Revista Suinos e Cia Ed. 31

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Editorial

O conhecimento, uma vez adquirido, é, sem dúvida, algo que o ser humano nunca perde. Por isso acreditamos que o melhor investimento do homem é a educação. Mas, com o atual dinamismo da atividade, as informações precisam ser renovadas constantemente. Na suinocultura, a inovação é permanente, e o avanço tecnológico é cada vez mais rápido, gerando a necessidade de atualização. Este é um desafio para quem atua na área. Acompanhar a evolução da atividade, aperfeiçoar a prática, superar antigos conceitos, porém, sem ignorar o conhecimento previamente adquirido. Os avanços tecnológicos, pesquisas, trabalhos e práticas ditam as novidades no setor. O suporte técnico para a prática do profissional pode ser encontrado em diferentes formas, seja em cursos de especializações, palestras, seminários, ou até mesmo na leitura. Nesta edição, a Suínos & Cia resume informações de importante congresso que embora nosso leitor estivesse ausente, mas se tornara presente através dessa leitura. Atualizações em Diagnóstico,ressaltando particularidades dos patógenos causadores das enfermidades respiratórias. Atuais estratégias de diagnóstico são relatadas para auxiliar a interpretação diagnostica do nosso leitor. Também poderá contemplar novos conhecimentos em assuntos específicos de sanidade e reprodução. O sumário de pesquisa trás um excelente conteúdo para auxiliar aos que se dedicam nessa área. Confira também as dicas de recursos humanos e jogos instrutivos que contribuem no seu aprendizado. Boa Leitura As editoras


Índice 08

Reportagem Paixão por suínos

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Sanidade Atualização em diagnóstico: Haemophilus parasuis, Actinobacillus suis e Actinobacillus pleuropneumoniae

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Sanidade Necrose de orelha em suínos

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Sanidade Descargas Vulvares: Quando é fisiológico ou patológico?

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Revisão Técnica Resumo da 40ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Especialistas em Suínos (AASV)

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Sumários de Pesquisa

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Dicas de Manejo

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Aconteceu Curso de Creche e Terminação - Toledo / PR Curso de Sanidade - Chapecó / SC Pfizer realiza eventos regionais de suinocultura

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Recursos Humanos

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Divirta-se Encontre as palavras Jogo dos 7 erros Relacione as palavras Labirinto


Expediente Revista Técnica da Suinocultura A Revista Suínos&Cia é destinada a médicos veterinário, zootecnista, produtores e demais profissionais que atuam na área de suinocultura. Contém artigos técnico-científicos e editorias instrutivas, apresentados por especialistas do Brasil e do mundo.

Editora Técnica Maria Nazaré Lisboa CRMV-SP 03906

Consultoria Técnica Adriana Cássia Pereira CRMV - SP 18.577 Deborah Gerda de Geus CRMV - SP 22.464 Edison de Almeida CRMV - SP 3045

Jornalista Responsável Francielly Thaís Hirata MTB 7739

Projeto Gráfico e Editoração Dsigns Editoração e Comunicação dsigns@dsigns.com.br

Ilustrações Roque de Ávila Júnior

Departamento Cormercial Kellilucy da Silva comercial@suinosecia.com.br

Atendimento ao Cliente Adriana Cássia Pereira adriana@suinosecia.com.br

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Impressão Silvamarts

Administração, Redação e Publicação Rua Felipe dos Santos, 50 Jardim Guanabara CEP 13073-270 - Campinas - SP Tels.: (19) 3243-8868 / 3241-6259 suinosecia@suinosecia.com.br www.suinosecia.com.br A reprodução parcial ou total de reportagens e artigos será permitida apenas com a autorização por escrito dos editores.


Reportagem Paixão por suínos Além do trabalho existem pessoas que tiveram suas infâncias marcadas pelo o suíno. O gosto pela espécie também pode passar de geração a geração ou mesmo chegar ao ponto de ser colecionador de miniaturas e objetos de arte que relembram o animal. Assim se resume a historia de alguns dos entrevistados que além do profissionalismo tem verdadeira paixão pela suinocultura e pelo o suíno. Vamos conhecê-las?

Hiran Castagnino Kunert Médico veterinário, especialista em suínos. Porém teve como sonho formar um museu de suíno com mais de seis mil miniaturas, livros, revistas técnicas e literatura em geral. Sua paixão começou na década de 70, ainda quando estudante na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, quando ganhou de sua tia um simples objeto, uma miniatura de gesso em forma de um porquinho, o qual inconscientemente, o impulsionou a escolher o caminho de sua carreira profissional. Ao terminar sua carreira de medico veterinário teve como primeira opção de trabalho lecionar a disciplina de suinocultura na UNOESC em Xanxerê - Santa Catarina. Em uma de suas experiências, dos cinco anos que atuou como professor, um fato marcou muito sua vida profissional. “Foi quando perguntou aos seus alunos Suínos & Cia

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da primeira turma se eles gostavam de suínos? Um deles, o César Camilotti Júnior, disse que não. Quando o retrucou o do por quê? Ele respondeu: “o porco é um bicho inútil”, lembra o professor. Decepcionado com a resposta Hiran buscou formas de convencer seus alunos do contrário, pois afinal os suínos são animais muito inteligentes e importantes para a cadeia produtiva da

pecuária. Ao se passar alguns dias do episódio solicitou aos alunos que fizessem um trabalho sobre as utilidades do suíno para que pudessem entender e conhecer mais esse fantástico animal. Como já esperado a classe que apresentava um diferencial, desenvolveu trabalhos fenomenais a respeito. Sem muitas pretensões resolveu apresentar esses trabalhos a sua esposa e a mesma motivada pelo

A paixão do Médico Veterinário Hiran pelo suíno.

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Reportagem objetivos que iniciou sua coleção. Porém ao longo dos anos foi expandindo os horizontes para abordar toda a suinocultura. O museu recebe visitas de grupos de várias instituições. “Tem verdadeiro prazer de receber os médicos e mostrar para eles a importância do suíno e recompor uma nova percepção”, revela o colecionador ao salientar que adora destruir as falsas concepções e preconceitos sobre o animal.

A conquista de um sonho: Museu do suino.

o sucesso do que viu sugeriu para que realizasse um evento a respeito, daí surgiu a 1ª Exposui (Exposição de Suinocultura), no dia 18 de outubro de 2005, com a participação de alunos e empresas expositoras ligada ao setor. Sendo todo evento idealizado pela sua própria esposa. “O fato despertou muita curiosidade pelos suínos e partir daí comecei a pesquisar tudo sobre a espécie. Declara Dr. Hiran. E enfatiza “Se pararmos para pensar o suíno está presente na nossa vida desde o amanhecer até o final do dia nas mais diversas formas e utilizações, como na fabricação de mais de 40 tipos de medicamentos, doadores de órgão responsável por transplantes para seres humanos, biofertilizantes, roupas, doces, balas, e estão também envolvidos na simples fabricação dos fósforos, filmes fotográficos entre outras diversas coisas”, revela o médico veterinário. Encantado pelo mundo do Ano VI - nº 31/2009

suíno, Hiran começou a colecionar objetos “porciformes” em miniaturas, livros e tudo que estivesse envolvido diretamente com o suíno. Suas coleções que começaram em 1975 já passaram pelos estados do Pará, Minas Gerais, São Paulo, e agora está toda concentrada e ampliada no museu localizado em Cachoeira do Sul - Rio Grande do Sul. O qual mantém os primeiros

Sua esposa, Sandra, é antropóloga do museu e cuida da organização e limpeza do local, mas ambos possuem hoje novos objetivos. “Querem um local apropriado, pois o Museu está dividido em seis setores, Alimentação, Medicina, Farmácia, Agricultura, Lazer e Aplicações Gerais e precisam de ambientes adequados para expor os objetos específicos de cada setor”, comentam. Entre todas as coleções de Hiran, uma especial merece sua

Ortelina, a inspiradora do sucesso de Wanderley

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Reportagem

Wanderley Schlindwein, gerente da Suinocultura Globosuínos

atenção, a coleção das revistas da Suínos & Cia, a qual guarda com todo o carinho todas as edições, desde a revista número um. Esta coleção e outras formas de literatura pertencem ao acervo do museu. “Entre os assuntos que mais gosto no tema está à história da suinocultura, com os modos de criação, evolução das raças, tipos de criação e tropeirismo”, comenta. O médico veterinário reforça que suas coleções de livros e revistas são apenas algumas das formas pelas quais se mantém informado no assunto, pois ainda se atualiza em congressos, viagens, internet. “E principalmente no trabalho quando visito granjas e produtores”, comenta com muito entusiasmo.

De mãe para filho O sucesso profissional de Suínos & Cia

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dos. À medida que crescia acompanhava as historias e o trabalho de sua mãe na maternidade da granja Samuca de propriedade do Sr. Saldi Kaefer. Nas horas vagas da escola corria para maternidade e ajudava sua mãe Ortelina que atualmente trabalha exercendo a função de responsável pela maternidade da Granja Toledo que é uma das granjas do grupo Globosuinos localizada em Toledo Paraná a qual tem 3.000 matrizes. “Wanderley revela que sempre viveu a criação de suínos e presenciou o sentimento de amor com que sua mãe sempre realizou o seu trabalho” Sem duvida garante que essa convivência e esse sentimento despertaram nele a vontade de seguir os mesmos passos de sua

uma pessoa é determinado por vários fatores, entre eles, a paixão pelo o que faz. Carinho e dedicação que muitas vezes é transmitido pelos exemplos em casa. Wanderley Alves Schlindwein atualmente é gerente da suinocultura da Globosuínos em Toledo – Paraná. Sua historia aconteceu desde que nasceu em uma das granjas do Grupo. Acompanhou e participou da formação das granjas da empresa Globosuinos. Sem duvida teve influencia de sua mãe que trabalhava e ainda trabalha com suínos e transmite sua verdadeira paixão de cuidar dos partos e Antje e Harm Rabbers, os sucessores do desenvolvimento da suinocultura na família leitões recém nasci-

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Reportagem mãe. Lembra que desde o primeiro ano de vida já havia tido contato com os suínos pelo próprio trabalho de sua mãe. Aos poucos foi participando das atividades e cada vez mais se dedicando a atividade. Cheio de curiosidade indagava sua mãe sobre os leitões e o trabalho que a mesma realizava com muita paixão. Tamanha convivência iniciou sua vida profissional na década de 90 o qual recebeu seu primeiro salário. Com muito entusiasmo acompanhava os manejos e conferia os resultados junto com sua mãe Ortelina. Atualmente o gerente da suinocultura Globosuinos, destaca que realmente ao receber seu primeiro salário começou efetivamente seu trabalho na atividade. Percebeu que esse seria seu caminho. Cuidava dos animais que tanto gostava e ainda recebia um salário como gratificação. Sua interação com o suíno tornou-se ainda mais fortificada. “Percebi que trabalhar com suínos é muito

dinâmico e gratificante”, explica. Hoje, 19 anos depois, com sucesso garantido em suas atividades, o profissional garante que fez a melhor opção. “Acredita que escolheu a profissão certa. A cada dia que passa se sente mais realizado pelo o fascinante mundo que envolve toda cadeia da suinocultura.” Sem duvida se sente realizado profissionalmente. Completa. Toda a paixão e dedicação que vivenciou em sua mãe à atividade e atualmente segue no mesmo caminho e destaca que é natural quando se trabalha com a suinocultura. “Minha escolha profissional não poderia ter sido melhor, gosto muito de trabalhar no setor, assim como minha mãe” Gosta de reforçar que Ortelina está na atividade há 30 anos. Com satisfação e profissionalismo. Wanderley hoje é responsável técnico de toda empresa que corresponde a 20.500 matrizes e garante que a cada dia a suinocultura lhe surpreende, pois há sempre “novas descobertas”.

Eltjan, Hilda, Roloef, Berend e Armando, geração de sucesso na produção de suínos

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Geração a geração No período pós-guerra, assim como muitas outras famílias holandesas, a família de Rabbers, deixou a Europa migrando ao Brasil na busca por novas oportunidades. Foi no estado do Paraná na região dos Campos Gerais. A família se instalou com dois ideais: trabalhar com pecuária e agricultura. No mesmo navio haviam trazido vacas, fenos e maquinários sem duvida o objetivo não poderia ser diferente. Período depois de sua vinda Harm casou-se com Antje e ganhou de seu sogro uma porquinha. Na época esse animal era visto com uma poupança, já geravam sete ou oito leitões por parto. Porém na época não havia uma preocupação com vendas. Seriam comercializados somente quando necessário. Envolvido pela suinocultura ao receber a fazenda Maracanã de herança em 1972, iniciava o investimento na atividade. Passou a adquirir animais de raças melhoradas e aperfeiçoar as instalações. Ao passar dos anos com muito otimismo Harm resolve aprimorar e investir nos novos projetos em outras propriedades. Seu gosto pelos suínos se tornou ainda maior ao perceber que havia formado uma sucessão familiar. Dos seis seus cincos filhos Hilda, Roloef, Eltjan, Berend e Armando se tornaram suinocultores. A filha mais velha Hilda juntamente com seu marido e apoiado pelo o pai em 1977 consSuínos & Cia

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Reportagem Eltjan atualmente parceiro de uma cooperativa local. Destaca que encontrou na parceria a maneira de permanecer ligada a área de suinocultura da qual tem convivo desde criança. O cenário tem mudado bastante e acredito que será uma tendência a especialização de cada produtor envolvido em uma cadeia a qual a produção faz parte do segmento. Explica Eltjan.

da garoto “Lembra quando ia à granja do avô sempre admirava a produção das porcas e seus leitões. Esse fascínio o estimou a se manter no segmento da suinocultura. Destaca que: “A suinocultura mudou muito nos últimos anos e creio que temos muito a agregar enfrentando os novos desafios de uma suinocultura tecnificada e muito dinâmica”. Conclui.

Armando Rabbers ao se forma na escola agropecuária em 1989 seu pai investiu em uma nova propriedade, da qual acabou assumindo anos depois, tornando mais um suinocultor da família. Associou-se a cooperativa em 1991 e alega que este fato o auxilia muito em manter o sucesso da sua suinocultura, a qual coordena a comercialização, a assistência técnica, os insumos e o financeiro. O suinocultor participa ativamente das decisões a serem tomadas pela cooperativa e acredita que seu envolvimento é de grande valia para o desenvolvimento da atividade.

Berend Rabbers herdou a mesma dedicação à suinocultura de toda família. Ao se formar em técnico agropecuário assumiu uma das propriedades de seu pai, e a suinocultura novamente passou de uma geração a outra. “Com certeza meu pai me influenciou, sempre falava da suinocultura de uma maneira muito promissora. Mas creio o que me levou a ser um produtor foi também o fato de gostar da muito da atividade. Com certeza tenho como objetivo transmitir a mesma filosofia e entusiasmo aos meus filhos”

De toda essa descendência destaca a médica veterinária Deborah Gerda de Geus a qual herdou de seus avos a paixão pela suinocultura. Formada em medicina veterinária decidiu trabalhar na Consuitec (Empresa de consultoria) a qual auxilia tecnicamente o suinocultor. Dra. Deborah gosta de trabalhar diretamente com os suínos e tem paixão em poder transmitir experiências. Outra paixão é a sede pelo conhecimento. Além do trabalho busca seguir estudando e se especializando na área. Destaca com muito entusiasmo.

Descendente da família Rabbers a médica veterinária Deborah Gerda de Geus.

truíram a primeira maternidade para 10 matrizes e um cachaço. “Sendo na época uma aventura o que importa é que crescemos e hoje temos uma suinocultura empresarial a qual apontamos como excelente negocio”. Diante de sua experiência com o setor, garante que para alcançar o sucesso são enfrentados desafios, mas que é necessário criar possibilidades para a superação. “A realização de um sonho, é resultado da luta por um ideal, da garra, da dedicação e da perseverança”, avalia Hilda ao afirmar que somente com muita paixão se consegue obter a conquista. Acredita que com mesmo entusiasmo que seu pai lhe ensinou a trabalhar com suinocultura e tenta repassar a mesma filosofia para seus filhos. Sem duvida a paixão pela suinocultura se mantenha por décadas na família. Roloef teve seu primeiro contato com suínos quando ainSuínos & Cia

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Reportagem

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Sanidade Atualização em diagnóstico: Haemophilus parasuis, Actinobacillus suis e Actinobacillus pleuropneumoniae Introdução Haemophilus parasuis, Actinobacillus suis e Actinobacillus pleuropneumoniae são alguns dos principais patógenos respiratórios associados, causadores de mortalidade nas fases de creche e terminação. Esses patógenos diferem consideravelmente com relação à patogenia, virulência e epidemiologia. Conhecer os detalhes da infecção causada por cada um desses microrganismos é importante para o entendimento e planejamento das estratégias de diagnóstico. Esse artigo descreve as características básicas de cada um desses patógenos, com o objetivo de prover informações essenciais para veterinários que atuam

no campo, para que maximizem a utilização de novos testes para diagnósticos.

Colonizadores precoces versus tardios Embora seja necessária a geração de mais dados para estabelecer o exato momento das infecções causadas pelo H. parasuis, A. suis e A. pleuropneumoniae, a percepção geral é que o H. parasuis coloniza o trato respiratório superior antes do A. suis e do A. pleuropneumoniae. Novos testes de PCR disponíveis para a detecção desses patógenos certamente proverão os dados necessários para

A porca é a principal fonte de contaminação do H. parasuis, A. suis e A. pleuropneumoniae, e o trato respiratório superior a rota de transmissão.

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Simone Oliveira M.V., M.Sc., PhD Universidade de Minnesota oliv0107@umn.edu

responder a essa questão. É importante conhecer o período e o momento da colonização para cada um desses microrganismos, para aperfeiçoar sua detecção e a administração de tratamentos com antibióticos. O Haemophilus parasuis pode ser encontrado em ambas as cavidades nasais e nas tonsilas, enquanto o A. suis e o A. pleuropneumoniae são mais comumente encontrados nas tonsilas. Uma regra simples a seguir, para definir a prevalência da infecção no desmame, por exemplo, é coletar material das tonsilas através de swabs e submetê-los ao teste de PCR. Há uma comparação da prevalência da colonização tonsilar pelo H. parasuis e pelo A. suis, no desmame, em um plantel de suínos endemicamente infectados por três períodos de desmame consecutivos. Os resultados demonstraram que todos os suínos coletados no desmame (30 suínos/período) foram positivos para o H. parasuis, enquanto apenas 70% foi positivo para o A. suis, através da prova do PCR. Esse plantel, especificamente, era negativo para o A. pleuropneumoniae. Esses dados sugerem que a colonização pelo H. parasuis é mais eficaz (tanto mais precoce como mais rápida) que a colonização pelo A. suis; entretanto, os mecanismos responsáveis por essa diferença são ainda desconhecidos. A porca é a fonte principal de H. parasuis, A. suis e A. pleuropneumoniae para os leitões e o trato respiratório superior, a sua rota de transmissão. Embora haja relatos de que o A. suis Ano VI - nº 31/2009


Sanidade

A Técnica de PCR (Reação de cadeia pela polimerase), é um excelente suporte para detecção do momento da colonização dos agentes patogênicos.

possa ser encontrado na mucosa vaginal, com a pesquisa não foi detectada a presença deste patógeno nesse local, usando o PCR ou tentando o isolamento. Os testes nesse sentido foram realizados numa população reconhecidamente positiva para o A. suis, sendo o mesmo detectado nos swabs tonsilares das mesmas porcas que se revelaram negativas para a colonização vaginal. A prova do PCR é um excelente suporte para o desenvolvimento e a avaliação das estratégias de controle e erradicação. Os swabs de tonsilas são as amostras de eleição para definir a prevalência da colonização em marrãs, porcas ou leitões. A definição da prevalência inicial é crítica, para um acesso bem sucedido aos protocolos de tratamento. Ainda mais importante é o fato do PCR poder ser utilizado para definir o momento da colonização e para otimizar o estabelecimento dos tratamentos com antibióticos que atuem melhor frente aos microrganismos em questão. Tratamentos massivos com antibióticos podem reduzir ou eliminar a colonização pelo A. pleuropneumoniae e o A. suis. A redução da prevalência no desmame é, na verdade, tão benéfica quanto a erradicação para alguns plantéis, uma Ano VI - nº 31/2009

vez que os sinais clínicos não ocorrerão durante o ciclo de produção. O efeito dos tratamentos massivos nos agentes colonizadores precoces, por outro lado, pode ser o oposto. A alta prevalência de colonização do H. parasuis (e do S. suis) no desmame é na verdade desejável, uma vez que a maioria dos suínos deveria ter contato com esses colonizadores normais do trato respiratório superior, na presença de imunidade maternal. Tratamentos com antibióticos visando agentes colonizadores tardios deveriam ser realizados de modo a permitir que alguma colonização com H. parasuis e S. suis ocorresse. Alguns plantéis têm relatado aumento na mortalidade devido a H. parasuis e S. suis após tratamento massivo com antibióticos para eliminar A. suis e A. pleuropneumoniae (App). O uso do PCR ajudará a lidar com essa diferença entre a colonização do H. parasuis / S. suis e a do A. pleuropneumoniae / A. suis.

