inaladas pelo ar. Além disso, o ruído indesejável, o mau cheiro e episódios de mordidas são fatores destacados pelos autores.
Os pesquisadores também afirmam que a Vigilância Am biental realiza um procedimen to pedagógico com as pessoas quando o animal é encontrado em uma residência. “Faz-se uma visita ao local e, quando identifi cado a presença do organismo, os moradores são orientados quanto às ações cabíveis para solucionar o problema, que geralmente estão associadas ao manejo ambiental, como eliminação de tocas e exclu são física através de telas ou mes mo alvenaria”, ressalta o artigo.
Finalizando o levantamento, as cobras encontradas pela Vigilância Sanitária já estavam, na maioria das vezes, abatidas pelos seres hu manos. Se o animal é encontrado vivo, o agente realiza a coleta e sol ta em local adequado. Todavia, se a cobra for peçonhenta, a mesma é encaminhada para o Instituto Bu tantã.
Apesar de serem praticamente inofensivas no tocante de doenças infecciosas, as picadas de cobras podem causar, dependendo da es pécie, dor, inchaço, vermelhidão ou hemorragia no local atingido. De acordo com a Secretaria Mu nicipal de Saúde, foram registrados 19 casos de acidentes com serpen tes peçonhentas entre 2011 e 2013
em Divinópolis. Todos os registros foram na zona rural.
A maior preocupação dos pes quisadores foi, com certeza, a fre quência das pragas-urbanas, espe cialmente roedores, e o potencial risco de transmissão de doenças nocivas aos seres humanos. De acordo com os autores, ações para controlar e prevenir a presença desses organismos, como campa nhas de conscientização da popu lação, monitoramento das áreas mais críticas e formas de controle, por meio de estudos, são extrema mente necessárias.
Os autores, nas considerações finais do artigo, relatam a impor tância das pessoas conhecerem
melhor as pragas-urbanas, espe cialmente os morcegos e cobras, que, apesar de serem importantes ecologicamente, são animais cons tantemente marginalizados. Eles sugerem que a implementação de programas de educação ambiental, realizados em parceria com o po der público e universidades, sejam realizados em escolas, associações de bairros e zonas rurais para pro mover a conscientização das pes soas.
A frequência dos registros e as doenças transmitidas por essas pragas-urbanas evidenciam a im portância de que as ações sejam realizadas o mais rápido possível, a fim de conter a proliferação e reprodução desenfreada, desbalan ceada e nociva aos seres humanos.
aTualmenTe
De acordo com dados levanta dos com a Prefeitura de Divinó polis, por meio da Vigilância Sa nitária, entre os meses de janeiro a outubro deste ano, cerca de 104 roedores, 7 morcegos e 8 cobras foram encontrados em residên cias da cidade. Além disso, mos quitos arboviroses, como o Aedes Aegypti e Aedes Albopictus, tive ram 196 registros.
Carrapatos, pulgas, baratas, formigas, percevejos, bicho de pé, cupins, traças e piolho de pom bo foram encontrados 274 vezes. Os escorpiões, por sua vez, tam bém registram um número ele vado, com 128 notificações. Os agentes também encontraram 30 ocorrências de lagartas, piolho de cobra, lacraia, pombos, barbeiros e caramujos. O artigo completo, que baseou esta matéria, pode ser acessado através deste link.
Embora as palavras sejam poucos usuais, os animais a que se referem são mais comuns do que se pensa e podem ser en contrados quando menos se ima gina. Mosquitos, carrapatos, es corpiões e pulgas são alguns dos artrópodes comuns no cotidiano, bem como outros animais sinan trópicos, como ratos, morcegos, pombos e cobras que, além de incômodo, podem causar proble mas inclusive à saúde humana, por serem vetores de várias do enças. Conforme dados da Vigi lância Ambiental de Divinópolis, entre janeiro e outubro de 2021, foram registradas 747 ocorrências de pragas na cidade.