Isolamento - Amostragem Respiratória versus Sistêmica O H. parasuis, A. suis, e A. pleuropneumoniae diferem consideravelmente em termos de pato-

genia e desenvolvimento de lesões. O Haemophilus parasuis pode ser isolado de pulmões sem lesões, mas os isolamentos nessas condições não são ideais para a caracterização de ‘cepas problema’, envolvidas com a mortalidade. O H. parasuis deve ser isolado de locais como a pleura (com pleurite), pericárdio, peritônio, baço, fígado, linfonodos, articulações e cérebro. Amostras para análise através de PCR devem ser coletadas também desses locais. Já o isolamento do A. suis e do A. pleuropneumoniae, por sua vez, é interessante que seja realizado no trato respiratório. O Actinobacillus suis e o A. pleuropneumoniae devem ser isolados de pulmões lesionados. Ocasionalmente tem-se isolado microrganismos semelhantes ao A. pleuropneumoniae de pulmões sem lesões. Há espécies de actinobacilos que se assemelham bioquimicamente ao A. pleuropneumoniae e então se tem utilizado ferramentas adicionais de diagnóstico, como a sequenciação 16S rRNA, a genotipagem e o perfil das toxinas, para elucidar esses resultados. Foram documentamos pelo menos dois casos de isolamento de actinobacilos de pulmões sem lesões, cujo diagnóstico foi confundido com o do A. pleuropneumoniae, com base em identificação bioquímica. O actinobacilo em questão continha apenas a toxina Apx II (espera-se que o A. pleuropneumoniae contenha uma combinação de toxinas Apx I, II, III e IV) e foi, por isso, tipificado como sendo do sorotipo 10, com base na prova de hemaglutinação indireta, o que sugeriu uma reação cruzada entre os membros desse grupo de actinobacilos e o A. pleuropneumoniae. O Actinobacillus suis e o A. pleuropneumoniae têm em comum duas toxinas (Apx I e Apx II), sendo essa a causa da similaridade entre suas lesões pulmonares (necrose e hemorragia). Esses organismos diferem, entretanto, com relação à sua habilidade em invadir o hospedeiro e causar uma infecção sistêmica. Enquanto a maioria dos isolados de A. suis são recuSuínos & Cia

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Sanidade perados do tecido pulmonar (o que reflete uma preferência na submissão da amostra para diagnóstico laboratorial), a mesma cepa, isolada do trato respiratório, é capaz de causar a doença sistêmica. Este é um fenômeno que não será observado no caso da infecção pelo A. pleuropneumoniae, por exemplo. Baseado nesses fatores, a amostragem para a detecção do A. pleuropneumoniae, por isolamento e/ou PCR, deveria incluir amostras de pulmões, sendo que as amostras pulmonares e de outros locais sistêmicos deveriam ser submetidas ao diagnóstico para o A. suis. A diferença principal entre os isolamentos do H. parasuis, do A. suis, e do A. pleuropneumoniae oriundos de amostras de casos clínicos – entre as amostras que devem ser submetidas ao diagnóstico – é a sobrevivência desses patógenos nas espécies alvo. O H. parasuis é muito mais sensível à temperatura que o A. suis ou o A. pleuropneumoniae. No caso da submissão de amostras de pulmões com necrose e hemorragia, as chances de isolamento do A. suis ou do A. pleuropneumoniae serão maiores. Isso já não ocorre com o H. parasuis, sendo – nesse caso – o PCR a ferramenta de eleição para diagnosticá-lo se houver mortalidade e na presença de lesões e ausência do isolamento.

perfis da toxina Apx são inerentes aos sorotipos do A. pleuropneumoniae, tendo sido utilizados, com bons resultados, como técnica alternativa para identificar sorogrupos de A. pleuropneumoniae. Os sorogrupos identificados pelos perfis da toxina do A. pleuropneumnoniae são: 1, 2-815, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 12-13 e 14. A maioria dos isolados identificados como perfil de toxina 2-8-15 e 12-13 é confirmado como sendo sorotipos 15 e 12, respectivamente, pelo método da hemaglutinação indireta (IHA). Foram testados 70 isolados de A. suis, de 12 grupos genotípicos diferentes, para a presença das toxinas Apx. Todos os isolados tinham ambas as toxinas Apx I e Apx II, mas não tinham Apx III e Apx IV. A genotipagem é ainda uma das ferramentas mais confiáveis para tipificar o H. parasuis. É uma técnica que tem sido rotineiramente usada para caracterizar e comparar os isolados a campo de H. parasuis por quase 10 anos, no Laboratório de Diagnostico da Universidade de Minnesota (MVDL). Agora se identifica tendências interessantes na epidemiologia molecular do H. parasuis. A variabilidade das linhagens é extremamente alta para esse microrganismo e há dados sugerindo que re-arranjos resultando em diferentes tipos cap-

sulares podem ocorrer dentro de um mesmo plantel. Isso poderia ser um mecanismo de evasão utilizado pelo H. parasuis para escapar da resposta imunitária do hospedeiro. Atualmente, esta é uma hipótese que precisa ser avaliada com maior profundidade. A prova ERIC-PCR nos fornece uma boa informação instantânea sobre a variabilidade genética do H. parasuis, dentro de uma população de suínos. Esta técnica tem se revelado como de extrema importância para a seleção de cepas a serem incluídas em vacinas autógenas e relatos de veterinários a campo confirmam que, quando as cepas corretas (prevalentes/recentes/sistêmicas) são adicionadas à vacina, a vacinação impactará de modo positivo na mortalidade. Não há dúvida de que os anticorpos têm um papel importante na proteção imunitária contra o H. parasuis. Suínos privados de colostro são altamente sensíveis à infecção sistêmica pelo H. parasuis e o declínio dos anticorpos maternais em suínos convencionais está associado ao início da mortalidade na creche. Em resumo, a vacinação é importante para a prevenção e o controle do H. parasuis e a seleção das cepas corretas a serem incluídas nas vacinas autógenas faz toda a diferença. No momento está sendo avaliado um “método baseado na sequência” alternativo para tipificar o H. parasuis.

Tipificação dos isolamentos Os métodos de tipificação (e o significado dos resultados obtidos) diferem consideravelmente entre o H. parasuis, o A. suis e o A. pleuropneumoniae. A sorotipagem está disponível para o H. parasuis e para o A. pleuropneumoniae, mas não para o A. suis. A genotipagem está disponível para todos os três microrganismos, mas alguma informação útil poderia ser obtida para o H. parasuis e – talvez – para o A. suis. O H. parasuis não contém toxinas (conhecidas), enquanto o A. suis e o A. pleuropneumoniae, ambos contêm as toxinas Apx I e Apx II, as quais podem ser detectadas pelo teste de PCR. Os Suínos & Cia

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O H. parasuis, App e o A. suis, diferem-se em termos de patogenia e lesões teciduais.

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Sanidade Esses métodos incluem a tipificação da sequência multilocus (MLST) e o sequênciamento dos genes que codificam antígenos. É esperado desenvolver um novo método para a tipificação do H. parasuis que forneça ambas as informações – epidemiológicas e antigênicas – para monitorar a infecção e selecionar cepas vacinais. A importância da genotipagem para o H. parasuis não é exatamente a mesma que para o A. suis e o App. Para o App o método mais importante de tipificação é a sorotipagem (tanto por hemaglutinação indireta quanto pela definição do grupo do sorotipo pelo perfil das toxinas). A genotipagem não ajuda na seleção das cepas vacinais, embora possa ser potencialmente usada para seguir o movimento das mesmas entre plantéis. Nesse caso, a genotipagem se torna uma ferramenta importante para a avaliação da transmissão e de brechas na biossegurança. Para o A. suis, a genotipagem é o único sistema disponível para a tipificação de rotina. Está sendo realizada extensiva caracterização dos isolados de A. suis recuperados dos plantéis norte americanos de suínos e há a confirmação de que o A. suis é altamente colunável, o que significa que muitos grupos isolados compartilham o mesmo genótipo, toxina e os perfis de proteína celular total. Os médicos veterinários que trabalham com suínos têm utilizado a genotipagem do A. suis para caracterizar a variabilidade das cepas dentro dos plantéis e para selecionar cepas vacinais. Embora essa tenha se tornado uma prática comum em alguns plantéis de suínos, não há dados confirmando a eficácia das vacinas autógenas contra o A. suis.

Sorologia Não há testes sorológicos disponíveis para o A. suis. Testes de ELISApara o H. parasuis podem prover alguma informação significativa, caso sejam produzidos de acordo com especificações e utilizem a(s) cepa(s) problema do plantel como antígeno(s) de cobertura na placa de ELISA. As respostas sorológicas ao H. parasuis Suínos & Cia

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são sorotipo-específicas. Um ELISA que contenha um sorotipo 5, por exemplo, trará melhores resultados para uma população infectada com esse sorotipo e uma infecção com um sorotipo diferente poderá gerar resultados sorológicos negativos. A sorologia é uma das ferramentas mais importantes para monitorar as infecções pelo App. Existem hoje três variedades de testes sorológicos que podem ser utilizados na detecção de anticorpos contra esse patógeno. O teste de ELISA original para o App foi lançado pela empresa Biovet. Esses testes são sorotipoespecíficos e detectam anticorpos contra a cadeia longa de lipo-polissacarídeos (LC-LPS) desse patógeno. Os sorogrupos identificados por esses testes incluem os sorotipos (1-9-11), 2, (3-6-8-15), (4-7), 5, 10, e 12. Os sorotipos entre parênteses não podem ser diferenciados. Alternativas recentemente introduzidas incluem o APX IV ELISA, do laboratório IDEXX e o teste Multi-App oferecido na Universidade de Montreal. Ambos os testes detectam anticorpos contra todos os sorotipos de A. pleuropneumoniae. O teste APX IV baseia-se na detecção de anticorpos contra uma toxina que se expressa durante a infecção (Apx IV) e o Multi-App. ELISA baseia-se na detecção de anticorpos contra uma mistura de LC-LPS, oriunda de todos os sorotipos do A. pleuropneumoniae. Como seria de se esperar, há discordâncias entre os resultados obtidos com cada um destes testes. O histórico clínico, o teste do PCR e o isolamento são críticos na elucidação de resultados positivos não esperados. É percebido comparando frequentemente o desempenho desses testes, com o objetivo de detectar soroconversão em suínos subclinicamente infectados após a infecção experimental com o A. pleuropneumoniae.

Sumário O Haemophilus parasuis continua sendo um patógeno que desafia a suinocultura. Muitas das dificuldades relativas à prevenção e ao controle da infecção causada por ele estão asso-

ciadas à alta variabilidade observada nesse patógeno e, possivelmente, à sua adaptabilidade à imunidade do plantel. O desenvolvimento de métodos de tipificação baseados na sequência, os quais fornecem ambas as informações, epidemiológicas e antigênicas, melhorarão sobremaneira a caracterização e a seleção das cepas vacinais do H. parasuis. A tipificação do Actinobacillus suis está ainda em seus estágios iniciais. Embora a genotipagem seja útil para traçar o movimento das cepas e caracterizar sua variabilidade, tanto dentro do mesmo plantel como entre plantéis distintos, ainda é preciso entender como essa informação pode ajudar na prevenção e no controle da infecção. O próximo passo lógico na pesquisa voltada ao A. suis seria avaliar a eficácia das vacinas autógenas. Esse é um dos objetivos futuros da pesquisa. O tratamento massivo com antibióticos pode trazer mais problemas que benefícios, especialmente se afetar a prevalência – no desmame – de agentes colonizadores precoces como o H. parasuis e o S. suis. A vacinação pode ser uma boa alternativa na prevenção e no controle da doença, sem afetar a colonização de outros organismos comensais do trato respiratório. O diagnostico do A. pleuropneumoniae precisa ser revisto, havendo a necessidade do desenvolvimento de um protocolo validado para monitorar a infecção. Os novos testes sorológicos introduzidos recentemente no mercado têm criado confusão, gerando muitas vezes, mais perguntas do que respostas. É esperado elucidar muitas dessas questões com o experimento que estão sendo conduzidos no momento e é planejado usar os resultados para desenvolver e avaliar um protocolo padrão para o diagnóstico do A. pleuropneumoniae.

Referências Disponíveis na pagina da web de Bacteriologia Molecular: www.molecularbacteriology.com Ano VI - nº 31/2009



Sanidade Necrose de orelha em suínos Introdução Existem dois padrões distintos de apresentação clínica da síndrome da necrose de orelha. Uma é a forma mais branda, porém mais frequente, em que as lesões iniciam com exsudação e dermatite superficial com localização na ponta da orelha ou no bordo ventral, causando pouco desconforto e sem manifestação sistêmica no animal. A outra forma é mais severa, ocorre esporadicamente, envolvendo boa parte da extremidade da orelha (Figura 1), causando cianose, exsudação, ulceração e necrose irregular, em resposta a um processo inflamatório agudo, geralmente, sistêmico. Apesar da síndrome não ser

Nelson Morés 1 Luíz Carlos Bordin 2 Gabriela Ibañez 3 Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves 1 Analista da Embrapa Suínos e Aves – Concórdia 2 Estagiária – Puc Minas 3 mores@cnpsa.embrapa.br

um fator responsável pelo aumento da mortalidade do rebanho, a alta frequência da síndrome pode gerar prejuízos econômicos aos proprietários, provocados pela queda do desempenho.

Manifestação clínica Clinicamente, o processo inicia-se com edema, hiperemia, eritema, cianose intensa com limites pouco nítidos, entre o tecido normal e a parte alterada (Figuras 2 e 3). Posteriormente, segue-se necrose da região afetada e na fase final da evolução do quadro clínico, a porção necrosada cai e a orelha perde sua forma característica (Figuras 4 e 5). Em algumas oca-

siões ocorre de forma concomitante com necrose caudal (Figura 6). O problema ocorre, predominantemente, em animais jovens, com maior frequência em leitões de creche e início de crescimento. Neste caso, as lesões localizam-se na ponta e ao redor da borda do pavilhão auricular e podem ser unilaterais ou bilaterais. A necrose da orelha ocorre em qualquer sistema de produção. Na baia em que se manifesta, atinge entre 15% a 90% dos leitões, independentemente do sexo e da estação climática. Está claro que a superlotação das baias no período de creche está intimamente relacionada com maior frequência devido ao aumento das lesões causadas por arranhões e mordidas na mistura dos lotes.

Causas associadas à necrose de orelha Para a manifestação aguda da necrose de orelha, o fator principal envolvido é o estresse e/ou a imunossupressão. As causas específicas ainda não são bem esclarecidas, pois a síndrome não tem sido reproduzida experimentalmente. Entretanto, relatos de observações a campo e estudos epidemiológicos apontam várias causas associadas a essa síndrome.

Figura 1 – Infecção bacteriana sistêmica com cianose e inicio de necrose de extremidades das orelhas.

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1. Epidermite exsudativa: A necrose primariamente pode ser devido a uma deficiência na irrigação sanguínea da orelha por alteração vasomotora. Embora a patogenia da doença ainda não esteja clara, especula-se que o canibalismo possa ser uma das Ano VI - nº 31/2009


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Sanidade incluem: depressão, diminuição no consumo de ração, pulso acelerado, laminite e, em alguns casos, sendo estes os mais severos, é visível a necrose de orelha e cauda e queda das unhas. Estes sinais tendem a ser mais exacerbados no período de inverno. O tratamento é de suporte, com limpeza local e uso de antibiótico pra controlar infecções secundárias.

Figura 2 – Lesão inicial com exsudação e formação de crosta na extremidade da orelha.

principais causas, associado ou não ao desenvolvimento de um processo bacteriano por Staphylococcus hyicus ou Streptococcus ß-hemolítico. Porém, para o desenvolvimento destas bactérias, é necessária haver uma solução de continuidade na pele, como lesões por mordedura, pois se sabe que essas bactérias são comensais na flora epitelial dos suínos, mas não são capazes de penetrar no tecido sadio.

2. Circovirose: A necrose auricular pode também ser decorrente da circovirose suína, e nesses casos, as lesões são resultados de uma vasculite generalizada causada por uma reação de hipersensibilidade imunomediada. As lesões geralmente são bilaterais e avermelhadas, começam na extremidade da orelha e estendemse ventralmente. Nesse caso, concomitante à lesão auricular, ocorrem sinais clínicos e lesões sistêmicas de circovirose em vários leitões do lote e o diagnóstico pode ser confirmado por exames laboratoriais. 3. Intoxicação por ergot: Outra possível causa de necrose de orelha pode ser devido a ingestão de grãos contaminados com fungo Claviceps purpúrea, os quais produzem uma toxina denominada ergot. Esse fungo é parasita de grãos, principalmente o centeio, aveia e trigo. Quando ingeriSuínos & Cia

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do, produz uma toxina alcalóide que causa gangrena e problemas reprodutivos, especialmente hipogalaxia/agalaxia e leitegadas pequenas. Os sinais clínicos surgem após dias à semanas do consumo da ração contaminada. A melhora da gangrena tende ocorrer após 2 semanas da substituição do alimento contaminado. Nesse caso a gangrena que ocorre nas extremidades é do tipo seca e não exsudativa, e deve-se à combinação de uma vasoconstrição e danos endoteliais. Os principais sintomas sistêmicos

4. Eperitrozoonose: É possível ainda verificar a ocorrência de necrose da orelha a partir de infecções por Mycoplasma suis, causador da eperitrozoonose. Uma vez presente no plasma sanguíneo, o organismo desenvolve anticorpos que podem provocar microaglutinações, principalmente nas extremidades das orelhas, com consequentes distúrbios circulatórios, manifestados por cianose, exsudação e necrose. Os suínos afetados apresentam também manifestações sistêmicas como anemia, icterícia e febre, mais comumente observados em leitões de cinco a seis dias de idade ou na fase de desmame. 5. Doenças sistêmicas: Existem outras doenças sistêmicas como a salmonelose e a erisipela que, quando ocorre septicemia, em casos raros e em reações tardias, um dos sinais clínicos pode ser a cianose, exsudação e necrose das extremidades das orelha.

Figura 3 – Lote em final de creche com surto de necrose de orelha.

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Figura 4 – Fase avançada da necrose bilateral das orelhas no inicio de crescimento.

Na prática um surto de necrose de extremidades de orelhas pode estar relacionado a mais de uma das causas acima relacionadas. Observase que o problema ocorre com maior frequência quando, num mesmo lote, há problemas de palatabilidade de ração, fatores de risco relacionados ao conforto (superlotação, desconforto térmico, higiene ruim) brigas acentuadas devido à misturas de leitões e concomitante infecção por agente(s) acima relacionados.

agente, mas quando a lesão torna-se exsudativa, é possível a identificação de S. hyicus, tanto em lesões recentes quanto em antigas. Já o S. ß-hemolítico só é visível nas lesões ulcerativas. A proliferação de S. hyicus no local do trauma e a liberação de toxinas epidermolíticas permitem a proliferação de S. ß-hemolítico, que não é bem adaptado para sobreviver em tecidos normais. Uma hipótese a considerar é que o padrão clínico desta doença depende do tipo e da patogenicidade dos organismos para invadir o tecido

lesado. O problema é saber se esses agentes foram os que ocasionaram as lesões primárias ou estão aí apenas como agentes secundários. Quando a suspeita recai sobre a circovirose suína, o diagnóstico envolve a ocorrência de sinais clínicos, de lesões macro e microscópicas e a demonstração do agente nos tecidos lesados. Se a suspeita for a participação do Mycoplasma suis (Eperythrozoon suis) a confirmação pode ser feita por exame de esfregaços de sangue corados por técnicas especiais, porém é importante que o sangue seja colhido da orelha de leitões que apresentam febre (acima de 40°C), além de sinais de anemia/icterícia. É importante também, verificar minuciosamente se a ração fornecida está suficientemente balanceada para suprir as exigências nutricionais dos animais e, principalmente, excluir a existência de fungos, ou toxinas de Claviceps purpúrea. Recomenda-se que sejam realizados testes específicos para a detecção desses fungos e suas toxinas na ração.

Controle Tanto na recuperação do animal, quanto para o controle de novos

Diagnóstico O diagnóstico da síndrome é clínico. Já o diagnóstico etiológico é mais difícil e depende de apoio laboratorial, porém muitas vezes não se consegue chegar a uma conclusão final da etiologia envolvida em determinada granjas. Primeiramente devese analisar a presença de outros sinais clínicos concomitantes à necrose de orelha, que seja indicativo da presença de doença de cunho infeccioso ou não. Quando a suspeita for da participação de doenças infecciosas, exames de laboratório (histopatológico e bacteriológico) direcionados para a(s) suspeita(s) auxiliarão na definição do diagnóstico final. Histopatologicamente, no início da lesão não se observa nenhum Ano VI - nº 31/2009

Figura 5 – Perda da ponta da orelha devido à necrose – fase de cura.

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Sanidade Referência Bibliográfica

Figura 6 – Lote com necrose caudal e auricular de creche.

surtos, o ponto limitante é a retirada de fatores estressantes e o fornecimento de ração palatável para os suínos. Devem-se evitar a superlotação e a formação de lotes muito grandes. Na formação dos lotes/baias, tanto na creche quanto no crescimento, quando for necessário misturar leitegadas, limitar ao mínimo possível, para diminuir a ocorrência de brigas entre os leitões. Quando houver necessidade de junção de mais de uma leitegada/ baia, alojá-los por tamanho, para evitar que animais maiores iniciem brigas com os menores, por disputa de território. Embora, às vezes, os antimicrobianos não exerçam efeito direto sobre algumas causas da necrose da orelha (canibalismo auricular, intoxicação por ergot...), quando o problema atinge vários suínos num mesmo lote, sempre é recomendável o uso oral de um antibiótico de largo espectro, durante 8 a 10 dias. Individualmente, dependendo do caso, alguns leitões necessitam de tratamento com antiinflamatório e soluções tópicas. Em outros casos, quando o problema ocorre somente em alguns suínos, apenas a separação do animal em baia hospital é suficiente para recuperação espontânea. Evidentemente, caso a necrose de orelha esteja associado a uma doença (eperitrozoonose, circovirose) medidas específicas devem ser direSuínos & Cia

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cionadas para o agente envolvido. Ademais, é importante manter comedores e bebedouros suficientes para o número de animais da baia, para que eles não sejam impelidos a competir pela nutrição.

Considerações finais A síndrome da necrose de orelha é uma patologia que pode acometer animais de todos os rebanhos, independendo do sistema de produção adotado. Não há dúvida que fatores estressantes, como a superlotação das baias e disputas entre os animais, aumentem as brigas e, consequentemente, provoquem lesões auriculares iniciais. Essa situação, na presença concomitante de determinados agentes infecciosos podem desencadear o surgimento de quadros clínicos de necrose auricular, principalmente em animais de creche e início de crescimento. O diagnóstico específico da causa que está desencadeando a ocorrência de necrose auricular em um lote de suínos lote, geralmente é difícil. Então, se deve agir prioritariamente na eliminação dos fatores de risco, proporcionando conforto e bem estar aos animais e fornecer alimento com formulação adequada e de alta palatabilidade.

01. Carvalho, L. F. O. S.; Moreno, A. M.; Sobestiansky, J.; Barcelos, D. Necrose de orelha. In: SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D. Doenças dos suínos. Goiânia: Cânone Editorial, 2007. p. 403 – 404. 02. Hansen, k. k.; Busch, M. E. Antibiotic treatment as an intervention against ear necrosis in on herd. In: IPVS Congress, 20th. Durban, South Africa, 2008. Proceeding… v.II. p. 594.. 03. Kich, J. D. Salmonelose. In: SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D. Doenças dos suínos. Goiânia: Cânone Editorial, 2007. p. 197 – 202. 04. Matos, M. P. C.; Sobestiansky, J.; Ristow L. E. Eperitrozoonose suína. In: SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D. Doenças dos suínos. Goiânia: Cânone Editorial, 2007. p. 171-176. 05. Richardson, J. A.; Morter, R. H.; Rebar, A. H.; Olander, H. J. Lesions of porcine necrotic ear syndrome. Veterinary Pathology. v. 21, p. 152 – 157. 1984. 06. Schwartz, K. J. Salmonelosis. p. 535 – 542. Em Straw, B. E.; D’Allaire, S.; Mengeling, W. L.; Taylor, D. J. In: DISEASES OF SWINE. 8th, IOWA STATE UNIVERSITY PRESS, 1999. p. 948. 07. Straw, B. E.; D’Allaire, S.; Mengeling, W. L.; Taylor, D. J. In: DISEASES OF SWINE, 8th, IOWA STATE UNIVERSITY PRESS, 1999. p. 948. 08. White, M. E. C. Ears tip necrosis. The pig journal. v. 28, p. 121 – 124, 1992. 09. Zlotowski, P.; Corrêa, A.M.R.; Barcellos, D.E.S.N; Driemeier, D. Presence of pcv2 in ear lesions in the course of pcvad in growing pigs. In: IPVS Congress, 20th. Durban, South Africa. Poster Proceedings …,v.II, 2008, p.555. Ano VI - nº 31/2009


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Sanidade Descargas Vulvares: Quando é fisiológico ou patológico? Na suinocultura tecnificada, os índices reprodutivos das matrizes são uma preocupação constante. As taxas de parto e de descarte são índices largamente utilizados como ferramenta de avaliação do desempenho reprodutivo do plantel, pois afetam diretamente o número de partos/fêmea/ano. Portanto, a saúde do trato gênito-urinário das fêmeas é imprescindível e deve ser garantida. A observação de descargas vulvares ou secreções tem ocorrido com relativa frequência nas granjas devido à intensificação da produção, podendo atingir 25% das fêmeas e destas, 2/3 podem apresentar falhas reprodutivas. A ocorrência de até 3% de descargas é considerada aceitável e o aumento deste percentual deve ser analisado com cautela, pois pode estar

relacionado às instalações, ao manejo adotado e ao grau de observação do funcionário. Desta forma, a tomada de qualquer decisão depende, fundamentalmente, em correto diagnóstico e interpretação deste achado clínico.

Origens As descargas vulvares têm diversas origens, podendo ser provenientes tanto do trato genital quanto do urinário. A correta identificação da origem das secreções é fundamental para a eficácia de tratamento e adoção de medidas de controle adequadas. Outro aspecto importante é a diferenciação entre secreções fisiológicas e patológicas (Tabela 1). Descargas

Anamaria Jung Vargas 1, 2 Ana Paula Gonçalves Mellagi 1 Cristiane da Silva Duarte Furtado 1 Setor de Suínos/FAVET – UFRGS 1 Dept. Técnico Uniquímica 2 vargas_aj@yahoo.com.br

normais ou fisiológicas ocorrem em diversas fases do ciclo reprodutivo. No período de pró-estro e estro é comum a observação de secreções com aspecto mucoso. Entre 8-48h após a inseminação ou cobertura ocorre o processo fisiológico de eliminação do excesso de sêmen, no qual 2/3 do volume de sêmen infundido são refluídos do trato genital da fêmea. Durante a gestação, pode haver a eliminação do tampão mucoso. Descargas vulvares observadas até 5 dias após parto são consideradas normais e têm como objetivo a eliminação dos restos placentários e debris celulares, promovendo a limpeza do útero durante o puerpério, para que haja a completa involução uterina para a próxima gestação.

Secreções anormais ou patológicas As secreções anormais ou patológicas podem ser provenientes do trato genital ou urinário. Aquelas originadas do trato reprodutivo podem ser decorrentes de vaginites (por lesões na vulva e vagina), cervicites ou, mais frequentemente, endometrites. Marrãs e porcas vazias são mais susceptíveis a endometrites que as demais fêmeas. As descargas patológicas provenientes do trato urinário, na maioria dos casos, estão associadas a cistites. Contudo, casos mais graves podem envolver ureteres e rins. A correta identificação da origem do corrimento é de fundamental importancia para o tratamento.

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Diversos são os motivos que levam a não observação das secreções Ano VI - nº 31/2009


Sanidade Tabela 1. Diferenças das descargas vulvares fisiológicas e patológicas Descargas vulvares Fisiológicas

Patológicas

Pró-estro e estro

Infecções do trato genital (endometrites; metrites; cervicite; vaginite)

Após Inseminação artificial / Monta Natural

Infecções do trato urinário (cistite; pielonefrite)

Durante gestação

Abscessos vulvares

Pós-parto

Traumatismos (sangue)

vulvares dificultando, desta forma, o diagnóstico e resolução do problema. É comum as secreções serem eliminadas de forma intermitente, em pouca quantidade e por poucos minutos. A secreção pode cair no piso ripado e ser removida junto com a urina e fezes, passando despercebida pelo funcionário. A observação do problema pode ser dificultada se as fêmeas ingerirem as secreções do piso ou vulva de outras fêmeas (comum em alojamento em baia) ou deitarem sobre a descarga vulvar (fêmeas alojadas em gaiolas). Portanto, o funcionário deve fazer uma avaliação das fêmeas de forma cautelosa, tendo o cuidado de observar a vulva, também o períneo e a cauda das fêmeas, além das instalações e do piso. Contudo, é importante salientar que, em certas situações, a infecção pode não apresentar sinais clínicos visíveis, permanecendo oculta aos olhos dos funcionários.

a bexiga, onde se instala causando em infecção. O diagnóstico presuntivo pode ser feito por meio da observação dos animais durante a micção, sendo esta uma boa ferramenta no auxílio ao diagnóstico. As alterações que podem ser observadas são: dor durante a micção, ocorrência de grumos no final da micção, odor fétido e aspecto turvo da urina. Outra possibilidade de diagnóstico é o uso de fitas reagentes disponíveis no mercado. Estas fitas para análise da urina indicam pH, nitrito, proteínas, sangue e sedimentos. Por fim, para diagnóstico definitivo, deve-se realizar a coleta de material para exame bacteriológico, a fim de fazer a contagem do número de unidades formadoras de colônias (UFC), identificar os agentes envolvidos e realizar o antibiograma.

Agentes envolvidos Os principais agentes envolvidos são Escherichia coli e Actinobaculum suis. A E. coli faz parte da microbiota do trato urogenital e fecal dos suínos. No entanto, em condições adequadas, pode se tornar um agente oportunista e causar infecções. Já o A. suis é encontrado na microbiota do divertículo prepucial sem causar danos ao macho. Em rebanhos com problemas de infecção urinária, observa-se elevado número de porcas com falta de apetite, emagrecimento progressivo, aumento dos índices de morte súbita de matrizes, descarga vulvar purulenta, urina turva (podendo haver presença de pus ou sangue no final da micção), redução no desempenho reprodutivo (aumento de ocorrência de retornos ao estro, redução na taxa de parição, redução no número de leitões nascidos por porca) e aumento na taxa de descarte de matrizes. A hipertermia que ocorre durante o processo de bacteremia pode levar às falhas reprodutivas, devido aos transtornos circulatórios ocasionados no estroma uterino. Além disso, o processo inflamatório desencadeado provoca a liberação de substâncias endógenas, entre elas a Prostaglandina F2α, que tem

Cistite A infecção urinária, também conhecida como cistite é a penetração e multiplicação bacteriana na bexiga. A infecção pode ocorrer por duas vias distintas: via descendente (hematógena) ou via ascendente (vulva). Pela via descendente, os rins são atingidos por microrganismos patogênicos oriundos de uma septicemia e, por meio dos ureteres, chegam à bexiga juntamente com a urina. Já na via infecção ascendente, que é a forma mais comum, o agente penetra no trato urogenital através da vulva, atinge o meato urinário e pela uretra alcança Ano VI - nº 31/2009

A cistite pode ser adquirida por duas vias, a descendente ou ascendete, isto se deve a penetração e multipicação da bactéria na bexiga.

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Sanidade efeito luteolítico. Ambos os processos resultam em morte embrionária, seguida de reabsorção e retorno irregular ao estro ou morte fetal, causando aborto. Porém, na maioria dos casos de infecção urinária não existem sinais clínicos aparentes, ocultando o problema. Como podem ser observados, os prejuízos econômicos ocasionados pela infecção urinária são inúmeros, pois levam a problemas puerperais, falhas reprodutivas, morte das fêmeas, além de gastos com medicamentos.

Endometrites Endometrite é a inflamação apenas do endométrio. Já a metrite é um processo inflamatório que envolve todas as camadas do útero, sendo um agravamento da primeira. Ambas são responsáveis por falhas reprodutivas, pois interferem na fecundação do oócito, na ligação embrio-maternal e no mecanismo de placentação, apesar de não interferir na ciclicidade da fêmea. A introdução do agente in-

Quadro 1: cuidados durante o manejo dos animais. Cuidados higiênicos durante coleta e preparação das doses inseminantes; Higiene durante a Inseminação Artificial / Monta Natural; Higiene das fêmeas ao parto; Em caso de necessidade de intervenção ao parto, proceder com o máximo de higiene; Limpeza e desinfecção das instalações (all in – all out); Estimular a fêmea a levantar e consumir de água; Garantir o fornecimento, em qualidade e quantidade, da água; Evitar correntes de ar e umidade – resfriamento do abdômen favorece multiplicação bacteriana feccioso pode ocorrer em diferentes momentos do ciclo reprodutivo. A via ascendente é a forma mais comum de infecção uterina, na qual o patógeno é introduzido pela vulva e alcança o útero. A contaminação pode ocorrer no momento da inseminação artificial/ cobertura ou durante o atendimento ao parto distócico. Sêmen contaminado, cobertura tardia (IA no metaestro), ou machos doentes são fontes importantes de contaminação. Já durante o parto, é imprescindível que as instalações estejam limpas e que, no caso de intervenção em distocias, todos os cuidados higiênicos sejam

tomados. Falta de limpeza ambiental e infecções na vulva, vestíbulo, vagina ou até mesmo cistite, constituem a fonte de contaminação da infecção via ascendente. A suspeita da doença em um plantel pode surgir devido ao aumento do número de fêmeas com secreções e elevação na taxa de retorno ao estro, ocorrendo também em combinação com aborto ou logo após o parto. Além das descargas vulvares, outros sinais clínicos podem ser buscados, como inapetência, constipação e aumento da temperatura corporal. Porcas lactantes podem apresentar hipogalaxia ou agalaxia, que se reflete no estado geral da leitegada, onde os leitões passam a apresentar diarréia e sintomas de refugagem.

Fatores de risco • Falta de higiene das instalações; • Qualidade e quantidade de água ingerida; • Situações estressantes; • Composição e manejo de alimentação; • Falta de higiene do prepúcio; • Doenças do aparelho locomotor; • Falta de atividade física; A limpeza da vulva antes da inseminação artificial, diminui a chande da contaminação do sistema reprodutivo.

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• Traumatismos; • Duração do parto, etc. Ano VI - nº 31/2009


Sanidade tação e o fornecimento de água. Para complementar o diagnóstico, pode-se complementar com outras ferramentas, como exame clínico, laboratoriais e monitoramento no frigorífico.

Prevenção e controle

Para evitar a contaminação via ascendente é de fundamental importancia a limpeza e desinfecção das instalações antes do parto.

Descarga Vulvar em marrãs É um problema crescente nos atuais sistemas de produção, mas estão muito relacionadas a animais em que foi detectado estro após o transporte ou quando as fêmeas foram expostas ao macho. Além disso, vaginites podem ocorrer depois de mordidas de outras leitoas, sem haver comprometimento uterino. Endometrites ou metrites estão muito relacionadas ao tipo de instalação em que as fêmeas se encontram. Normalmente, a infecção ocorre quando as marrãs se encontram na unidade de desenvolvimento e ainda não têm o sistema imune uterino desenvolvido.

Descarga vulgar purulenta pós-cobertura A descarga observada entre o 14º e o 20º dia pós-cobertura é tipicamente indicativo de metrite ou endometrite. Como consequência reprodutiva, há retorno ao estro, devido à contaminação bacteriana por agentes como Escherichia coli Ano VI - nº 31/2009

e Streptococcus sp. Outra causa de endometrite está associada à inseminação no metaestro (fase progesterônica) em que a defesa uterina diminui, predispondo à infecção.

Descarga vulvar pós-parto Mesmo com os mecanismos de defesa uterino após o parto, há possibilidades de contaminação, caso haja uma alta pressão de infecção, gerando a endometrite puerperal. Além da endometrite, a porca pode apresentar hipertermia, anorexia, alterações na cadeia mamária.

Diagnóstico Para o diagnóstico, a avaliação do relatório de reprodução é uma ferramenta de suma importância para o conhecimento do surgimento e evolução do problema. Após a identificação da doença, deve-se tentar localizar os fatores de risco, observando a higiene e os tipos de instalações, manejo adotado na granja, a alimen-

O problema está presente na granja, quando é observado um aumento no número de casos e quando surgirem outros sintomas, como morte súbita de matrizes, retorno ao cio, abortos, falsa gestação, leitegadas com menos de sete leitões ou mesmo uma diminuição do tamanho da leitegada. Para evitar o surgimento de infecções gênito-urinárias e queda nos índices reprodutivos, alguns cuidados devem ser tomados durante o manejo dos animais (Quadro 1). O tratamento é complexo, e envolve medidas de correção dos fatores de risco, administração de antibióticos via ração, fornecimento de acidificantes (casos de infecção urinária) e eliminação de matrizes com problemas crônicos.

Referências bibliográficas: 01. MEREDITH, M.J. Animal Breeding and Infertility. Australia, 1995, 508p. 02. MUIRHEAD, M.R.; ALEXANDER, T.J.L. Managing pig health and the treatment of disease. United Kingdom, 1997, 608p. 03. SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D.; MORES, N.; CARVALHO, L.F.; OLIVEIRA, S. Clínica e Patologia Suína. Goiânia, 1999, 464p. 04. STRAW, B.E.; D’ALLAIRE, S.D.; MENGELING, W.L.; TAYLOR, D.J. Diseases of Swine. Ames, 1999, 1181p. Suínos & Cia

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Revisão Técnica Resumo da 40ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Especialistas em Suínos (AASV) Introdução Em março deste ano, na capital do Texas, Dallas, a 40ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Especialistas em Suínos (AASV) mostrou novamente a importância do evento para o setor. Trabalhos sobre os mais diversos temas foram apresentados por especialistas salientando novidades em diferentes áreas da suinocultura mundial. Nosso consultor, o Médico Veterinário e também professor Antonio Palomo Yagüe, diretor da Setna Nutrição, apresenta aos leitores da Suínos & Cia um resumo dos trabalhos mais interessantes apresentados na reunião que poderão auxiliar nossa prática diária.