Esses números representam aproximadamente 13,5% dos re latos totais em relação aos anos de 2011, 2012 e 2013, período alvo dos estudos apresentados nos artigos “Artrópodes-praga
notificados pelo setor de controle de zoonoses no município de Di vinópolis – MG”, de autoria dos pesquisadores Alysson Rodrigo Fonseca, Márcio Henrique Perei ra, Bruna Fonseca Rocha e Fabrí zio Furtado de Sousa, publicado na revista Scientific Electronic Archives, em 2017, editada pela Universidade Federal de Rondo nópolis, e “Levantamento de ra tos, morcegos, pombos e cobras pelo setor de vigilância ambien tal do município de Divinópo lis – MG”, dos mesmos autores, incluindo Daniel Almeida e Silva, e publicado na Hygeia - Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, editada pela Universida de Federal de Uberlândia (UFU).
Segundo os pesquisadores, “a elevada taxa de urbanização [...] tem modificado significativamen te os ambientes [...] o que tem exercido forte influência sobre a dinâmica da zoogeografia moder na”, ou seja, sobre o modo como
os animais têm se distribuído ge ograficamente pelos diferentes espaços. Além disso, os autores observam, nos artigos, que essas mudanças tem extinguido espé cies vegetais e animais e também, que as alterações ambientais fa vorecem a migração de animais para regiões modificadas pelo ser humano, sua proliferação e adap tação a viver nesse meio.
Com o objetivo de realizar levantamentos das ocorrências desses animais em Divinópolis, de forma que tais informações auxiliassem na elaboração de ações “relativas às atividades de promoção da saúde , prevenção e controle desses organismos [...]”, o estudo apresentado sobre artrópodes pesquisou as fichas do Setor de Epidemiologia Am biental, entre 2011 e 2013, e ve rificou 3.960 ocorrências a partir das quais foram registrados, se gundo os autores, “o organismo sinantrópico, o local de ocorrên
cia e data, buscando-se identificar a frequência de ocorrência de cada organismo. Informações complementares refe rentes às pragas e tipos de controle adotados fo ram obtidas junto ao Se tor de Controle de Zoo noses do município”.
Outra pesquisa, pu blicada em 2018, fez o levantamento de ratos, morcegos, pombos e cobras pelo setor de Vigilância ambiental, também de Divinópo lis. Essas pragas urba nas podem afetar a vida humana por serem vei culadores de doenças, além de causarem danos materiais, “por ataque a alimentos e bens de con sumo”. O artigo eviden ciou que o maior núme ro de ocorrências é tido pelos ratos, seguido por morcegos, pombos e co bras, que tiveram regis tro apenas na zona rural do município. Ao total, foram 1261 ocorrências desses organismos entre 2011 e 2013.
Para combater essas espécies, o município atua por meio de dife rentes setores, mas, em comum entre todos eles, está a visita de um agen te à residência, orienta ções ao solicitante sobre como proceder com re lação ao organismo rela tado e acompanhamento do caso. O tratamento
aplicado varia de acor do com a espécie. Por exemplo, segundo os autores, para o combate ao Aedes aegypti, vetor da Dengue, “o municí pio de Divinópolis [...] adota o Programa Na cional de Controle da Dengue – PNCD, que apresenta uma série de objetivos, metas e ações visando o combate ao vetor, a redução da inci dência da doença e ainda, assistência aos pacien tes”. Em outras espécies, como os ratos, é feito o controle por substâncias químicas. Nos casos de aparecimento de cobras, quando o animal é en contrado vivo, o agente faz sua coleta e soltura em local adequado, ex ceto em casos de espé
cies peçonhentas, que são encaminhadas para a polícia ambiental, órgão que as encaminha para o Instituto Butantã, em São Paulo.
Em caso de suspeita de suspeita de apareci
mento de pragas, o con tato para informações e orientações é o (37) 3229-6823.
Para mais informa ções sobre o tema, o ar tigo completo pode ser conferido aqui
Programa Institucional de Apoio à Extensão (PAEx) - Editais 01/2020 e 14/2021 .
Multimídia - Agência/Laboratório de Jornalismo do curso de Jornalismo da UEMG - Divinópolis (MG)
Coordenação, projeto editorial e gráfico, e diagramação: Daniela Martins B. Couto
Maio a dezembro de 2021