Índice dos assuntos: • Aspectos Gerais

- Mycoplasma hyopneumoniae

- Clostridium sp

• Sanidade Geral

- Haemophilus parasuis

- Vírus da Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRS)

- Actinobacillus pleuropneumoniae

- Erysipelothrix rhusiopathiae

- Actinobacillus suis

• Nutrição

- Vírus da Circovirose Suína (PCV-2)

- Lawsonia intracellularis

• Manejo

- Vírus da gripe (Influenza Suína)

- Salmonella sp

• Reprodução

ASPECTOS GERAIS THOMPSON, J.U.  A Medicina Veterinária deve ser proativa, através do desenvolvimento de melhorias de ordem pratica, para uma produção futura de suínos segura e com qualidade, mantendo a sanidade e a saúde humana como primeiro objetivo. A essas características devem ser agregados o respeito ao meio ambiente e o bem estar animal. Para levar tudo isso a cabo, serão necessárias novas infraestruturas, associadas a novas vias de pensamento e colaboração (com instituições médicas e sociais, por exemplo); tudo isso baseado na ruptura de barreiras entre disciplinas Suínos & Cia

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Antonio Palomo Yagüe 1 Albano Longo Alvarez 2 SETNA NUTRICION 1 COREN 2 apyague@yahoo.com

e culturas, aproveitando o poder das comunicações. FIRKINS, L.D.  O desenvolvimento pessoal é essencial, para continuarmos servindo à suinocultura. O investimento em formação e capacitação de pessoas é básico, para que se conheça o nosso trabalho, além de ser o caminho para que a sociedade o entenda corretamente. É necessário fazer com que o funcionário perceba que a empresa precisa de sua contribuição, criando nele as expectativas necessárias (Programa Q12 Gallup). Os líderes devem inspirar confiança no trabalhador, por meio da implantação de um sistema claro e organizado,

com funções bem definidas, primando o trabalho bem feito. A formação, o treinamento e a promoção são básicos para determinar o incremento dos conhecimentos. Assegurar o futuro requer inovação, de ambas as partes, gestores e colaboradores. Não se pode controlar como foi chego até este ponto, mas é possível sim mudar o futuro. DEHAVEN, W.R.  25% da produção de suínos e bovinos dos EUA é exportada. A China é, atualmente, o maior consumidor mundial de carne. A população mundial passará de 6,6 bilhões em 2007 para 7,6 bilhões em 2020; isso incrementará Ano VI - nº 31/2009


Revisão Técnica a demanda e concentrará a produção em granjas maiores e mais eficientes, o que levará a mudança nas políticas ambientais, de segurança alimentar, bem estar e sociais. A profissão de médico veterinário deverá assumir a liderança nesta nova etapa, passando a ser a garantia da saúde humana, animal, meio ambiente e do bem estar animal. Para tanto se deve vencer o desafio de prover educação ao público e aos profissionais em todas estas áreas. CONNOR, J.  O consultor deve embasar suas decisões na eficácia econômica das mesmas, com uma mensagem clara e bem documentada. Para tanto sua formação básica é essencial, tanto quanto sua formação continuada, a qual deve acompanhálo durante toda a sua vida profissional, através de métodos antigos e da aquisição continua de novos métodos de aprendizagem (em congressos, cursos de pós-graduação, através da internet, livros, revistas…). A motivação e a comunicação são essenciais em seu desenvolvimento pessoal e profissional. A informação aos nossos clientes, a busca de soluções constantes, coordenação de diferentes áreas do conhecimento, análise de diagnóstico laboratorial, dados de gestão produtiva, interação ciência-prática e a elaboração de ferramentas de informação adequadas também devem ser parte central de nossa atividade profissional diária. Assim, a combinação de experiências com a aprendizagem ao longo de toda uma vida, transformará os veterinários mais eficazes. COLLINS, J.  Os médicos veterinários que atuam na área clínica devem estar familiarizados com as técnicas de diagnóstico, orientando o patologista no que deve ser analisado. Para tanto devem observar e descrever a doença, sua cronologia e evolução na granja, definir conjuntamente o tipo e o tamanho das amostras, coleAno VI - nº 31/2009

tando-as e as enviando adequadamente. Os resultados laboratoriais devem ser avaliados com a mente aberta, com raciocínio indutivo e dedutivo, procurando fazer com que coincidam – no quebra-cabeça relativo ao problema – com os resultados clínicos da granja, para poder estabelecer um diagnóstico definitivo. CHRISTIANSON, W.T.  São muitos os caminhos possíveis para se viver, porquanto é preciso empenho na decisão de qual deles escolher. Não há duvida de que as intuições e crenças de cada pessoa sejam básicas para decidir o caminho, não se esperando muito dos outros, uma vez que todos são capazes de fazêlo. A delegação de responsabilidades tem bons efeitos. A aptidão e a predisposição saudáveis às mudanças, em principio nos EUA, permitem que os erros cometidos construam o futuro, além de dar mais conhecimentos hoje. É preciso se mostrar íntegro e fazer realmente o que é dito que é feito num processo de aprendizagem constante. O conhecimento abre a mente e as portas, o que faz com que a persistência no mesmo seja considerada essencial. É importante recordar cada dia como a vida é curta e tratar de manter um equilíbrio entre o trabalho e a família, para a satisfação de cada um.

SANIDADE GERAL ZWAMBAG, A.  Os MRSA (methicillin resistant Staphylococcus aureus ou Staphylococcus aureus resistente à meticilina) define as multi resistências de bactérias Gram positivas a fármacos. Em 2005, nos EUA, foram diagnosticados 94.000 casos de MRSA em humanos, com 18.000 óbitos. Os leitões nascidos de porcas identificadas como negativas para o MRSA antes de parir, podem ser colonizados antes do desmame. As principias fontes de infecção para os leitões são: o processo deficiente de limpeza/ desinfecção das baias; adoções/cessões de leitões; funcionários da granja, através das mãos contaminadas (recomendável o uso de anti-sépticos de mãos em granjas). DECKERT, A.  As resistências antimicrobianas reduzem a eficácia dos tratamentos com antibióticos, tanto em animais como nos seres humanos. Seu custo direto e indireto, no Canadá, está estimado entre 40 e 50 milhões de dólares anuais. Desde janeiro de 2005 iniciouse, de forma proativa, um programa de controle em 108 granjas sentinela, dentro das cinco maiores províncias produtoras de suínos (CIPARS: www.phac-aspc.gc.ca/cipars-picra).

Cidade de Dallas

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Revisão Técnica A maioria dessas granjas usa até quatro antibióticos, sendo os macrolídeos e as tetraciclinas, os mais frequentes. A clortetraciclina é o produto mais citado para utilização na fase inicial do crescimento e a tilosina e a lincomicina, na fase final. Os derivados da penicilina são os mais utilizados, tanto na forma injetável como via água de bebida. Durante os anos de 2006 e 2007 foram isoladas 98 e 136 cepas de Salmonella sp, respectivamente, com 66% e 61% de uma ou mais resistências a antibióticos (estreptomicinas, sulfasoxasol, tetraciclinas) e com resistência cruzada entre lincosamida, macrolídeos e estreptomicina. Nesses dois anos foram detectados 87% de resistências a isolamentos de Escherichia coli.

SCHINCKEL, A.  A mortalidade na fase de lactação e o peso ao desmame têm um impacto econômico direto sobre a produção. O incremento do custo da ração incrementa o custo do índice de conversão e dos dias não produtivos.

KOHLER, D.  O importante para uma produção bem sucedida é uma boa higiene, sanidade, biossegurança e um plantel livre do vírus da PRRS e de micoplasma (MYC). Se assim for, podemos não usar antibióticos do nascimento ao abate, o que levará a resultados semelhantes aos já obtidos em uma granja de 1.000 matrizes, correspondentes a uma melhora do ganho médio diário da ordem de 8 g, uma eficiência alimentar de 90g a mais e uma redução de 3,8% na mortalidade.

FARZAN, A.  Em 31 granjas localizadas em Ontário (Canadá), entre os meses de março/2005 e novembro/2007, foram analisadas 359 amostras de fezes de leitões e suínos no crescimento, tendo sido determinada uma prevalência de 36% de Campylobacter sp, 31% de Salmonella sp, 6% de Yersinia enterocolitica, 3% de Escherichia coli e 3% de Listeria monocytogenes. As salmonelas mais comuns isoladas foram as dos sorotipos typhimurium variedade copenhagen, derby,

PYLKA, S.  O S. aureus é parte da flora bacteriana normal de humanos e animais, estando assim presente no meio ambiente de nossas casas, nosso trabalho e nos alimentos. Na Europa e no Canadá tem sido encontradas cepas de S. aureus resistentes à meticilina, não coincidentes com as cepas de resistência da Holanda e EUA.

typhimurium e agona. Do gênero Yersinia, o sorogrupo O:3/biotipo 4 foi o mais isolado no setor de crescimento. O isolamento de salmonelas nas fezes está correlacionado com a presença do Campylobacter. BIERMAN, C.  Trabalhou com 167 porcas de linhagem pura e de diferentes partos, em dois grupos. Um dos grupos foi mantido em gaiolas individuais durante 35 dias, a contar da inseminação; o outro foi transferido para uma instalação de gestação coletiva, com estações eletrônicas de alimentação, tendo sido previamente treinado no sistema entre os dias zero e três da primeira inseminação. Não foram encontradas diferenças significativas na taxa de partos, ainda que considerada a presença de um fator ligado à genética, quanto aos nascidos mortos.

Vírus da PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína) PITKIN, A.  A eliminação do PRRSv em uma granja individual é possível, sendo factíveis as reinfecções. Os sistemas de filtragem (MERV 16) reduzem o risco de transmissão por aerossóis, em condições de campo. Adicionar uma solução de amônia quaternária a 0,8%, mais glutaraldeído a 7%, reduz os riscos de contaminação nos sistemas de refrigeração. CARMICHAEL, B.  O vírus pode replicar-se em fetos a partir do 14° dia de gestação. Porém, a ocorrência de infecção nos primeiros 2/3 da gestação é pouco frequente, já que os vírus isolados atravessam a barreira placentária de modo eficaz somente no terço final da gestação, o que faz com que os leitões possam ser imunocompetentes somente a partir deste momento. Analisando leitões nascidos mortos, através da prova do PCR,

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Revisão Técnica assim como leitões do nascimento ao desmame, foi possível observar uma importante evidência da circulação viral no plantel de reprodução.

detecção de cepas européias e norte americanas do PRRSv, com a técnica RT-LAMP, está no intervalo entre 102 e 104, TCID50/mL.

WADDELL, J.  As práticas de manejo e os fatores de risco que afetam a frequência e a gravidade das infecções causadas pelo PRRSv não estão ainda completamente elucidados. Em um estudo realizado em 76 granjas, de nove Estados (tamanhos das granjas variando entre 600 e 10.000 matrizes) e com três anos de duração, foi revelado que 62% delas teve um ou mais episódios da doença (18,5% das granjas não tiveram nenhum, nos três anos). Os abortos no final da gestação, os nascidos mortos e a mortalidade na fase de lactação foram mais elevados nas granjas com um o mais focos. Concluiu-se que o número de abortos tardios para cada 1.000 porcas é um bom índice para predizer quadros de PRRS.

BATISTA, L.  Em estudo realizado com 53 leitões, de três semanas de idade, demonstrou que a tilmicosina reduz o número de partículas virais em circulação, assim como a gravidade da doença em leitões infectados experimentalmente (mortalidade, ganho médio diário e índice de conversão). Das perdas originadas pelo PRRSv, 45% são devidas à redução no crescimento e na eficiência alimentar e 43% são devidas ao aumento da mortalidade.

THOMAS, P.  A síndrome foi descrita no final dos anos 80, nos EUA, associada à perda de US$ 560 milhões anuais. A vacinação é uma prática de rotina nas áreas de alta densidade. Os vírus RNA apresentam erros comuns na transcrição de seu material nucléico, dando lugar a uma grande heterogeneidade de cepas. As vacinas vivas modificadas estão disponíveis desde meados dos anos 90, sendo que sua utilização controla e reduz a sintomatologia clínica frente a cepas homólogas e heterólogas, mas não previne – em nenhum momento – nem a infecção e nem a excreção viral. As vacinas inativadas podem ajudar a melhorar os parâmetros reprodutivos e reduzir a mortalidade dos leitões lactentes, havendo benefícios na vacinação de porcas durante um quadro agudo de PRRS. A sequência do gen ORF-5 não prediz a eficácia das vacinas. ROVIRA, A.  O limite de Suínos & Cia

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CAMPI, T.W.  Três grupos de leitões, entre quatro e seis semanas de idade (1200) e infectados com o PRRSv e com o M. hyopneumoniae, foram medicados com tilmicosina a 181 ppm durante três semanas, frente a um lote controle negativo. Os grupos tratados obtiveram um melhor ganho médio de peso diário, da ordem de 33% e uma eficiência alimentar 30% melhor. DJON, K.  Foram testados dois protocolos de medicação via ração (um com tiamutina e outro com tilmicosina), em 1.305 leitões desmamados, entre 16 e 21 dias de idade, visando controlar as doenças respiratórias secundárias associadas à circulação do PRRSv. Obteve-se um percentual de animais tratados da ordem de 5,77% e 4,82%, assim como uma mortalidade de 1,87% e 1,37%, nos protocolos da tiamutina e da tilmicosina, respectivamente. Considerando os custos distintos, por leitão, da adição dos referidos antibióticos na ração (US$ 1,89 da tiamutina vs US$ 2,45 da tilmicosina), no final os resultados econômicos foram similares. REDALEN, A.  Um dos

objetivos, nos programas de controle do PRRSv em uma granja de reprodutoras, é desmamar leitões negativos. Para tanto, a interrupção da transmissão vertical é um dos pontos chave. Para conhecer a prevalência, no desmame, necessita-se de uma amostragem de tamanho suficiente para a realização de uma prova de PCR, em forma de pool, com leitões de 14 dias, 18 dias e no momento do desmame (20 a 30 leitões por idade). BATISTA, L.  A aclimatação de fêmeas de reposição é um dos métodos mais comuns e efetivos para o controle da PRRS. Um questionário realizado entre 2005 e 2007 em 114 granjas na região de Québec, com uma media de 309 ± 316 (desvio padrão) porcas por granja, sendo 89% delas em sistema de ciclo completo, revelou que 67% fazia aclimatação, 21% fazia isolamento sem aclimatação e 12% introduzia as marrãs diretamente. As vacinas comerciais eram utilizadas em 32% das granjas, nas fêmeas de reposição. ROSENDAL, T.  Entre setembro de 2004 e agosto de 2007, no laboratório de Guelph - Ontário (Canadá), foram estudados 442 casos positivos para o PRRSv, através de provas de PCR realizadas em 333 granjas. Foram encontrados quadros clínicos distintos, em diferentes granjas, embora as infecções fossem devidas a vírus idênticos. Dois vírus são considerados similares, caso sua sequência em ORF-5 apresente uma homologia de 98%. YESKE, P.  A forma mais eficaz de disseminação do PRRSv é a movimentação de animais; por isto a sugestão do fechamento da granja durante 200 dias, como uma medida efetiva de erradicação. Assim sendo, é imprescindível o conhecimento do fluxo de animais e seus movimentos, para a identificação de novos focos. Ano VI - nº 31/2009


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Museu Dealey Plaza, onde Jonh F. Kennedy foi assassinado.

Foi descrito um foco, em uma granja de 3.200 matrizes, com a cepa 1-18-2, o qual provocou 650 abortos, matou 250 porcas e causou 50% de mortalidade nos leitões, do desmame ao abate. Às vinte semanas após a infecção, a produção voltou ao normal e os leitões desmamados começaram a ser negativos. MURTAUGH, M.  Os avanços na área de biossegurança e a filtragem do ar, combinados com o fechamento da granja, têm demonstrado que o PRRSv pode ser controlado com boas práticas de manejo e a proteção vacinal. O vírus persiste nos suínos por um período de 150 a 180 dias. A imunidade nem sempre protege, no caso de cepas virais agressivas. A detecção precoce da infecção (difícil antes de três dias) facilita as medidas de controle e a pronta recuperação dos mesmos. Os mecanismos imunológicos responsáveis por evitar as re-infecções não são bem conhecidos (não há um incremento dos anticorpos). O efeito da idade do suíno no crescimento viral e sua resposta imune são os mesmos, tanto para as cepas vacinais, como para os vírus de Ano VI - nº 31/2009

campo. As análises comparativas entre os vírus tipo 01 europeus e os tipo 02 norte-americanos, indicam que os segundos são mais virulentos, sendo que sua patologia está mais centralizada em problemas respiratórios, com mais viremia. A idade do suíno tem uma importância variável, tanto no grau de infecção como na eficácia da imunidade. PEICKETT, J. R.  O vírus é detectado em fluidos orais, aos 42 dias de infecção (após centrifugação, decantação e congelamento, para armazenagem).

Vírus PCV-2 / Circovirose Suína (PCVAD) McDOWELL, E. J.  O PCV-2 atravessa a barreira placentária infectando os fetos e provocando abortos – da metade ao final da gestação, aumentando o número de mumificados, nascidos mortos, leitões inviáveis e porcas vazias no momento do parto. As lesões nos fetos são: cardiomiopatia, hepatomegalia, ascite,

miocardite não supurativa e necrotizante, com fibrose e mineralização fetal. Foi descrito um caso clínico, em uma granja de 2.400 matrizes, com uma infecção mista por PCV-2 + parvovírus, que resultou em 3,3% de mumificados durante cinco meses e 7,7% nos dois meses seguintes (31,5% em primíparas e 4,2% em multíparas). Os leitões nascidos totais e vivos, nestes dois períodos, foram de 11,6% e 10,2% vs 9,7% e 5,9%, respectivamente. Foi considerado que a ocorrência simultânea de ambos os vírus gerou um efeito sinérgico, tendo o PCV-2 incrementado a gravidade do quadro da parvovirose suína e causado os abortos, que não são típicos desse tipo de infecção. A imunossupressão ou a infecção subclínica pelo PCV-2 reduziram a eficácia da vacina contra parvovirose. O papel do PCV-2 como co-fator em falhas reprodutivas é desconhecido, necessitando mais atenção e pesquisas. POLJAK, Z.  Desde 2004 a suinocultura canadense vem passando por grandes perdas devido à PCVAD. Em um estudo realizado em 278 granjas, positivas e negativas para a PRRS, foi encontrada uma distribuição espacial positiva do PCV-2, demonstrada através de um módulo de regressão logística. PATTERSON, A.  O vírus emergiu nos EUA em 2005 com a ocorrência de casos severos de PCVAD, os quais apresentavam uma sequência genomica similar à das cepas isoladas na França em 1998 (99,5%). Foi demonstrado então que a cepa já estava nos EUA antes de 2002. Não foram encontradas diferenças entre o PCV-2a e o PCV-2b, nos padrões de excreção nasal, fecal, oral e nem na viremia. OPRIESSNIG, T.  Vacinando porcas SPF (livres de patógenos), estas soro-converteram ao PCV-2 Suínos & Cia

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Revisão Técnica (dois lotes, com Circovac™ e Circoflex™ aos 28 e 93 dias de gestação), tendo sido obtido resultados similares nos suínos de terminação (redução da viremia). Utilizando as vacinas inativadas de uma e duas doses, para leitões (Circoflex™, Circumvent™, Suvaxyn™ PCV-2), entre três e quatro semanas de vida, todos desenvolveram anticorpos do tipo IgG de forma similar, obtendo redução de lesões linfóides e viremia. MADSON, D  O vírus atravessa a barreira placentária e tem tropismo pelo tecido do miocárdio fetal, provocando necrose, inflamação e fibrose no mesmo. A via mais frequente de transmissão é a oro-fecal, podendo haver transmissão por sêmen, de forma intermitente, sendo essa forma mais frequente em cachaços jovens. Inseminando porcas negativas com sêmen positivo, foi observado viremia e soro conversão aos 14 dias. Não obstante, não se observou quadros de aborto nem sinais clínicos de doenças reprodutivas (repetições irregulares, mumificados e leitões inviáveis). PITTMAN, J.  A vacinação frente ao PCV-2 tem grande efetividade no controle da doença,

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tanto em sua forma clínica como subclínica. O uso de uma vacina de duas doses as três e seis semanas de vida, num estudo piloto realizado em 2007 (Circumvent™ PCV) com 450 leitões, determinou a presença de anticorpos mensuráveis pelo teste de ELISA. VILA, T.  Na Europa o primeiro caso descrito foi em 1995 e a primeira vacina inativada foi utilizada, com licença provisória em agosto de 2004 e com licença definitiva a partir de junho de 2007 (Circovac™). Foram conduzidas varias provas. A primeira foi realizada em uma granja dinamarquesa de 1900 fêmeas, as quais apresentavam sinais clínicos a partir de sete semanas de idade (8% de mortalidade e 6% de incidência da chamada “síndrome dermatológica e nefropatica suína” ou PDNS) e onde o problema foi totalmente resolvido. A segunda foi conduzida em uma granja de alta sanidade, localizada na Bretanha francesa, onde havia manifestação clínica do problema nas fêmeas de reposição e nos suínos de crescimento. A terceira deu-se em uma granja localizada na Espanha, com 450 matrizes criadas em regime de ciclo completo, as quais apresentavam elevada mortalidade entre quatro e 13 semanas

(11,2 e 20%) e onde foi restituída a normalidade vacinando-se as porcas três vezes, com três semanas de intervalo e os leitões de porcas não vacinadas, no nascimento. Em outra granja de 180 fêmeas, também na Bretanha francesa, onde a mortalidade entre o desmame e o abate cresceu de 01% para 8,6% foi implantada a vacinação das porcas às seis semanas e às três semanas antes do parto e foram vacinados sete lotes de leitões às três semanas de idade, o que resultou em um incremento de 35 g no ganho médio de peso diário e em uma redução no índice de conversão alimentar, de 2,93 para 2,73. E um quinto estudo, realizado em 34 granjas dinamarquesas (14.510 porcas) e em 277 granjas alemãs (64.062 porcas) antes e depois da vacinação, que demonstrou uma melhora nos resultados reprodutivos correspondente a 1,23 e 1,13 leitões a mais por porca/ano, na Dinamarca e na Alemanha, respectivamente. Dependendo do caso, quando a pressão viral decresce, a vacinação dos leitões pode ser suspensa, continuando-se apenas com a vacinação das porcas. HALEY, C.A.  O PCV-2 é considerado um agente necessário, porém não suficiente, para o desenvolvimento da PCVAD, da síndrome da refugagem pós-desmame suína ou PMWS e da PDNS. Entre julho de 2006 e março de 2007 foram coletadas 6.238 amostras de soro, oriundas de 185 granjas localizadas em 17 Estados, as quais correspondem a 94% da produção norte americana de suínos (www.nass.uscla.gov). Dessas granjas, 34,2% já tinham manifestado a PCVAD nos doze meses anteriores à coleta. As análises foram feitas através de provas de PCR e de um novo tipo de teste de ELISA, desenvolvido na Universidade de Minnesota, o qual demonstra elevada sensibilidade. Os menores índices de prevalência foram encontrados nas granjas menores e em granjas onde não havia ocorrido ainda nenhum episódio de PCVAD Ano VI - nº 31/2009


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Revisão Técnica em leitões desmamados, nos últimos doze meses. WU, S.  Conduziu um ensaio experimental envolvendo a combinação da vacina Suvaxyn™ PCV-2 com a vacina contra micoplasma, para vacinar leitões a partir de três semanas de vida com uma só dose, conseguindo com isso prevenir a viremia (87%) e reduzir a depleção linfóide, além dos sinais clínicos. CONNOR, J.  Provas de eficácia com a vacina Suvaxyn™ PCV-2, nos EUA, UE, Japão e Nova Zelândia, aplicando uma só dose de dois mL a partir de três semanas de idade; demonstrou com isso uma redução significativa na mortalidade e um incremento no ganho médio de peso diário. Conduziu dois ensaios, com 120 e 100 leitões de 20 dias de idade, comparando a Suvaxyn™ PCV-2 com outra vacina de duas doses, obtendo melhora na soroconversão e na prevenção da viremia. VERBECK, J.  A vacinação de 600 leitões desmamados, negativos para a PRRS e sem sintomas clínicos de PCVAD, com uma dose de CircoFlex™ resultou em um peso melhor no 119° dia e em um percentual menor de suínos refugos e sacrificados (1,34% vs 6,69%); não houve diferença na mortalidade e no ganho médio diário, entre zero e os 35 primeiros dias de idade. ROWLAND, R.  A nomenclatura do PCV-2 nos EUA é PCV-2a e PCV-2b, enquanto que na Europa é PCV-2 grupo 2 e PCV-2 grupo 1; no Canadá, 4-2-2 e 3-2-1, respectivamente, estando a principal diferença – em termos moleculares – na ORF2. Estudos experimentais recentes não encontraram diferenças em suas propriedades patogênicas. Da mesma forma, as vacinas baseadas no PCV-2a, Suínos & Cia

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proteína ORF2, dão proteção frente a todos os genótipos do PCV-2. SEGALES, J.  O sistema imunológico é o ponto chave para o controle da infecção pelo PCV-2, tanto subclínica como inaparente. A imunidade inata frente ao PCV-2 aparece a poucas horas da infecção, estando centralizada nas linhagens celulares de monócitos e macrófagos, incluindo as células dendríticas, podendo inibir a capacidade estimulante das células produtoras de interferon alfa. Detectase um incremento significativo de proteínas de fase aguda nos suínos afetados pela PMWS. A imunidade adquirida, tanto de base humoral (AC) como celular (células T), surge entre 14 e 28 dias pós-infecção. Uma alteração nos padrões de expressão das citoquinas é produzida em diferentes tecidos linfóides, mas ainda assim o quebra-cabeça está incompleto e não sabemos de forma precisa as razões pelas quais os suínos infectados pelo PCV-2 desenvolvem a PMWS, ou infecções subclínicas. OPRIENSSNIG, T.  A patogenia do PCV-2 não é bem conhecida. O vírus tem tropismo pelo tecido linfóide e se acumula no citoplasma dos macrófagos. Pouco se conhece sobre as necessidades do vírus in vivo para crescer nos tecidos. O risco do estabelecimento de um quadro clínico de PCVAD e muito superior em suínos coinfectados pelos vírus PCV-2/

PRRS, ou pelo vírus da gripe com o Mycoplasma hyopneumoniae. O PCV-2 e o Parvovirus são altamente prevalentes em suínos com dermatite exudativa. Na Espanha o PCV-2 é detectado em 97% dos suínos afetados pela PMWS. O M. hyopneumoniae potencializa o grau de severidade do PCV-2, em associação as lesões pulmonares e linfóides, incrementando tanto a presença do antígeno viral como a incidência da PMWS. A cronologia das coinfecções e muito importante para o conhecimento da patogenia do PCV-2. HESSE, R.  Os benefícios do uso de vacinas contra a PCVAD estão concentrados na redução da mortalidade, na melhora do ganho médio de peso diário e no menor tempo de permanência no setor de crescimento, com uma menor quantidade de refugos. As vacinas são diferentes em seu modo de estimular a produção de anticorpos, com relação aos adjuvantes utilizados e no que diz respeito à interação com a imunidade materAno VI - nº 31/2009


Revisão Técnica na. Não é possível, ainda, diferenciar os suínos infectados dos vacinados (análise DIVA). Nem todas as vacinas disponíveis induzem uma produção de anticorpos detectável pelo método de IFA (a partir de 640 os títulos são considerados protetores). Devemos vacinar os suínos contra o PCV-2 antes que os mesmos sejam infectados pelo vírus da PRRS. MAIN, R.  As causas principais de falhas vacinais contra o PCV-2 são: 1 - Erros no diagnóstico laboratorial, não havendo coincidência da sintomatologia clínica com o diagnóstico. 2 - Determinar se a referida falha e um caso isolado ou e repetitivo entre lotes de suínos e/ou granjas, segundo o fluxo de animais. 3 - Falta de informação dos responsáveis sobre a importância da aplicação correta da vacina. 4 - Anotações escassas, em tempo real, relativas aos dados de mortalidade semana a semana, os quais nos permitiriam compará-la. 5 - Falta de comunicação aberta e espírito cooperativo entre o encarregado da granja, o responsável técnico e o responsável pelo laboratório de referência.

VÍRUS DA GRIPE GRAMER, M.  Nos suínos circulam três vírus da gripe, em nível mundial, ou seja, os vírus H1N1, H3N2 e H1N2, os quais causam um tipo de doença respiratória aguda com elevada morbidade e baixa mortalidade, além de provocar febre alta, letargia, descarga nasal, tosse, dispnéia e perda de peso. Em 1º de maio de 2007 o Laboratório de Diagnóstico da Universidade de Minnesota determinou, através da prova de PCR, em 422 subtipos analisados, que 338 eram H1N1, 78 eram H3N2 e apenas cinco Ano VI - nº 31/2009

eram H1N2. Essas diferentes cepas vêm interagindo e mudando – genética e antigenicamente – nestes últimos anos, por isso o seu controle continua sendo difícil e dinâmico; persistem os surtos de gripe, tanto em suínos não vacinados como vacinados, apesar da vacina – quando utilizada – promover a redução da excreção viral, a transmissão e os sinais clínicos da doença. As novas técnicas de M RTPCR, a partir de swabs nasais e tecido pulmonar são muito sensíveis.

Distrito Financeiro de Dallas

HENRY, S.  Foram diagnosticados muitos focos do vírus da gripe – tanto em leitões como na engorda – durante o ano de 2007, com complicações respiratórias bacterianas. A vida média dos anticorpos maternais é de 12 dias, podendo um animal permanecer soropositivo durante três a quatro meses. KORSLUNO, J.  A epidemiologia do vírus da gripe é complexa, sendo o seu diagnóstico complicado e custoso. Entre dezembro de 2005 e janeiro de 2008 nove pessoas haviam sido infectadas com o vírus de gripe suína nos EUA, sete das quais tiveram contato com suínos. A transmissão entre pessoas ainda não havia sido determinada, até aquele momento.

Mycoplasma hyopneumoniae BANDRICK,

M.

Os

anticorpos específicos contra o M. hyopneumoniae são encontrados nos leitões a partir de 14 a 21 dias de idade (nascidos de mães vacinadas) e não interferem com a resposta imunitária de base celular. PIETERS, M.  As imunoglobulinas e as células imunitárias são transferidas da mãe aos leitões via colostro. A ingestão de colostro não previne a infecção, ainda que os leitões nascidos de fêmeas de reposição vacinadas excretem uma menor quantidade de micoplasma. A detecção da bactéria na cavidade nasal e brônquios não tem relação com as lesões pulmonares. OKAMBA, F.R.  A aderência do micoplasma nas células epiteliais do trato respiratório, mais exatamente de sua proteína P97, é crucial na patogenia da infecção. Foi demonstrada a eficácia da vacina Suínos & Cia

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Revisão Técnica Suvaxyn™ MH.One na redução de lesões, através da indução de imunidade, tanto humoral como celular. KAYSERT, T.  Em leitões negativos frente ao M. hyopneumoniae, vacinados no 1° dia de vida e infectados as duas semanas, a vacina demonstrou ser eficaz, prevenindo a colonização com menor concentração da bactéria nos fluídos bronco alveolares, confirmado através de swabs bronquiais as quatro semanas pós infecção. EICHMEYER, M.  O uso conjunto da vacina Ingelvac™ MycoFlex +PCV-2 as três semanas de idade reduz o índice de consolidação pulmonar, a inflamação e a depleção linfóide, comparativamente ao uso exclusivo de uma vacina monovalente, contra o M. hyopneumoniae. KAISSER, T.  Os sorotipos quatro e cinco do H. parasuis são os de maior prevalência entre os 15 conhecidos nos EUA, Alemanha, Japão, Espanha, Canadá e China. Na Austrália e na Dinamarca, são o 4 e o 13. Leitões entre uma e três semanas de idade foram vacinados experimentalmente, com a vacina polivalente Micoplasma + H. parasuis, tendo os mesmos sido infectados as cinco semanas de vida. Esse ensaio comprovou uma redução na mortalidade, sinais clínicos e lesões, nos suínos vacinados.

lecular. A codificação da lipoproteína P146 (Laboratório de Diagnóstico da Universidade de Minnesota) tem um papel essencial em sua adesão, servindo para identificar as cepas de M. hyopneumoniae específicas de cada granja. STRAIT, E.  O isolamento primário a partir de cultivos, requer de 4 a 8 semanas. Entre os diferentes testes de ELISA disponíveis (Tween-20, HerdChek™ Mhyop IDEXX, IDEIA™ Mhyop EIA Kit DAKO) a sensibilidade é diferente. As técnicas de fluorescência requerem tecidos congelados. As diferentes técnicas de PCR (duas em tempo real) também têm diferente poder de discriminação entre os isolamentos. As amostras tomadas do fluído de lavado brônquio alveolar e tráqueo-bronquial são as que melhor predizem a infecção. Assim, o teste perfeito frente ao M. hyopneumoniae ainda está por chegar, sendo preciso maiores conhecimentos sobre sua variabilidade genética e antigênica, assim como a relação imunopatológica entre a bactéria e o hospedeiro.

Haemophilus parasuis HENRY, S.  Dessa bactéria se conhece 20 sorotipos, sendo

a mesma isolada de forma comum, na cavidade nasal de suínos sadios. A vulnerabilidade dos animais não imunizados e infectados manifesta-se rapidamente através de febre, depressão, cianose das extremidades, edema corporal, tremores, incoordenação, meningite, sinosite, peritonite, pleurite e pericardite, com abundancia de fibrina. Atualmente, nas granjas, a imunidade maternal é pouco consistente, complicando-se com a distribuição de partos e a presença de multisorotipos endêmicos. A terapia, depois da aparição dos sinais clínicos é pouco eficaz (os derivados da penicilina são os que mais funcionam), daí a metafilaxia e a vacinação serem as práticas mais indicadas e efetivas. As novas técnicas de diagnóstico de ERIC-PCR nas tonsilas e na cavidade nasal são as mais específicas. OLIVEIRA, S.  Tem sido descritos casos em granjas com elevada mortalidade devida ao. H. parasuis e ao Streptococcus suis, quando se utiliza tratamentos massais com antibióticos para eliminar o A. pleuropneumoniae e o A. suis. O Haemophilus parasuis é mais sensível às variações de temperatura que os dois anteriores. A vacinação é uma prática importante na sua prevenção

TORREMORELL, M.  O M. hyopneumoniae tem um papel prioritário no Complexo Respiratório Suíno, sendo um dos menores microrganismos que vivem em seu organismo e difíceis de serem cultivados in vitro. Tem sido documentada a ocorrência de uma variedade de cepas, tanto em nível clínico como moSuínos & Cia

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Revisão Técnica e controle. A resposta ligada ao sexo é específica frente a cada sorotipo.

Actinobacillus pleuropneumoniae BAUM, D.  As técnicas de erradicação frente ao Actinobacillus pleuropneumoniae (APP) passam por medidas estritas de biossegurança e de controle do plantel de reposição, assim como pelo fechamento das granjas, se necessário, e pelos programas terapêuticos via ração e injetáveis com tilmicosina e ceftiofur sódico, respectivamente. ROTTO, H.  É muito importante determinar qual teste será utilizado no diagnóstico dos programas de eliminação do agente. Foi proposto um plano de eliminação de APP através da medicação de reprodutoras e leitões com Pulmotil™ a 181 g/ton (363 g/ton durante três semanas) e da injeção dos leitões com Naxcel™ no nascimento, Draxxin™ aos cinco dias de idade e Nuflor™ no desmame.

Actinobacillus suis CLAVIJO, M.  Esta bactéria é um patógeno emergente cujo isolamento tem se incrementado nos últimos três anos, no MVDL (Minnesota Veterinary Diagnostic Laboratory – PCR gel based 16S RNA). Um novo teste de PCR em tempo real, a partir de material coletado das tonsilas tem se demonstrado mais sensível (3,5x10¹ UFC/mL). Em animais medicados dificilmente se encontra a bactéria. CARREON, R.  O A. suis tem apenas uma cepa prevalente nos EUA, sendo fácil a sua clonagem. Os genes das toxinas ApxI e ApxII são detectados em todos os isolados. Não existem vacinas comerciais. MILLER, S. P.  A referida bactéria pode causar mortes súbitas Suínos & Cia

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em suínos de crescimento. Ela é sensível à tulatromicina, ceftiofur sódico e tilmicosina. Injetando-se porcas e leitões com tulatromicina e medicando as porcas com tilmicosina, reduz-se a prevalência no desmame, de 26,92% a 4,49%. A prevalência nos leitões não é dependente do ciclo reprodutivo da porca. O teste de PCR é mais sensível que os cultivos bacterianos de tonsilas e swabs vaginais.

Lawsonia intracellularis LASLEY, P.  Os suínos soroconvertem entre oito e 16 semanas de idade, aproximadamente às duas semanas de infecção, incrementando o custo de produção e o tempo de permanência no setor de crescimento. Um estudo realizado em 1920 suínos, de 64 terminações localizadas no oeste do Estado de Iowa, mostrou um incremento na soroconversão, entre 12 e 21 semanas de idade, não havendo nenhum efeito correlacionado com o tipo de piso local, mas sim uma maior incidência em suínos procedentes de sistemas de produção em três fases, frente aos oriundos do sistema desmame-crescimento. PROBST, S.  Foram vacinados por volta de 500 leitões de uma

granja (500, no desmame), a cada duas semanas, com um quadro de diarréia em mais de 50% dos mesmos, o que implicava em um custo terapêutico nas semanas seguintes de sua entrada no setor de crescimento, da ordem de US$ 1,30/suíno. Houve então uma redução na incidência das diarréias, do número de suínos atrasados e da mortalidade, somado a um aumento do ganho médio diário, o que levou a uma taxa de retorno ao investimento de 2,94/1. MOORE, S.  O uso de tartarato de tilosina na água de bebida (Tylan™ solúvel) em um quadro de adenomatose intestinal suína (PIA), deu lugar a uma melhora no ganho médio diário e a uma redução no número de lesões, não havendo diferença na taxa de mortalidade. SHIPP, T.  Foi realizado um ensaio com 494 leitões PIA (adenomatose intestinal suína) positivos, sendo dois tratamentos via ração: 1. com tilosina a 100 ppm, em leitões entre 25 e 45 kg e com tilosina a 40 ppm, em suínos de 45 a 80 kg de peso vivo; 2. com tiamutina + clortetraciclina a 35 e 400 ppm, respectivamente, durante as duas semanas após a enAno VI - nº 31/2009


Revisão Técnica trada na crescimento e entre 70 e 80 kg de peso vivo. Houve similaridade nos dados produtivos e econômicos.

SALMONELA HAMMER, J.M.  75% das salmonelas identificadas no Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Iowa State University foram do tipo S. chorerasuis, sendo as mesmas responsáveis pela ocorrência de pneumonias, enterites e abscessos hepáticos. Está em teste uma vacina de apresentações oral e intranasal, para leitões com menos de 12 horas de vida, os quais – em comparação a leitões não vacinados – apresentaram uma taxa menor, relativa à incidência de doenças (4,5 vs 25,4). LUBRICK, C.  O uso de testes para diagnósticos que tenham elevada sensibilidade e possam sorotipar as salmonelas, nos permitirão desenvolver estratégias para o controle da doença. A vacinação reduz a excreção bacteriana, assim como os sinais clínicos da doença, melhorando os parâmetros produtivos. As lesões mais comuns são a colite necrótica com conteúdo aquoso e a hipertrofia dos gânglios mesentéricos. Os tratamentos com neomicina têm se mostrado eficazes.

CLOSTRÍDIOS CHANG LIN, B.  C. difficile é uma bactéria esporulada anaeróbica

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e Gram postiva, habitante natural do solo, água e trato intestinal. Conhecida desde o ano 2000 como a principal causadora de diarréias neonatais, além de provocar enterites, distensão abdominal, diarréia, ascite, hidrotórax e edema no mesocólon. Existem diferentes cepas, com patogenia variável, sendo as toxigênicas TcdA, TcdB e suas citotoxinas, as mais problemáticas. A toxina A causa maior acúmulo de líquidos no intestino, enquanto a toxina B produz dano tissular (efeito citopático). Mediante um teste de PCR específico é possível detectar ambos os genes das toxinas A e B. THAKUR, S.  Em 83 casos de infecção intestinal, na Carolina do Norte, foi isolado o C. difficile, sem demonstrar nenhuma resistência à ampicilina, ao metronidazol e à vancomicina. Desses casos, 29 vieram de granjas de suínos e 33 de casos clínicos e humanos. LEHE, C.  Granjas com ocorrência de sinais clínicos de enterite, associada ao C. perfringens do tipo A, manifestaram de 2% a 5% de mortalidade na fase de lactação. A tilosina, administrada no final da gestação e no início da lactação, demonstrou efeitos positivos. O uso de vacinas autógenas, associado a um excelente controle sanitário, são essenciais para evitar problema (Virkon™ S, com

posterior secagem rigorosa da sala de partos, antes da entrada das porcas). SCHWARTZ, K.  Uma grande variedade de exotoxinas pode ser produzida pelos clostrídios, as quais atuam como mediadoras primárias do dano causado nos tecidos. A poucas horas do nascimento o trato gastrintestinal é colonizado por clostrídios, lactobacilos, coliformes e estreptococos de origem fecal. No ambiente, a nutrição e a adaptação da bactéria são os fatores de risco que expressam sua virulência. Em leitões lactentes encontramos três quadros bem definidos de infecções causadas por clostridios: 1. C. perfringens do tipo C, com necrose hemorrágica aguda no intestino delgado (jejuno e íleo) de leitões de zero a cinco dias de idade, causada por uma toxina beta; 2. C. perfringens do tipo A, envolvendo a toxina CptA, que estimula um excesso de secreção e causa a inflamação das vilosidades, com a ocorrência de fezes pastosas a 48 horas após o nascimento, resultando em grave atraso no crescimento durante cinco dias. 3. C. difficile, com a toxina V produzindo lesões inflamatórias no colon, causando diarréia pastosa entre um e sete dias de idade, com mortes súbitas e edema escrotal. É mais frequente em primíparas e no outono.

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Revisão Técnica Erysipelotrix rhusiopathiae BERDER, J.  Esta bactéria continua afetando os suínos em nível mundial, desde 1978, ainda que sua incidência seja maior nas criações extensivas. Estima-se que entre 30% e 50% dos suínos sadios, subclinicamente infectados, eliminem a referida bactéria através da urina, fezes, saliva e secreções nasais. Estes suínos podem manifestar quadros agudos, com morte súbita; subagudos, com lesões características na pele; ou crônicos, com artrite e miocardite. A Erisipelothrix sp é onipresente no meio ambiente, podendo ser isolada do solo e das fezes. Os sorotipos mais frequentemente isolados são o 1 em quadros agudos e o 2 em lesões crônicas. No verão de 2001 houve um ressurgimento de casos nos EUA, sendo 79,6% dos mesmos correspondentes ao sorotipo 1a. Embora não tenham sido isolados novos sorotipos, é preciso reavaliar a eficácia das vacinas contra a erisipela disponíveis no mercado.

NUTRIÇÃO GREINER, L.  Realizou um ensaio em uma granja de 6.400 matrizes, adicionando 10% de milho DDGS (“distiller’s dried grain with soluble”, um subproduto de destilarias de etanol, à base de milho) na dieta de porcas em gestação e níveis variáveis (0, 10, 20 e 30%) na ração de lactação, demonstrando não haver nenhum efeito negativo sobre o consumo das rações, tampouco sobre os parâmetros produtivos da porca e suas leitegadas.

lactobacilos), reduzindo o tempo de excreção fecal da Escherichia coli. HANSON, J.  O fornecimento do microrganismo Bacillus subtilis PB6 a 306 porcas e suas respectivas leitegadas, um mês antes do parto e durante os 21 dias de lactação, através da técnica do top-dress, resultou em um acréscimo no peso das porcas e dos leitões, no desmame. O mecanismo de ação do B. subtilis concentra-se na exclusão competitiva de bactérias patogênicas como o Clostridium perfringens e o C. difficile. THEIS, K.  O uso de probióticos, como enterococos e lactobacilos, na ração das porcas quinze dias antes do parto e durante o período de lactação, resulta em um acréscimo no peso dos leitões, aos 8, 15 e 21 dias de idade, melhorando a imunidade e a saúde digestiva dos mesmos, com um beneficio econômico estimado em US$ 1,49/leitão. MAIJÓ, M.  Dietas suplementadas com proteína de plasma, em ratos, reduzem o efeito dos lipo polissacarídeos na ativação dos monócitos (modelo de inflamação pulmonar).

DI PIETRE, D.  Supõe-se que a alimentação, em granjas norteamericanas, corresponda a 60% do custo total de produção de uma unidade de ciclo completo. O USDA estima que o preço médio do milho, em 2009, oscilará entre US$ 3,55 e US$ 4,25/bushel e o da soja 44, entre US$ 250,00 e US$ 310,00/ton. Entre 01/01/2005 e 31/12/2008 a média de preço do milho foi de US$ 3,25/bushel (US$ 1,56 a 5,82 a 7,38) e o da farinha de soja 44, de US$ 229,34/ ton (US$ 148,7 a 310,80 a 459,90). Considera-se que os EUA e o mundo se movem na direção de um novo e maior equilíbrio, com relação ao preço dos commodities. Durante essa transição teremos uma variação de preços relativamente estável, com maiores volatilidades que o normal em algumas ocasiões. O coeficiente de variação no período 2005-2009 foi estimado em 0,43 para o milho e 0,31 para a farinha de soja. Fazendo-se uma simulação de custos para esse ano de 2009, estima-se o valor de US$ 0,68/ kg carcaça, com um desvio padrão de US$ 0,11 (a distribuição não é simétrica), considerando uma granja de ciclo completo. Espera-se que 90% dos custos diários estejam entre US$ 0,51 e US$ 0,85/kg de carcaça.

HINSON, B.  As dextrinas têm um efeito prebiótico sobre a flora do colon (carboidratos não digeríveis, nem no estomago, nem no intestino delgado). Serve de alimento para as bactérias benéficas (bifidobactérias e Suínos & Cia

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Revisão Técnica MANEJO E REPRODUÇÃO DILLON, S.  Analisou a mortalidade em reprodutoras durante dois anos, em uma granja de 2500 matrizes localizada na Carolina do Norte, obtendo o índice médio de 16%, com uma variação de 9 a 33%, As causas mais frequentes foram o estresse térmico, as complicações reprodutivas e os transtornos locomotores.

mento, o preço das rações e o índice de conversão. Em conjunto com essas variáveis é preciso, ainda, levar em conta tanto a genética quanto a sanidade dos nossos animais, assim como os gastos fixos por suíno (medicações preventivas, transporte, etc.).

NORRIS, J.  A limpeza e a desinfecção local são medidas críticas na prevenção das doenças. O uso de produtos secantes, aplicados 24 horas após a desinfecção, é efetivo na redução da pressão bacteriana por Staphylococcus sp no piso.

KANE, E. M.  Não observou interações significativas entre o tipo de dieta e o tempo de vacinação, em 400 leitões desmamados aos 21 dias de idade. O tipo de dieta influencia o ganho médio diário e o peso dos leitões, durante os seus primeiros oito dias de vida. A vacinação realizada no oitavo dia pós-desmame influi menos no ganho médio diário, do que quando feita no dia zero.

BENTI, A.  Em tempos de volatilidade de preços de ração e suínos, recorda-se a importância de pensar sobre o peso e o período ideais para o abate, examinando-se a margem sobre o custo variável de cada um dos embarques. Assim, para determinar o peso ótimo para o abate, deve-se conhecer o incremento de custos por intervalo de pesos e a margem. Para tanto é importante levar em conta, sobretudo, o tamanho dos lotes, o percentual de carne magra, o rendi-

NYSTROM, A.  Os dados de mortalidade na fase de lactação durante o ano de 2008, no sistema PigChamp norte-americano, foram de 12,66% de média, com 17,60% (10% dos piores) e 7,78% (10% dos melhores). Analisando o referido parâmetro entre junho e agosto, em uma granja de 6000 fêmeas localizada no sudoeste de Minnesota, observou-se que o número de partos não teve nenhum efeito, considerando 90% das baias incluídas em cinco categorias

consideradas: esmagados, desidratados, baixa viabilidade, injuriados e castração. Essas categorias foram levadas em conta nos primeiros seis dias de idade, havendo uma concentração de 75% das mesmas nos três primeiros dias. Daí se deduz que todas as práticas de manejo que enfoquem a atenção aos partos e cuidados com as mães e seus leitões, nos três a quatro dias posteriores ao parto, serão muito rentáveis. O percentual de machos castrados mortos é superior ao de marrãs. CASEY, D.  A melhora do ganho médio diário aumenta a estrutura dos tecidos, mas o incremento de carne magra tende a reduzir a qualidade da carne como um todo. O índice de robustez-rusticidade reflete a habilidade do suíno para viver em situações de mudança constante, como também permite que ele tenha bons índices produtivos, na mesma situação. Dos 140 marcadores genéticos estudados, 118 estão relacionados com a rusticidade, sendo factível a seleção simultânea para robustez e índices produtivos (nascidos totais, natimortos, etc.). WEJJERS, G.  Está provada a relação entre o percentual de porcas com boa condição corporal e o número de leitões desmamados. Ela pode ser implementada de forma mais eficaz com sistemas eletrônicos de alimentação, do que com pessoas, de forma manual (mais para granjas grandes, com problemas de pessoal). CARLSON, C.  A osteocondrose é a causa mais comum de doença degenerativa nas articulações, afetando o fêmur e o úmero distal. Foram estudadas as cartilagens articulares de 63 porcas com mais de 13 nascidos vivos por parto, entre zero e sete partos, revelando que 42,8% delas têm lesões, apesar de nenhuma delas mostrar sinais clínicos visíveis

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Revisão Técnica injeções em porcas é atrás da orelha, embora 67% das injeções de hormônios seja realizada na vulva. Também todo tipo de injeções em leitões lactentes, desmamados e suínos em crescimento é feito na região da nuca. Quanto aos sistemas de injeção sem agulha, supõe-se que 7% deles sejam destinados a leitões lactentes, 11% a leitões desmamados, 9% a suínos de crescimento e 25% a reprodutoras e cachaços. LAMBERT, M. E.  Um bom sistema de biossegurança em granjas é absolutamente essencial, para a proteção do status sanitário das mesmas. de transtornos locomotores (claudicação). SONDERMAN, J.  Uma renovação adequada é essencial para manter a produtividade constante em uma granja. Os transtornos reprodutivos e locomotores são as primeiras causas de sacrifício de fêmeas de reposição. O intervalo de perdas por transtornos locomotores, nos EUA, varia entre 9% e 27% (NAHMS – 15,2% de media). A causa principal de transtornos locomotores são as claudicações, sendo importante dispor de um método prático para a sua avaliação. Em uma avaliação realizada por quatro estudantes, em duas granjas de 5000 reprodutoras Danbred™, numa escala de quatro pontos relativos a transtornos locomotores foi determinado que 84,6% e 73,6% das fêmeas de ambas as granjas não tinham nenhum problema e que menos de 4% das mesmas revelaram sérios problemas de aprumo (níveis 2 e 3). CLARK, J.  Realizou uma prova em uma granja de 2400 porcas, com histórico de Pasteurella multocida, medicando a ração das porcas com 181 ppm de tilmicosina e 400 ppm de clortetraciclina. Suínos & Cia

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Percebeu uma menor mortalidade na fase de lactação (8,73 vs 10,11%), não havendo diferenças no peso dos leitões, nem no intervalo desmame/ cio. FEASTER, C.  As porcas socialmente dominantes comem primeiro, em grupos de gestantes alojadas em estações eletrônicas. O manejo do lote e o desenho das baias contribuem para o bem estar do grupo, sendo interessante destacar como – em grupos suficientemente grandes – na ausência de competição pelo alimento, o estresse associado à ordem social é abolido. Os principais fatores que medem o grau de bem estar baseiam-se em injurias físicas (mordedura de vulva, lesões na pele, mordeduras de rabo e orelhas), problemas locomotores e na relação neutrófilos/ linfócitos. SCHILLING, E.  Relatou que a prevalência de hérnias umbilicais em leitões nascidos em granjas comerciais varia de 0,4 a 1,2%, dependendo da genética e do sexo, com média de 0,95% (0,68 a 1,21%). SCHLOESSER, C.  O local mais comum para a aplicação de

GREINER, L.  Foram pesados individualmente 970, 600 e 10.182 leitões desmamados aos 18, 21 e 19 dias de idade, respectivamente, com uma variação de 2, 1,5 e 2,5 dias. A variação dos pesos teve um desvio padrão de 1, 11 e 1,32 kg, sendo incrementada quando se aumentava a média de peso no desmame. MELLENCAMP, M.  Um esquema sanitário deficiente no setor de creche reduz os resultados produtivos no crescimento, aumentando a variação e os dias para se atingir o peso de abate. Cada meio quilo ganho na creche implica em 1,0 a 1,75 kg a mais na engorda. HOLLIS, W.  O desenvolvimento das futuras reprodutoras enquadra-se em quatro fases, cronologicamente falando: 1. Desenvolvimento fetal: é crucial, em longo prazo, na estabilidade sanitária da porca. As populações sadias com baixa exposição apresentam um elevado risco ao serem introduzidas em novas populações, se expostas a outros agentes infecciosos, o que pode interferir no controle do processo de imunização. 2. Desenvolvimento na creche: Ano VI - nº 31/2009


Revisão Técnica a condição corporal e o número de tetas devem ser verificados no momento do desmame. Nesta fase recomendase, por uma questão sanitária, uma exposição precoce a agentes como o Streptococcus suis e o Haemophilus parasuis, assim como o circovírus, o Mycoplasma hyopneumoniae, a Lawsonia intracellularis e o Erysipelothrix sp. É fundamental, neste ponto, realizar vazios sanitários estritos. 3. Desenvolvimento no setor de crescimento: período compreendido entre oito e 20 semanas de idade, onde o espaço por porca é essencial e o ganho médio diário deve estar dentro dos padrões genéticos. Nessa fase a sanidade máxima é prioritária e todo problema locomotor ou de doença infecciosa devem contemplar o descarte imediato da marrã como futura reprodutora. 4. Seleção no primeiro ciclo reprodutivo (puberdade): iniciar a exposição aos cachaços a partir dos 160/170 dias de idade (um macho/10 fêmeas), durante 10 a 15 minutos por dia. Prover um espaço de dois m² por fêmea. Na sequência, deve-se misturar todas as porcas que não tenham entrado em cio após 14 dias da exposição aos cachaços. Todos e cada um dos episódios de cio devem ser anotados. As fêmeas que após um mês do contato com os cachaços não tenham ainda entrado em cio, deverão ser injetadas com gonadotropinas; as que mesmo assim não ciclarem, deverão ser eliminadas. Com todos esses procedimentos, o objetivo é inseminar 75% das fêmeas no terceiro cio. Além disso, antes da primeira inseminação, é desejável o estabelecimento de um manejo sanitário adequado e de um bom plano de reforço de imunidade (baseados no estado sanitário, tanto da granja de origem como da de destino). O momento da primeira inseminação e da introdução das fêmeas na gestação são críticos, devenAno VI - nº 31/2009

do haver um cuidado especial com o nível de consumo de ração e o com o desenvolvimento corporal. “Animals that start well, finish well“. SPORKE, J.  O objetivo de produção por porca, ao longo de sua vida produtiva, é desmamar pelo menos 55 leitões (atualmente se relata entre 30 e 40). A renovação das porcas tem implicações produtivas, de bem estar e econômicas (mais de 80% das fêmeas deveriam chegar ao terceiro parto). A longevidade das porcas tem um impacto na distribuição dos partos, de tal forma que aumentando a longevidade da granja tem uma introdução mais equilibrada de nulíparas e um valor médio de fluxo de animais na granja mais elevado. O objetivo ótimo, nesse sentido, seria ter acima de 52% das porcas entre o 3º e o 6º parto. As principais razões que agravam esta renovação são as porcas com problemas reprodutivos e locomotores, assim como as porcas que morrem. Assim, a implementação de um programa de manejo de nulíparas adequado, uma melhora na detecção dos cios e do momento de inseminação, um bom manejo da condição corporal, com um programa de nutrição para porcas jovens (nulíparas e primíparas) são a chave para aumentar o porcentual de porcas retidas na granja (NPV – valor presente positivo). O preço médio de uma fêmea de reposição, nos EUA, é de US$ 200,00. GILLESPIE, T.  Em 60.000 reprodutoras foi constatada uma mortalidade média de 11,3% no setor de lactação, sendo a melhor granja com 7,5% e com uma média de nascidos vivos de 12,5. Os fatores que incidem na melhoria do referido parâmetro baseiam-se na otimização das instalações das salas de parto, no programa de manejo de adoções e transferências para porcas nutrizes (estender o período de lactação para os leitões refugo), na nutrição das porcas gestantes

para reduzir o número de leitões com baixo peso (17% dos < 1,0 kg morrem nas primeiras 24 horas), no manejo da alimentação próximo do parto, nas boas condições ambientais em celas parideiras (escamoteadores, produtos secantes) e na preparação do pessoal de granja. Além disso, é importante atentar para o uso adequado – com relação ao tempo, dose e frequência – de hormônios para sincronizar e acelerar o parto, evitando usá-los em primíparas. DRITZ, S.  A produtividade tem sido incrementada tanto pelo número de leitões por leitegada, como pelo número de leitegadas por porca por ano. As granjas cresceram em tamanho e a idade do desmame foi reduzida. Nos últimos anos tem se incrementado a prolificidade e, apesar da mortalidade na lactação vir aumentando levemente, a produtividade por porca vem crescendo. Entre 1997 e 2006 a mortalidade das porcas foi superior a 8%, chegando aos 11,9% e reduzindo-se a 7,2% no ano de 2007. A produtividade é a chave para a redução de custos, como por exemplo, o da alimentação (2007: 1831 kg e 2009: 1936 kg vendidos por porca por ano). EISENMENGER, M.  Para poder atingir 1% de mortalidade na fase de creche, considera-se essencial os seguintes pontos: - Desmamar pelo menos com 21 dias de idade e com mais de seis kg de peso vivo; - Variação de idade não superior a três a sete dias e a maior uniformidade possível; - Não mais que dois desmames consecutivos na mesma sala; - Uma só origem de leitões por granja; - Os mais saudáveis possível (é importante a implantação de um plano de vacinações para fêmeas e Suínos & Cia

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Revisão Técnica leitões); - Sala com vazio sanitário estrito e enxuta com a temperatura adequada; - Disponibilidade de água suficiente e de qualidade (volume e pressão); - Que os leitões comam o mais rápido possível, desde a sua chegada; - Controle ambiental estrito, sobretudo na primeira semana; - Superfície por leitão adequada (cinco leitões por m²); - Tratar precocemente qualquer leitão com sinais clínicos de infecção; - Medidas estritas de biossegurança; - Vigilância estrita do pessoal sobre toda ocorrência, na primeira semana. DONOVAN, T.  Deve-se obter, no abate, o valor total dos suínos. Para que isso ocorra, a comunicação e o bom conhecimento de todos os membros da equipe são prioritários. Não se deve subestimar nenhum membro da mesma. O treinamento e a formação continuada são básicos. A identificação e o tratamento precoce de animais doentes e atrasados, assim como um protocolo de sacrifício seletivo, são requeridos. Além disso, para se obter o maior porcentual de suínos com valor total, é necessário levar em conta os seguintes pontos: - Reduzir o estresse ambiental; - Ter um programa de medicina preventiva já preparado; - Ter uma estratégia adequada para as fêmeas de reposição (uma só origem, com sanidade adequada, com área de adaptação e quarentena); - Preestabelecer um programa de controle sanitário laboratorial, com o intuito de conhecer as mudanças no estado sanitário do plantel ao longo do tempo; - Planejar a nutrição adaptando-a as Suínos & Cia

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idades/pesos das porcas, desde sua entrada no setor de crescimento; - Programar a manutenção diária do sistema de alimentação (comedouros, bebedouros); - Conhecer o peso ideal para o abate, segundo as necessidades do abatedouro e a sua matriz de custos; - Selecionar a genética que melhor se Mural de Entrada da Universidade de Dallas - Texas. adapte às suas condições de granjas e dos matadouros. As maiores produção e demanda do mercado; baixas se dão nos meses de verão. A - Analisar todos e cada um dos dados formação de mão-de-obra específica com o intuito de disponibilizar (manipuladores e caminhoneiros), a sua própria base de dados, a preparação para a carga (agrupá-los qual deverá ser alimentada em área especial, em pré-carga, com sistematicamente. jejum de 16 a 24 horas) e a minimização do estresse no transporte são RITTER, M.  As perdas no pontos chave para reduzir essa mortransporte representam perdas finan- talidade. ceiras diretas, tanto para o produtor como para o matadouro. Nos EUA DI PIETRE, D.  Devemos elas são estimadas entre 50 e 100 assumir que cada suíno tenha um milhões de dólares anuais, além de único ganho médio diário e um únirepercutirem tanto do ponto de vista legal, quanto do bem estar animal. co índice de conversão. Para obter Elas incluem os suínos mortos duran- um crescimento médio otimizado até te a viagem, os que morrem no mo- o abate, que nos proporcione um ótimento da descarga e nos currais, já no mo percentual de margem de retorno, abatedouro, assim como os que não é essencial que sejam dispostos em chegam à linha de abate (fatigados, um espaço adequado durante todas as injuriados). A taxa de suínos mortos épocas do ano. Isso facilita a formano abatedouro tem se mantido cons- ção de lotes mais homogêneos, com tante desde 2002 (0,21%) até 2007 base no seu peso dentro de cada fluxo (0,22%). Houve um pico entre 1998 semanal. Assim, a estimativa de uma e 2001, com 0,28% a 0,30%. Entre curva de crescimento nos ajudará a 1993 e 1998 passou de 0,10% para obter uma distribuição de pesos ade0,30% possivelmente devido a mu- quada (não simétrica). Reduzir a vadanças na genética, aumento do peso riação de pesos nos permite reduzir o de abate e aumento no tamanho das custo de produção. Ano VI - nº 31/2009



Sumários de Pesquisa Avaliação da repetibilidade de porcas cobertas 4-6 dias após o desmame Aproximadamente 80% das porcas são cobertas entre 0-6 dias pós-desmame. Essas porcas com intervalo desmame - primeira cobertura (IDCOb) entre 0-6 dias apresentam uma maior taxa de parição e produzem mais leitões nascidos vivos do que fêmeas com IDCOb entre 7-12 dias. Entretanto, porcas com IDCOb entre 0-3 dias apresentaram maior probabilidade de ter uma menor taxa de parição do que aquelas com IDCOb de 5 dias. Poucos estudos separadamente analisaram o desempenho reprodutivo em porcas com IDCOb entre 0-3 dias e 4-6 dias. O IDCOb das porcas é controlado por secreções hormonais e é influenciado pela duração da lactação (DL), ordem de parto (OP) e nutrição na lactação. Adicionalmente, porcas amamentando 11 leitões possuem 1,1 vezes mais probabilidade de serem cobertas entre 7-12 dias do que porcas amamentando nove leitões. A hereditariedade não afeta muito o processo das porcas retornarem ao cio pós-desmame. A baixa repetibilidade no IDCOb nas porcas Large White e cruzadas em relatos de outros autores foram 0,11 e 0,15, respectivamente. Contudo, nenhum estudo relatou a proporção de

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porcas com IDCOb entre 4-6 dias repetida na parição subsequente nos rebanhos comerciais, e também a repetibilidade e correlação em grupos de IDCOb entre parições consecutivas. O objetivo do estudo conduzido por Hoshino e Koketsu (Animal Reproduction Science 108 (2008) 22–28) da School of Agriculture, Meiji University, Japão, foi investigar a associação de diferentes grupos de IDCOb com desempenho reprodutivo, para determinar a repetibilidade e o coeficiente de correlação nos grupos de IDCOb através de parições consecutivas, e investigar os fatores associados com a proporção de porcas de IDCOb entre 4-6 dias.

Métodos: O estudo foi conduzido utilizando 55.690 registros de parição de 11.991 porcas em 94 rebanhos. Os dados foram obtidos de uma base de dados existente (Meiji University, Kawasaki, Japão). As porcas eram principalmente cruzas F1 de Large White e Landrace, produzidas dentro dos rebanhos, ou animais de reposição adquiridos de companhias de genética. Tanto monta natural como inseminação artificial era utilizada nas granjas. Coberturas retardadas não eram praticadas nesses rebanhos. A cobertura retardada foi definida como um serviço ao segundo cio pósdesmame capaz de melhorar o tamanho da leitegada (Wilson and Dewey, 1993). Foram formados cinco grupos

de IDCOb: 0-3d, 4-6d, 7-20d, 21-27d, e ≥28 dias. A correlação e a repetibilidade dos grupos de IDCOb foram determinadas usando análise de correlação e análise de componente de variância.

Resultados: Os valores médios de OP

(ordem de parto) no momento da remoção (descarte), duração da lactação e leitões em amamentação, no estudo, foram 5,2; 21,1 dias e 9,4 leitões, respectivamente. A proporção ou frequência geral de IDCOb entre 4-6 dias foi de 82,3%. As porcas com IDCOb de 4-6 dias foram as mais férteis, pois obtiveram a mais alta taxa de parição e tiveram mais leitões nascidos vivos do que aquelas com IDCOb entre 7-20 dias. As porcas com IDCOb de 4-6 dias chegaram com maior ordem de parto no momento do descarte do que as de IDCOb entre 7-20 dias. A repetibilidade dos grupos de IDCOb foi baixa (0,08), e o coeficiente de correlação dos grupos de IDCOb entre parições consecutivas também foi baixo (0.10≤/≤0.18). Mais de 85,9 % das porcas com IDCOb de 4-6 dias foram cobertas dentro de 4-6 dias pós-desmame na OP (ordem de parto) subsequente. Da mesma forma, 65,8 – 83,9% das porcas com IDCOfb de 0-3d ou ≥7 dias foram também cobertas dentro de 4-6 dias pós-desmame na OP subsequente. Adicionalmente, as porcas com OP ≥2, lactação de 2428 dias, e 9-10 leitões mamando tiveram maior probabilidade de apresentarem IDCOb de 4-6 dias. Os autores concluíram que as porcas de qualquer IDCOb tiveram maior probabilidade de serem cobertas em 4-6 dias pósdesmame na parição subsequente. Portanto, as diretrizes para descarte de porcas não devem incluir fêmeas com IDCOb entre 7-20 dias, nos rebanhos comerciais, por ser mais provável que venham a ser cobertas entre 4-6 dias pós-desmame na OP (ordem de parto) subsequente. As porcas cobertas entre 4-6 dias tiveram maior desempenho reprodutivo e maior longevidade. O aumento da duração da lactação pode ser utilizado para aumentar a proporção de porcas com IDCOb entre 4-6 dias na parição subsequente. Ano VI - nº 31/2009


Sumários de Pesquisa Efeitos que influenciam o sêmen do cachaço O monitoramento e a análise de qualidade e quantidade do sêmen do cachaço possuem grande importância econômica para os produtores de suínos. O impacto do cachaço no desempenho reprodutivo do rebanho é elevado, especialmente se o macho serve muitas fêmeas. Por sua vez, o retorno econômico de uma central de inseminação artificial primariamente depende da capacidade do cachaço para produzir espermatozóides durante o período. Essa capacidade está limitada pela capacidade testicular, libido e integridade física (cascos, aprumos e coluna). Vários estudos indicaram que a boa forma reprodutiva dos cachaços depende dos seguintes fatores: herdabilidade, tamanho do testículo, nutrição, idade do cachaço, intensidade da exploração sexual, fotoperíodo, temperatura e ambiente social. O objetivo do estudo conduzido por J.Smital, do Institute of Animal Science, Prague, Czech Republic (Animal Reproduction Science 110 (2009) 335–346) é analisar a influência de alguns importantes efeitos sobre a qualidade e quantidade do sêmen do cachaço.

Método: Um total de 230.705 regis-

tros de coletas de sêmen foi utilizado para estimar estatísticas das características do sêmen de 2.712 cachaços, pertencentes às seguintes raças: Czech Meat Pig, Duroc, Hampshire, Landrace, Large White, Czech Large White, Pietran, e vários cruzamentos dessas raças. A avaliação foi baseada no volume de sêmen (VO), concentração de espermatozóides (CO), movimento progressivo dos espermatozóides (MO), espermatozóides anormais (AB), número total de espermatozóides NOt) e número corrigido de espermatozóides (NOc). O número corrigido de espermatozóides (NOc) foi estabelecido como função do VO, CO, MO e AB e utilizado como uma característica composta da qualidade e quantidade seminal. Ano VI - nº 31/2009

Resultados: As raças diferiram signi- te após 10-11 dias. Segundo o autor,

ficativamente em todas as características examinadas. A máxima diferença entre as raças foram 95 ml para VO; 109 x 103mm3 para CO; 9% para MO; 1,6% para AB; 24 x 109 para NOt; e 19 x 109 para NOc. O efeito máximo de heterose atingiu 12% para VO; 17% para CO; 4% para MO; - 14% para AB, e 8% para NOt e NOc. De acordo com o autor, é evidente que a manifestação da heterose nas atuais combinações de cruzamento foi menos expressiva do que nas combinações que ocorreram em estudos há 10 anos. Nenhuma raça provou ser superior em todas as características observadas, entretanto, considerando os valores de NOc, ocorreram machos acima da média (P; CM e CLW) e cachaços médios (L; H e LW). Os machos da raça Duroc foram tradicionalmente abaixo da média. Os resultados demonstraram que a estacionalidade possui um claro efeito sobre a qualidade do sêmen. Os valores mais baixos para as características seminais foram observados no verão, enquanto os maiores valores foram observados no outono e inverno. A idade do cachaço demonstrou possuir um forte impacto na produção espermática. A produção de esperma tendeu a aumentar até 3,5 anos de idade. Um nível aceitável de volume seminal ocorreu após uma pausa sexual de três dias e o pool de espermatozóides foi restaurado após 5-7 dias e plenamen-

uma estimativa precisa da capacidade fertilizante dos ejaculados do cachaço é de muita utilidade para melhorar os resultados na reprodução assistida em suínos. As características de VO, CO, MO e AB possuem muito baixa ou zero correlação, indicando que nenhuma delas pode ser usada isoladamente. No presente estudo a informação proveniente das análises de sêmen de rotina nas centrais de IA, poderia ser adequada para esse propósito.

Desempenho reprodutivo de porcas com recobrição após retorno pós-cobertura ou aborto As falhas reprodutivas são a maior razão para descartes e reposição de fêmeas nos rebanhos suínos. A repetição de cio pós-cobertura e o aborto estão entre as principais falhas reprodutivas. Tem sido sugerido que o retorno ao cio após a cobertura normalmente pode atingir até 10% e a taxa de aborto até 1%. Estas falhas reprodutivas aumentam as taxas de reposição e os dias não produtivos, os quais, por sua vez, possuem um efeito negativo sobre a produtividade geral do rebanho de porcas. Para os rebanhos comerciais de suínos, as fêmeas devem normalSuínos & Cia

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Sumários de Pesquisa mente ser recobertas após o retorno ao cio ou abortamento, antes da sua remoção/descarte, no caso de não terem apresentado nenhum sinal clínico de doença. Assim, a população de fêmeas no rebanho consiste de marrãs, porcas desmamadas e porcas subférteis (fêmeas recobertas após retorno ou aborto). Recentemente, um grande estudo incluindo 115 mil registros de coberturas em 117 rebanhos revelou que a taxa de parição decresceu nas porcas com recobertura após falha reprodutiva. O estudo conduzido por Vargas, A.D. e colaboradores (Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)- Animal Reproduction Science 113 (2009) 305–310. Este estudo teve como objetivo comparar o desempenho reprodutivo das recobrições após retorno pós-serviço e abortamento, com o desempenho de fêmeas de primeiro serviço póspuberdade e pós-desmame. Os efeitos da ordem de parto (OP) e intervalo de recobrição, nas fêmeas com repetição de serviço, foi também investigado.

Métodos: Os dados utilizados foram obtidos em quatro rebanhos comerciais, cada um com 1.100 matrizes Agroceres PIC, com instalações, manejo e ambiente de produção similar, no centro oeste do Brasil. Foram analisados 24.194 registros de cobertura de uma base de dados (PigCHAMP®), correspondentes a um período de dois anos. Três categorias de cobertura foram consideradas para análise: primeiro serviço em marrãs ou porcas desmamadas; recobrição após retorno ao cio e recobrição após aborto. As coberturas correspondentes a fêmeas cobertas no segundo cio pós-desmame (skip-a-estrus); recobertas após um segundo retorno; ou fêmeas gestantes que chegaram vazias, não foram incluídas na análise porque isto correspondeu a um pequeno número de coberturas (n= 254). Também as porcas com ordem de parto maior que oito; período de lactação menor do que 15 dias ou maior que 25 dias; intervalo desmame-cio maior que 17 dias; e recobertas após aborto ocorriSuínos & Cia

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do com mais de 60 dias de gestação, foram excluídas da análise.

Resultados: O desempenho geral das coberturas analisadas correspondeu a uma taxa de parição de 89,1%, taxa de retorno pós-cobertura de 6,9% e a um total de 11,9 leitões nascidos. A frequência das categorias 1º serviço, recobertas pós-retorno e recobertas pós-aborto foi 94,8%; 4,8% e 0.4%, respectivamente. Levando em conta ambas as categorias de recobertura pós-retorno e recobertura pós-aborto, a percentagem de fêmeas com recobertura foi maior nas marrãs e primíparas (5,7% e 8,7%) do que nas porcas com maior ordem de parto (4.0%). A taxa de parição (TP) foi menor e a taxa de retorno ao estro (TRE), taxa de aborto (TAB) e nascidos totais (NT) foi maior na categoria de porcas com recobertura após retorno ao estro, comparado com a categoria de fêmeas de primeiro serviço. Ocorreu uma redução de 19% e 9% na TP nas recoberturas pós-retorno em marrãs e porcas da OP ≥2, respectivamente. Nas porcas primíparas a TP não foi afetada nos casos de recobrição (86,2% comparado com 86,1%), mas essas fêmeas tiveram uma TP até 7% inferior do que a TP observada nas fêmeas de primeiro serviço nas outras ordens de parição. Na categoria com recobertura

após aborto somente houve diferença com relação às fêmeas de primeiro serviço quanto à taxa de abortamento, a qual foi maior. Nas marrãs e nas porcas com OP 2-5, recobertas após retorno pós-cobertura, a taxa de parição foi menor (72% e 83%) e a taxa de retorno (TRE) foi maior (22,3% e 12,5%), comparada com as fêmeas de primeiro serviço, da OP 2-5 (92,7% e 5,3%). A recobertura após falha de cobertura não afetou o número total de nascidos (NT) nas porcas de OP 2 em diante, mas resultou em menos NT em marrãs e maior número de NT em porcas primíparas. Nas fêmeas recobertas após retorno ao estro o desempenho não diferiu entre os dois intervalos considerados como retorno regular ao cio (18-24 dias e 36-48 dias). Entre os intervalos considerados como retornos irregulares, a maior taxa de parição ocorreu no intervalo intermediário (25-35 dias) comparado com intervalos precoces (11-17 dias) ou tardios (>48 dias). Os autores concluíram que a recobrição após retorno ao cio resultou numa menor taxa de parição, com maior impacto sobre as marrãs do que nas porcas de maior OP. Nas fêmeas recobertas após aborto existe uma maior predisposição a um novo abortamento. Por: Paulo Silveira psouzadasilveira@gmail.com Ano VI - nº 31/2009



Dicas de Manejo Medicação via água de bebida A administração de medicamentos para suínos criados sob o sistema de produção intensiva deve ser feita criteriosamente de acordo com as recomendações de uso dos produtos, levando sempre em consideração o custo-benefício do tratamento e lançando mão, na prática de campo, basicamente de duas vias de administração: a parenteral intramuscular (injetável) e oral (via ração ou água de bebida). A tendência de se restringir o uso de antibióticos

CONSUMO DE ÁGUA

veiculados através da ração em função de exigências impostas por alguns países importadores de carne com os quais o Brasil possui relacionamento comercial está acelerando o processo de mudança, fazendo com que a medicação via água de bebida se torne uma alternativa cada vez mais importante no tratamento de doenças em suínos. Vamos verificar abaixo quais são as dicas de manejo que podem auxiliar numa maior eficiência no tratamento dos animais via água de bebida.

Gráfico 1 - Influência do horário do dia na ingestão de água pelos suínos.

Pode-se considerar que um suíno consome um volume diário de água equivalente a 2,5 a 3 vezes a quantidade de ração ingerida, o que representa, aproximadamente, 10L de água para cada 100 kg de peso vivo, num intervalo de 24 horas. Entretanto, inúmeros fatores podem influenciar um maior ou menor consumo de água, podendo esta proporção de ingestão de água, em relação à ração, ultrapassar as 5 vezes em determinadas situações como:

(Adaptado de Brooks et all, 1989).

• Doenças • Horário do dia • Temperatura da água e do ambiente • Composição da ração • Vazão dos bebedouros Face à possível variação no consumo e para que a dose do medicamento a ser administrado seja mais precisa, deve-se mensurar o consumo efetivo de água pelos animais ou lançar mão de tabelas de referência para estimá-lo, levando em consideração os fatores citados acima. Suínos & Cia

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Tabela 1. Consumo médio diário de água em cada fase, em ambiente termo-neutro. Peso vivo

Litros/cabeça/dia

25 kg

2,5

40 kg

4,2

70 kg

7,0

90 kg

8,9 Fonte: Muirhead Alexander, 1997.

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Dicas de Manejo TIPOS DE BEBEDOUROS E REGULAGEM O bebedouro ideal é aquele que oferece água limpa, fresca, à vontade e com um mínimo de desperdício, devendo fornecer um grande volume de água a uma velocidade baixa. O mais importante é que, além da pressão e vazão da água e do número de animais por bebedouro, o manejo seja adequado ao tipo de equipamento, mantendo adequada a regulagem da altura do bebedouro, como na tabela. No caso dos bebedouros tipo taça, deve-se haver higienização diária, para que não haja acúmulo de resíduos de ração ou fezes, comprometendo a qualidade da água.

Fase de Produção (peso corporal)

Vazão (litros/minuto)

Leitões de 7 a 25 kg

1,0

Suínos de 25 a 50 kg

1,4

Suínos de 50 kg ao abate

1,7

Fonte: Muirhead & Alexander (1997)

Peso dos Suínos (kg)

Altura do piso (cm) Tipos de bebedouros Taça

Chupeta

5 - 15

20

26

15 - 30

25

35

30 - 65

30

45

65 - 100

40

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> 100

45

65

Fonte: SOBESTIANSKY (1994).

TEMPO DIÁRIO DE MEDICAÇÃO VIA ÁGUA DE BEBIDA Excetuando a medicação contínua durante 24 horas, o tempo mínimo diário de medicação ou o intervalo máximo entre doses diárias pode variar. Deve sempre ser definido respeitando, entre outros, as características dos medicamentos e suas propriedades farmacocinéticas, bem como a natureza e severidade da infecção, assegurando a uma biodisponibilidade terapêutica satisfatória do ativo no local da infecção, em base diária, enquanto durar o tratamento. Ano VI - nº 31/2009

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Dicas de Manejo SISTEMAS DE MEDICAÇÃO Existem dois sistemas básicos para uso de medicamentos via água de bebida; inclusão do medicamento diretamente no reservatório de água (caixa d’água) e medicação através de dosador.

Medicação direta no reservatório (caixa d’água) Deve-se atentar para que o reservatório possua uma capacidade compatível com o consumo diário de água dos animais a serem medicados. Para tanto, pode-se optar por um reservatório cuja capacidade atenda ao consumo de 24 horas ou por outro, pouco menor, onde a solução medicada necessitará ser preparada duas ou mais vezes para atender ao volume mínimo de consumo diário. Nesse caso deve-se considerar o aspecto mão-de-obra no preparo das soluções medicadas.

Reservatório Único Atraente por não requerer nenhum investimento adicional. Esse sistema apresenta como limitações, o fato da capacidade do reservatório ser muito maior comparativamente ao consumo de água medicada, o que dificulta a preparação da solução medicada e, durante o período de tratamento, qualquer uso da água para outro fim representará desperdício do medicamento.

Reservatório Adicional Ligado à Rede Geral Econômico e eficiente, sua única desvantagem é a obrigatoriedade de medicar todos os animais de um mesmo galpão, o que em certas situações pode significar um gasto excessivo com medicamentos.

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Dicas de Manejo Reservatório e rede hidráulica adicional, em paralelo Seu custo um pouco superior ao modelo anterior é plenamente compensado pela possibilidade de medicação individual, parcial ou de todas as baias de um galpão, que se traduz em economia no volume de medicamentos utilizado em situações onde somente parte dos animais do galpão necessitar de tratamento.

Reservatório móvel Pela sua característica, funciona como um complemento de qualquer dos três modelos anteriores, desta forma, idealmente toda granja deveria ter pelo menos um equipamento deste.

Medicação através de dosador Devido ao fato da pré-solução ser concentrada, dependendo da diluição que se deseja obter, podem ocorrer problemas na solubilização de alguns produtos sob a forma de pó-solúvel. Deve-se optar pelo aparelho que melhor atende a situação específica de cada granja para medicar os animais. A escolha do modelo de dosador adequado dependerá do número e idade dos animais no lote a ser medicado, pois isto determinará a vazão máxima (litros/hora) e a diluição máxima dos produtos a serem utilizados. A solução medicada concentrada deve ser preparada pouco antes do seu uso, devendo ser agitada periodicamente. Ano VI - nº 31/2009

Imagem ilustrativa de sistema com dosador.

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Dicas de Manejo RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES Manejo das soluções medicadas: a) Fazer uma diluição prévia do medicamento antes da sua inclusão no total de água a ser medicada; b) No preparo da diluição prévia, para facilitar a solubilização, utilizar água na temperatura entre 20 a 30ºC; c) Agitando sempre, adicionar o medicamento à água e nunca a água ao medicamento; d) Não utilizar recipientes contendo ferrugem para o preparo ou armazenamento da solução medicada; e) Inspecionar a solução medicada periodicamente para verificar se não há precipitação do medicamento e agitar novamente, se necessário; f) Usar toda a solução medicada antes de preparar uma nova; g) Preparar uma solução medicada para ser consumida, no máximo, em 24 horas; e h) Não expor a solução medicada à luz solar direta e armazenar preferencialmente à sombra.

Qualidade da água A água apropriada para suínos deve conter níveis máximos dos seguintes componentes (PPM). Quanto ao pH, os valores normalmente aceitos estão dentro de uma faixa de 6,5 a 8,5. Valores de pH altos podem reduzir o efeito da cloração e quando os valores de pH são baixos a água se torna ácida e menos palatável, o que contribui para a diminuição do consumo e perdas no desempenho.

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Dicas de Manejo

CONSIDERAÇÕES FINAIS A administração de medicamentos via água de bebida constituise numa alternativa eficaz, prática e econômica para substituir parcial ou totalmente a medicação via ração, possibilitando ao segmento produtor de suínos brasileiro não somente a preservação da saúde e conseqüentemente o bem-estar animal, como também continuar disputando de forma competitiva e com respeito à segurança alimentar humana, seu espaço num mercado de carnes cada vez mais exigente e sofisticado. Fonte: Manual de Medicação Via Água de Bebida para Suínos - FARMABASE SAÚDE ANIMAL. www.farmabase.com.br

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Aconteceu Curso de Creche e Terminação - Toledo / PR

Admirável foi o sucesso da parceria da Consuitec juntamente com a Globosuínos na promoção do curso de creche e terminação realizado no último dia 16 na cidade de Toledo – PR, no Centro de Eventos Ismael Sperafico. O evento reuniu 152 produtores e técnicos da área da suinocultura. O objetivo do evento além da capacitação das pessoas foi demonstrar alguns caminhos que a suinocultura está tomando e deverá adotar. Concretizado pela presença de ilustres palestrantes como Mike Mohr, diretor técnico da Smithfield, Nazaré Lisboa, consultora da Consuitec e Iuri Pinheiro Machado da Integrall.

Participantes do curso de creche e terminação Toledo-PR

Palestrante Nazaré Lisboa, curso de Creche e Terminação em Toledo-PR

José Cordeiro, interagindo com os participantes do curso em sua palestra motivacional. Chapecó - SC.

Mike Mohr, Iuri Pinheiro, Nelson Morés e Nazaré Lisboa, Curso de Sanidade - Chapecó - SC

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Curso de Sanidade Chapecó / SC A Consuitec promoveu no Hotel Morgano Business no último dia 17 na cidade de Chapecó – SC, o curso de Sanidade. Renomados especialistas como o pesquisador Nelson Morés, os consultores, José Cordeiro, Iuri Pinheiro e Nazaré Lisboa, juntamente com o diretor técnico da Smithfield, Mike Mohr. O evento reuniu um público equivalente a 41% da suinocultura catarinense, onde a interação dos participantes com os palestrantes foi inusitado.

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Aconteceu

Pfizer realiza eventos regionais de suinocultura A empresa leva atualização, conhecimento e anuncia lançamento de produto em diversas regiões brasileiras

A Unidade de Negócio de Suínos e Aves da Pfizer Saúde Animal reuniu durante os meses de abril e maio cerca de 500 profissionais – entre veterinários, técnicos de granjas e produtores. O objetivo era discutir importantes aspectos técnicos ligados à produção suína e apresentar os resultados de uso dos principais produtos dessa unidade. Os eventos regionais marcaram também o lançamento de Excede, antibiótico de extra longa ação de sete dias contra as principais enfermidades dos leitões durante a fase de maternidade.

sanidade dos suínos durante maternidade – fase que vai desde o nascimento até o desmame, com duração estimada de 21 dias. Esse período é extremamente influente nos resultados da produção suína. Sabe-se que, devido ao efeito denominado multiplicador, o desempenho do leitão ao desmame está diretamente relacionado ao resultado final do suíno abatido e ao retorno financeiro do produtor.

Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais sediaram os eventos, que trataram de temas como a importância da vacinação precoce e da

O novo antibiótico da Divisão de Saúde Animal da Pfizer foi desenvolvido para garantir melhores índices sanitários nos leitões e facilitar significativamente o

Sobre Excede

manejo durante uma fase bastante importante, que é a maternidade. “Excede é um antibiótico inovador, já utilizado com sucesso nos Estados Unidos, Canadá e em outros países da Europa e América Latina”, explica Ângelo Melo, gerente da Unidade de Negócios de Suínos e Aves da Divisão de Saúde Animal da Pfizer. Excede trata e previne infecções purulentas que acometem os suínos por meio de agentes externos (bactérias), que conseguem invadir o organismo dos animais. Essas infecções podem prejudicar o desenvolvimento dos leitões, diminuindo o ganho de peso e atrasando o momento do abate. Por: Camila Costantini camila.costantini@cdn.com.br

A Pfizer é a indústria farmacêutica que mais investe em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos. O resultado desse trabalho são produtos que melhoram a saúde e a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Fundada em 1849 e presente em 150 países, a Pfizer comercializa medicamentos na área de Saúde Humana e Animal. A Divisão de Saúde Animal está organizada em Unidades de Negócios (Bovinos Corte e Leite, Suínos e Aves, Animais de Companhia e Agrícola) e é líder em diversos segmentos do mercado de medicamentos veterinários. A empresa desenvolve produtos para prevenção e tratamento de doenças de animais de produção e de estimação, além de investir em programas de educação continuada que visam qualidade e produtividade do agronegócio brasileiro, bem como sanidade e bem-estar dos animais. Como o consumidor pode entrar em contato com a Divisão de Saúde Animal da Pfizer: www.pfizersaudeanimal.com.br ou telefone 0800 011 19 19 Ano VI - nº 31/2009

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Recursos Humanos O trabalho em equipe é possível. Desde o começo dos tempos a humanidade busca se juntar em grupos, pequenos ou grandes, para obter um objetivo em comum. Na era das cavernas, quando saiam à caça, os homens formavam pequenos grupos, ou mesmo duplas, para obter o alimento de suas famílias ou tribos, usando um termo mais atual, para sua comunidade. Uma torcida é formada por um enorme número de pessoas que tem como objetivo empurrar seu time à vitória. Isto é um grande grupo. Há ainda o grupo imenso que é uma Escola de Samba, que tem o objetivo de ser eleita a melhor do ano em uma única apresentação, pois não há uma segunda chance. Já o time, por sua vez, é formado por um número menor de pessoas com um mesmo objetivo. Nos quatro casos podemos observar que há a união de pessoas para a obtenção de um mesmo objetivo, mas cada pessoa tem sua atuação específica de acordo com suas habilidades. No pequeno grupo, exemplificado pelos homens da caverna, é possível notar uma divisão de papéis. Há aquele com melhor mira, aquele com melhor audição e assim por diante, desta maneira nenhum se aventurava sair sozinho, pois era perigoso. O grupo tinha como principal função a segurança de seus integrantes. No torcida, por exemplo, não há divisão alguma, não há ordem, pois impera a desordem e ausência de liderança. O indivíduo se torna invisível no meio da multidão, já que cada um Suínos & Cia

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atua de forma passiva (embora não pareça), e pouco pode efetivamente fazer para garantir o objetivo geral.

camos atenção e esforço necessários. São eles que irão gerar os resultados que pretendemos.

Já na Escola de Samba, apesar do seu tamanho, há ordem, há divisão de papéis, há organização e cada um carrega dentro de si o desejo de se consagrar campeão e atua como responsável por tal. A ação individual é diretamente responsável por cada ponto que a Escola irá obter.

Pessoas podem e devem ser desenvolvidas, mas é preciso que haja potencial para isso. Nem todos são bons nas mesmas tarefas e alguns se superam onde ninguém imaginava.

No time de futebol, há um número menor de pessoas, mas com papéis bem definidos, cada um fazendo aquilo que faz melhor em uma posição estabelecida. Estas posições e papéis foram desta forma estabelecidos porque cada integrante foi avaliado e este é o seu melhor, desde o carregador dos uniformes até o atacante, cada um tem um papel claro e definido sobre o que deve ser feito. O objetivo é o mesmo, todos compartilham do mesmo desejo e sonho da vitória. Será que nos dedicamos tanto quanto deveríamos, para a estruturação destas equipes, quando montamos equipes de trabalho? Será que avaliamos cuidadosamente as pessoas que contratamos ou que promovemos? Será que elas são capazes de atuar em time? Quem determina o papel de cada um dentro da equipe sabe realmente das habilidades individuais para a realização de tal tarefa? Equipes hoje são muito mais um grupo de pessoas brigando para se defender de possíveis falhas do que um time jogando para ganhar. A formação de equipes é a base para o seu sucesso, não podemos pretender algo para o qual não dedi-

O primeiro passo para o resultado esperado é sem dúvida a formação de uma equipe consistente, consciente de suas funções e principalmente dos objetivos estabelecidos. Para formar uma equipe é fundamental que se saiba o que se espera dela, somente desta forma saberemos quais as competências necessárias e poderemos estabelecer quem irá compor este time. Não confunda objetivo com tarefa, são duas coisas completamente distintas. Objetivo, por exemplo, é onde queremos chegar, ou com que qualidade queremos concluir cada processo,ou ainda qual o volume de crescimento que desejamos atingir, etc. Atividade, por exemplo, é manter a limpeza, cumprir tarefas no tempo certo, etc. Há um ditado antigo que diz: Se não sei para onde vou, qualquer direção serve. Reflita se a sua direção está determinada, se os seus colaboradores sabem qual direção seguir e principalmente se você sabe quem pode e deve fazer que função na equipe em desenvolvimento. Monique Edelstein Ano VI - nº 31/2009



Divirta-se Encontre as palavras Para formular a ração dos suínos são necessárias algumas matérias-primas. Vamos encontrar estes ingredientes no diagrama ao lado!!! Milho Soja Sorgo Trigo Minerais Óleo Vitaminas Acidificantes Leite Fosfato bicalcico Açúcar Calcário

S M V R G A M I N E R A I S I O U U E Y M Y M E X R O V R G

S S F F R S N F Q D W L G D R D T D F R S M Z F E S N L F R

D C D G T S J R G T I E T R R T E Y C U N I N O T D J Q G T

F D I O C Q I T V A Z M X N L S V R B B N R X L Y F I N V Y

A F G H A P O C I L T K R J E H O N C H L I E L R G U F C H

H G B X L L H Q R N H H B X N H A J X N M I C A N K H O Z N

J A B D C T B E K B J B N D B J B N A B T B L K B J I S D B

K H H S Á E V W A B L N C M D L R H E E K V V F V K X F E V

L O Y Q R Z G Ó J F L G Y W F L G Y W F L G A J S L G A A I

P J U C I D Y L G G P Y U S G P Y U S G P Y N I C O A T C T

Q S J W O D O E O H O T J Z H O T J Z H O T T H H O V O S A

O F M P I W F O D J I F M X J I F M X J I F Í O J I F B L M

W G I E Z R C I O M U C K A M U C K A M U C G T M U R I D I

E Z L I U Y X Y T N Y X I Q N Y X I Q N Y X E G N C K C S N

R D H R N T D L J K T D O W K T D O W K T D N R L T X A F A

O D O F X B S U M L R R L A L R R L A L R R O F L R C L E S

T E T Y G I E V I P E E P S P E E P S P E E O I P I V C G O

A S P F L C T I E O W S P D O W S P D O W S P D O G B I R C

Y Z O E C Q F L Q I Q Z O E I Q Z O E I Q Z O A I O N C T H

R A I R B G A I N U Z A I R U Z A I R U Z A I R H Z J O T A

U Q S F U X N L D D X Q L F J X Q L F J X T L T J M H L J T

C W K M T C W H U K U W K C K C W K C I C W R C R Q Y K L O

I A C I D I F I C A N T E S H V A J X H L D J N X F L J K S

L D U Z N A Z U A H B Z F Z G B Z U Z G S U H I G B F U O G

O X N A D W X N A F L X N K F N X N A D O U F H A R O E A F

R S M Q S R S H Q C M N M Q F M S M H C R A M I C M B M C C

L W B W D L W B C D K S H A G Y W B W R G W B W B L D B W D

D R T T R Y I U A M H E H E X P L H E X O E H E X A D H E X

O D Y D S O D Y D S V D Y D C T L F B O R F D H R O N Y D S

K C T H A Ç Ú C A R D O R F Z K C T S Z K C T F Z K C E F Z

Jogo dos 7 erros

Suínos & Cia

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Ano VI - nº 31/2009


Divirta-se

Relacione as palavras Em determinadas situações estressantes os suínos estão susceptíveis a diferentes enfermidades. O diagnóstico precoce e medidas terapêuticas adequadas, permitem uma rápida recuperação dos animais. Vamos relacionar abaixo alguns fármacos que são utilizados quando necessário para amenizar e/ou controlar os agentes patogênicos.

Dipirona

Antiparasitário

Febendazole

Anestésico

Oxitetraciclina

Analgésico/ Antitérmico

Azaperone

Anti-inflamatório

Flumexin Meglumine

Antibiótico

Labirinto

Suínos & Cia

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Divirta-se

Encontre as palavras S M V R G A M I N E R A I S I O U U E Y M Y M E X R O V R G

S S F F R S N F Q D W L G D R D T D F R S M Z F E S N L F R

D C D G T S J R G T I E T R R T E Y C U N I N O T D J Q G T

F D I O C Q I T V A Z M X N L S V R B B N R X L Y F I N V Y

A F G H A P O C I L T K R J E H O N C H L I E L R G U F C H

H G B X L L H Q R N H H B X N H A J X N M I C A N K H O Z N

J A B D C T B E K B J B N D B J B N A B T B L K B J I S D B

K H H S Á E V W A B L N C M D L R H E E K V V F V K X F E V

L O Y Q R Z G Ó J F L G Y W F L G Y W F L G A J S L G A A I

P J U C I D Y L G G P Y U S G P Y U S G P Y N I C O A T C T

Q S J W O D O E O H O T J Z H O T J Z H O T T H H O V O S A

O F M P I W F O D J I F M X J I F M X J I F Í O J I F B L M

W G I E Z R C I O M U C K A M U C K A M U C G T M U R I D I

E Z L I U Y X Y T N Y X I Q N Y X I Q N Y X E G N C K C S N

R D H R N T D L J K T D O W K T D O W K T D N R L T X A F A

O D O F X B S U M L R R L A L R R L A L R R O F L R C L E S

T E T Y G I E V I P E E P S P E E P S P E E O I P I V C G O

A S P F L C T I E O W S P D O W S P D O W S P D O G B I R C

Y Z O E C Q F L Q I Q Z O E I Q Z O E I Q Z O A I O N C T H

R A I R B G A I N U Z A I R U Z A I R U Z A I R H Z J O T A

U Q S F U X N L D D X Q L F J X Q L F J X T L T J M H L J T

C W K M T C W H U K U W K C K C W K C I C W R C R Q Y K L O

I A C I D I F I C A N T E S H V A J X H L D J N X F L J K S

L D U Z N A Z U A H B Z F Z G B Z U Z G S U H I G B F U O G

O X N A D W X N A F L X N K F N X N A D O U F H A R O E A F

R S M Q S R S H Q C M N M Q F M S M H C R A M I C M B M C C

L W B W D L W B C D K S H A G Y W B W R G W B W B L D B W D

D R T T R Y I U A M H E H E X P L H E X O E H E X A D H E X

O D Y D S O D Y D S V D Y D C T L F B O R F D H R O N Y D S

Jogo dos 7 erros

K C T H A Ç Ú C A R D O R F Z K C T S Z K C T F Z K C E F Z

Relacione as palavras Dipirona

Antiparasitário

Febendazole

Anestésico

Oxitetraciclina

Analgésico/ Antitérmico

Azaperone

Anti-inflamatório

Flumexin Meglumine

Antibiótico

Labirinto

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Ano VI - nº 31/2009


Divirta-se

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